O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 12
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/128908/chapter/12

P.O.V – Hellena

Alguns dias passaram tão monotonamente iguais, sem nenhum imortal, sem nenhuma surpresa, nenhum aviso de nada, que as meninas acabaram relaxando a atenção em mim.

Alec estava cumprindo bem suas promessas, não me ligava, não me procurava, apenas esperava. Como ele se tornou tão paciente eu não sei, digamos que esse nunca foi um ponto forte dele.

Eu andava distraída nas aulas, os professores reclamavam freqüentemente de mim, diziam que algo estava me desconcentrando. Bom, para ser bem sincera, se Alec estava sendo paciente, eu não estava.

Agora mesmo eu estava em uma maçantemente chata, e a única coisa que eu conseguia pensar, era se eu ligava-o ou não.

Ah droga, o professor olhou para mim na hora em que eu olhava para o celular. Droga, ele vai vim falar comigo, ah não, se eu for suspensa as meninas vão perceber que tem algo estranho.

-Senhorita Hellena, venha comigo, por favor? – o desgraçado me chamou.

Suspirei e me levantei indo atrás dele.

Todos seguiam o movimentar de meu corpo com atenção, principalmente os meninos. Já as meninas seguiam com certa inveja, se perguntando como eu podia ser tão irresistível. Acho que vou sugerir para elas uma seção de vitaminas imortais.

Saímos da sala. Ele parou de frente para mim me encarando severamente.

-Pode me explicar porque não tira os olhos do celular?

-Eu estava olhando o horário. – dei de ombros.

-A aula toda? Esta achando minha aula chata? – sibilou.

-Bem, na verdade. Ok. É que eu estava esperando a ligação de minha colega de republica, ela passou mal a noite toda e queria saber se ela esta melhor. – mordi minha bochecha.

-Hum... – resmungou. – Dessa vez passa, mas pare de só olhar para o telefone, quando a aula acabar você poderá ligar. – se preparou para sair.

-Não professor... – murmurei. Hora de usar a vantagem súcubo. Segurei o braço dele onde não havia tecido e mandei uma onda de poder. Eu podia usar persuasão, mas preferia a sedução súcubo, persuasão deixava as pessoas vagas demais. – Poderia me liberar?

Pedi docemente.

Ele ficou parada parecendo surpreso.

-É... È claro que sim.

-E ninguém precisa saber não é? – sorri.

-Você precisou se retirar pois se sentiu mal.

-Não, não. Eu tive que sair porque vou fazer um trabalho, uma musica, e precisava sair para procurar inspiração, pois é um trabalho extra muito importante.

-Isso.

Sai correndo pelo corredor.

Cheguei na casa que antes era a de Alec, ele disse que continuava nela, e o cheiro dele estava por todo canto.

Bati na porta e esperei ele vir atender.

Quando abriu a porta parecia surpreso.

-Hellena? – arregalou os olhos.

-Posso entrar? – ri sem graça.

-Então porque voltou a fazer faculdade? – Alec surgiu da cozinha com uma bolsa de sangue em cada mão, me estendeu uma.

-Voltei... – suspirei balançando a cabeça. – Porque minha mãe acha que já estou pronta para viver entre os humanos, ela acha que todo imortal tem que passar um tempo entre eles, tipo... Intercambio. – revirei os olhos.

Peguei uma bolsa e virei o liquido na minha boca.

-Não vai ser algo difícil para você. Mas... Musica? – falou surpreso. Ate porque tinham motivos para ele estar surpreso, dança sempre fora meu dom, e musica não.

-Eu queria dar um tempo na dança, pretendo fazer todos os quatro anos de faculdade, e acho que agora não é à hora. – ergui os olhos para ele.

-Ah. – foi à única coisa que ele fez.

Estávamos juntos há algum tempo, mas eu não havia dado-lhe nenhuma abertura para nada mais que amizade, mesmo sabendo que isso não duraria muito. Eu era louca por ele, e ele sabia disso.

A dor se misturava com ansiedade em meu peito, mas o proibido era mais saboroso que qualquer outra coisa, ninguém da minha nova família aprovava isso, pois elas sabiam que eu só me machucaria, mas na maior parte do tempo eu ignorava esse fato.

Sai da cadeira de perto dele largando meu caderno e indo ate seu piano.

Sentei no banco e acariciei as teclas para logo depois descer meus dedos sobre elas em notas agudas e graves, misturadas e difundidas.

Alec saiu da sala e sumiu pela porta da cozinha, e durante uma longa hora ele não apareceu. Deixei as partituras de um lado, e minhas folhas de outro, parando a musica e às vezes anotando algo.

-O que esta tocando Hellena? – apareceu do nada, ele costumava fazer isso quando eu era humana, mas agora não tinha sentido eu me assustar ou não contar com isso.

-Arranjei umas partituras na biblioteca da faculdade... Droga... Você me assustou. – desliguei meus sentidos do instrumento e levei meus olhos para cima, encarando-o. – Eu estava distraída. – sorri amarelo.

-Imortais nunca estão distraídos, a não ser você. – caçoou.

Abri a boca pronta para responder, mas ele me interrompeu.

-Muzzio Clementi? De novo? – ergueu uma sobrancelha. – Você esta tocando essa musica a dez minutos seguidos.

-Qual o problema com Clementi? Vivance é uma musica linda. – reclamei.

-O único problema é que você não para de tocar-la, tem que aprender outras. – sentou-se ao meu lado. Escorreguei para o mais longe que pude sem denunciar meu nervosismo. – A menos que não esteja levando a faculdade a serio, e sim como um passatempo. – seu tom era depreciativo.

Girei meu rosto ate ficar de frente para ele, pronta para um embate, motivada pela minha nova descoberta da irritação, mas antes de dizer qualquer coisa eu me vi imersa no mar esverdeado que eram seus olhos.

Ele também me encarava, e um pequeno sorriso se formava no canto de sua boca, o vampiro tinha plena sabedoria sobre o efeito que causava em mim, humana ou não, isso perduraria para sempre.

Virei o rosto de volta para minhas mãos posicionadas acima das teclas, tirei uma mecha de cabelos de meu rosto, pondo-a atrás da orelha.

-Toque. – praticamente ordenou. Rapidamente meu espírito de porco, algo que eu adquiri recentemente de minha nova condição imortal, se pós em pratica, mas franzi os lábios impedindo o impulso se de responder grosseiramente.

Respirei fundo, imortais jovens são tipo, adolescentes multiplicados mil vezes, os hormônios a flor da pele, a bipolaridade, impulsos, e sede por sangue – ok. Isso nos humanos era figuradamente, não em mim.

-Ta bom. – balancei minha cabeça para frente.

Voltei a tocar a mesma musica, só que dessa vez Alec tocava junto comigo, movimentando os dedos por cima dos meus, entre os meus e por diversas vezes passando o braço por baixo do meu, roçando o tecido de sua camiseta na minha pele exposta.

-Tente me acompanhar. – insistiu. A musica desandava um pouco, as notas não batiam e o agudo e grave se misturava, mas na maioria por minha culpa, podíamos discutir bastante, mas eu tinha que admitir que Alec era um exímio pianista.

-Onde esteve o dia todo? – cochichei.

-Esqueceu das regras Hellena? – disse com um rosto de deboche simpático, o que me irritava. – Não pergunto nada sobre a sua vida, e você não pergunta sobre a minha.

Bufei revirando os olhos.

-Essa não é uma das regras.

-Ok, pode ate não ser das suas, mas nem parou para perguntar se eu tinha as minhas. – ergueu as sobrancelhas. Larguei meus ombros dando-me por vencida. – Na verdade eu só tenho uma.

-Ah... Vai qual é?

-Não pergunte da minha vida, e eu não me meto na sua.

-Não precisava repetir. – debochei.

Alec se levantou do banco e andou de um lado para o outro.

-Hellena, aquele dia no bar... O que foi aquilo?

-Você disse que não se meteria na minha vida. – disse teimosa.

-Ta legal. Eu passei o dia caçando. Voltei há pouco tempo. Satisfeita?

-Sim. – sorri infantilmente.

-Agora me responda.

-Bem... Meu dom é a junção de todos os outros dons juntos. Tecnicamente eu posso fazer tudo que minhas colegas fazem, apesar de eu ainda não saber fazer muita coisa, mas... Nós podemos mandar ondas de calor e desejo para os humanos, eles são facilmente afetáveis.

-Você pode se alimentar assim, a distancia.

-É meio cansativo, bem cansativo, então a renda é nula. – bati os ombros.

-Ham... – resmungou puxando uma cadeira ate o meu lado. – O que deu em você para vir me ver?

-Não sei, a vida humana é muito chata.

Ele esticou a mão tocando meu rosto com o mesmo cuidado do Alec de meus sonhos, só que dessa vez ele não veio beber o meu sangue, apesar de eu querer que ele fizesse isso.

Desviei os olhos.

-O que foi? – perguntou com humor.

-Ahn... – mordi o lábio. – Estou com vergonha de dizer.

-Diga logo. – revirou os olhos impaciente.

-Ok. – suspirei. – É que quando tem um homem perto de mim... Eu... Fico com pensamentos ruins, coisas que eu nunca tive antes. Às vezes eu nem me sinto atraída por esse homem, mas mesmo assim eu imagino coisas.

Alec riu e eu senti meu rosto entrar em combustão e o sangue se concentrar totalmente em minhas bochechas.

-É o instinto de alimentação. Até porque você precisa de sexo para sobreviver, nada mais comum você desejar com mais freqüência. – balançou a cabeça com humor, então fixou os olhos em mim. – Sentiu algo quando eu te toquei?

-Puf. – bufei revirando os olhos.

-Você continua a mesma, transparente como vidro.

-Não Alec, eu não continuo sendo a mesma. Eu sou má.

-Todos somos maus.

-Mas não como eu. – disse séria.

-Devo ter medo? – debochou.

Expirei com força me levantando e pegando meu casaco.

-Espere. – ele me seguiu segurando-me. – Se eu te irritei desculpe.

-Não... Eu só... Preciso de ar, é já anoiteceu mesmo. – dei de ombros saindo. Parei na soleira. – Eu te ligo um dia desses, ou quem sabe eu apareça.

-Vou estar esperando. – sorriu daquele jeito que me fazia perder o ar.

E nossa, eu perdi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Cisne Negro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.