No mesmo dia...

- Por que você não assistiu às aulas hoje? Ino perguntou, me fazendo quase cair do banco que ficava no Jardim onde eu me encontrava deitada. Eu olhei diretamente para aqueles olhos azuis e não respondi.

- Certo... você ainda esta brava ? Ela perguntou devagar e eu estranhei. – Não. Eu neguei e ela suspirou aliviada e se sentou no banco colocando minha cabeça em seu colo.

- O que houve?

- Ele voltou. Eu disse quase como um sussurro e sentir seu corpo estremecer. Eu sabia que ela o temia mas o olhar aterrorizado dela pra mim, me deixou inquieta.

- O que ele te disse?

- Nada, ele só se alimentou.

- Ele nunca fala nada quando está com você?

-É. Respondi. -Eu poderia dizer a ela que ele fala, e que o senso de humor dele é negro. Mas optei por ficar calada.

- Sente dor ainda?

Eu não sabia se ela queria saber se eu ainda sentia dor na hora em que ele me mordia ou se ainda estava sentindo a dor da mordida. – Não. Eu menti, não queria deixá-la preocupada.

- Somos amigas, não precisa mentir para mim. Ela disse me encarando como se dissesse “você não me engana”. – Você... não esta lendo minha mente...está? – Eu perguntei enquanto me sentava no banco e a encarava.

- Claro que não. Ela quase gritou e eu me senti um monstro quando vi que a tinha magoado. – Ino me desculpe é... eu

- Tudo bem..., eu também ficaria desconfiada se descobrisse que uma das minhas amigas pode entrar na mente das pessoas. – Ela disse simplesmente e ainda sorriu, eu sabia que aquele sorriso era uma maneira de me dizer que ela não estava com raiva da bobagem que eu havia falado há poucos segundos atrás. – Teve algo importante nas aulas hoje? Eu perguntei, não que eu estivesse realmente interessada mas era um jeito de trocar de assunto e Ino me pareceu não se importa com a troca.

- A mesma aula chata de Historia, como todas as Sextas Feiras, nada que uma cdf como você não tire de letra.

- Ei, eu não sou cdf. Rebati indignada. - Só Por que gosto de tira notas boas não que dizer que eu seja cdf.

- Hum,sei. – Eu sabia que ela estava tentando me irritar.

- Eu vou pro meu quarto, você vai ficar aqui ? Ino perguntou.

- Vou ficar só mais um pouco.

- Vê se não demora. Ela disse me fitando seria. – Esse jardim é longe dos quartos e da escola não é seguro ficar aqui até a noite. - Eu fiquei olhando ela se afastar entre as arvores até que eu não consegui mais vê-la, era difícil para eu assimilar que a minha melhor amiga não era totalmente humana, mas ainda assim me sentia aliviada por ela não ser uma vampira, existe pessoas com poderes mentais e isso até poderia ser chamado de normal, em partes é claro, na internet você encontra matérias falando sobre o assunto. Então, eu conseguiria viver bem com aquilo, e alem de tudo eu a amava como a uma irmã. Um vento gelado me fez encolher dentro da blusa de moletom lilás que eu estava usando e voltei a me deitar no banco do jardim, e um sono gostoso se apossou de mim, eu não me importei em ser levada por ele.

Era um lago. Eu pisei na grama fofa com os pés descalços e não me importei com o frio do orvalho que estava sobre ela, eu queria era colocar meus pés na água por isso eu andava a passos rápidos, eu cheguei á beira do lago e pude ver que ele era raso, a água era tão cristalina que me deixava ver todas as pedrinhas coloridas que havia no fundo, eu entrei na água que me chegava até o meio das canelas e duas pedrinhas perfeitamente redondas me chamaram atenção, elas eram vermelhas, eu olhei ao redor para ver se havia mais delas mas não avistei nenhuma, então, me abaixei e coloquei as mão na água para pegar as pedras, algo vermelho manchou a água, e eu vi que sangue escorria dos meus braços, sentir uma queimação no pescoço e levei minhas mãos lá, era de lá que jorrava o sangue que maculava a água.

Eu acordei com o coração acelerado e os ossos gelados, já era noite eu me sentei no banco meio abalada por causa do pesadelo. Quando meu coração voltou a bater normalmente eu percebi que podia ouvir vozes, e logo depois ouvi um grito.

Todo o meu corpo se arrepiou ao ouvir aquele grito que eu reconheci como sendo de uma garota. Eu me levantei, e sem pensar corri em direção da onde eu achei que tinha vindo o grito, eu corria as cegas mal prestando atenção ao caminho foi quando eu tropecei em uma pedra, tentei me agarrar aos galhos finos de uma arvore, mas foi um erro, os galhos tinham pequenos espinhos que fizeram dolorosos arranhões em minhas mãos e pulsos,mas eu não prestei atenção neles, pois outro grito apavorado chamou minha atenção.

- Não se aproxime de mim! – A garota gritou. Não sei o que me fez pegar aquela pedra, mas eu peguei. Eu sabia que a garota que estava sendo atacada estava por perto e eu agradeci aos céus pelos postes de luz que havia em todo o jardim, pelo menos eu poderia ver quem a estava atacando, caminhei lentamente em direção aos arbustos e parei. Eu não tinha me enganado era uma garota que estava lá e havia um homem também, eles não poderiam me ver de onde estavam mas eu conseguia vê-los quase que perfeitamente. O homem tinha os cabelos longos e escuro que chegavam até sua cintura se não fosse pelas costas largas e os músculos eu teria pensado que era uma mulher, ele caminhou lentamente em direção a garota que a cada passo dele dava outro para trás.

- Você atrapalhou minha caça. Eu ouvir o homem dizer com a voz carregada de sarcasmo. -Nada mais justo do que eu me alimentar de você humana. – Ao ouvir aquelas palavras eu gelei e me dei conta que talvez ele pudesse ser um vampiro.