O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 19
Capítulo 20




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P.O.V – Alec Volturi

-Você me amou Alec? No dia em que nos beijamos a primeira vez? – aquela pergunta chegou aos meus ouvidos com força. Meu primeiro ímpeto foi dizer que sim, mas eu não sabia o que era verdadeiramente amar.

Depois de tanto tempo, refletir sobre o que eu sentia parecia confuso.

Voltei-me para seus olhos cor de chocolate, o tom deles era tão estranho, com aquele circulo castanho escuro quando chegavam à borda da íris, mas eram tão profundos como nem um outro.

-O que é amar? – disse tão convicto quanto pude. Amor era um sentimento humano, e coisas humanas eram inconstantes, mudavam o tempo todo, eu não. Eu seria isso para sempre.

Meu corpo não podia sofrer transformações, e eu nunca soube se um dia poderia, mas eu sentia que depois de conhecê-la, novas coisas nasceram dentro de mim, se realmente fosse possível.

Desviei meus olhos para a janela de vidros quebrados. O vento lá fora lançava os galhos secos contra as vidraças, fazendo com que parecessem dedos fantasmagóricos.

-Amor... – Hellena sentou segurando os joelhos, as vistas voltadas para o distante. Pronunciou a palavra como se nunca houvesse ouvido-a antes, como se fosse um de seus encantos.

Seus cabelos caiam desgrenhados por seu rosto, em mechas desconexas, molhadas pela chuva. As roupas caras e escuras faziam com que ela parecesse uma vampira de verdade, mulheres perigosas e misteriosas, ou mesmo uma súcubo.

Amor não era algo que um dia eu sentira, não sabia se o que apertava meu peito e me deixava angustiado de ver-la assim era o que Hell queria de mim. Eu me fazia fingir que isso era amor, mas se não fosse? Se tudo fosse uma mentira que enganava ate a mim mesmo dês do inicio?

Eu me importava com ela, me importava mais do que ninguém poderia. Tanto quando me importava com Jane, ou ate mais. Mas o que eu sentia por Jane era diferente. Não sentia vontade de beijar Jane, de ter-la sempre por perto, de segura-lá e nunca mais soltar.

-Amar e querer estar junto, é desejar ter a pessoa. É quando pensamos na pessoa o tempo todo ao estarmos acordados, e sonharmos com ela quando dormimos. Quando sentimos o peito falhar, a respiração acelerar. – viajava em suas próprias palavras, suspirando.

-Não estou muito apto a ter o coração falhando, e não preciso respirar para saber quando ela acelera. – voltei a encará-la. Sua expressão era de deleite, imersa em possíveis lembranças de suas outras vidas. – Mas... O tempo que passamos separados, eu sempre pensava em você. Quando eu fecho os olhos, são os seus que eu vejo. Quando caço... Tenho receio de matar, pois nas meninas que mato vejo a ti.

Parei analisando seu rosto. Sua face se fundia em outras expressões, semblantes pensativos de sobrancelhas franzidas e olhos apertados. A boca de lábios nem cheios ou finos se contraia em caretas.

Eu não sabia se me sentia bem ou mal, ela parecia tão confusa quanto eu.

-Lembra quando me disse que sua seriedade é uma mascara que põe e tira? Que você assume diferentes papeis para sobreviver? – continuava sem olhar para mim.

-Sim... – concordei sem encontrar a linha de seu raciocínio. Afinal, isso acontecera há anos atrás, quando ela ainda era humana.

-Todos somos assim Alec... Todos mentimos, traímos, somos maus. – sua respiração estava pesada e falha, quase respirava sofregamente. Os lábios presos em uma fina linha tensa. – Nos não amamos Alec, nos matamos.

Lagrimas pintaram suas bochechas.

-Geralmente sou eu que deveria dizer isso. – falei adquirindo certo humor em minha voz. Sorri tentando em vão contagiá-la alegremente. Mas meus sorrisos não afetavam mais ela como afetavam antes.

-Está enganado Alec, eles ainda me afetam, e afetam mais do que nunca. – disse lendo minha mente. Era como se Edward estivesse por perto, ou mesmo Aro me tocando. – Não quero ser como Edward, achar que não podemos amar... Mas eu não posso.

Fiz uma careta jovial, jovial demais para um ser milenar como eu.

-É claro que pode, se eu posso. – me aproximei segurando seu rosto. – Você é o ser mais divino que existe meu amor.

-Não acho que quem mate e faça o que eu faço seja divino. – murmurou se afastando do meu toque, como que com medo de machucar a si mesma, e no fundo eu sabia que ela se machucaria junto a mim.

-“Nada de mal pode residir em teu coração, pois se o mal tivesse tão bela morada, o bem certamente iria querer morar nela”.

-William Shakespeare, A tempestade. – ela completou minha frase. – Meu poeta... – continuou em seus sussurros, não era preciso nos comunicarmos com algo acima disso.

-Você possui os lábios mais doces que existem Hellena, os lábios que dão a vida. – toquei-os com as pontas de meus dedos, roçando com delicadeza cuidadosa.

-E os que tiram. – ela completou suavemente.

Não parecia receosa e nem com duvida do que fazia quando voltou a me beijar. Ela não era mais a humana gentil e delicada, nunca mais seria, ela era uma imortal agora.

Isso não diminuiu o que eu sentia, a ânsia de ver-la ainda me tomava, mesmo estando com o corpo colado no dela, ser o que ela era não mudou nada, e não mudaria.

Ela era minha e isso nunca mudaria.

Nunca.


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