O grito/ Pate 2

O primeiro pensamento que tive quando me dei conta do perigo, foi o de fugir para bem longe e foi isso mesmo que eu fiz. Eu corri de volta pelo caminho de onde eu tinha vindo a única coisa que passava pela mente era escapar e estar segura dentro do meu quarto, em meio aquele turbilhão eu me lembrei de Ino me dizendo que vampiros quando famintos não se focam em nada a não ser na presa e em aplacar a sede que os consomem, então eu tinha certeza que ele não havia me visto ali e aquilo no momento foi um alivio, o sangue daquela garota iria distrái-lo e eu teria tempo de chegar ao meu quarto antes que ele sentisse minha presença, estava tudo bem se fosse aquela garota, eu não a conhecia então a morte dela não faria diferença para mim, ”mas faria para outras pessoas”. Foi esse pensamento que me fez parar e olhar para trás, eu não poderia me salvar e deixa-la morrer, por que ela era uma pessoa e com certeza ela tinha pais que amavam e amigos que se importavam com ela, eu me peguei pensando em minha família, poderia ser um deles, uns dos meus irmãos e por isso eu voltei a correr em direção a garota, é claro que eu sabia que não poderia salva-la, não se ele fosse realmente um vampiro, mas se ele fosse um humano normal dois contra um daria um pouco de trabalho para ele. Outro grito e meu coração deu um salto, eu pedi a Deus para que não fosse tarde de mais e corri o mais rápido que pude.

Oh não. Eu soube que tinha chegado tarde quando vi o garoto se inclinando em direção ao pescoço dela enquanto ela se debatia inultimente. Uma raiva incontrolável se apossou de mim e eu fiz a coisa mais sem noção que poderia ter feito naquele momento, atirei a pedra que eu tinha esquecido que carregava comigo em direção ao vampiro. Ela se chocou com ele e pude ouvir o barulho de pedra se chocando com pedra, mas ele nem se moveu. A garota gritava desesperadamente e eu sabia como ela estava aterrorizada, eu mesma já havia sentido na pele o quanto era torturante ter alguém querendo sugar seu sangue. Eu precisava fazer alguma coisa, foi quando me lembrei de outras palavras de Ino. “Sangue humano é a única coisa que interessa a vampiros, todo o resto fica em segundo plano quando eles sentem o cheiro do sangue”. Eu não tinha certeza se daria certo, mas foi a única solução que me ocorreu naquele momento. Senti a palma de minha mão esquerda protestar dolorosamente quando foi perfurada pelo espinho, eu a puxei em direção a meu corpo e isso fez um corte profundo. O sangue escorreu pelo meu pulso manchando a manga do moletom e senti o cheiro fraco do ferro, eu senti náuseas. Um momento depois eu não mais olhava o sangue escorrendo da minha mão, e sim o vampiro em frente a mim. Ele era lindo, quase tão lindo como... Sasuke.

-Ora, ora... o que tenho aqui. - Ele disse e olhou diretamente para mim. Eu me assustei quando percebi que as íris dos olhos deles eram quase brancas. – Nem pense em fugir. Por um momento eu pensei que ele estivesse falando comigo e tive a sensação que meu coração tinha falhado umas três batidas. A garota parou assustada e eu percebi que ela estava preste a correr. Eu desejei poder fazer a mesma coisa, correr e me esconder mas minha chance havia passado desde o momento que eu decidi tentar salva-la. O medo me corroia e eu desejei que tudo acabasse rápido. Um barulho de folhas sendo amassada e o meu corpo foi lançado sobre a garota . Eu me choquei contra ela e nos caímos próximas a uma arvore de tronco grosso com espinhos.

- Ah meu Deus! - Nós vamos morrer. A garota gritou enquanto nos tentávamos ficar de pé, ela apertou minha mão direita e eu pensei que ela iria trincar os meus dedos por causa da força que ela aplicava. - O que nos vamos fazer? Ela gritou e eu a encarei. Os olhos cor de chocolate dela estavam arregalados esperando uma solução que eu não tinha, uma parte do cabelo dela estava solto e embolado e a outra parte tinha um coque que estava preste a se soltar, ela tinha alguns arranhões no rosto, nós ficamos alguns segundos nos encarando, medo e desespero de mãos dadas esperando que tudo aquilo acabasse. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, o vampiro veio em nossa direção e a cada passo que ele dava, nos dávamos um para trás eu podia ouvir meu coração batendo desesperadamente dentro do meu peito.

- Vocês cheiram deliciosamente bem. - Foi a última frase que escutei antes de sentir minha mão esquerda ser rasgada por caninos afiados. A dor que a mordida dele me causava não era tão forte como a do Sasuke, mas mesmo assim eu me contorci desesperadamente, e então acabou.

Antes de cair desacordada eu pude ouvi-lo dizer. - Malditos Uchihas... – E depois tudo se apagou.

Ao voltar a consciência a primeira coisa que chamou minha atenção era a minha mão que queimava insuportavelmente, e a segunda era que eu estava no meu quarto e que a Ino estava do meu lado e que com certeza ela havia me dado um banho.

- Ino...? Eu a chamei com dificuldade e me dei conta que estava fraca demais.

- Não tente falar agora... Está tudo bem... você perdeu muito sangue mas vai ficar bem. Ela disse. Mas eu queria saber o que houvera com a garota.

- Ela esta bem, não se preocupe. Eu soube aí que ela estava lendo a minha mente. Eu fechei os olhos com alivio, eu nunca havia me sentido tão fraca como naquele momento. Eu fiquei em um estado de semi consciência, a dor que latejava em meu braço não me deixava dormir realmente.

- O que você faz aqui? A pergunta não foi direcionada a mim, mas mesmo assim eu senti medo. Ino não respondeu, mas eu sabia que ela estava apavorada. Abri meus olhos e vi Sasuke encarando a Ino cruelmente eu podia ver a maldade na íris escarlates quase como algo sólido. – Saia. Ele disse, a voz soando ameaçadoramente cruel. -Ino hesitou e olhou para mim e depois voltou a fita-lo e disse:
- V... você não pode se alimentar dela, ela perdeu muito sangue e...
- Não me diga o que fazer. Ele gritou. - Ela pertence a mim. Os olhos rubros  fixos no azul. Ela gritou e eu soube que ele a estava  atacando. Olhei para Ino e vi a face dela se contorcer em uma careta de dor. - Pare! Eu gritei enquanto me levantava da cama, esquecendo toda a fraquesa que havia em meu corpo e ignorando o fato de estar so de sutiã e calcinha, bati no torso nu dele com os meus punhos. - Por favor não a machuque. Eu pedi desesperada,o curativo que Ino havia feito em minha mão se soltou e a ferida sangrou, eu acho que foi o cheiro do meu sangue que o fez desviar os olhos para mim e parar de torturar a Ino naquele momento. 
- Fora daqui Yamanaka. Ele falou quase como se rosnasse.
- Vá. Eu a fitei e disse. Os olhos dela lacrimejaram como se pedissem desculpas. – Eu vou ficar bem.- E ela se foi. Mordi a língua pra conter um grito quando o sentir segurar meu pulso com força levando minha mão ferida até os seus labios frios, eu podia jurar que corei no momento em que o vi passar a língua pela ferida aberta, a dor se foi e no seu lugar ficou um leve formigamento, e eu me deixei cair nos braços de Hipnos.