O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 13
Capítulo 14




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P.O.V – Hellena

Esfreguei minhas mãos e as enfiei dentro do bolso do meu casaco de couro.

Eu já havia saído da casa de Alec há algum tempo, e fiquei por ai pensando, ate minha barriga começar a clamar por comida.

Uma multidão de pessoas começava a sair de uma festa noturna, lançando cheiros e sentimentos para todo lado.

Respirei fundo, tentando captar meu jantar.

Três jovens de quinze anos saiam rindo com uma garrafa de vodca na mão, gritavam passando a garrafa adiante e bebendo direto no gargalo. Entraram em um beco e sumiram entre as latas de lixo.

Hummm, ai estava o meu jantar.

Segui o mesmo caminho que eles, me esgueirando pelo beco, e recebi a melhor surpresa da noite quando vi que ele não tinha saída. Sorri malevolamente encurralando eles discretamente.

-Olá rapazes. – usei a minha voz mais sensual.

Eles se viraram e sorriram, pensamentos pervertidos e maldosos povoando seus rostos e suas mentes. Aquele cheiro de maldade e perversão me deixou com mais vontade de rasgar a garganta deles.

-Oi gostosa. – um deles se aproximou colocando as mãos na minha cintura, ele sorriu bebadamente. – O que você quer?

-Só um beijinho. – me inclinei prendendo ele com meus braços em seu pescoço. Nossas bocas se uniram, e comecei a forçar com que ele a abrisse, quando finalmente me deu passagem, eu senti a doce e picante energia penetrar nas minhas veias.

Comecei a ofegar sentindo o prazer dela dentro de mim. Ele acompanhava meus gemidos e apertava minha cintura. Os amigos dele riam e gritavam obscenidades.

A língua dele tinha gosto de álcool.

Foi ai que comecei a sentir o garoto vacilar em minha boca, pelos pensamentos dele, se chamava Tommy – nossa que criatividade... – ele começou a se debater.

Os outros pararam de rir e ficaram em silencio assustados.

-Que diabos esta acontecendo? – um deles gritou.

Ainda com a boca na boca de Tommy, olhei para os outros meninos, ameaçadora. Eles gritaram e grunhiram vendo os meus olhos.

Ahhh, é uma coisa que acontece com súcubos quando se alimentam de energia, o poder se concentra tanto em nos, que acaba escapando pelos olhos, e assim eles ficam... Brilhantes.

Tommy caiu no chão inconsciente, não morto.

Olhei para os outros dois meninos, agora eu precisava de sangue.

Eles cheiravam a medo, e isso me excitava. Saltei como um gato sobre o primeiro, que estava mais perto. Apertei seu pescoço com força, fazendo com que ele se debatesse tentando se libertar inutilmente. Nossa, humanos são tão inúteis, só servem para uma coisa mesmo...

A pior parte de se sentir sede, não é a ardência insuportável... Hum, ok. A ardência também. Mas acima de tudo... que apenas uma presa não te satisfaz por completo. Você tem que ir passando para a próxima, a próxima... E assim se forma um ciclo vicioso.

Deixei o segundo corpo cair inerte e seco no chão. Os olhos vidrados, a pele branca e o corpo totalmente mole... Lembrava-me um boneco de macela com marcas de mordida no pescoço.

Era estranho de se imaginar como a vida humana era tão descartável.

Olhei para Tommy, os amigos dele já tinham sido mortos, porque ele não?

Comecei a recolher os restos da minha refeição, não me interessavam mais... Jogava os corpos pelo meu ombro com pouca delicadeza, afinal já estavam mortos. Joguei-os em uma vala qualquer, ninguém daria falta, por enquanto.

Rasguei um pouco mais a pele deles no lugar onde havia mordido, assim pareceria que um animal havia os atacado.

Era tão difícil de pensar que aqueles vampiros malignos e sem nenhuma piedade e respeito pela vida humana, agora... Era eu.

Tudo havia acontecido tão rápido...

Sai correndo da vala, e quando cheguei à cidade de novo passei a andar como uma humana normal. Eu podia sentir o brilho da energia de Tommy saltando da minha pele, por meus poros.

Por onde eu passava atraia olhares, tanto de homens quanto de mulheres. Fazia parte de estar bem alimentada, ficávamos mais atraentes.

Enquanto andava, senti um formigamento descer pela minha espinha. Ah droga, imortal por perto, a ultima coisa que eu queria era chamar a atenção de alguma coisa.

Fui ate um lugar escondido da vista dos humanos e me transformei. Me lembrava direitinho da primeira vez que eu fizera isso, era uma sensação tão estranhas, e... Boa. Era como se eu me completasse, as sombras a minha volta se grudavam em meu corpo, formando outro corpo, um menor, mas poderoso do mesmo modo.

Alcei vôo, deixando o vento me guiar, batendo as assas ocasionalmente, deixando que meus extintos de ave me levar.

Parei quando finalmente o formigamento cessou. Pousei no chão, entre arvores e perto do meu carro. Olhei-me pelo reflexo do vidro preto. Eu era uma coruja grande e branca, com o rosto salpicado de dourado e castanho.

Fiz o “caminho” inverso da transformação, e onde estava a coruja, estava eu de verdade, nua.

-Precisa de um pouco mais de treino para aprender a não deixar as roupas serem sugadas pela transformação. – Blake estava parada atrás de mim, estendeu roupas novas.

-Que droga. Aquele casaco era Gucci. – reclamei pegando as calças jeans.

-Porque fugiu se transformou e saiu voando?

-Senti alguém se aproximando.

-Era eu.

-Você? – ergui uma sobrancelha, ela fez que sim. – Porque não me disse?

-Você saiu voando antes.

-Eu nem senti sua... “Assinatura”.

-Podemos escondê-las. – deu de ombros.

-Porque estava se escondendo?

Blake me encarou séria, não era só a “assinatura” que ela estava escondendo de mim. Encarei-a abertamente, enquanto continuava a me negar visivelmente.

-Ok. Não quer me contar não me conte. – dei-lhe as costas e peguei o caminho para entrar em casa.

-Você matou três meninos hoje! – ela gritou nas minhas costas.

-Eu estava com fome!

-Tem que aprender a se controlar, alimentar-se sem matar, daí você apaga a memória deles! Ou melhor, você sabe fazer isso, mas pelo jeito tem o mesmo prazer de matar que um vampiro!

Parei encarando-a friamente.

Dei-lhe as costas de novo e subi as escadas ate meu quarto. Deitei na cama e abracei meus travesseiros, mordendo-os para não chorar. Eu precisava me controlar!

Droga!

-Algum problema Hell? – Quenn entrou no quarto.

-Eu quero ir embora desse mundo Quenn, não agüento mais ficar aqui! – gritei sem olhar para ela.

-É por causa daquele vampiro que você viu na igreja não é? – suspirou.

-Isso não importa! – gemi. – Eu sou má. Blake tem razão, eu gosto de matar! – funguei me sentando. – Não gosto de sentir isso, mas me desculpem, eu sinto. Matar me gratifica.

-Isso é normal no inicio Hell! – Quenn disse sorrindo. – Afinal, ninguém com o apelido de inferno têm que ser inteiramente boa. – revirou os olhos.

Adorava Quenn como minha irmã. Ela era doce, gentil, delicada. Eu nunca conseguiria imaginar ela sendo súcubo, se alimentando dos outros do jeito que as outras faziam.

Ri com a voz embargada e limpando o nariz com as costas da mão.

-Tem razão. Tenho que manter meu posto não é?

-É, deixe a bondade para Grace. – revirou os olhos azuis claros.

Ri novamente. Grace era basicamente bondade em inglês.

-Tem razão.

-Mas sobre aquele vampiro, você...

-Se eu tenho sentindo falta dele?

-Uhum. – fez que sim com a cabeça.

-Tenho bastante. – assumi. – Mas não precisam se preocupar, eu sei o que é o certo. Afinal, esse é ou não é meu dom?

-Daí depende do que sua percepção vê como certo.

-Quenn a filosofa. – revirei os olhos.

-Nem sempre o que achamos que é o certo, é o certo.

-O que quer dizer? – estreitei os olhos.

-Que quando chegar a hora, apenas quando você realmente precisar, vai saber o certo, enquanto isso, você fará apenas o que os outros te induzirem a achar como certo. – falou inexpressiva.

-Isso é uma previsão? – afinal as súcubos do ar eram conhecidas por terem a vaga clarividência. Algumas eram agraciadas com esse dom, mas sempre as do ar.

-Não tenho esse dom, se tivesse estaria no templo, fazendo profecias com as anciãs, não aqui, protegendo minha futura rainha. Mas quem sabe, talvez por um minuto eu tenha previsto algo. – sorriu.

-Se esta aqui, me protegendo, tenho certeza que é por alguma razão. – segurei suas mãos.

-Os espíritos que nos escolheram para isso.

-Então eles devem ter tido uma razão bem grande. E eu concordo com eles.

Contornei seu corpo delicado com meus braços.

-Eu te amo minha irmã.

-Idem.

Descansei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos.

-Sempre nos terá ao seu lado. Sempre. – cantarolou.


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