The Princess And The Son Of Hades escrita por lara_di_angelo


Capítulo 58
Capítulo 58


Notas iniciais do capítulo

oi, gente!! por favor, não me matem pela demora!
eu tive uns probleminhaa, entre eles, eu tava completamente sem inspiração, minhas primas estavam praticamente morando na minha casa e com elas aqui eu passo mais tempo rindo histericamente do que fazendo qualquer outra coisa, eu tive uns probleminhas técnicos no ballet... (leia-se sapatilha de pontas sendo entregue na sexta de noite para estar perfeita para dançar na terça de tarde... e ainda veio de um número menor, quase q não entrava, minha unha tá doendo até hoje... e eu ainda sinto o elástico apertando meus pés... o lugar onde ele tava ficou roxo e em baixo relevo...) eu tive que ficar "quebrando" ao invés de escrever... meu computador endoidou e eu perdi o arquivo da fic aí tive que copiar e colar cada capítulo de novo...
obrigada a todos que mandaram reviews e mais uma vez desculpa pela demora...
boa leitura!



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CAPÍTULO 58



POV’s Stella



Tem certeza que quer mesmo fazer isso?” perguntou Sophie, pela milésima vez desde que ficamos apenas eu e ela no quarto, enquanto nos arrumávamos para o Festival. Eu reprimi uma risada e revirei os olhos.

Relaxa, a culpa vai toda pra mim, não vai acontecer nada com você ou com as meninas, eu não permitiria”

Esse é o meu medo. Você não obrigou a gente, estamos fazendo isso porque queremos, então você não deveria ficar com toda a culpa, isso me deixaria culpada e envergonhada”

Não seja boba, isso é besteira.” Falei e continuei ajeitando o cabelo. Depois de um segundo, eu pensei melhor em minha idéia. Era normal eu fazer as coisas por impulso, acho que é coisa de meio-sangue, mas dessa vez as conseqüências não recairiam apenas sobre mim, mesmo que eu me esforçasse para que isso acontecesse. O meu plano não era muito bom. Na verdade, acho que nem podia ser chamado de plano. Eu tinha plena certeza de que Mary teria pensado em algo mais eficiente, mas ela estava tão preocupada que eu não me atrevi a pertubá-la com mais uma coisa. Ela já tinha muito carga sobre seus pequeninos ombros... muito peso para uma garota da idade dela. Pensando nisso, eu senti minha confiança se esvaí, como se levada por um vendaval. “Mas... será que é mesmo o certo? Não é muito egoísmo de minha parte?” minha voz estava baixa.

Não é, não” Sophie murmurou depois de um tempo em silêncio. “Sorria, Stella. Estamos a caminho do nosso sonho.”

Eu sei mas...”

Sabe de uma coisa? Essa é a nossa última chance de ter o nosso final feliz, sabemos que não é para sempre como nas histórias, mas é a minha, e principalmente, a sua última chance de uma história de amor verdadeiro. Se nós falharmos, pelo menos saberemos que tentamos, e eu quero ter minha parcela de culpa porque mesmo que você ache que isso não é necessário, é importante pra mim. É importante que saibam que eu lutei, que ele saiba que eu lutei.” A voz dela ficava mais firme a cada palavra. “Você não está sendo egoísta. Está fazendo isso só para você?”

Não. Estou fazendo por mim e por Nico, mas...”

Então é o motivo certo, não há nenhum motivo para desistir agora, a menos que queira desistir dele.” Ela parou de falar, esperando minha reação.

Isso nunca” minha voz saiu quase como um rosnado quando falei ferosmente entredentes.

Então prepare-se.” ela sorriu. “Stella Del Solle, hoje nós faremos história. A nossa história”

Sim, Sophie, nós faremos” sorri, erguendo a cabeça corajosamente assim como ela tinha feito.

O nosso momento de heroinas românticas acabou quando alguém deu batidas suaves na porta. Eu conhecia aquele ritmo e nem precisei perguntar quem era. Só minha avó fazia aquela sequência de batidas ritmadas. Era uma espécie de toque secreto que criamos quando eu era mais nova.

Está aberta” falei, enquanto me observava criticamente no espelho do closet.

Stella?” a voz conhecida e reconfortante me chamou. Eu notei algo de estranho na voz dela, estava meio hesitante, temerosa. Isso me deixou muito preocupada, vovó não era de se preocupar à toa (a menos que fosse com alguma de suas filhas ou netas). Por um momento, eu me esqueci que ela não sabia sobre o Acampamento Meio-Sangue e me peguei pensando na possibilidade de Nico ter se ferido gravemente na batalha, o que fez meu coração se comprimir dolorosamente, mas essa sensação logo passou quando eu me lembrei que vovó não era parte do mundo olimpiano. “Oh, Sophie, minha criança! Você está aqui” vovó se apressou e envolveu Sophie num abraço caloroso. Sophie era alguns meses mais velha que eu, mas sua mãe era dois anos mais nova que a minha, por isso minha mãe, e não a dela, tinha se casado com o herdeiro de Sollaria. Eu tinha herdado alguns traços de minha mãe, mas o que sobressaia em mim eram as características de Apolo, já Sophie mostrava realmente os traços do povo da lua. Na verdade, ela poderia ser a personificação da lua. Exceto pelos olhos azuis que seriam prateados caso ela fosse realmente a lua. Ela quase não tinha nada do pai dela a não ser esses olhos.

Eu podia escutar vovó e Sophie conversando animadamente, mas ainda notava a tensão nas duas. Em Sophie eu sabia o motivo e em minha avó, eu iria descobrir.

Vó, qual é o problema?” interrompi a conversa delas, pois a curiosidade estava me matando.

Ah...” ela pareceu refletir por um segundo, como se estivesse pnderando se devia ou não nos contar. “Bem, o Festival foi cancelado...”

O quê?!” eu berrei, interrompendo o fim da frase dela e saindo do quarto sem ligar para os chamados dela ou de minha prima.

Hoje era o último dia do Festival e se ele fosse cancelado, meu plano iria por água a baixo.

Eu andava com passos largos, rápidos e furiosos em direção à sala do trono. Eu praticamente podia sentir minha raiva irradiando ao meu redor como uma aura.

Stella!” uma voz conhecida me chamou. Eu ignorei e continuei meu caminho, mas Brandon era muito persistente. Eu gostava disso nele, mas hoje não estava com tempo pra isso. “Stella, espere!” ele continuou me chamando, mas eu nem dei ouvidos. Alguns passos depois, ele estava do meu lado. Ele acompanhava minhas passadas sem nenhum esforço visto que suas pernas eram bem maiores do que as minhas. Eu bufei e aumentei o ritmo dos passos, mas não adiantou de nada. “Espere, será que podemos conversar?”

Agora não” falei, deixando a irritação transparecer em minha voz pra ver se ele se tocava, mas de novo, foi só mais uma tentativa frustrada.

É importante” ele conseguiu ficar na minha frente e segurou meus ombros suavemente. O toque dele me enviou uma onda de reconhecimento, mas era só isso. Não era como o de Nico, que me dava a certeza de amar e ser amada, que despertava minha emoções como as flores desabrochando num lindo dia de primavera... O toque de Brandon era bom, mas eu sentia o mesmo que sentia com meus outros amigos. “Nós... eu... estou confuso... o que eu sou pra você?”

Eu realmente não queria responder àquela pergunta com a cabeça quente. Não mesmo, eu ainda queria que nossa amizade sobrevivesse ao que a paixão não sobrevivera, mas se eu falasse sobre isso agora... estaria tudo perdido para a eternidade.

Brandon, eu realmente não posso conversar agora...” falei, me esforçando para ser gentil. Dei um sorriso forçado, e ele sorriu fracamente. Um sorriso triste que fez com que eu me sentisse culpada.

Tudo bem... eu entendo” Não, ele definitivamente não entendeia o que estava acontecendo dentro de mim. “Ainda está com raiva de mim por não falar que tinha sobrevivido?” Eu resolvi que responder essa pergunta era seguro.

Estou. Mas isso não tem nada a ver.” coloquei minha mão no braço dele. “Eu tenho que ir” e me apressei em antes que ele fizesse com que eu me sentisse pior. Não tinha dado nem cinco passos quando ele me alcançou, segurando meu braço. “Brandon, me solta.” falei pausadamente, tentando me controlar para não fazer o mesmo que eu fiz na minha primeira noite da fogueira. Eu ainda me lembrava das palavras que Nico falou quando eu acordei.



FLASHBACK ON

Eu sentia minha mente me puxando para conciencia e a medida que isso acontecia, eu sentia que a pressão em minha cabeça diminuia gradativamente. Quando abri os olhos, eu me sentia perfeitamente bem, como se nada no mundo pudesse me atingi. Assim que abri os olhos, perdi um pouco da sensação, notando que não tinha ideia de onde estava.

Onde estou?” pensei alto.

Ah, graças aos deuses você está bem!” uma voz conhecida suspirou aliviada, me fazendo finalmente notar a presença de Nico. As olheiras, as roupas meio amarrotadas e o cabelo mais bagunçado do que o normal denunciavam que ele tinha passado a noite em claro e que não tinha se arrumado.

Eu me sinto bem.” sorri, me perguntando se ele ficara acordado por mim. “Por que estou aqui... em uma enfermaria?” perguntei, só então reconhecendo o ambiente ao meu redor.

Ah, ontem você meio que...” ele não precisou terminar a frase. Agora que ele falou, eu me lembrava de tudo. Do quase beijo do filho de Ares, da minha raiva explosiva que quase literalmente explodiu, fazendo com que eu fosse recoberta pela aura dourada e que eu levitasse como se elevada por uma vento que agitava meus cabelos e roupas furiosamente.

Ah, já lembrei.” corei, pensando em como os campistas me olhariam agora e, principalemnte o que Nico pensaria de mim agora.

Fui assustador, você ficou parecendo uma lâmpada” ele deu um meio sorriso e seu tom era brincalhão e reconfortante. Eu dei língua pra ele, mas por dentro eu estava muito feliz por ele não me rejeitar. Mais uma vez, me perguntei até onde iria o carinho e a compreensão que ele sentia e demonstrava.

FLASHBACK OFF



Me solta agora” repeti, fechando os olhos com força.

Stella, por favor...” ele implorou. “Por favor, me dê uma chance”

Me larga!” minha respiração estava arfante. “Brandon, eu falei pra me largar!” puxei meu braço com força e corri pra longe dele, torcendo para que ele estivesse confuso o bastante para não me seguir.

Só percebi que estava indo pelo lado errado quando estava longe o bastante para não me preocupar em ser seguida.

Droga” resmunguei, enquanto corria por outro corredor e chegava à uma tapeçaria antiga. Eu a afastei com cuidado e tateei o chão à procura da pedra solta que escondia a velha chave que abria o atalho. Eu conhecia várias das passagens secretas e agora era uma boa hora de usar uma. “Cadê a droga da chave?” murmurei, ainda tateando. “Ah, finalmente” peguei cuidadosamente a chave e a encostei na parede, que se tremeluziu. Quem estivesse olhando nunca veria nenhuma diferença na parede. Apenas a pessoa que tocou na chave veria a parede desaparecer e revelar um túnel escuro e meio mofado. Entrei e senti a parede se materializas atrás de mim.

Corri por entre os corredores e bifurcações, parando apenas para respirar. Meus pés lideravam o caminho sem que eu precisasse pensar muito no que estava fazendo.

Saí num corredor próximo à sala do trono. Assim que a toquei, a parece tremeluziu e eu me passei correndo por ela, tentando chegar logo até meus pais e exigir uma explicação. Esbarrei em alguém, que para minha total irritação era Lorde Navarro.

Alteza” ele me segurou pelos ombros, impedindo que eu caísse.

Oh, me perdoe” falei, friamente.

Não há problema. Só tente não andar correndo por aí. Não caí bem a uma dama em sua posição” ele falou com um sorriso detestável. Precisei de muito autocontrole pra não pular no pescoço dele e estrangulá-lo ele naquele momento. Dei um sorriso frio.

Com licença” falei, numa voz tão fria quanto o sorriso e continei meu caminho, andando apressadamente e sentindo os olhos dele me seguindo.

Quando cheguei à sala do trono, entrei sem bater. Senti os olhos de meus pais se voltarem para mim.

Não podem fazer isso” falei, irritada.

Se a senhorita não percebeu, estamos com um convidado. Falaremos depois.” a voz de meu pai era firme. Eu podia ver que minha mãe tinnha suas próprias perguntas, mas ela não falou nada. Eu tinha raiva disso. Ela não falava nada, deixava que ele falasse por ela. Eu nunca permitiria isso se estivesse no lugar dela.

Tem que ser agora” falei, obstinada, erguendo o queixo altivamente.

Não, não tem.” ele rebateu.

Não podem simplesmente cancelar o Festival. É o dia de encerramento.”

Bem, sinto muito, mas já está cancelado. Eu achei que isso alegraria você, já que estava tão disposta a não participar” o tom de voz dele com que eu me sentisse uma criança fazendo pirraça. Eu acho que corei.

Eu repensei minhas atitudes” falei, tentando soar firme, mas minha voz estava fraca. Eu estava me sentindo uma criança levando bronca. Os tronos dos meus pais ficavam numa espécie de tablado elevado. Eles me olhavam reprovadoramente, o que fez meu estômago contorcer.

Isso foi sábio” falou meu pai, mas a voz dele era completamente inflexível, sem nenhuma demostração de afeto. Uma sombra de sorriso cruzou o rosto de minha mãe, mas desapareceu tão logo surgiu.

Meu senhor, por favor, não podemos simplesmente cancelar o Festival assim...” eu não consegui terminar a frase.

Não fizessemos isso sem motivo.”

Pode me dizer qual foi?”

Houve um incêndio no palco principal e em alguns pontos do local” ele falou, num tom formal. “O chefe da investigaçãoestava nos informando sobre a operação” ele deu um olhar ao homem que estava no meio da sala e que eu nem tinha notado.

Acreditamos que foi acidental, mas temos que investigar antes de colocar uma quantidade tão grandee de pessoas lá.” o homem falou, num tom tão formal e inflexível quanto o de meu pai. Eu tinha quase certeza que não tinha nada de acidental nisso. Eu estava com um pressentimento péssimo.

Foi uma decisão muito... inteligente” falei, quase gaguejando. “Com lincença” e então eu saí da sala. Corri de volta para meu quarto e fechei a porta atrás de mim arfando.

Arranquei o vestido, deixando ele jogado no chão e andei só de sapato e lingerie para o closet onde achei um vestidinho curto e leve. Me concentrei em relaxar minha respiração. Fechei os olhos e contei até perder a conta. Me livrei dos sapatos, jogando-os pra longe. Tirei minhas jóias e guardei-as cuidadosamente. Eu estava quase saindo do closet quando uma corrente chamou minha atenção. Eu voltei e puxei-a do meio dos colares. Meu coração parou por um instante e eu achei que ei sufocaria com todas as lembranças que aquele simples medalhão me trazia. Agarrei a corrente fortemente, como se minha vida dependesse daquele aperto, como se eu tivesse medo de ser arrastada por minhas memórias.

Apesar disso, eu sorria. Sorria porque aquelas memórias eram lindas... e eu queria revivé-las... queria poder repetir aquele dia. Aquele lindo dia em que eu saí com Nico para conhecer Nova York.



FLASHBACK ON

Olha! Um loja de antiguidades!” sorri, apontando para uma loja pequena que parecia deslocada no meio das outras construções modernas. “Vamos!” exclamei, puxando ele pela mão. Nico tava com uma carinha muito fofa, ele parecia implorar para não entrar na loja ao mesmo tempo que se perguntava porque alguémia querer ir justo para aquela loja. Uma sineta tilintou quando eu abri a porta. Eu me virei para Nico e sorri. Ele revirou os olhos. Quando eu me virei para frente de novo, encontrei uma senhora me observando por trás de um balção no fundo da loja. Ela me deu um sorriso gentil e eu retribuí. Eu me virei para Nico

Não é lindo?” falei, fazendo um gesto que abrangia toda a loja. Ele riu. Eu dei um sorriso e me virei de volta. Quase morri de susto. A senhora que estava no balcão há um momento atrás estava na minha frente.

Bom dia, meus jovens. Precisam de ajuda?” ela perguntou. “Talvez um presente para sua namorada?” ela perguntou a Nico com um sorriso. A pele branca dele se tingiu de vermelho, assim como a conteceu com a minha pele bronzeada.

Ah... ela não é minha namorada” ele balbuciou ao mesmo tempo que eu gaguejava: “Ele não é meu namorado”

Ela nos olhou com um olhar que os adultos dão a criancinhas quando sabem de algo que elas não sabem. Depois deu um sorriso sábio e voltou para o balcão, murmurando alguma coisa que soou como esses jovens de hoje em dia...

Depois de um momento de constrangimento, eu e Nico trocamos olhares e depois começamos a rir baixinho, como se a ideia de estarmos namorando fosse absurda. Ele ainda estava um pouco corado e eu acho que eu também estava, mas ignorei isso.

Eu vou dar uma olhada por aí” falei sorrindo.

Ele me seguiu enquanto eu observava tudo cuidadosamente. Nós sempre fazíamos alguns comentários sobre as coisas que estavam nas prteleiras e mostruários. Eu as chamava de relíquias e antiguidades, já Nico preferia o termo ”velharias”. A maior parte do tempo ficamos em silêncio, até que paramos de falar totalmente.

Eu estava totalmente absorta em meus pensamentos, observando um delicado porta-jóias de porcelana protegido por um mostruário de vidro. Ele estava aberto e era lindo no interior e no exterior. Por dentro era estofado de veludo vermelho com alguns ramos e flores bordados com fios de ouro. Por fora, a porcelana branca tinha um linda estampa colorida pintada em difíceis padrões iguais aos do bordado. Me virei para fazer um comentário a Nico, mas ele tinha sumido.

Que mania” murmurei e balancei a cabeça em negação, voltando a minha atenção para os outros porta-jóias do mostruário.

Vamos?” me sobresaltei e virei na direção da voz. Nico estava com os lábios comprimidos numa linha, mas eu podia ver aquele olhar de satisfação que ele tinha quando assustava alguém com suas aparições repentinas. Uma vez Percy me falou que o pai de Nico tinha esse mesmo olhar, uma mistura de genialidade e loucura que dava arrepios, mas eu já estava me acostumando com isso em Nico e eu particularmente o achava lindo de qualquer jeito.

Você realmente tem que parar de fazer isso” falei, séria.

Fazer o quê?” ele perguntou, fazendo uma cara de inocência confusa, mas ainda havia um pouco daquele brilho estranho nos olhos incrivelmente negros. Me limitei a revirar os olhos. “Você ainda quer olhar alguma coisa, ou está pronta para irmos?”

Vamos” falei. Nós saímos da loja e eu acenei para a senhora que de novo estava atrás do balcão, sorrindo, como se soubesse de algum segredo.

Eu pensei em uma caminhada no parque... o que você acha?” Nico me olhou por baixo dos cílios longo.

Ótima ideia!”

O parque ficava bem perto de onde estávamos e uma vez lá, a atmosfera de risos de crianças e adultos me envolveu, fazendo com que eu relaxasse ainda mais. As pessoas conversavam despreocupadamente, alguns casais se beijavam em bancos, ou faziam piqueniques, pessoas passavam correndo ou de bicicleta, crianças corriam esbarrando nas pessoas sendo seguidas por adultos, velhinhos alimentavam os pássaros, discos eram arremeçados de um lado a outro, gente passeava com cachorros. Era tudo um modo de relaxar do cotidiano agitado.

O único problema era minha mão. Minha mão teimosa, que insistia em implorar para se entrelaçar à mão pálida e fria de Nico, que pedia para sentir minha pele quente e bronzeada se unir à palidez fria da dele. Nós andávamos lado a lado tão próximos que nossos braços quase se tocavam, o que só piorava minha vontade de segurar a mão dele. Nós estávamos em silêncio há algm tempo, mas eu podia sentir que estávamos conectados.

Quer sorvete?” perguntou Nico.

Claro” eu sorri. Nós andamos até um daqueles carrinhos que vendiam sorvetes e Nico comprou duas casquinhas. A dele era de chocolate e a minha era de doce de leite. Ele fez uma careta para minha escolha e até o sorveteiro me olhou surpreso. Acho que quase ninguém pede esse sabor.

Enquanto andávamos para longe, Nico quebrou o silêncio de novo.

Doce de leite?” ele perguntou, com um sorriso zombeteiro. Dei lingúa para ele e lambi o sorvete, ignorando a colher de plástico em minha mão.

Algo contra?”

Não” ele respondeu, ainda sorrindo. “Só é meio estranho”

Você já provou, por acaso?”

Não, mas...” enquanto ele abria a boca para falar, eu coloquei uma colherada do meu sorvete na boca dele. “Ei!” ele protestou. Eu ri. “Até que não é ruim” falou, depois de um momento.

Claro que não pe ruim. Eu só gosto de coisas boas” respondi sorrindo, e continuei andando. Ele riu e me seguiu. “Posso fazer uma pergunta?”

Já fez”

Posso fazer duas perguntas?” falei, rindo e entrando na brincadeira.

Claro, agora só resta uma”

Idiota” dei um tapa no braço dele. “Com tantos sabores por que logo chocolate?”

Gosto de chocolate. Você não gosta?”

Claro que gosto. Mas não do sorvete. Acho muito sem graça... Como suco de laranja e lasanha. O gosto em si não é ruim, só é meio... sem vida, sei lá. É quase como se não valesse a pena comer” ele me observou curiosamente e eu notei que tinha falado demais.

Você é estranha” ele concluiu. “Que pessoa acha suco de laranja, lasanha e sorvete de chocolate sem graça?” (N/A: eu.)

Eu” (N/A: a Stella é das minhas) Ele riu. “Além disso, a maioria dos sorvetes de chocolate é sem açúcar” Ele revirou os olhos e continuou a tomar o sorvete. Eu ri e segui o exemplo dele. Nós andamos mais um pouco até chegarmos em um banco vazio.

Vamos sentar?” Nico apontou o banco com a cabeça. Ele já tinha terminado o sorvete suas mãos estavam nos bolsos da calça.

Claro” concordei. Eu ainda não tinha terminado meu sorvete.

Stella” ele começou, hesitante e parecendo meio nervoso. Se fosse possível, acho que ele ficou ainda mais pálido.

Sim?” perguntei, gentilmente tentando fazer ele continuar, uma vez que ele parecia completamente engasgado com as palavras.

Bem...” ele tentou falar de novo, mas sua voz estava tão baixa que eu quase não ouvi. Ele limpou a garganta e subitamente pareceu bem interessado nos próprios sapatos. Eu dei um meio sorriso. Ele parecia bem nervoso. “Ahn... eu... comprei isso pra você, espero que goste” ele me entregou um pequeno embrulho que estava no bolso interno de sua jaqueta. Dentro do embrulho havia uma caixinha preta de veludo. Meu coração se acelerou. Nico pareceu ficar ainda mais nervoso e juro que ele estava ficando verde. Eu notei que a causa do nevorsismo era meu choque, então estendi minha mão para a caixa, me amaldiçoando por meus dedos tremerem. Fechei meus dedos no veludo, encantada por sua maciez. Eu abri a caixa, mas não estava olhando seu conteúdo, eu olhava para Nico, que parecia a beira de um colapso. Meus dedos se fecharam em algo frio. Eram elos. Os elos de uma corrente. Eu ergui a corrente e em seu final encontrei um lindo medalhão em forma de coração. Era um relógio. Eu estava encantada. “Fale alguma coisa!” implorou Nico, com um fio de voz.

Eu pulei no pescoço dele, nos derrubando no chão. Ele pareceu em choque por um segundo. Eu estava explodindo de alegria. Ele se importava comigo a ponto de escolher um presente. Era isso que ele estava fazendo quando sumiu na loja de antiguidades. Eu estava fora de mim, completamente extasiada. Eu beijei a bochecha dele que passou do verde pálido ao vermelho em um segundo.

Eu amei! É lindo! Obrigada!” dei outro beijo nele. Acho que era impossível ele ficar mais vermelho.

De nada” ele murmurou, parecendo muito confuso com minhas ações. Eu naõ o culpava, eu tinha supreendido até a mim mesma.



FLASHBACK OFF



Eu sorri. Me lembrando da sensação de beijar a bochecha corada de Nico. Nesse ponto a pele dele estava quase da temperatura da pele de uma pessoa normal, mas dava a mesma sensação de frio. Devia ser a essencia de Hades, o senhor da morte. Afinal, a morte tira todo o calor, certo?

O medalhão pesava em minha mão. Era frio, como a pele de Nico. Era lindo... e único. Eu sorri ainda mais.

Stella?” a voz doce de Mary me tirou de meus devaneios.

Pode entrar” respondi. Momentos depois, ela estava do meu lado, enquanto eu ainda olhava o medalhão, hipnotizada.

Achei isso na sua porta” ela me entregou um papel dobrado ao meio. Eu o abri e encontrei uma mensagem curta escrita com uma caligrafia formal.



Percebemos que Vossa Alteza não estava contente com o Festival em vossa homenagem, então resolvemos amenizar sua dor. Espero que não se importe com o fogo.



Aquelas palavras poderiam ser de qualquer um, mas assim que comecei a ler eu soube que o bilhete era de Céos.

Eu sabia” murmurei. “O incêndio não foi um acidente” resmunguei.

De quem é?” Mary perguntou, andando até chegar ao meu lado. Eu estendi a carta para ela. Ela demorou um pouco para decifrar as palavras. Eu sempre esquecia que filhos de Atena também eram disléxicos. Ela e Annie gostavam tanto de ler que parecia meio impossível que as letras flutuassem para elas. Às vezes eu me sentia meio deslocada por conseguir ler tudo perfeitamente, tanto em grego antigo como em outras línguas. “Pode ser de qualquer um. Você tem alguma ideia de quem seja?”

Céos” falei entredentes.

O quê?” Mary arfou. “Tem certeza?” assenti “Então temos que avisar ao Acampamento”

Tanto faz... eu quero matar aquele desgraçado” rosnei.

Tecnicamente isso é impossível...” ela murmurou.



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Eu mexia distraidamente na comida em meu prato. As conversas não prendiam minha atenção. Eu só pensava no porque Céos ia se importar em estragar meu plano. Aquilo era tão bobo... qual seria a importância? Nenhuma, me respondi.

Meus olhos vagavam sem se fixar em lugar nenhum, até que eu observei as sombras se condensando num canto da sala de jantar. Pisquei algumas vezes, me perguntando se estava vendo direito.

Meus olhos deviam estar loucos, porque as sombras tomaram a forma de Nico. Ele parecia maravilhosamente imponente, com um terno preto, uma camisa social vermelho sangue por baixo, o cabelo meio bagunçado extremamente preto quase tocava seus ombros e caía em parte de seu rosto, os olhos negros estavam frios e calculistas. A expressão dele era completamente ilegível. Uma aura de poder parecia exalar de cada poro dele. Ele parecia especialmente poderoso e parecia impossível ignorá-lo.

Ele fixou aqueles olhos profundos em mim e uma chama de calor brilhou momentaneamente no gelo negro. Um fantasma de sorriso cruzou o rosto dele.

Vou ficar por perto esta noite” os lábios dele se moveram sem fazer nenhum som. Eu dei um sorriso.

O que você está olhando?” perguntou Layla, no meu ouvido. Ela estava olhando para o mesmo lugar em que eu via Nico, mas parecia não estar vendo nada. Eu franzi a testa confusa e quando voltei a olhar para onde Nico estava, ele tinha sumido. Balancei a cabeça, com medo de ter sido apenas uma ilusão.

Nada” murmurei para ela, enquanto sentia meu coração afundar. Passei o resto do jantar me lamentando por ser apenas uma ilusão.

Stella, ainda vai falar comigo?” perguntou Andrew, em voz baixa. Enquanto nós saíamos da sala de jantar. A verdade é que eu tinha esquecido completamente dessa conversa. “É que meu tio precisa de mim agora” a voz dele tinha um tom de desculpas. “Mas acho que já sei o que você falaria”

Sabe mesmo?” perguntei. Já estávamos no corredor e os outros nos ignoravam, exceto por alguns olhares curiosos. “Será que você não tem nem um instante?” ele observou o Duque de Fidelis conversando em voz baixa com o pai de Brandon.

Acho que ele pode esperar um pouco” concluiu, ao ver que os dois estavam muito absortos em sua conversa.

Ótimo. Vem comigo” puxei ele pela mão até um canto mais afastado.

É sobre... a sua suposta amiga que gosta de mim?”

Não é suposta” dei um sorriso. “Olha, você é um ótimo amigo e eu te amo por isso. Mas não seria justo que eu finjisse sentir algo diferente por você. Isso ia magoar nós dois... quer dizer, nós três”

Eu te entendo” ele murmurou, e deu um sorriso triste. “Pode pelo menos dizer quem é a garota?”

Eu não posso falar” suspirei. “Tem certeza que não sabe quem é?”

Bem... eu tenho um palpite, mas será que pode dar um dica?”

Ela sempre esteve ao seu lado” sussurrei. Uma onda de compreensão iluminou o rosto dele. Ele abriu a boca para falar o nome. “Não diga quem é. Só... tente dar uma chance a ela, sim? Ela realmente gosta muito de você”

Eu também gosto de você...” ele falou baixinho, mas eu consegui escutar.

E eu já te dei uma chance...” falei, em um tom carinhoso. “Vimos que não deu muito certo... Se o mesmo acontecer com vocês dois, tenho certeza que ainda serão grandes amigos...”

Tem razão... não posso ficar preso ao passado”

É melhor você agir logo, antes que ela perceba isso também... e então, você vai se culpar pelo resto da vida por não ter tentado. Acredite, eu sei do que estou falando, eu já senti isso” Eu dei um sorriso que ele retribuiu fracamente antes de andar até seu tio, que ainda conversava com o pai de Brandon.

Eu segui para o meu quarto antes que alguém me chamasse. Me arrumei para dormir, mas quando fui deitar encontrei um papel preto com uma pequena mensagem escrita em tinta prateada.

Me encontre perto do lago depois da meia-noite. N

Eu reli aquela mensagem umas dez vezes, com um sorriso enorme no rosto. Não tinha sido uma alucinação. Fiquei olhando o papel até escutar a porta se abrindo. Não sei porque, mas senti necessidade de esconder o bilhete. Como não dava tempo, joguei-o para baixo da cama.

Oi, Stella” era Mary. Ela estava dormindo comigo desde que chegara. Eu não tinha visto ela desde que tinha saído do jantar porque ela insistia em fazer todas as refeições na cozinha. A maioria das mulheres que trabalhavam já estava praticamente adorando ela nesse minúsculo espaço de tempo.

Oi, Mary” sorri. “Já está ficando tarde”

Eu já vou me arrumar”

Uma eternidade depois, Mary estava encolhida num lado da minha cama, dormindo como um anjinho. Eu não tinha sequer me atrevido a fechar os olhos, com medo de pegar no sono apesar de estar me sentindo mais desperta do que nunca.

Quando tive certeza que ela não acordaria, me levantei com cuidado e fui até a sacada, me trasnformando em fada para chegar ao solo. Assim que toquei o chão, voltei ao normal, sem me importar de estar descalça e usando camisola, eu estava eufórica demais para me preocupar com isso.

Já era quase uma da manhã e eu temia estar atrasada demais. Eu corri o mais rápido que podia, mas não deixei de apreciar a textura da grama bem cuidada já umidecida com o orvalho que se acumulava.

Quando cheguei ao lago, ele não estava lá. Eu comecei a ficar apreensiva, mas antes que eu entrasse em crise, eu escutei a voz dele.

Achei que não vinha mais”


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Notas finais do capítulo

e então?? eu não disse que tava sem inspiração?? reescrevi tantas vezes que perdi a conta...
o que vocês acharam?? comentem!!! se alguém tiver alguma crítica, eu aceito, okay??
ah, deve estar cheio de erros de português, se vocês encontrarem algum, por favor me avisem para eu concertar...
beijos e chocolates!!
PS.: alguém quer me dá um presente de aniversário? eu aceito!! ou de natal...