Beijo da Morte escrita por dentedeleão


Capítulo 12
Capítulo 11 - a procura de uma saída


Notas iniciais do capítulo

boa leitura



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-Mãe eu não entendo!

Todos já estavam longe e agora dividia a escuridão densa da noite apenas com minha filha. Eu também sentia a presença dele, mas não diria nada, não me parecia ser uma ameaça. Daria tempo ao tempo e esperaria pelo dia que ele se apresentaria a filha. Precisava dar respostas a ela, respostas que eu também não tinha.

-Filha! Você se lembra do que viu na estufa há três anos atrás?

Sim. Estávamos colhendo flores no quintal da vovó, eu fiz um buque de flores rochas para você e quis entregar logo. Esme correu comigo para casa, nós rimos o caminho todo. Quando chegamos não te vimos na casa e fomos para a estufa, te encontramos cuidando de uma trepadeira de rosas. Você murmurava palavras estranhas e as plantas pareciam dançar, as treliças ficaram cobertas por caules verdes e os botões foram aparecendo, as flores abrocharam e então as pétalas caíram e alguns caules murcharam.

Naquele dia você me mostrou o livro de magia e me explicou melhor o que realmente é e como nossa família é diferente de um jeito bom. Eu lembro que quis muito que tivesse um feitiço para me deixar humana, para ser mais parecida com você ou com o papai.

-Sim minha princesa, eu também me lembro disso. No final acabamos cobertas por pétalas e rindo muito. Esme ate nós fez bolo de chocolate naquela tarde.

-Mas o que tudo isso tem a ver comigo?

-Veja filha -peguei uma das flores que enfeitavam as bandejas com comida- esta viva e ira morrer logo porque foi tirada da terra, de suas raízes – segurando o delicado caule sobre a terra provoquei o crescimento de raízes. – Querida, o que eu fiz agora foi dar uma chance para a natureza fazer o seu trabalho, não posso garantir que ira dar certo, só lhe dei os meios de continuar lutando pela vida.

-Agora querida, quero que toque a flor e tente lembrar do que sentiu quando estava com Samy.

Luna tocou a delicada planta e fechou seus olhos. Seus dedos deslizavam pelo caule, pelas hastes até chegar as flores e suas pétalas e então ela murchou, secou completamente e se desfez no ar.

-Mae? – seus olhos estavam arregalados e havia medo neles -

-Não se assuste querida, apenas tente entender. O que você sentiu?

-Desejo, eu desejava sentir as pétalas, o aroma...

-Ah filha! Isso é maravilhoso. –Meu coração voltou a seu ritmo tranqüilo -

-Como pode ser maravilhoso mãe?

-Eu estava com medo de não ter as respostas que você precisava. Estava com medo de te perder por não conseguir te ajudar. Ainda não entendo completamente seu dom, mas sem quem pode te ajudar. –não conseguia conter o sorriso, eu estava feliz, radiante. Eu ajudaria minha filha -

- Vamos voltar para casa, preciso falar com todos e teremos que falar com Emily e Sam também, explicar tudo o que aconteceu.

---

-Vocês estão bem meus amores, porque demoraram tanto? –Seth nos abraçava, estávamos quase sufocando, mas a sensação de estar em família era ótima –

-Querida, a noite foi muito agitada, suba, durma um pouco. Amanha será um longo dia e você terá que ser forte. Pode ficar junto a Samy, não há problema, apenas não o toque por hora.

Luna apenas meneou a cabeça concordando e subiu em silencio.

-Vamos para a sala conversar. – Carlisle nós conduziu e todos aguardaram minhas palavras –

-Luna tem um dom como todos já sabiam. Hoje descobrimos o que realmente ela é capaz de fazer. Seu dom é singular, só ouvi falar de algo parecido por duas vezes em mil anos e uma delas foi quando senti a morte correr pelas veias de Luna. Seu dom é o da morte. – o silencio na sala era inquietante, apenas três corações batiam ali e mesmo este som parecia quase um murmúrio tamanho choque pela noticia –

-Anala, fale claramente por favor! –Carlisle pediu gentilmente que aquela confusão fosse esclarecida e passei meus olhos por todos que estavam conosco naquela noite –

Emmett, Rose, Bella, Edward, Esme, Kali, Carlisle, Seth, todos com o mesmo olhar. Não era piedade, muito menos angustia, o que todos sentiam era medo.

-Luna pode matar o que tem vida. Não há risco para vocês e acredito que para você também não Kali, você é mais forte que todos os lobos e tem características dos vampiros também. Mas nós – apontei para Seth e para mim em seguida -, se ela desejar pode sim nos matar. Ela suga nossas vidas e se alimenta de nossa vitalidade.

-O que aconteceu com Samy foi basicamente isso. Durante um beijo, que imagino não tenha sido muito inocente – o desejo surgiu no corpo de Luna e instintivamente ela saboreou seu gosto. Ela ainda é jovem, seu poder é fraco e por isso ele sobreviveu.

-O que você fez com o corpo dele na floresta? –Edward já tinha entendido o porque eu conseguia descrever o gosto da morte, ele sabia que eu há tinha provado –

-Sim Edward, eu suguei o que havia no corpo de Samy para que ele tivesse a chance de viver. Eu senti a morte em minhas veias, me corroendo e minha vitalidade corria por fios finos em direção ao corpo de Luna. Eu sou mais forte que ela e sabia o que fazer, só não posso fazer isso com freqüência e é por este motivo que quero chamar um amigo.

-E quem seria ele Anala? – Carlisle não conseguiu camuflar sua desconfiança -

-Não tenha medo por sua família Carlisle. Nunca faria nada para prejudicar vocês. Meu amigo é um vampiro, ele não é vegetariano, mas não mata. Já falamos sobre ele antes! Gostaria da permissão de vocês para convidar Gabriel a nossa casa.

-Aquele não entra nesta casa! –Jasper entrou furioso na casa e seu tom de voz áspero assustou a todos –

-Jazz! Você sabe que é o melhor, eu vi isso, ele vira de qualquer forma. –Alice tentava acalma-lo sem nenhum sucesso-

-Por que ele não deve vir? –Seth não estava entendendo a reação de Jasper, o que poderia haver de errado com a presença de alguém que pode ajudar sua filha –

-Não quero aquele Dom Juan aqui. Nala! Encontre outra forma de ajuda-la!

-Desculpe Jasper, ele é a única forma que conheço.

-Por que Dom Juan? – Edward entrara na conversa fugindo de nosso foco principal –

-Você vera meu irmão, assim que ele der em cima da sua mulher, ou tomar do sangue de Anala vocês me darão razão.

-Jasper! – meu olhar foi assassino em sua direção –

-Como assim tomar seu sangue? –Agora era Seth que estava alterado –

-Vamos nós acalmar tudo bem! Gabriel é um amigo de alguns séculos.

-Dois séculos Nala. – Jasper me cortou ainda irritado –

-Isso é indiferente Jasper, Gabriel me conhece a muito tempo e eu confio nele. Ele saberá ensinar minha filha a controlar seu desejo e ela poderá ter uma vida normal novamente. Sim Gabriel é um galanteador, mas não faz por mal, ele sempre foi assim, mesmo em sua vida humana. Acima de tudo ele respeita sua mulher e nunca passaria dos limites com Alice. Você devia confiar mais em sua mulher.

-Ele confia Nala, na verdade o ciúmes dele não é nem por mim. Ele tem ciúmes por você. Acho que perdi meu trono. – Alice saltitava em direção a seu marido e piscou em minha direção. Ela sabia o quanto seu marido podia ser possessivo , principalmente com aqueles que fizeram diferença em sua vida. De acordo com Alice, eu agora era seu segundo amor, já que lhe permiti ter uma vida mais tranqüila –

-Depois vamos conversar Nala – Seth estava confuso – mas agora, apenas entre em contato com este sujeito. Quero que nossa filha se sinta bem o mais rápido possível.

Olhei para Carlisle pedindo sua permissão e ele consistiu.

---

-Nala. Estou preocupada.

-Não precisa Rose, nossa menina estará bem. Gabriel chegara em dois dias.

-Não é com ele que me preocupo, muito menos com Luna, sei que você faria qualquer coisa para vê-la bem.

Estávamos na varanda da cozinha. Já havia ligado para Gabriel e contado nosso problema, prontamente ele se dispôs a vir nos ajudar, nem precisei explicar muita coisa. Sua companheira não viria, mas ele prometeu trazer uma surpresa consigo – eu tinha medo desta parte -.

Seth estava dormindo com Luna e Samy no quarto, os outros estavam pela casa e não nós incomodaram quando nós afastamos para conversar.

-Com o que esta preocupada então?

-Com você Nala. Você se arriscou, sabia que a transformação poderia prejudicar os bebes, sabia que sugando um poder tão forte como a morte poderia...voce poderia....nem consigo dizer as palavras Nala. – Rose estava angustiada, esfregava uma mao na outra e as passava pelo cabelo –

-Eu sei dos riscos Rose, eu poderia aborta-los se a forca de Luna fosse maior. Eu fiz sem pensar, minha filha precisava de mim. Eu simplesmente reagi.

-Sente algo diferente, não era melhor Carlisle te examinar?

-Eu estou bem, eles estao bem. Já sinto eles em mim, estao muito pequenos ainda, mas eu já sinto meus pequenos. – toquei minha barriga ainda não aparente e sorri –

-Nunca achei que seria possível Rose, eu me sentia tão oca. Lamento dividir isso com você, sei o quanto é difícil querer e não poder, mas eu estou tão feliz, tão completa por poder gerar meus filhos.

-Não me incomoda mais, na verdade ser mãe era um sonho que morreu junto a minha vida humana, mas eu tive a oportunidade de viver muitas coisas desde que Bella entrou para esta família. Primeiro com Nessie, depois Kali, Luna e agora estes bebes. Nunca me senti tão mãe como agora.

Ficamos ali, muito próximas mas sem nos abraçar – o contato com Rose sempre foi mais complicado -. Sentia nela um grande carinho para comigo. Assim como minha irmã, eu também lhe dei a oportunidade de curtir a maternidade e te-la feito madrinha de Luna selou nossa amizade. Rose tinha uma couraça dura e um coração muito mole.

----

Pov Luna

Não estava entendendo muito bem o que tinha acontecido, mesmo minha mãe me trazendo lembranças antigas, me mostrando com sua magia o que eu podia e não podia, não conseguia ver uma saída para o que eu era. Como ficar ao lado de quem amo sem deseja-los, desejar seu carinho, seu amor, seu toque? Qualquer desejo poderia matar?

Caminhei com minhas duvidas de volta para casa, como seria agora ficar perto e longe de Samy? Ele ainda me amaria? Todos ficariam afastados de mim? Meu pai e minha mãe poderiam se ferir? Me tornei um tormento a minha família, mais um peso a vida já complicada deles.

Quando entrei na casa de Carlisle senti o olhar reprovador de Edward, com certeza ele ouviu meus pensamentos e não concordava comigo. Muitas duvidas eram bem plausíveis para mim naquele momento e faze-las mentalmente me permitia pensar com mais clareza independente do que meu tio poderia pensar sobre isso. Nem percebi quando minha mãe me pediu para ir para o quarto, segui mecanicamente o caminho já conhecido.

No quarto Samy estava dormindo em minha cama e meu coração apertou ao ver o tubo branco de soro preso a seu braço. Me deitei o mais longe possível de seu corpo e fiquei observando seu rosto, sua respiração tranqüila movia seu peito para cima e para baixo e aqueles movimentos me fizeram sorrir, ele estava bem e vivo a meu lado. Seu rosto perfeito atiçava meus dedos e havia vontade em tocar seus lábios, seu nariz, suas sombrancelhas...eu nunca mais teria esta sensação em meu corpo sem machuca-lo.

A lembrança do dia que descobri que meus pais não eram mesmo os meus pai não me doía tanto no peito. Saber que matéria alguém que amo mais que minha vida, dói muito mais. Ri   sozinha com a lembrança da cara de medo do meu pai quando mamãe disse que tínhamos que conversar, eu acho que tinha uns 6 meses de idade.

--- imagens da infância de Luna---

-Meu amor, venha, sente-se aqui com a mamãe! – ela me chamou para seu colo e fui no mesmo segundo.-

Observei enquanto meus pais trocavam olhares rápidos e meu pai tinha um brilho diferente nos olhos, não era brincalhão como a instantes atrás, havia algum tipo de temor.

-Querida, sabemos que ainda é muito pequena e que algumas coisas podem ficar confusas, mas lembre-se que tudo que fazemos por você é por amor e isso nunca vai mudar.

-Esta me assustando mãe.

-Não era esta a intenção filha. – ela passou os dedos pelos meus cabelos e me senti confortada no mesmo momento - O que queremos te contar é algo serio e sem saber a melhor forma de faze-lo vou falar de uma vez. Filha, não sou sua mãe de verdade, você não foi gerada por mim e este também não é seu pai.

Tanto mamãe como papai estavam com medo e via as mãos tremulas de meu pai sobre os ombros de minha mãe. Não consegui segurar o riso com tudo isso.

-Ah mãe, era só isso? Posso voltar a brincar com meu tio que não é meu tio e mesmo assim o apelidei de meu ursão?

-Mas filha...

-Não precisa explicar nada pai, eu já sabia. Bom, não foi tão difícil assim né! Mamãe é humana e bruxa, papai é um humano que se transforma em lobo, ambos comem comida humana e tem necessidades humanas, eu, por outro lado tenho uma audição aguçada, uma ótima visão, uma pele forte que brilha levemente no sol como a de Nessie e preciso beber sangue para viver. Ou eu era adotada ou mamãe tinha te traído e como isso é impossível....

-Filha, você é mesmo filha da sua mãe. Debochada igual a ela.

Não nós agüentamos e passamos a tarde rindo e eles me contaram historias sobre a vida deles, meu nascimento, os costumes  da tribo, eu ate participei de uma reunião envolta da fogueira.

---final das lembranças---

Agora eu sentia o peso de não pertencer a esta família. Queria conhecer meu pai verdadeiro, não para me unir a ele, eu queria apenas respostas e também agradecer por me dar uma família. Ele não me amava e eu acho que nunca saberei o porque, mas eu não tinha ódio nenhum dele. Se não fossem suas escolhas hoje minha vida poderia não ter este mesmo brilho.

Sem sono nenhum desci as escadas e ouvi a conversa de minha mãe com minha madrinha. Ambas estavam preocupadas e a razão disso eram os bebes. Novamente me senti um lixo, eu poderia ter matado meus irmão, poderia trazer sofrimento a minha família. Minha mãe já tinha perdido um bebe antes e eu não seria responsável por destruir seus sonhos novamente, mesmo que para isso eu tivesse que partir.

-Você garotinha, não vai a lugar nenhum. –dei um salto ao ouvir o som de sua voz, Edward estava atrás de mim com os braços cruzados sobre o peito e os olhos cerrados –

-Eu. –minha voz saiu tão baixa que eu mesmo quase não há ouvi – Eu preciso, eles merecem uma vida tranqüila e cheia de amor.

-Venha, vamos conversar um pouco. – Edward me abraçou pelos ombros e fomos na direção oposta de minha mãe –

-Nunca pense que saindo da vida de nossa família nós permitira ser mais felizes. Muito pelo contrario, se o fizer trará muita dor aqueles que te amam. O que você é hoje pode ser incompreensível neste momento, mas sua mãe esta procurando por amigos para ajuda-la e se for necessário falaremos com seu pai.

-O que meu pai pode fazer, ele esta tão perdido quanto mamãe!

-Seu pai biológico Luna. – minha boca abriu em assombro, mas nada saiu dali –

-Sua mãe não queria contar agora. Ela estava esperando por uma aproximação de seu pai antes de falar algo, mas ele sempre some. Todos os anos, na semana do seu aniversario , ele volta, vigia seus passos e se aproxima, mas nunca o suficiente.

-Eu acredito que ele não te abandonou por ódio e sim por amor. Algo o afligi ou o persegue. Não sei dizer.

Aquelas palavras deveriam me deixar nervosa, com raiva pela mentira de minha mãe, com duvidadas sobre meu lugar, mas não, a reação foi contraria, alivio. Eu com certeza não fui rejeitada por ódio e meu pai teria as respostas e me ajudaria. Poderia viver novamente em paz e em casa.

-Obrigada tio. – o abracei forte já chorando de tanta felicidade, foi como se um peso enorme tivesse saído de meus ombros – Eu te amo.

-Também te amo querida e estou muito feliz por ver a mocinha responsável e inteligente que você é. Tenho muito orgulho de você pequena.


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