Ino entra na casa um pouco sem jeito pelo modo frio que fora recebida. No fundo ela sabia que seria recebida daquela forma e não ficou nervosa ou triste com isso. A casa havia mudado muito desde a ultima vez que tinha visto, mais epaçosa e aparentemente mais segura. Gaara estava sentado em uma poltrona que havia na sala e via que a loirinha ficava mais bonita a cada dia que passava, teimava em não admitir que podia estar gostando dela e sabia que isso o fazia ficar mal. Não queria que ela estivesse contaminada porque não queria mata-la, pelo contrário, queria que ela vivesse e continuasse encantando seus olhos cada vez que a visse.

_ Por que veio aqui? – perguntou Gaara olhando-a nos olhos

_ É que... eu vim ver como você está e trouxe este bolo para nós. – respondeu Ino indo à cozinha deixar o bolo lá

Gaara a espera voltar e a conversa é retomada

_ Fale a verdade Ino. Você está muito insegura para quem veio fazer uma simples visita.

_ Tudo bem. – disse Ino sentando no sofá – É que eu ouvi sua conversa com o Shikamaru hoje.

_ Ouviu?

_ Eu estava em cima daquela árvore mas... aquilo foi muito sério.

_ Agora você entende a gravidade da situação?

_ Eu nunca pensei que fosse ouvir algo assim.

_ Você ficou impressionada só de ouvir? Que dirá de mim que já senti na pele.

_ Como conseguiu se manter vivo?

_ Eu sou duro de morrer. Além disso eu sei me defender muito bem.

_ Deixa isso pra lá. Vamos comer o bolo?

_ Vamos lá.

Ino parte o bolo e dá um pedaço ao detetive que come e logo faz cara de estar gostando.

_ Está muito bom. Você mesma fez?

_ Foi sim. Que bom que gostou.

_ Não sabia que fazia bolos.

_ Raramente eu faço um. Só... – interrompe e olha nos olhos glaucos do detetive

_ O que foi? Algo errado?

_ Eu não consigo entrar na sua mente.

_ Como assim?

_ Eu queria entender como você se sente mas é difícil demais.

_ Você nunca vai me entender porque não sabe os meus motivos para ser o que sou.

_ Então me conta.

Mais uma vez os olhinhos pidões estavam no campo de visão do Gaara que não entendia por quê não conseguia resistir aquele olhar. Ele estava para falar mas foi salvo por um barulhinho conhecido: o computador avisando da chegada de uma nova mensagem.

_ Que barulho é esse?

_ Chegou uma mensagem nova. Vou lá ver.

_ Posso ir junto?

_ Pode sim. Vem comigo.

Eles sobem as escadas e chegam ao quarto do ruivo que era o último do corredor. Um quarto altamente organizado; com uma cama de casal, talvez ele gostasse de muito espaço ao dormir; e as vidraças com uma espessura maior que o normal: eram blindadas.

Ino admirava aquele espaço quando viu o detetive lendo atentamente a mensagem que lhe fora enviada. Não era nada boa, visto a cara que ele fazia.

_ O que foi? – pergunta Ino

_ Leia. – responde Gaara virando a tela do computador para a loira

Ela olha e lê:

“ Olá detetive, lembra de mim?

Soube que você está pesquisando e matando meus parasitas. Lembre-se que você não é diferente deles, enquanto você viver isso não vai acabar e essa é a garantia da minha vitória. Você é o usuário mais resistente que tenho mas tem o defeito de ser rebelde, e essa pode ser a sua ruína. Curta o que lhe resta de vida com sua namorada loirinha porque a guerra dos worms contra os humanos vai começar e você está do lado errado. “

_ Quem é ele? – pergunta Ino assustada

_ Simplesmente o portador do Chaos woem, o parasita soberano.

_ Sério? Você conhece ele?

_ O nome dele é Orochimaru. Ele quer contaminar o máximo de pessoas que puder e assim poder manipula-las.

_ Nossa! Mas... o que isso tem a ver com você?

_ Você não leu o que ele disse: “você é o usuário mais resistente que tenho?”

_ Então... q-quer dizer que...

_ Isso mesmo Ino. Eu também sou um portador.

Aquela revelação nítidamente a assustou. Seus pensamentos se confundiam: então ele está caçando o que ele próprio possui? Vendo a confusão da loira, Gaara tratou de esclarecer o assunto.

_ Eu sou portador de um Stinger worm, por isso tenho muito mais força e resistência que uma pessoa comum. Mas meu caso é diferente.

_ Como diferente? – pergunta Ino ainda um pouco atordoada

_ O meu parasita me contaminou quando os enfrentei no Brasil. O curioso é que o DNA do worm se uniu ao meu, portando cientificamente nós somos um só e com isso eu tenho todos os benefícios que ele traz mas não tenho a maioria dos seus males.

_ Se você é tão perfeito, por que ele quer te matar?

_ Por causa dessa união de DNA eu sou o único portador que ele não controla. E como eu combato esses vermes ele tenta me matar de todo jeito.

Gaara termina de falar e vai até a janela onde fica olhando a rua e sentindo a brisa leve que lhe batia contra o rosto. Eram cinco horas da tarde, o sol se punha no horizonte e com seus raios chamava a noite que chegaria com a lua crescente e as estrelas que embelezavam o céu com seu brilho e as constelações que formavam.

Ino vai até o detetive que estava com um olhar distante. O mesmo olhar que ela viu quando o encontrou na beira do rio. Ela viu que ele estava triste e limitou-se a ficar ao seu lado na janela, ele ainda com o olhar no pôr do sol diz:

_ Vê Ino? Eu sou odiado por todos. Todos sempre têm um pretexto para me matar. – as palavras saíram com um certo pesar

_ Isso não é verdade. Eu não te odeio. – responde Ino envolvendo-lhe o braço

_ Por que está sendo legal comigo? Eu tentei te matar uma vez lembra?

_ Eu sei. Mas também sei que você não é de todo mau.

_ Pode ser. Eu não nasci assim, o mundo me ensinou a esfriar o coração.

_ Agora você tem uma amiga. – disse Ino segurando sua mão – Uma amiga que pode te dar mais do que amizade.

Ino estava segura nas palavras mas confusa no coração. Estava mesmo gostando dele? Isso martelava em sua cabeça e pedia uma resposta: desde quando um matador pode ser amado? A verdade é que Gaara tinha uma dúvida ainda maior já que ele não conhecia o amor. Aquela garota ao seu lado o fazia se sentir bem, esquecer o que estava ao seu redor. A partir daí ele decidiu que queria sentir esse sentimento chamado amor e tinha certeza que Ino estaria ali para recebe-lo.