Sentados em frente a vários computadores, um grupo de jovens tiravam seus capacetes de realidade virtual.

– Quem é essa enfermeira? Ela acabou de me ameaçar! – se dentro do Jogo o Coringa aparentava ter por volta de um 18 anos, no mundo real ele não tinha mais do que 12.

– Eu vou fazer uma ligação – Raven levantou-se da cadeira e abriu a porta da van em que estavam.

– Nathan... EI! O que ele vai fazer no Bellagio? – a garota da voz aguda tirou a jaqueta, ficando com a regata azul. Ela tinha uma pele morena e estava com os cabelos cacheados soltos.

– Não faça perguntas estúpidas, Anabellle. Vamos voltar ao Jogo – um outro rapaz, com uma camiseta preta do Three Days Grace ia colocando o capacete – David, não se preocupe com as ameaças. Não tem como ela saber quem somos.

– Mesmo assim, estou preocupado, Paul.

Henrico deitou Karina no chão frio de uma igreja. A porta os havia levado até uma cidade fantasma. Richard tinha ficado perto da porta, para não serem surpreendidos por mais inimigos.

– Você não tem nenhuma arma, Richard – Alessa sentou-se perto dele – temos que procurar alguma coisa.

– Tudo bem. O que você sugere?

– Que tal uma Magnum? É pequena, mas dá pra mirar bem.

– Você é uma entendida em armas, por acaso? – Richard deu um sorriso – incrível... e o que é isso que você carrega no pescoço?

Ele apontou para o recipiente lotado de vodka.

– Hm... água – Alessa abaixou os olhos e ficou brincando com uma pena prateada que estava no chão – o que é isso?

Eles se abaixaram e começaram a analisar a pena. Era comprida e, quando colocada perto de uma fonte luminosa, começava a fazer o barulho de um sino. Alessa se divertia com a pena, ora colocando-a na luz, ora tirando-a.

– Alessa, preciso de ajuda aqui – Helena chamou a ruiva – Madelyne, tenho um favor para pedir a você.

A secretária abaixou-se, enquanto Helena sussurrava algo em seu ouvido. Depois, Madelyne foi até o altar e pegou algo embaixo de uma cadeira. Foi até Richard e entregou-lhe uma Magnum.  

– Como você sabia que era disso que eu precisava?

– A enfermeira me falou para pegar essa arma e trazê-la pra você. Ela deve ter visto quando chegamos – Madelyne sentou-se ao lado do chefe – posso perguntar uma coisa?

Richard assentiu.

– Quando sua irmã foi ‘convocada’?

– Um ano atrás. O Jogo ainda não era uma lenda urbana e eu não fazia a menor idéia da existência dessa coisa perigosa. Só fiquei sabendo quando uma amiga dela foi até a minha casa e perguntou pela Catherine. Coloquei todos os detetives que pude contratar atrás da minha irmã, mas ela sumiu do planeta.

– E se o que o Coringa falou é verdade, ela pode... ah... – Madelyne ficou quieta. Não precisava completar a frase, pois esse pensamento devia ser constante na cabeça de Richard.  

Súbito, pancadas fortes na porta fizeram os dois recuar. Os dois se juntaram ao resto do grupo, que auxiliava Helena. Com um chute, uma garota de cabelos arroxeados invadiu a igreja.

– Hm... então vocês são os participantes dessa rodada? São melhores do que os anteriores, já que chegaram até aqui. Eu sou Arcana, uma feiticeira.

– Você não é mais uma chefe, é? – Irma apontou a arma para a garota.

– Claro que não! Sou uma NPC programada para ajudar quem chegasse nesse nível. Ah, só para constar: faltam três níveis para o término do Jogo. Não deixem Karina Scott morrer aqui.

Ninguém percebeu quando Arcana deu um sorriso enviesado e olhou para o teto, dizendo em voz baixa:

– Angel, a próxima jogada é sua.