Harry, Rony, Gina e os gêmeos caminhavam lentamente até a escola, o sono e também o resquício da ressaca fazia o caminho ser completamente silencioso, ninguém falava nada, ninguém tinha reação alguma, isso só melhorou quando eles chegaram a escola e Gina foi logo fofocar sobre a festa com Luna, Harry e Rony se juntaram a Neville e os gêmeos foram se sentar com o time de futebol em outra mesa. Hermione chegou bem mais tarde, estava bem pior do que todo os outros, Gina e Luna foram correndo até ela saber as fofocas, mas Hermione não falou de nada, somente se sentou a mesa com os amigos e deitou a cabeça na mesa, tirando um cochilo. O sinal soou e Gina saiu correndo para sua sala, Luna e Neville ajudaram Harry, que havia comido de mais e gritava: “Eu vou ter uma overdose de comida”, o que obrigou os amigos a levarem ele até enfermaria, Rony tocou o braço de Hermione mas a garota nem se mexeu, ele tentou novamente e nada, ela não estava em condições para aula, Rony a puxou e a levou até o pátio, lá ele a deitou no banco e se sentou no outro banco que ficava de frente para o que Hermione estava, quando faltava apenas uma hora para terminar as aulas, a garota resolveu acordar. Rony a encarava com os olhos arregalados.

– Rony? – A garota perguntou com a voz embriagada.
– Finalmente você deu sinal de vida.
– Que coisa interessante para se dizer. – Ela se sentou no banco, os cabelos bagunçados, a roupa desajeitada e com uma cara de poucos amigos, ela realmente não estava de bom humor.
– Como foi a festa? – Perguntou Rony, como quem não queria nada.
– Foi ótima – Ela riu – Mas na verdade... Porque você foi embora? Lembrei agora disso – Ela disse, parecendo pensar.

– Ahh, você sabe, o Brandon chegou, foi impossível ver sua irmã com ele. – Disse Rony triste.
– Rony, relaxa – disse Hermione tentando consolar o ruivo – Você é muito melhor que ele, consegue isso até de olhos fechados. – Ela sorriu - Agora me leva para casa antes que esses alunos loucos comecem a sair e me vejam nesse estado. Minha mãe me obrigou a vim pra escola, vou fazer chantagem emocional e dizer que fui parar até na enfermaria por causa dela, isso vai me render 50 dólares a mais na mesada, por pelo menos três meses. – Ela disse sonhadora, Rony riu e a puxou pela cintura, ele pediu um táxi e em poucos minutos estavam a casa dos Granger, Hermione pagou o Táxi com o dinheiro do seu lanche, já que ela nem comeu e Rony a ajudou entrar em casa.
– Senta aí – Hermione disse – Eu já volto, só preciso de água gelada – ela disse pegando uma toalha e uma muda nova de roupa no guarda-roupa. – Vou tomar um banho rápido e depois volto para te contar meu plano.
– Espero que esse seja menos furado – Ele gritou tentando fazer Hermione o ouvir, mas a garota entrou no banheiro do quarto dela e ele ficou sozinho, sentado em um dos pufes do quarto da garota. Ele aproveitou para olhar a decoração, o quarto tinha a cara de Hermione, era alegre e ao mesmo tempo intelectual, isso Rony percebeu, porque em uma das paredes, havia uma estante grande e cheia de livros, o quarto era em um tom lilás, quase branco, as cortinas eram brancas e tinham bolinhas de tudo que era cor, rosa, preto, laranja, a cama – bagunçada tinha um cobertor de letrinhas e fórmulas matemáticas, o quarto também tinha uma sacada, e quando Rony foi até lá para espiar, pode enxergar uma rede, e ao lado uma pequena mesinha, com várias anotações em cima, folhas, cadernos e alguns lápis e canetas.

– Rony? – Hermione o chamou, saindo do banheiro, com uma toalha enrolada na cabeça e um pijama do bob esponja.
– Aqui na sacada – Ele gritou.
– O que está fazendo ai?
– Nada, só admirando a decoração. – Rony riu – É a sua cara...
– Vou levar como um elogio – Ela interrompeu, tirou a toalha dos cabelos e com a escova que já trazia na mão, se sentou na rede, penteando os cabelos.
– Você deveria – Ele se sentou no muro da sacada, evitando olhar para baixo. – Qual o plano?
– Simples, minha irmã é meio burrinha – Hermione fez cara de nojo e tentou evitar o comentário de Rony: “Own que cute-cute” – Isso foi muito gay Rony! De qualquer forma, eu vou prosseguir, você deixa? – Ela perguntou o encarando com um olhar feroz, Rony mexeu a cabeça positivamente – Você poderia dar umas aulas para ela, ela vai super mal em matemática, e se ela continuar assim, vai ser tirada das líderes de torcida por insuficiência de notas.
– Isso seria um crime – Rony disse malicioso.
– Eu poderia te jogar dessa sacada por falar assim da minha irmã, mas como eu odeio ela, pra mim pouco importa.
– Fico feliz, mas então, como a gente faz isso?
– Você é tão burro com algumas coisas, é simples, minha irmã já deve estar chegando da escola, mamãe e papai provavelmente já estão sentados no sofá para falarem com ela sobre as notas dela, isso sempre acontece, já que todo ano ela fica mal em alguma matéria, é só a gente descer lá em baixo na hora do sermão e dizer que você pode ajudar ela. – Rony sorriu, o plano não parecia nada furado – Seriam dois coelhos em uma só cajadada. – Hermione vibrou – Sim, porque você salvaria a paixão da minha irmãzinha, que é a dança e ainda por cima fazia uma média com os sogros aumentando a nota da sua futura namorada.
– Você é sempre tão má assim?
– Não, essa é apenas uma das minhas qualidades. – Hermione se gabou – Eu sou inteligente, persuasiva, eloquente e muito modesta.
– É, realmente muito modesta. – Eles riram, logo da sacada puderam ver Eliza chegando, era a oportunidade perfeita.
– Vamos descer. – Disse Hermione, puxando Rony para fora do quarto.

Eliza entrou em casa, e como Hermione havia previsto, os Granger já estavam prontamente postos nos luxuosos sofás da sala da casa, o senhor Granger, tinha em mãos uns papéis, os quais Rony deduziu que era a carta da escola, a senhora Granger ao contrário do marido, batia o pé nervosamente, e estava se segurando para não explodir e voar no pescoço da filha.

– O que está pegando? – Eliza colocou a mochila em cima de um dos sofás livres.
– Veja você mesmo Elizabeth Granger – O senhor Granger entregou o papel a filha, que leu a carta e a cada linha, sua boca abria mais, Hermione ao lado do Rony estava se segurando para não rir, os dois estavam escutando a conversa no topo da escada.
– Mamãe, você acredita que isso seja verdade? – Eliza perguntou.
– Você sugere então, que sua escola mandaria uma carta para irmos até a escola com urgência, conversar sobre suas notas apenas por distração? – A senhora Granger encarou a filha, Rony sentiu naquele olhar o mesmo olhar feroz que Hermione lhe lançava toda vez que estava com raiva, e naquele momento, realmente sentiu pena de Eliza. – Mude o argumento pois eu acredito que seja verdade sim Elizabeth, e vou lhe avisando – A mãe ergue o dedo na cara da filha – se não melhorar esse 4,5 que você chama de nota você vai estar bem encrencada pelo resto do ano, e eu mesma vou fazer questão de te tirar das atividade extracurriculares que você tanto preza, está me entendendo? – A senhora Granger se sentou no sofá novamente, por um momento Rony achou que ela fosse desmaiar ali na sala mesmo.
– No entanto – O senhor Granger começou – eu acredito que você seja mais inteligente do que isso e vou lhe dar uma chance.
– Ahh conta outra – sussurrou Hermione.
– Pode dizer papai – Eliza que já chorava com medo de perder tudo que mais amava, suplicou ao pai, que era, quase sempre, muito mais calmo do que sua mãe.
– Se você melhorar essa nota até que saia a nota oficial do boletim, nós conversaremos com a escola e convenceremos eles a deixarem você nas atividades extracurriculares, daremos nossa palavra de que você pode se recuperar no segundo trimestre – Eliza limpou as lágrimas e Hermione vibrou, era a oportunidade perfeita para Rony. Na empolgação, Hermione puxou Rony para que os dois aparecessem “coincidentemente” na sala e salvassem a vida da pobre mocinha Eliza, mas Hermione foi com tanta sede ao pote, que os dois saíram rolando as escadas da casa dos Grangers, assustando Eliza e os pais de Hermione.
– Alguém me socorre, virei picadinho de Hermione. – Hermione gritou desesperada enquanto a senhora Granger ia ajudá-la a se levantar, Rony se levantou e depois ajudou a amiga.
– Você está bem, meu amor? – A senhora Granger perguntou, passando a mão pelos cabelos da filha.
– A lógico, ninguém se importa com o ruivinho aqui. – Rony sussurrou para si mesmo, ajeitando as roupas.
– Estou bem sim – Respondeu Hermione, com os cabelos mais volumosos do que o normal e um dos dentes da frente quebrados.
– E o que devo a honra dessa entrada tão triunfal Hermione? – Dessa vez foi o senhor Granger quem falou.
– Ahh xim, é que xem querer ouvimox a converxa... – Hermione falava com a esquisito, por não ter um dos dentes, Rony se segurava para não rir, como ele mesmo disse, ainda tinha amor a sua vida, Hermione parecia estar com muita raiva – e bem, o Rony é um exímio matemátxico, ele podge ajudar Elixa em matemátxica.
– O seu namorado Hermione? – Perguntou Eliza, fazendo Hermione corar e Rony ficar com as orelhas mais vermelhas que um tomate.
– Não.. Xó meu amigo – Hermione se atravessou – e ele é xuper intelixente, pode te axudar em qualquer matéria. – Hermione não poupava elogios, sentiu sua mãe a abraçando.
– Que lindo, você querendo ajudar sua irmã minha filha, você viu amor? Nossas filhinhas, tão cúmplices. – Hermione sorriu amarelo, com um dos dentes em falta, em seguida se levantou e esperou a resposta da irmã, que parecia ponderar a situação.

A situação? Não era nada boa para ela, ou aceitava ou era o fim das líderes de torcida.

– Tudo bem – Ela disse por fim, Rony sorriu e Hermione o cutucou, murmurando um: [i]“Seja mais discreto”[/i].
– Querida, você precisa ir ao dentista. – Disse a senhora Granger, pegando no queixo da filha e o levantando, tentando examinar melhor a boca de Hermione. – Amor veja isso, acha que consegue consertar? – Perguntou ao senhor Granger, que era um renomado dentista.
– Claro, vamos filha, vamos agora na hora do almoço, porque depois, pelo resto da tarde, minha agenda está cheia – Ele disse arrastando a menina já para o carro, Rony foi junto, pois o senhor Granger insistiu em levar o menino para casa, o pai de Hermione gostava muito de Rony, ainda mais agora que ele salvaria as notas de sua primogênita, Eliza.

Rony se sentou em uma das cadeiras da sala de espera, com tédio, fome e cansado o garoto aproveitou e ficou tirando um belo cochilo, de vez em quando ele ouvia alguns gritos de Hermione, segundo ela: “Nunca txinha ido há um dentxista”, mas logo o garoto voltava a dormir.