Onde eu estava mesmo?

Na floresta, apoiada numa árvore e machucada. Muito machucada.

- Ai! – Exclamei enquanto tirava um fiapo de madeira que estava preso na minha perna.

Fui tirando fiapos de madeira, folhas do meu cabelo e outras coisas que estavam me machucando. Levantei e continuei andando à procura da saída da floresta.

- E o que depois? – Resmunguei, era verdade, o que fazer depois de sair daqui?

Para onde iria?

Não lembro nem do meu nome, quanto mais onde vivo!

Comecei a chorar, até tentei impedir, mas pra quê? Não tem ninguém aqui, eu tenho o direto de chorar.

- Thalia? – Ouvi chamarem, mas eu achei que não tinha ninguém aqui. Passei as mãos nos olhos rapidamente e virei assustada para o dono da voz.

Um garoto um pouco mais alto que eu, aparentando uns 16 ou 17 anos, cabelos lisos, brilhosos e pretos - assim como seus olhos, que eram mais negros que ébano e mais misteriosos que uma noite fria.

Noite, nem reparei que já havia anoitecido.

- Thalia, você está bem? – Perguntou dando dois passos à frente, os quais eu dei pra trás, me distanciando do lindo garoto.

- Q-que-quem é vo-voc-c-cê? – Perguntei gaguejando. E se ele quisesse me fazer mal? Certo, ele parece ter no máximo dois anos a mais que eu, e, apesar do corpo definido e da aparência forte, não demonstra estar mais que preocupado comigo.

- Thalia? Não se lembra de mim? – Perguntou quase... Magoado.

- Eu não sou essa tal de Thalia. – “Pelo menos eu acho que não.” Completei mentalmente.

- Claro que é, você não mudou nada desde a última vez que eu te vi, nem podia. – Falou dando mais um passo para perto. Dei mais um para trás e falei assustada:

- Não! Eu não sou e nem sequer lembro quem sou! – Gritei, sentando no chão. Chorando.

- Não chora. – Disse passando os braços ao meu redor. Não me afastei.

- Quem é você? – Perguntei entre o choro e o abraço.

- Nico. Nico di Ângelo. – Respondeu com o rosto em meu cabelo.