O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 17
Capítulo 18




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P.O.V – Hellena

-Filha de Desdêmona? – quem não conhecia minha mãe?

-Sim. – falei de queixo erguido, tentando passar segurança e não mostrar fraqueza, isso era muito importante em relacionamentos inter espécies, eles notavam.

-Que honra... – ele se curvou beijando minha mão. – O que traz uma princesa ao meu humilde estabelecimento? – me olhou por baixo dos ralos cílios, como eu muito costumava fazer.

-Um vampiro me contou sobre esse lugar, e decidi conhecer-lo. – voltei meus olhos para a pista onde todos dançavam em êxtase. – O que é a sua cantora?

-Uma Fae.

-O que é um Fae?

-São criaturas como nos, mas menos conhecidas, algumas nem tem nome. Eu particularmente chamo essa de encantadora, como uma encantadora de serpentes, a voz dela é bem persuasiva. – se sentou em um banco ao nosso lado. – Não explicam sobre esses seres?

Neguei vendo encherem o copo dele de uma bebida verde. Uma fadinha jade - como o liquido - se desenhava no rotulo, e o forte cheiro de álcool pinicou meu olfato.

-Absinto. – falou depois de seguir o caminho dos meus olhos. Um sorriso divertido se formou em seus lábios finos, os dentes despontando deles. - Quer um pouco? – estendeu um copo.

-Álcool demais para um copo só. – neguei educadamente.

Ele encheu outro copo e acendeu um fósforo, jogou dentro da bebida e esperou o fogo sumir. Ele crepitou em tons azulados, e o cheiro de fogo queimando me lembrou de minha amigas.

-Prontinho... – me esticou o copo com o álcool todo queimado.

Virei o copo de uma vez só.

Voltei a encarar a “encantadora”.

“I want to taste you (Eu quero provar você)
I want to fell you (Eu quero sentir você)
I want to fell you (Eu quero tocar em você)
Deep down inside (Lá no fundo)
To show you (Para mostrar a você)
It’s not so bad (Não é tão ruim)
Let yoursefl go wild” (Deixe-se virar selvagem)

Jeremy ficou ao meu lado, seguindo meus olhos.

-A primeira vez que Gabriel trouxe ela para cá todos ficaram assim. Abismados. – sorriu. Seus dentes refuscavam minha visão que parecia mais delicada depois de ter entrado naquele bar.

Uma mulher se aproximou de mim em um grupo de cinco outras garotas que se vestiam de preto e vermelho. Seus vestidos e blusas brilhavam como luzes na noite, como sangue fresco.

Seus olhos negros brilharam tanto quanto sua roupa, esticou dedos curiosos e passou-os pelo meu rosto, como que sentindo a minha pele. As outras comecaram a tocar em meus cabelos, meu pescoço e em minha roupa.

-Você é a súcubo do espírito? – a de aparência mais velha sorriu mostrando as presas. Achei estranho seus caninos estarem assim, ela não se alimentava e não parecia brava.

-Sou sim. – falei gentil. Achei engraçado elas estarem tocando em mim como se eu fosse algo vindo do espaço.

-É linda... – outra disse em uma respiração pesada em meu pescoço.

-Parece que brilha... – falavam em suspiro, como que imersas em prazer próprio. Os olhos estavam arregalados e bem abertos, e as bocas em um esgar sorridente.

Cada dedo que se encostava em mim eram como uma corrente elétrica em meu corpo. Deixando minha respiração pesada, e meus batimentos mais lentos.

Uma delas puxou meu rosto em sua direção, e outra levou os lábios ate meu pescoço beijando-o, e o toque quente e fugaz arrepiou minha pele. A que havia puxado meu rosto encostou sua boca na minha.

Não que eu não tivesse beijado outras mulheres antes, mas aquele beijo foi diferente. Eu estava certa de que gostava de homens, e a única vez que fiquei com uma mulher foi uma experiência puramente súcubo, mas dessa vez eu senti algo diferente.

Não sei se foi porque ela era vampira. Vampiros agiam diferente dos íncubos, humanos ou súcubos, eles eram mais mortos que vivos, e isso era estranho e convidativo.

Eles estavam mortos e ao mesmo tempo vivos, eu podia ouvir o batimento lentos dela e mesmo assim ele não batia, seu sangue corria sem necessidade, e o ar podia ser descartado.

Vampiros eram tão alimento quanto humanos, mas aquele toque foi muito mais que alimentação, algo que eu não fazia há bastante tempo, beijar só por beijar, apenas sentir.

A energia dela escapava para dentro de mim, fazendo meu corpo pulsar novo e eletrizante.

Com a “anima” dela, veio as lembranças, a vida dela entes e depois de ser imortal, experiências e sabedorias. Podíamos sugar tudo de dentro de alguém quando fazíamos isso, e com esse ato, dava para aprender coisas sem precisar ser ensinada.

Eu não fazia isso com freqüência, gostava de aprender, não de tirar e reter dentro de mim.

Beatriza era o nome dela, e ela fora transformada quando tinha trinta anos redondos, o criador dela sumiu e ela teve que se virar, ate que encontrou esse bando de vampiras e passou a viver com elas.

Descobriu esse bar há dois anos, e vinha aqui freqüentemente, arranjar humanos e principalmente humanas. Esse idéia não me agradou muito, mas beijar mulheres era tão mais agradável que beijar homens.

Mulheres são delicadas e doces, mas mesmo assim nunca trocaria homens por elas, só não sei o que me deu hoje.

As outras continuavam a me tocar com ânsia.

Senti uma unha longa arranhar o dorso de minha clavícula por cima da roupa, um filete de sangue desprendeu do ferimento.

Ao sentir minha carne sendo cortada – por alguém que não fosse eu em épocas de depressão – dei um salto e me desvencilhei dos beijos doces de Beatriza.

-O que estão fazendo? – rosnei vendo que a mais velha, e que parecia ser a líder, molhou os dedos na gota vermelha e levou aos lábios. Ela esticou os dedos para molhar novamente no arranhão que já fechava. Dei um tapa em sua mão e ela rosnou.

-Ei, ei, ei! – Jeremy se interpôs entre nós. – Circulando moças, a súcubo esta comigo. – falou com a voz macia e fria. As outras devem ter reconhecido ele como criação do dono do bar e saíram com olhos avermelhados.

-O que foi isso? – chiei vendo o rasgão na blusa.

-O sangue de súcubo é uma delicia. – falou se virando para mim.

-O de vampiro também. – caçoei na defensiva, fazendo careta uma provocativa.

-Não... Você não entendeu... – ele parou pensando um pouco. – Já deve ter assistido aquela serie sobre vampiros... True Blood. – franziu as sobrancelhas.

-Claro, a serie cheia de sexo e sangue. – falei acida.

-Bem... Alguns humanos eram viciados em sangue vampiro, pois proporcionava sensações boas. – concordei. – O sangue vampiro é assim para os humanos, deixa eles mais fortes e ligados, alem de ver coisas que eles não vem normalmente.

-Eu sei como é. Já fui humana e já bebi sangue vampiro. – falei lembrando-me de quando eu me machuquei e Alec me fez beber dele.

-Serio? – fez uma cara de curiosidade.

-Não vou contar nada sobre isso. – falei convicta.

Ele deu de ombros.

-Pois bem, assim como o sangue vampiro e fascinante para os humanos, o sangue súcubo é fascinante para nos. – disse como se comentasse sobre o clima que fazia.

Engoli em seco.

-Vocês sabem se defender, agora já sabe do que. – passou um braço sobre meus ombros me levando para perto do balcão. – E que beijo foi aquele? Você é do tipo súcubo lésbica? Porque ouvi umas historias que vocês se relacionam entre si.

-Não! – praticamente gritei.

Ele estava certo, nos geralmente nos relacionávamos com nossas irmãs, mas não do tipo de amar. Ter sexo não quer dizer que você é homossexual, mas gostar do mesmo sexo sim. Uma noite às vezes podia ser divertido.

Eu havia me tornado mais liberal depois que virei súcubo.

-Relaxa... – ele levantou as mãos em sinal de rendição rindo.

A Fae continuava a cantar do modo lento e hipnotizante e eu tinha que me concentrar bastante para não ceder e me unir a multidão de vampiros, lobos, morfos e humanos.

-Sabe, eu esperava outro motivo de musica aqui, não musica de tambores.

-Tocamos a musica que mais atraia publico, e essa esta atraindo. Não esta com vontade de dançar?

-Estou, mas porque sou jovem, e vampiros velhos?

-Vampiros não são um bom ponto de referencia, depois de alguns copos ou algumas gotas de sangue já estão em êxtase e dançam qualquer coisa, e quem freqüenta esse bar não esta aqui para ficar sóbrio.

Um homem com o cavanhaque parecido com o criador de Jeremy – Gabriel – chamou-o com um gesto de mão e uma palavra em língua desconhecida a mim.

-Volto logo. – murmurou em meu ouvido. – Só tente não se matar enquanto eu não estiver aqui. – disse com certo humor e sumiu entre os corpos que se contorciam.

Fiquei parada olhando todos naquele ritmo estranho. A vontade crescia dentro de mim, e por um momento, aquela mulher que cantava – não, mulher não, ela tinha o rosto de uma garota da minha idade - olhou para mim, como se me chamasse.

Aquele chamado foi por demais grandioso, e em questão de segundos, eu me envolvia com a multidão.

Eu dançava no ritmo da musica. Seguindo o colear de todos os corpos, como se fossemos uma pessoa só, nos movendo em sincronia e leveza.

A voz da “encantadora” entrava em minhas veias, consumindo meu corpo e se fundindo com meu sangue. Meus olhos estavam nebulosos e eu mal enxergava o que estava acontecendo.

As dançarinas repetiam nossos gestos em cima de seus palcos.

Levantei meus braços para o céu e sorri, girando. Parecia que alguém movia meu corpo como uma marionete, como se tudo que eu fazia fosse comandado por alguém de fora.

Inspirava o ar sentindo o cheiro de suor humano e de lobisomens, eu devia ser a única imortal da segunda, ou primeira, camada das castas dançando enfeitiçada.

Enganada estava eu, mas no momento que uma agitação chegou aos meus ouvidos, e uma voz conhecida ciciava em um rosnado ressoante, o feitiço se quebrou.

Meu corpo pesava, parecia que eu corri quilômetros a fio.

Uma fragrância se sobressaia entre todas as outras. Alec.

Sai correndo do meio deles, e fui ate onde o sangue dele me chamava.

Cheguei à entrada do galpão. Alec estava sendo segurado por dois armários cheirando a lobisomens, e havia vampiros em volta, cuidando para que ele não escapasse.

Jeremy estava parado na frente deles.

-Vou perguntar pela ultima vez vampiro. Quem é você, e o que você quer aqui? – gritou aproximando o rosto do dele.

Alec, teimoso e cabeça dura como sempre foi, na disse nada, apenas estreitou os olhos e franziu os lábios.

-Vai para o inferno.

Jeremy parou deixando o tronco ereto.

-Esse ai não vai dizer nada. – olhou para os vampiros e para os lobos que estavam com ele. – Levem ele para o beco da outra rua e toquem fogo, ninguém vai notar a falta.

-Não! – gritei alarmada. Todos os olhos masculinos voaram em minha direção. Empertiguei-me e assumiu um tom frio. – Vocês estão prestes a serem condenados a morte por atacar um Volturi.

A menção daquele nome, todos se retraíram.

-Volturi? – Jeremy levantou uma sobrancelha.

-Alec na verdade, Alec Volturi.

-Alec Volturi? – ele voltou o olhar para o dono do nome. – Porque não disse logo quem era?

-Achei que não me deixariam entrar.

-E porque não usou o dom?

-Depois que me levassem para o beco eu usaria, ai entraria. – disse se soltando das mãos dos homens lobos.

-E o que quer aqui?

-Vim buscar-la. – me indicou com um menear de cabeça.

-Ah... Claro. – o chefe disse em tom de falsa calma. Um sorriso cafajeste cobriu sua face, moveu a cabeça para a esquerda e um dos lobisomens estourou se transformando em lobo puro.

O lobo e Alec saíram se atracando. Tudo aconteceu tão rápido que nem mesmo meus olhos imortais conseguiram captar a curta luta. No momento seguinte todos estavam cegos e sem sentidos e Alec me puxava para fora do galpão.

Corremos a noite toda sem trocar uma palavra, eu podia sentir o cheiro de sangue saindo do braço de Alec, mas não paramos um segundo ate estar no meio de uma floresta.

O dia não parecia nunca chegar e nos não parávamos a corrida incessante.

Sentia-me fraca, como se parte da mina energia tivesse sido sugada pela cantora hipnotizante em nossa dança.

Devíamos ter saído do país, pois o sol começava a nascer no horizonte ao chegarmos a uma cabana deteriorada pelo tempo.

Ele já devia conhecer-la, pois seu cheiro estava em todo canto, assim como outros perfumes imortais, devia ser um tipo de parada imortal.

Gotas de chuva quente começaram a cair sobre nos, com uma força grandiosa, e um forte vento arremessava galhos de arvores para todo lado, como se a própria floresta estivesse com raiva.

Alec me puxou para dentro.


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