CAPÍTULO 54

POV's Stella

Quando cheguei aos bastidores, Dani e Claire me sufocaram num abraço apertado. Eu fingi um sorriso.

Eu não queria que elas notassem minha tristeza, porque se o fizessem, isso iria deixá-las mais nervosas e eu queria que pelo menos elas pudessem se divertir com isso já que eu com certeza não iria. Não até encontrar Nico.

Eu fiz o meu melhor para que ela acreditassem que eu estava ansiosa pela apresentação, mas minha cabeça fervilhava com pensamentos sobre Nico.

Ele poderia estar em qualquer lugar me odiando profundamente. Ou poderia estar nas garras daquela sádica filha de Éris. Qualquer uma das alternativas era horrível, mas eu preferia que ele me odiasse estando seguro do que se ele estivesse sendo torturado por me defender. Sim, isso pode soar estranho, mas quando você ama alguém, é preferível que a pessoa amada esteja bem do que seu próprio bem estar.

Eu sabia que mesmo que Nico me odiasse, mesmo que ele tentasse me matar, eu ia continuar a amá-lo mais que a mim mesma.

“Tem alguma coisa errada?” a gentil voz de Dani me tirou dos meus devaneios.

“Não” murmurei. “Só estou um pouco nervosa” dei um sorriso amarelo.

“Você parecia bem confiante antes” falou Claire.

“Eu sei... acho que a realidade só me atingiu agora”

Depois de algum tempo, que nós passamos em silêncio, a voz de Claire me despertou de meus devaneios.

“Stella, é a nossa vez”

“Vamos arrasar!” sorri, dessa vez com um pouco mais de sinceridade.

“Espero que sim” a voz de Dani estava trêmula e isso fez com que eu colocasse minhas preocupações com Nico um pouco para o fundo de minha mente por algum tempo. Eu devo cuidar de todos que eu amo, e agora ela precisava de meu apoio para aprender a dar mais valor a si mesma e a ser mais autoconfiante.

“Vamos lá, nós vamos conseguir” sorri para elas e me adiantei, indo em direção ao palco. As luzes estavam apagada assim como nós combinamos. Eu podia sentir a tensão de Claire e de Dani se somando à minha e podia sentir a euforia da plateia. Nós adentramos o palco de mãos dadas, eu estava no meio e apertei as mãos das meninas transmitindo uma mensagem muda. Ela retribuíram com uma leve pressão. Soltamos as mãos e andamos até as cadeiras altas que estavam posicionadas no palco.

No centro estava Dani, eu estava na direita e Claire estava do outro lado dela. Cruzei as pernas, esperando a melodia começar.

POV's Nico

Eu passei o show inteiro tentando pensar num jeito de pedir desculpas pelo meu comportamento ridículo na noite anterior, mas minha cabeça estava um caos.

Eu escutava os aplausos e gritos da multidão, podia escutar um apresentador falando, mas nem saberia responder se sua voz era feminina ou masculina. Eu ouvia tudo isso como um ruído de fundo extremamente irritante.

“E agora, nossa última apresentação...” eu desliguei minha mente de todo barulho, mas depois de algum tempo, quando as luzes do palco se apagaram, alguma coisa atraiu meus olhos para ele.

A agitação das pessoas aumentava a cada segundo, e eu tenho que admitir que o silêncio e o escuro estavam me deixando curioso.

Uma suave melodia começou a tocar e três focos de luz se acenderam, cada um deles se direcionado para uma garota.

A do meio era ruiva, e estava com os cabelos presos em uma trança que caia sobre um ombro. Ela usava um vestido azul-claro que lhe dava um ar angelical.

A da esquerda era morena, seus cabelos castanhos estavam soltos em cachos e ela usava um vestido branco.

As duas eram bonitas, mas a que prendeu minha atenção foi a loira. Minha Stella estava com os cabelos soltos caindo em uma bela cascata de ondas e cachos de ouro. Ela usava um vestido rosa bebê que mais uma vez me lembrou do sonho. Sem querer, um sorriso perpassou meus lábios.

E então, Stella começou a cantar.

Big Girls Don't Cry

(Fergie)

(N/A: gente, como as três estão cantando, eu fiz um tipo de separação: tudo que estiver em itálico é a Stella cantando; o que estiver em negrito é a Claire; o que estiver sublinhado é a Dani; o que estiver normal são as três juntas, okay?)

Da da da da

The smell of your skin lingers on me now

(O cheiro de sua pele gruda em mim agora)

A voz dela era suave e cheia de sentimento. Eu me perguntei se ela estava cantando para mim. Nunca tinha ouvido essa música, mas eu sabia que Stella geralmente cantava o que sentia ou vivia, não eram simples músicas escolhidas ao acaso.

A outra garota, a morena, substituiu a voz da Stella. Ela tinha uma boa voz e o sentimento ainda estava presente, mas eu senti uma leve onda de ressentimento, tão leve que talvez tenha sido só minha imaginação.

You're probably on your fligh back to you hometown

(Você provavelmente está em seu voo de volta à sua cidade natal)

A ruiva começou a cantar, ela tinha uma voz doce e meiga, e aquele sentimento ainda estava presente, mas ela passava uma sensação de resignação

I need some shelter of my own protection, baby

Be with myself in center,

Clarity, peace, serenity

(Eu preciso de abrigo da minha própria proteção, baby

Estar comigo mesma no centro

Clareza, paz, serenidade)

As três vozes se juntaram de forma harmoniosa e surpreendente. Depois de alguns segundos eu percebi que não eram só as vozes que se uniram, os sentimentos que cada uma transmitia se fundiram, deixando a música ainda mais bela.

I hope you know, I hope you know

(Eu espero que você saiba, espero que você saiba)

A ruiva e a morena pararam, de cantar e deixaram só a voz de Stella soar.

That this has nothing to do with you

It's personal, myself and I

(Que isso não tem nada a ver com você

É pessoal, eu mesma e eu)

Então as três se juntaram novamente.

We got some straightening out to do

(Nós sempre temos alguma coisa para consertar)

Stella e a morena pararam e a ruiva continuou.

And I'm gonna miss you like a child misses the blanket

But I've gotta get a move on with my life

(E eu sentirei sua falta, como uma criança sente falta do cobertor

Mas eu tenho que seguir com minha vida)

A ruiva parou e só a morena cantou.

It's time to be a big girl now,

And big girls don't cry,

(É hora de ser uma garota crescida agora,

E garotas crescidas não choram)

As três vozes se uniram novamente, em um eco às palavras da morena.

Don't cry, don't cry, don't cry

(Não choram, não choram, não choram)

A morena continuou.

The path that I'm walking, I must go alone

(O caminho que eu estou seguindo eu devo ir sozinha)

A ruiva entrou na música

I must take baby steps till I'm full grown, full grown

(Eu devo engatinhar até estar completamente crescida, completamente crescida)

Agora Stella estava cantando sozinha e sua voz tinha uma melancolia tão intensa que eu gastei todo meu autocontrole para não ir até ela imediatamente.

Fairy tales don't aways have a happy ending, do they?

And I forseek the dark ahead is I stay

(Contos de fada nem sempre têm final finais felizes, têm?

E eu prevejo a escuridão se eu ficar)

I hope you know, I hope you know

That this has nothing to do with you

It's personal, myself and I

We got some straightening out to do

And I'm gonna miss you like a child misses the blanket

But I've gotta get a move on with my life

It's time to be a big girl now,

And big girls don't cry

A morena continuou sozinha, sua voz firme se destacando lindamente.

Like a little school mate in the school yard

(Como pequenos colegas de classe no jardim da escola)

As vozes de Stella e da ruiva se juntaram à voz da morena naquela harmonia desconcertante.

We'll play jacks and uno cards

(Nós jogaremos cartas e uno)

Então Stella e a morena pararam e a voz suave e angelical da ruiva soou.

I'll be your best friend and you'll be mine Valentine

(Eu serei sua melhor amiga e você será meu namorado)

As três vocês, tão diferentes, se harmonizaram novamente, aumentando o tom da música.

Yes, you can hold my hand if you want to

'Cause I wanna hold yours too

(Sim, você pode segurar minha mão se quiser

Porque eu quero segurar as suas também)

A ruiva cantou sozinha de novo, baixando o tom suavemente.

We'll be playmates and lovers and share our secret worlds

(Nós seremos colegas e amantes e compartilharemos nossos mundos secretos)

E então Stella cantou, atingindo as notas baixas com delicadeza, de uma forma que só ela sabia fazer.

But it's time for me to go home

It's getting late dark outside

I need to be with myself in center

Clarity, peace, serenity

(Mas é minha hora de ir para casa

Está ficando tarde e escuro lá fora

E eu preciso estar comigo mesma no centro

Clareza, paz, serenidade)

I hope you know, I hope you know

(Eu espero que você saiba, espero que você saiba)

That this has nothing to do with you

It's personal, myself and I

(Que isso não tem nada a ver com você

É pessoal, que mesma e eu)

We got some straightening out to do

(Nós temos algumas coisas para consertar)

And I'm gonna miss you like a child misses the blanket

But I've gotta get a move on with my life

(E eu vou sentir sua falta como uma criança sente faltar do cobertor

Mas eu tenho que seguir com minha vida)

It's time to be a big girl now,

And big girls don't cry,

(É hora de ser uma garota crescida

E garotas crescidas não choram)

Don't cry, don't cry, don't cry

La da da da da da

(Não choram, não choram, não choram

La da da da da da)

Quando a música acabou, as pessoas fizeram uma algazarra tão grande que me deixou momentaneamente desorientado.

As garotas fizeram reverências graciosas, mas nem a morena nem a ruiva se comparava à Stella em graça. Ela era simplesmente a graça em pessoa.

Elas desceram do palco e foram em direção à uma espécie de camarote onde estavam várias pessoas, inclusive os pais de Stella, que eu reconheci graças às coroas e ao sonho.

Em algum momento durante minha observação, eu percebi que se eu não tomasse uma atitude logo, eu iria perdê-la de novo, e dessa vez poderia ser permanente.

O apresentador (é, eu estava ouvindo dessa vez e percebi que era um homem) falou que a competição de hoje seria estendida por toda semana e depois falou os competidores que estariam na semifinal. Não foi surpresa nenhuma para mim escutar o nome de Stella e das outras três meninas, elas cantavam muito bem. Mas Stella comemorou com uma alegria infantil, pulando, sorrindo e abraçando um monte de garotas que riam.

O sorriso dela era simplesmente encantador e eu não conseguir evitar um sorriso.

Levantei e comecei a andar pelo meio das pessoas, tentando chegar até ela, mas havia muita gente em movimento e quando eu finalmente me livrei da aglomeração, perdi ela de vista por alguns instante e quando eu finalmente a capturei em minha visão, ela já estava longe, quase entrando numa espécie de carruagem, junto com mais pessoas que estava naquele camarote.

Ela nunca ia me escutar, mas numa tentativa desesperada, eu gritei o nome dela.

POV's Narradora

“STELLA!” a voz dele não era mais alta que a da multidão, mas ela conseguiu ouvi-lo. Sua cabeça virou-se na direção da voz rouca num movimento tão rápido que seus cachos loiros se chocaram fortemente nas costas esguias.

Quando os olhos castanho esverdeados de Stella se encontraram com os olhos negros de Nicolas, o coração dela teve a mesma reação exagerada de sempre. Ela sorriu, aquele sorriso doce e caloroso que ele amava, fazendo ele dar o sorriso de canto que deixava ela sem fôlego.

Ela queria correr direto para os braços fortes de Nico, mas não conseguiu se mexer diante da beleza fria que ele emanava. Os cabelos negros estava bagunçados e uma parte caía sobre os olhos profundamente negros que a faziam perder a razão. Mesmo a distância, ela conseguia enxergar as olheiras escuras, marcas de uma noite mal dormida que, no entanto, não diminuíam sua beleza. Ela sabia que mesmo com a morna brisa noturna que soprava, a pele branca estava mortalmente fria.

Ela sorriu de novo, pensando em como os opostos se atraem. Sua imagem era quase o contrário da dele.

Nicolas encarava sua Fadinha, a habitual expressão fria desfeita num sorriso. Os cabelos loiros caiam em cachos levemente desfeitos pela brisa. Os olhos castanho esverdeados brilhavam calorosamente à luz do luar. Ele sabia que a pele bronzeada e quente exalava o seu doce perfume de pêssego, cereja e canela. O vestido rosa claro o lembrava da garotinha que ele vira nos sonhos e essa lembrança o fez correr para ela. Assim como ela correu para ele, despertando de seu estado de torpor.

Para Nico e Stella o resto do mundo tinha desaparecido, mas para os outros eles se destacavam. Todos que estavam perto olhavam descaradamente a corrida da princesa em direção ao estranho (mas belo) garoto de preto, que a abarcou num abraço assim que se encontraram.

As amigas de Stella olhavam com curiosidade para o garoto, pois todas já tinham visto ele na Terra e não entendiam como ele tinha chegado até lá. Os meninos também estavam desconfiados e Brandon parecia enraivecido.

Já o resto do povo, os reis, e a nobreza (incluindo os não-tão-desejados hóspedes da princesa) encaravam a cena completamente incrédulos confusos.

Nico e Stella se encaravam profundamente, presos no olhar um do outro. Era um olhar tão profundo e sincero, tão carregado de sentimentos que eles conseguiram mostrar que estavam arrependidos por todas as palavras daquela noite fática um perdoava ao outro apenas ao se encarar, sem a necessidade de palavras trocadas.

Ele a beijaria, mas a expressão de Stella transmitia uma pureza tão intensa que ele não queria macular aquela beleza diáfana com a escuridão que sentia dentro de si mesmo. Ela enterrou o rosto no peito dele e depois de alguns segundos, Nico sentiu as lágrimas molhando sua pele por baixo da camisa. Automaticamente, suas mãos acariciaram os cabelos loiros e ele depositou um suave beijo neles.

Esses simples gestos despertaram uma reação da aglomeração, que murmurava inquieta, fazendo com que Stella se separasse de Nico, enxugando as lágrimas e dando um sorriso envergonhado.

Depois de algum tempo em silêncio, a multidão foi se dispersando e a comitiva da princesa se aproximou de onde a mesma estava parada, ainda encarando os profundos olhos negros. O garoto também a encarava descaradamente, sem se importar com tantas pessoas que estavam se aproximando a passos razoavelmente rápidos.

Nico estava completamente perdido nos olhos verde amendoados e ele não tinha a mínima vontade de achar o caminho da saída, ele queria ficar nos olhos dela por toda a eternidade. Então os lindos olhos de Stella foram nublados por lágrimas que ele enxugou gentilmente. Mas outras se seguiram àquelas e ele não sabia o que fazer, porque Stella não ouvia seus chamados, só encarava o mesmo lugar, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto de anjo.

“Stella, o que houve?” ele perguntava, já entrando em desespero. “Fale alguma coisa!” ele pedia, mas ela continuava na mesma posição, com uma expressão de dor e medo.

“Não...” ela murmurou por fim e caiu nos braços dele, perdendo os sentidos.

“O que você fez com ela?!” a voz de Brandon era furiosa e não disfarçava em nada que ele achava que o culpado de tudo era Nico.

“Eu não fiz nada” o tom frio e indiferente de Nico surpreendeu a quase todos ali, só não a Dani e Claire, que já conheciam o filho de Hades do Acampamento meio-sangue. Quem não conhecia Nico em geral se surpreendia com o quão apático ele poderia parecer nas mais diversas situações. “Você seria mais útil se ajudasse antes de tentar entender o que está acontecendo ou de culpar os outros” isso fez com que Brandon se calasse, sem ter mais argumentos para revidar.

“Melhor levar ela para algum lugar” continuou Nico, no mesmo tom de voz baixo e indiferente, mas um tanto autoritário.

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Depois de colocar Stella cuidadosamente numa das carruagens, Nico se afastou sem falar mais nada e se embrenhou pela multidão.

Todos os outros seguiram para o palácio do Sol em seus próprios meios de transporte, meio apreensivos pelo desmaio da princesa.

A cabeça de Stella estava apoiada no colo de seu pai, que estava de frente para a rainha Selenne e para Clarisse, a mãe dela.

“Oh, Deus! O que houve com essa menina?” Selenne lamentava em voz baixa.

“Ela vai ficar bem, querida” Clarisse tentava a filha. “Ela só está exausta psicologicamente com tudo isso, mas vai ficar bem. Ela é uma garota forte”

“Eu sei, mas... vocês viram a expressão dela?”

“Parecia estar com dor, parecia que ele estava fazendo alguma coisa com ela” falou Stevan.

“Não” Stella murmurou e sua voz mostrava o pânico que sentia. As três cabeças se viraram na direção da voz angustiada, mas Stella ainda estava de olhos fechados.

Ela passou o resto do caminho murmurando coisas aleatórias e aparentemente sem significado e só acordou quando estava deitada em sua cama, com o quarto lotado de gente.

Quando os olhos verde amendoados se abriram, estavam cheios de lágrimas que não demoraram a escorrer em cascatas ininterruptas pelo rosto empalidecido.

As amigas dela se aproximaram. Bloom a abraçou e deixou que as lágrimas de Stella molhassem seu vestido.

“C-cha-me e-ele” Stella gaguejou entre os soluços silenciosos. Bloom não entendeu o que ela tinha falado, mas Claire sabia do romance de Nico e de Stella e chamou Dani para tentar mandar uma MI para ele.

Ninguém notou a saída das duas garotas, pois todos estavam muito ocupados tentando entender o que estava acontecendo.

Os pais de Stella fizeram grande parte das pessoas sair, sobraram os amigos, Brandon, Andrew e os outros pretendentes, o que continuava sendo muita gente, mas ainda assim era menos que antes.

Ninguém conseguia consolar Stella e os soluços dela estavam se tornando cada vez mais altos e desesperados, era uma cena de partir o coração. Em algum momento, ela se desvencilhou dos braços acolhedores e gentis de Bloom e não deixou que ninguém se aproximasse. A porta do quarto abriu e Dani entrou seguida de Claire. Elas deram um olhar significativo para Stella, que respondeu com um olhar agradecido, mas não conseguiu parar as lágrimas.

Alguns segundos depois a porta abriu de novo e o garoto do festival entrou no quarto.

“O que você está fazendo aqui?” as vozes do rei e de Brandon eram furiosas, mas Nico os ignorou e andou até Stella, sentando ao lado dela na cama. Ela se jogou nos braços dele e deitou a cabeça no peito dele, agarrando-se a camisa negra como se sua vida dependesse daquilo. Nico alisava os cabelos loiros e os beijava suavemente.

Aos poucos os soluços de Stella foram silenciando até que pararam completamente.

“Stella, o que aconteceu?” a voz de Nico estava tão gentil que todos os outros ficaram incrédulos com a mudança.

“Um ataque no Acampamento” ele sussurrou tão baixo que só ele ouviu.

“Vai ficar tudo bem” ele sussurrou, mesmo sentindo-se nervoso e apreensivo com a resposta dela.

“Vamos deixá-los às sós” Clarisse falou com uma voz tão firme que nem o rei Stevan pode contradizê-la.

POV's Nico

Assim que a porta do quarto fechou, segurei o rosto de Stella entre minhas mãos, impedindo que o olhar dela fugisse do meu. Ainda olhando nos olhos dela, me inclinei e encostei meus lábios nos dela, num selinho demorado.

“Vai ficar tudo bem” falei de novo.

“Não vai não” ela respondeu,escondendo o rosto nas mãos e soluçando. “Foi horrível e a culpa é toda minha.”

“Shi... Vem cá” puxei ela para meus braços e ela se deixou levar. Me encostei na cabeceira da cama e ela se recostou em meu peito. “Me conta o que você viu. Você está meio que tendo uma visão, né?” ela assentiu, sem olhar para mim.

“E-ele apareceu e falou que se eu não me entregasse ia destruir todos que são importantes para mim” ela sufocou um soluço e eu a apertei contra mim, de forma protetora. “Então ele me mostrou o que ia acontecer com o Acampamento se eu não fosse até ele.”

“Não” falei, já sabendo o que ela diria a seguir.

“Eu tenho que ir” ela se afastou de mim, com uma expressão obstinada, mas um pouco suplicante, como se estivesse implorando que eu a entendesse. Mas eu não podia deixá-la ir. Eu sabia que era ele. Ele era Céos e se ela acha que eu vou deixar ela se sacrificar está muito enganada.

“Eu não vou deixar”

“Ele vai matar todos eles!” ela falou quase gritando e beirando a histeria.

“Não vai, vamos avisar ao Acampamento”

“Não dá, eu tentei mandar uma MI para você hoje de manhã”

“Então eu vou voltar lá e ajudar se for preciso. Mas não faremos sacrifícios” meu tom de voz faria qualquer outra pessoa desistir da discussão, mas Stella era diferente.

“Vão matá-los!” e então uma expressão ainda mais desesperada tomou conta do rosto delicado “Ela vai te torturar!”

“Ela?”

“Jane...” ela sussurrou, olhando para as mãos que estavam pousadas nas pernas torneadas. “Eu tive um sonho... foi horrível!”

“Tudo bem, foi só um sonho” acariciei o rosto dela, tentando acalmá-la, mas nós dois sabíamos que aquilo provavelmente era uma mentira. Ela era filha do deus das profecias, era muito possível que aquilo fosse uma previsão, não um mero sonho.

“Por favor, me prometa” ela se ajoelhou, segurando minhas mãos, e olhou nos meus olhos.

“Qualquer coisa” falei sem pensar, mas me arrependi de tê-lo feito.

“Por favor, diga tudo que ela perguntar. Não tente me proteger, fale... Prometa” ela se aproximou de mim, sem tirar os olhos dos meus ou as mãos das minhas.

“Não posso” suspirei.

“Por favor” ela pediu, suplicante.

“Sinto muito, mas eu não posso. Eu te amo demais para isso, desculpe”

Ela desviou o olhar, mas não foi rápida o suficiente para evitar que eu visse as lágrimas que se formavam novamente. Ficamos em silêncio por um tempo.

Um som abafado e esganiçado foi produzido pela garganta de Stella quando ela tentou sufocar um soluço.

Eu a abracei e fiz com que ela deitasse ao meu lado, circundando a cintura dela com meu braço.

Depois de algum tempo, ela se virou para mim, com um sorriso discreto nos lábios delicados. Eu sorri de volta e ela se aconchegou mais em mim.

“Como vamos avisá-los?” ela perguntou em voz baixa.

“Vamos pedir a Daniella para mandar uma MI. Ela é filha de Íris, então tem alguns benefícios nisso.”

“Tudo bem.” ela sussurrou. “Eu estou tão cansada...” suspirou

“Não dormiu bem?” perguntei, passando minha mão pelos cabelos loiros.

“Não foi exatamente uma noite tranquila. Primeiro eu dormi numa cadeira na varanda” eu não resisti e uma risada escapou de meus lábios. “Não tem graça, estou toda dolorida”

“Desculpe” falei, tentando conter as gargalhadas.

“Depois quando eu vim para cama, eu tive um pesadelo horrível”

“Durma”

“Não quero. Eu vou sonhar de novo.” ela pareceu uma criança fazendo pirraça o que fez com que eu sorrisse. “Além disso, você vai sair assim que eu pegar no sono”

“Claro que não”

“Como posso ter certeza?” a pergunta dela soou como um desafio.

Olhei nos olhos dela, procurando um jeito de provar que eu estaria com ela sempre, que não ia deixá-la sozinha. Então uma forma simples veio a minha mente eu eu me peguei cantando de novo. Só Stella para me fazer cantar.

Never Gonna Be Alone

(Nickelback)

Time, is going by, so much faster than I,
And I'm starting to regret not spending
All of it with you.
Now I'm wondering why
I've kept this bottled inside,
So I'm starting to regret not telling
All of it to you.
So if I haven't yet, I've gotta let you know...

(O tempo está passando, muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não gastar
Ele todo com você
Agora estou me perguntando por que
Eu tenho mantido isso engarrafado aqui dentro
Então, eu estou começando a me arrepender de não dizer
Tudo isto para você
Então se eu não o fiz ainda, quero que você saiba)

Never gonna be alone
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall
Never gonna be alone
I'll hold you 'til the hurt is gone

(Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você sentir que está partindo
Não vou deixar você cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te segurar até a dor passar)

And now, as long as I can,
I'm holding on with both hands,
Cuz forever I believe that there's
Nothing I could need but you,
So if I haven't yet, I've gotta let you know...

(E agora, enquanto posso
Tenho aguentado firme com ambas as mãos
Porque para sempre acredito que não há
Nada que eu precise além de você
Então se eu não o fiz ainda, quero que você saiba)

Never gonna be alone!
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall.
When all hope is gone,
I know that you can carry on.
We're gonna see the world out,
I'll hold you 'til the hurt is gone.

( Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você se sentir que está partindo
Não vou deixar você cair
Quando toda a esperança estiver desaparecido
Eu sei que você poderá continuar
Vamos ver o mundo
Vou te segurar até a dor passar)

Ooooh!

You've gotta live every single day,
Like it's the only one, what if tomorrow never comes?
Don't let it slip away,
Could be our only one,
You know it's only just begun.
Every single day,
Maybe our only one, what if tomorrow never comes?
Tomorrow never comes...

(Você tem que viver cada dia
Como se fosse o único, e se o amanhã nunca vier?
Não o deixe escapar
Poderia ser o nosso único
Você sabe isso tudo acabou de começar
Cada dia
Talvez o nosso único, e se o amanhã nunca vier?
Amanhã nunca chegar)

Time, is going by, so much faster than I,
And I'm starting to regret not spending
all of it with you.

(O tempo está passando, muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não gastar

Ele todo com você)

Never gonna be alone!
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall.
When all hope is gone,
I know that you can carry on.
We're gonna see the world out,
I'll hold you 'til the hurt is gone.

(Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você se sentir que está partindo
Não vou deixar você cair
Quando toda a esperança estiver desaparecido
Eu sei que você poderá continuar
Vamos ver o mundo
Vou te segurar até a dor passar)

I'm gonna be there all of the way,
I won't be missing a one more day,
I'm gonna be there all of the way,
I won't be missing a one more day.

(E vou estar lá pra seguir todo o caminho com você
Não vou estar fora mais um dia sem você
E vou estar lá pra seguir todo o caminho com você
Não vou perder nem mais um dia)

Quando terminei, notei que os olhos de Stella estavam marejados, sorri de canto e ela selou nossos lábios num beijo terno e suave.

“Desculpe duvidar de você” ela sussurrou.

“Tudo bem, não há nada para desculpar” respondi, tirando uma madeixa loira da testa dela e a colocando atrás da orelha delicada.

“Eu sou muito chorona”

“Eu sei” sorri. Ela me deu um tapa. “Ai!” reclamei, mas depois sorri. Ela bocejou. “Hora de dormir”

“Fique comigo” ela murmurou num suspiro, com os olhos quase fechados.

“Para sempre” falei, baixando a voz para um quase sussurro. Ela sorriu já adormecida.

Escutei alguém bater na porta, mas não respondi. Me levantei com o máximo de cuidado que consegui para não acordar Stella. Ela murmurou alguma coisa e suspirou, mas não despertou. Andei até o closet dela e fiquei numa posição que me permitisse velar o sono doce e sereno dela sem ser visto por quem entrasse no quarto.

As batidas se tornaram mais impacientes e insistentes, até que, por fim, a porta se abriu, mostrando Daniella, Claire e as outras amigas de Stella.

“Onde ele se meteu?” perguntou uma morena que eu lembrava vagamente ter o nome Layla.

“Não se preocupem, Nico é assim mesmo. Ele vai e vem o tempo todo, ninguém consegue prendê-lo a um lugar se ele não quiser.” falou Claire.

“Ela está dormindo” sussurrou a garota de cabelos castanho e olhos verdes, Flora, acho. Ela parecia ser legal e gentil.

“Acho que ela teve uma noite ruim.”

“Também acho” concordou uma garota com cabelos meio azulados. Musa é o nome dela.

“Então vamos deixar que ela descanse. Voltamos outra hora” Bloom, a ruiva de olhos azuis, puxou a coberta da cama e a colocou por cima de Stella. Logo depois todas as garotas deixavam o quarto.

Saí do closet, puxei uma das cadeiras confortáveis que tinha na sacada do quarto e a levei até o lado da cama, de modo que eu pudesse observar o sono de minha Fada numa posição mais confortável.

Analisei todos os traços do rosto sereno. A pele era bronzeada, mas de alguma forma conseguia ser quase translúcida e não tinha nenhuma falha. As sobrancelhas eram elegantes e graciosas. Os cílios longos e cheios repousavam nas bochechas, lançando sombras na mesma. O nariz era perfeito, levemente arrebitado, pequeno e anguloso. Os lábios rosados estavam entreabertos, como um botão de rosa florescendo na primavera. Os cabelos loiros estavam espalhados pelos travesseiros, alguns cachos caiam sobre a face tranquila, outros se enrolavam de forma graciosa caindo pelo pescoço suave. Ela ficava linda dormindo, parecia um anjo, uma imagem pura e belíssima. Sorri, me lembrando que ela também dizia que eu parecia um anjo dormindo, mas acho que ela se enganara, porque eu definitivamente não era nada parecido com um anjo. Um demônio talvez, mas não um anjo. Não, eu não podia ser chamado de anjo quando existia alguém como ela.

Se aquela menina-mulher não fosse um anjo, poderia ser uma esquecida deusa da beleza, talvez. Mas não de uma beleza sensual como a de Afrodite, era uma beleza mais inocente. Apesar de que, essa inocência me atraia mais do que a sensualidade óbvia.

Fiquei olhando aquele quadro de resplendor tão maravilhoso por algum tempo antes que meus olhos pesassem e minha mente se entregasse ao reino de Morfeu.