Eu senti que estava caindo... Isso estava me dando enjôo. E de repente, caí em pé no final de uma enorme fila.

    S: WTF?

    A fila dava numa enorme parede branca. Era a única parede branca por ali, ao redor era tudo preto... Não se via quase nada.

    S: Onde é que eu estou?

    E a fila crescia numa velocidade enorme. Mais e mais pessoas caiam em pé atrás de mim. A terra tremeu repentinamente.

    S: Alguém realmente gordo deve ter caído por aqui, né...

    Mas não era nada disso. Era alguém furioso. Ele gritava por mim, lá no inicio da fila. *Que ótimo. Alguém furioso quer me ver! Era tudo que eu precisava!*

    As pessoas em minha frente abriram caminho para mim. Elas pareciam aborrecidas. Pareciam estar paradas ali há anos... E eu estava passando a frente de todas elas. Isso era errado! Fui murmurando “me desculpe” ou “a culpa não é minha! Eles é que estão me chamando!”, mas nada mudava a expressão daquelas pessoas. Elas não pareciam vivas. Acho que nem podiam mais sorrir. Quando cheguei à frente, percebi que havia uma porta protegida por dois homens altos e encapuzados. Um deles dirigiu-se a mim:

    -: Saphira... O Juiz quer vê-la.

    Sua voz era extremamente calma. O que também me acalmou.

    S: O Juiz?

    -: Ele quer saber por que você está aqui.

    S: Eu também.

    Ele abriu a porta para que eu pudesse entrar.

        Gerard’s POV

     Saí do recinto sem nem dar a Bert uma chance de dizer nada. Ela poderia me dar esporro depois. Num piscar de olhos apareci em frente à porta dela. Ela ainda devia me odiar por tudo, com certeza...

    G: Saphira... ABRE A PORTA AGORA!

    Não foi ela que abriu, mas sim meu irmão Mike.

    G: NÃO! VOCÊ NÃO! AGORA NÃO! NÃO TENHO TEMPO! ONDE ELA ESTÁ??? ONDE????

    M: O Frank foi cuidar dela.

    G: NÃO! ISSO QUER DIZER QUE JÁ É TARDE! NÃAAAAAAAAAO!!!

    Continuei a gritar com ele, todo meu ódio fugindo de dentro de mim.

    G: COMO PÔDE PERMITIR ISSO???

    M: Ele foi fazer a coisa certa.

    G: A COISA CERTA? ELE FEZ MESMO A COISA CERTA COM AQUELA SUA MULHERZINHA! FOI! A COISA CERTÍSSIMA!

    M: ELE NÃO FEZ NADA! FOI VOCÊ!

    G: POR QUE VOCÊ NUNCA ME ESCUTA?

    V: Oi Gerard!

    G: Oi Vanessa!

    M: HEY! NÃO TEM PERMISSÃO DE SAIR INTERAGINDO COM MINHA NAMORADA ASSIM, NÃO!

    G: NÃO TENHO PERMISSÃO? FAÇA-ME O FAVOR!

    M: FERRE-SE!

    G: Mike, por que você não acredita em mim? Sou ser irmão! Nunca mentiria pra você! NUNCA! POR QUE ESTÁ DO LADO DO FRANK! ELE É MAU, EU NÃO!

    M: VOCÊ É TERRÍVEL!

    G: TERRÍVEL?

    V: Gente... Vamos parar a palhaçada e sair da frente da casa. Os vizinhos tão olhando já!

    M: Ta. Entra aí.

    G: Valeu.

    Sentei-me no sofá e Vanessa trouxe chá pra mim.

    G: Ta acontecendo de novo... Ele vai machucar alguém que eu amo... Ele vai... Ah não!

    Congelei ao imaginar a cena de Frank matando Saphira. Ela só tinha 20 anos! POR DEUS, ELA ERA VIRGEM AINDA! *Espera... Ela não “era”... Ela ainda é! Ela está viva ainda! TEM QUE ESTAR!*

    G: Mike... Eu sei que não acredita em mim. Mas vou dizer pela última vez: eu não matei sua namorada. O Frank matou. Ele a matou, não eu! Agora ele quer matar a Saphira também! Pra onde ele a levou?

    M: Eu não sei. Eu só queria te magoar. A garota não importa.

    G: “A garota não importa”? PUTA QUE PARIU!

    V: Fica calmo Gerard.

    G: Tem razão... Você foi uma besta, mas isso não importa agora. Sei que pensa que eu te magoei, mas não há motivo algum pra que eu fizesse isso. Frank fez isso porque ele quer acabar com todos nós por uma vingança idiota!

    M+V: Que vingança?

    G: Eu matei o Frank porque ele matou sua namorada. É confuso, mas...

    M: O QUE? Eu...

    G: Mike... Ele tinha ciúmes dela.

    M: POR QUÊ?

    G: Por que éramos amigos.

    M: QUE BABACA!

    V: Isso realmente importa? Quer dizer, ela já morreu mesmo!

    Vanessa estava claramente com ciúmes também.

    G: É isso aí, Mike. Curta sua namorada nova, porque ela te ama mesmo.

    Ele se emocionou.

    M: Ah... Valeu Gee...

    G: Agora tenho que descobrir pra onde o Frank a levou...

    V: Eu tenho uma idéia.

    M+G: Onde?

        Saphira’s POV

    Era uma sala muito bem iluminada. Azulejos brancos em todos os lados. Um lugar completamente simétrico. Uma voz estranha ecoou.

    -: Sente-se.

    S: Mas não há cadeiras!

    -: SENTE-SE!

    S: Ta bem, não precisa se irritar!

    A voz bufou. Que estranho! Sentei-me. Mas não sentei-me no chão. Havia uma cadeira lá.

    S: Wow!

    Quando olhei para frente, havia um homem vestido de juiz sentado em seu devido lugar no tribunal. Ao meu redor estavam os lugares da suprema corte. Eu estava sentada bem no centro. Espíritos nos assistiam.

ESPÍRITOS! Eu só poderia estar... Sonhando.

    -: Agora me diga criança: POR QUE ESTÁ AQUI?

    S: NÃO FAÇO A MENOR IDÉIA! PARE DE GRITAR COMIGO!

    Eu estava irritando um juiz! E ele me parecia bem familiar...

    -: Não faz a menor idéia? “Como assim não faz a menor idéia”?

    S: Eu não sei por que estou aqui!

    Ele ficou em silêncio por algum tempo enquanto os espíritos sussurravam fofocas uns para os outros. Eu olhei bem para aquele juiz. Ele estava cada vez mais familiar. Seus olhos... O cabelo... E o jeito de pensar... Lembrava um pouco... Bob Bryar... O meu pai. O meu... Pai.

    S: PAI?