O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 11
Capítulo 12




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P.O.V – Alec Volturi

Imagine minha surpresa quando em um domingo em plena manha, meu celular toca despertando-me de meu sono imortalmente cansativo, audição supersensível tem seus problemas.

Era Hellena, pedindo para que eu a encontra-se no Giardino Giusti.

Vesti-me lentamente ponderando se era realmente bom que eu fosse. Eu desejava ver-la há bastante tempo, mas ela não estava facilitando as coisas comigo, sempre impondo regras, e seguir regras de outros que não fossem de Aro me deixava desconfortável, mesmo vindo dela.

Sai de casa e fui a passos humanos, cheguei ao jardim quando o sol já estava alto no céu. O caminho todo que eu segui não havia nenhum rastro de seu cheiro, mas no instante que cheguei ao lugar, a fragrância dela me assaltou.

Segui o perfume ate chegar ao mirante, olhei em volta procurando-lhe, e fiquei irritado quando não a vi em lugar algum.

-Droga Hellena... – murmurei.

-Porque você demorou tanto? – ela apareceu atrás de mim do nada gritando irritada. Cheguei ate a me esquecer como as súcubos podem esconder a presença delas.

-Achei que você não viria. – disse com certo alivio.

-Achei a mesma coisa, já estava indo embora. – falou emburrada. Cruzou os braços na altura do peito e ficou me encarando lívida. Ela tinha olheiras grossas embaixo dos olhos e sua pele parecia translúcida por cima das veias azuis de seu rosto.

-Você esta bem? Parece doente. – me aproximei com os dedos estendidos, mas ela se afastou de meu toque, como eu já esperava que fizesse.

-Digamos que estou um pouco de ressaca, e é ainda cansativo usar meus dons. – murmurou olhando para o outro lado. Apoiou as mãos no corrimão de pedra admirando a paisagem.

-Mas pra que esconder seu cheiro por todo o caminho? – fiquei ao seu lado.

-Não queria ninguém me seguindo. – falou breve.

Parei sem dizer nada olhando a paisagem verdejante, me lembrando da primeira vez que viemos aqui, com ela humana. O lugar estava igual a ultima vez, nada parecia fora do lugar.

-Um passado não tão distante, mas tão convidativo. – sua voz estava baixa.

-Parece ate uma memória, não a nada fora do lugar.

-O que você sente quando vê uma memória? – sempre com perguntas.

-Eu sinto saudade, mas para mim não a o que sentir saudade. Estive sempre entre os vampiros. Aprendi a não sentir... – voltei meus olhos para ela. – Porque me chamou aqui?

-Bem... – ela ofegou olhando para baixo, logo depois os ergueu. – Eu já tentei de tudo Alec, mas não consigo parar de pensar em você. – disse como eu já esperava dela, Hellena era sincera demais para ter segredos, sempre dizia o que vinha a mente.

-Idem. – ri de canto.

-Então acho que precisamos esclarecer tudo antes. – seu rosto estava seriamente cômico. – Porque me deixou viva na primeira vez que nos vimos?

-Suas perguntas nunca acabam? – ela levantou uma sobrancelha. – Juro pelo meu nome, que não sei. No primeiro momento que refleti depois sobre isso, achei que havia feito porque Aro não queria levar o nome de simpatizante, mas depois...

Parei pensando.

-Eu estava em uma época difícil, me sentia muito só, por mais que possa parecer tentador viver “solteiro”, passei a não gostar muito desse posto. E quando eu te vi algo novo cresceu dentro de mim.

-Que clichê. – bufou.

-Sei que pode parecer estúpido, mas... Eu não consegui te matar naquela hora, nem sentenciar-la. – fiquei analisando sua expressão, nada se refletia em seu rosto, apenas... Pensamentos.

-Quando foi atrás de mim – recomeçou. – Qual era seu real interesse?

-Digamos que eu não soube administrar muito bem o “algo novo”, talvez eu tenha confundido com desejo de possuir algo que eu nunca tive. Uma humana que futuramente seria vampira me pareceu bem interessante.

Ela suspirou e revirou os olhos.

-No inicio só era o querer, mas depois de te conhecer, eu me senti vivo pela primeira vez em anos.

-Ta. – falou zombeteira.

-Você me fez sentir algo que eu gostei bastante, e virou meio que um vicio, eu não conseguia parar de querer sentir novamente, talvez fizesse parte de seu dom, mas chegou uma hora que eu não agüentava mais não te ver.

-E ai você queria exclusividade. – sua voz ficou irritadiça.

-Calma Hellena, lembre que você é uma súcubo jovem, cheia de energia, poder, e que pode me matar facilmente quando irritada. – ergui as duas mãos como que pedindo paz.

-Perdão, às vezes eu perco o controle. – repetiu os mesmos gestos da noite passada. Respirou fundo e se voltou para mim. – Continue.

-Tem certeza?

-Continue.

-Não tem mais o que dizer.

-Então tudo não passou do meu dom. – fungou virando o rosto para o lado contrário ao que eu estava. – Como eu já havia dito.

-No inicio talvez sim, mas depois tudo mudou. – segurei seu rosto para que ela me olhasse. Ficamos um tempo, com ela me encarando como um gatinho irritado, só que o gatinho era na verdade um tigre bem ameaçador. – O que acontece quando o cisne deixa de ser branco?

Ela bufou se livrando de mim e começando a andar em círculos.

-Muita coisa mudou em você, o que? – perguntei.

-Alem do fato de eu não ser mais humana. – disse zombeteira. – Estou igual ao que eu sempre fui. – balançou a cabeça descrente.

-Você tem outra mania. - eu ri.

-É mesmo? – arqueou uma sobrancelha. – E qual é?

-Revirar os olhos. Antes você sempre passava a mão nos cabelos, agora você revira os olhos.

Ela arregalou os olhos levemente e levantou a outra sobrancelha.

-Não sabia que você reparava tanto em mim.

-Você também esta mais sarcástica, não era assim tão irritadiça, mas deve ser por causa da adaptação. Você bebe socialmente, antes só bebia quando estava irritada, ou queria irritar alguém.

-Ah. – ela riu.

-Talvez por ser menor de idade, mas acho que isso não impedia você.

-Você é bem perceptivo. – riu novamente desviando os olhos.

-Gostaria de saber mais.

-Ahn... – parou levando um dedo ao queixo. – Eu tive treinos sobre luta, então acho que agora posso bater em você e não me machucar.

-Parabéns. – arqueie as sobrancelhas - Agora é mais difícil matar você... Mas não me refiro sobre esses pontos, diga o que mudou por dentro.

-Hum... – estreitou os olhos. – Achei que o físico já bastasse... Mas, tive de aprender a liderar mulheres ninfomaníacas loucas, fazer com que elas não se matassem e estabelecer a ordem de dez em dez minutos.

-É o que dizem: “os espírito é a harmonia do corpo”.

-Que poético. – revirou os olhos. – E por causa de frases como essas que eu estou presa, acorrentada as súcubos.

-Estaria de qualquer modo. – dei de ombros.

-Não, não... – ela balançou o dedo na frente de meu rosto. – No primeiro momento que me toquei o que havia acontecido, pensei seriamente de pedir para ser deserdada do poder, virar vampira e vir correndo atrás de você.

-Hellena, Hellena... Sempre tão impulsiva... – cantarolei rindo.

-Mas ai... Começou o treinamento de súcubo, e depois o de princesa, e todos começaram a falar como eu era importante, a única herdeira que restava. Que eu teria que dar continuidade a linhagem. E me vi obrigada a ficar.

-A ultima vez que as vi, tinha mais uma do espírito.

-A historia de Kahlan é complicada, já pensei nisso também, mas ela não é filha da linhagem direta, ela foi concebida por espíritos. Ninguém sabe se ela pode ter filhos do espíritos, ou mesmo ter filhos.

-Ela nunca tentou?

-Acho que sempre tenta, mas... Para termos um filho do espírito, tem que ser um íncubo da realeza. E quando engravidamos, criamos um laço muito forte com o pai da criança, isso significa que não pode ser com qualquer um.

-A realeza íncubo é bem grande. – disse com um fio de voz. Então era isso, não podíamos ficar juntos porque ela tinha que dar a luz a um filho de seu meio-irmão, e assim que engravidasse, teria um laço eterno com ele.

-Cerca de trinta filhos. – fez uma careta. – Papai não dorme no ponto.

-Mas só se consideram os três primeiros filhos.

-Isso eu não sabia. – franziu as sobrancelhas.

-Hierarquia medieval. – dei de ombros.

-Interessante. – mordeu o lábio inferior.

Ficamos lado a lado olhando a paisagem verde.

-Ainda tem a sua casa? – sorriu.

-Eu a deixei fechada depois que foi embora, estive lá antes de ir para a catedral. Tudo esta como deixei há três anos atrás. – tirei os cotovelos da mureta. – Gostaria de ver-la?

-Tenho que voltar. Estou na faculdade de novo.

-Sério? – arqueei as sobrancelhas.

-Aham. – sorriu balançando a cabeça. – Mas não de dança, agora estou na de musica.

-Que bom que tenho um piano em casa. – disse cético.

-É só para manter as imagens enquanto estivermos por aqui. – deu de ombros.

-Enquanto? – perguntei com a voz fraca.

-Não vamos ficar aqui para sempre Alec. – me olhou com remorso.

-Já previa isso. – soei desinteressado.

-As meninas não gostaram muito da idéia, então se inscreveram no que queriam. Tudo no mesmo prédio, para ficarmos próximas e não machucarmos ninguém.

-Nos vemos mais tarde?

-Eu te ligo.

-Ok... As regras. – dessa vez eu revirei os olhos.

Hellena sorriu docemente dando a volta e se preparando para partir.

-Porque não esta mais usando o colar de sua mãe? – perguntei em voz baixa, sabendo que ela me ouvia. Pareceu querer fingir que não ouviu, mas se virou.

-Eu deixei tudo para trás Alec, toda minhas outras duas vidas. Inclusive meu sobrenome. – seu tom era sombrio quando partiu novamente.

Súcubos...


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