- Então, Nico, de onde você me conhece? – Perguntei sentada do seu lado, já havia me acalmado. Depois de muito choro e desespero.

- De um acampamento, para onde eu pretendo te levar. – Falou sorrindo pra mim. Um sorriso familiar, mas, por mais que eu tentasse, não lembrava.

- Como você vai me levar lá? E, falando nisso, como você me achou aqui? – Perguntei e vi seu sorriso tímido vacilar. O que houve? Acho que foi minha imaginação, foi tão rápido.

- Eu estava andando por aqui, e como vou te levar é segredo. – Ele não cansa de sorrir?

- Tudo bem, vou dormir, você não quer também? – Falei me deitando no chão ao seu lado, e ele, com um aceno de que não, começou a fazer carinho em meu cabelo. Depois não me lembro de nada.

NICO POV.

Ver ela deitada, tão serena e bela, me fez doer o coração. Por que ela tinha que perder a memória justo agora? E por que ela a perdeu em primeiro lugar?

- Você vai voltar. – Sussurrei passando mais uma vez a mão em seu cabelo negro como a noite e a peguei no colo. Viajar nas sombras depois de um tempo não cansa mais.

- Lar doce lar. – Falei para o nada, já no chalé 13. O chalé de Hades.

Deitei-a cuidadosamente em minha cama e fui tomar um banho. Peguei uma toalha e só. Entrei no banheiro, escovei os dentes, tomei um banho muito demorado e quando fui sair ouvi barulho do lado de fora.

“Não!” Pensei. Ela não podia ter acordado, não agora.

Abri um pouco a porta e espiei o lado de fora.

Thalia estava sentada na cama, seu cabelo preto estava certo, apesar de ter acabado de acordar, seus olhos azuis estavam sem brilho, e sua pele pálida parecia doente.

“Droga!” Pensei. E agora? Não posso sair de toalha, mas também não posso ficar esperando ela dormir.

- Nico? – Ela parecia ter saído de um transe e olhava pros lados, eu acho que me procurando.

- Aqui. – Disse pondo a cabeça pra fora.

- Já tomou banho? – Perguntou olhando pra mim, já levantando.

- Já. – Falei simplesmente.

- Ahn, então por que não sai daí?

- Por que eu estou só de toalha e não tenho roupa aqui. Achei que você ia dormir tempo suficiente pra eu tomar banho e sair. – Respondi, fechando mais um pouco a porta.

- Pode sair, eu não vou olhar. – Falou virando de costas para a porta.

- Tudo bem. – E saí do banheiro só com a toalha preta na cintura.

“Ferrou” Pensei quando vi que ela estava de frente para a cômoda onde ficavam minhas roupas, e se apoiava com os braços nela.

E agora?

- Thalia? – Pedi, mas ela não disse nada.

- Thalia! – Repeti, ela deve ter se tocado que era com ela e disse:

- Oi?

- Você está na frente da minha cômoda. – Falei simplesmente.

- E agora? Se eu virar vou ver você. – Falou ainda de costas.

- Já sei, fica parada. – Mandei indo na sua direção. Quando cheguei atrás dela passei um braço por cada lado de sua cintura e puxei a gaveta, depois peguei uma camiseta preta com uma caveira branca e uma calça jeans preta. Fechei a gaveta e soltei a cintura de Thalia, relutante, admito. Dei dois passos para trás e disse:

- Espera. – Entrei no banheiro e gritei.

- Pode virar, Tha! – Espero que ela não ligue.