“Um inimigo.”

“Ah...” Sherlock relaxou os ombros. Realmente, John falar que havia conhecido um amigo seu era uma coisa esquisita, agora, falar que conhecera um inimigo, era mais plausível. “Qual deles?”

“Seu arqui-inimigo.” Watson respondeu. “As pessoas têm arqui-inimigos?”

O homem franziu as sobrancelhas e virou o rosto para tentar enxergar John, o que foi meio difícil devido à sua posição no sofá. Já tinha certeza de quem era o tal inimigo, mas seria interessante ver o que ele queria com seu novo colega de apartamento.

“Ele lhe ofereceu dinheiro para me espionar?”

“Sim.”

Ah, tão previsível. Quantas pessoas já foram pagas para espioná-lo? Pelo menos umas quinze. Ele sempre descobria, no fim das contas.

“Você aceitou?”

“Não.”

“Poderíamos ter dividido.” Holmes suspirou, pensando em como eles poderiam ter gastado o dinheiro da espionagem... E ao mesmo tempo fazer seu ‘inimigo’ de bobo. “Pense melhor da próxima vez.”

“Quem é ele?” A voz de John deixava claro que ele estava irritado e curioso ao mesmo tempo... Será que ter feito o outro homem ter atravessado Londres para mandar uma mensagem de seu celular fora um exagero? Hm... Não, claro que não. Exagero seria se ele tivesse que ter interrompido seu fluxo de pensamento apenas para descer as escadas e pegar o telefone da Sra. Hudson emprestado.

“O homem mais perigoso que já conheci.” Certo, aquela conversa já estava começando a ficar entediante. “Não importa agora. O número na mesa!”

Sherlock fechou os olhos enquanto ouvia Watson andar até a mesa, pegando o celular e digitando o número que ele havia indicado. Holmes se perguntava quando é que Mycroft iria parar com essa mania de mandar gente o perseguir. Ele sempre mandava gente óbvia demais, tornando a tarefa de descobri-los a coisa mais fácil que existia... Da última vez fora um cara esquisitinho que trabalhava ajudando Molly no necrotério do Bart’s. Sherlock levou menos de vinte minutos para descobrir que aquele sujeitinho fora enviado por seu irmão, mas se divertiu enganando-o por pelo menos uma semana, antes de ficar entediado e dar um jeito de espantar o espião.

Ele não entendia o que seu irmão queria ganhar com toda essa brincadeira idiota, mas, fazer o que? Se Mycroft queria dar uma de irritante, Sherlock não podia fazer nada a não ser tentar aproveitar a insistência do outro e se divertir um pouquinho.