Entre Fogo e asas escrita por ACunha


Capítulo 12
Imprevisto Desagradável


Notas iniciais do capítulo

Tá, tipo, vocês vão morrer com o final desse capítulo. Mas não se desesperem ainda .-. Aproveitem enquanto há tempo! Beijos ;**



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Paramos primeiro no shopping de Myrtle Beach. Perguntei a Collin se ele não se sentia cansado, e ele disse que poderia ficar voando por mais quatro dias seguidos, e nunca se cansaria. Anjos eram assim. Eles não ficavam cansados. 

Ele pegou dinheiro no banco com um cartão de crédito que vi pela primeira vez, e me emprestou para que eu pudesse comprar roupas novas, sapatos e uma nova escova de dentes. Depois pegamos um táxi até um endereço desconhecido.

-Pensei que ficaríamos na casa dos meus avós - comentei no táxi. Collin balançou a cabeça. 

-Vamos ficar na casa dos meus tios - ele disse sorrindo. Fiquei confusa, mas esperei para ver. Fomos até quase o outro lado da cidade, perto da praia e do prédio dos meus avós, e paramos. À nossa frente havia uma casa de praia; com o telhado baixo e avermelhado, janelas de madeira escura abertas, paredes da cor de caramelo e um vasto jardim com grama verde e flores das mais variadas cores. Na frente da casa havia um balanço em baixo de uma trepadeira, e mais atrás eu podia ver uma piscina retangular e funda de lajotas azuis. 

-Quem mora aqui? - perguntei admirada. Collin sorriu, mas não respondeu. 

Passamos por um caminho de pedras lisas que levava até a porta da frente. Collin estava carregando as compras, que por acaso eram muitas, por isso me pediu para tocar a campainha. Procurei e achei, ao lado da porta, um pequeno botão com moldura dourada. O som da campainha era de sinos tocando. 

Ouvimos um barulho lá dentro. Alguém estava se aproximando. Quase pulei meio metro quando a porta se abriu, revelando meu professor de Inglês, Gabriel. Ele tinha uma postura meio tensa, mas o sorriso nos lábios nos passava confiança.  

E, ah, aquele rosto lindo... Nenhum professor devia ser tão gato.

-Já estava na hora - ele disse para Collin. - Vamos, entrem. Sam, sinta-se em casa. 

Não soube o que dizer, então, é claro, falei qualquer coisa estúpida.

-Você é tio dele? - perguntei me sentindo ridícula logo em seguida. Ele olhou para mim e sorriu como se eu fosse um bebê fazendo alguma coisa bonitinha. 

-Tecnicamente, sim. Eu ajudei na criação dele, e o ajudei a tomar conta de você nos seus primeiros anos. 

Pressionei meus lábios para não falar mais nenhuma besteira, mas me sentia verdadeiramente confusa. E sobrecarregada. Não tive nem tempo de me recompor quando vi outra pessoa lá dentro, e meu queixo caiu. 

-Olá, Sam - a mulher mais bonita que eu já havia visto disse. Ah, por acaso, ela também era minha professora de Biologia. 

-O-oi... Sra. Lilian - murmurei me sentindo, como sempre que estava perto dela, um verme. 

-Senhorita - ela me corrigiu. Ela sempre fazia isso.

-Srta. Lilian - repeti. - O que... está fazendo aqui?

Ela certamente deveria perdoar meu tom de voz e minha expressão retardada. Era meu direito, como mulher, me sentir ameaçada na sua presença. Mesmo que eu tivesse certeza que Lilian nunca faria nada para machucar nenhum ser vivo do planeta. E era esse o problema. Ela era boa, bonita e perfeita demais para ser humana. Nenhum adjetivo que eu possa pensar chegaria nem perto de descrevê-la. Seu cabelo era uma cascata de cachos leves e perfeitos, de uma cor entre caramelo e dourado, e chocolate, e o pôr-do-sol, e por aí vai. A pele parecia de porcelana: clara e rosada, lisa, macia, sem nenhuma marca. Os lábios eram de um vermelho vivo, sem a ajuda de nenhum batom, cheios e bem desenhados. O nariz era de um arrebitado adorável, e os olhos duas piscinas azuis. 

E, como sempre que eu estava perto dela, eu me senti completamente inadequada. 

-Estou ajudado, querida - ela veio na minha direção sorrindo e então franziu a testa. - Acho que, como estão aqui, algo deve ter acontecido.

-Ah, é - Collin não parecia abalado pela sua perfeição. - Algo aconteceu. 

-Vocês... não deviam estar na escola? - perguntei baixinho. -Que escola? - Gabriel respondeu com um tom triste que eu odiei. - L. destruíu tudo... Tivemos sorte de recuperar a gárgula. 

Franzi a testa, me perguntando se teria ouvido direito.

-A... gárgula? - exclamei. - Por que iriam querer salvar a gárgula?! 

Para a minha surpresa, todos riram. Inclusive Collin, que bagunçou meu cabelo de leve, como se eu fosse uma criança extremamente engraçada.

-As gárgulas geralmente são relacionadas com as forças do mau - Lilian explicou. - E muitos seguidores dessas forças as convertem para suas próprias necessidades. As utilizam para armazenar energias negativas. Pegamos aquela gárgula há muito tempo e fizemos o contrário. Concentramos todas as nossas energias, nossos pensamentos, todo o poder do bem nela. Agora ela está extremamente purificada, e nos serve como vocês humanos chamam de amuleto da sorte. Se alguma criatura do mau tentar sugar poder negativo dela, em vez disso receberá uma carga de bondade a qual nenhum demônio sobreviveria. 

-É uma isca - percebi com surpresa. - Nossa. Essa foi boa. 

Lilian sorriu, entendendo minha gíria como um elogio. 

-Obrigada. 

-Então, vamos? - Collin apontou para as compras pesadas nas suas mãos. - Isso aqui não está nada leve. 

-Pensei que nunca se cansasse - brinquei pegando algumas sacolas das suas mãos e entrando na casa. 

-Carregar você e carregar um monte de sapatos são duas coisas completamente diferentes - ele riu. 

O interior da casa de Gabriel e Lilian era mais lindo ainda. Os móveis eram todos de madeira, e pareciam antiquados no meio da cidade grande. Havia um tapete em baixo da mesinha de centro da sala, na frente de um sofá marrom escuro e de duas poltronas pretas. Percebi que eles não tinham televisão. Como passavam o tempo?! A cozinha ficava do outro lado da sala, sem porta e sem parede separando os dois cômodos. Havia apenas um balcão de granito com bancos altos de madeira, duas geladeiras, um fogão de seis bocas e duas pias. Ao redor da sala haviam portas aleatórias, que deviam dar para os quartos. Mas uma delas estava aberta, e vi vários livros em estantes lá dentro. Uma biblioteca em uma casa de praia? Anjos são estranhos.

-Querem beber alguma coisa? - Lilian perguntou como uma dona de casa atarefada. Mas nem seu vestido rosa claro na altura dos joelhos e nem seu avental branco preso na cintura a fariam parecer menos com uma modelo, e mais com uma mãe de família. 

-Não... Obrigada - consegui sussurrar. Collin olhou para mim com um ar repreendedor, como se dissesse "você não comeu nada desde o café da manhã, e não vou deixá-la morrer de fome". 

-Se tiver uma coca-cola e batatas-fritas... Ela pode sobreviver - ele disse para Lilian, falando exatamente o que eu queria. Arregalei os olhos, considerando pela primeira vez a possibilidade dele ler minha mente. Mas bani este pensamento logo em seguida, e finalmente entendi o conceito de anjo da guarda.

Collin me conhecia.

Duas latas de coca-cola e três doses de batatas-fritas depois, eu me sentia satisfeita para o resto da tarde. Collin sugeriu que fôssemos passear na praia, mas respondi me revirando na cama do quarto que Lilian arranjou para mim e me enroscando como uma bola. 

-O que vai acontecer agora? - perguntei baixinho. - O que vamos fazer? 

Collin passou os dedos calmamente pelo meu cabelo, afastando algumas mechas do meu rosto como minha mãe fazia quando eu era pequena, e falou com uma voz tranquilizadora.

-Só temos que esperar pelo melhor e, enquanto isso, eu devo... - ele limpou a garganta, meio desconfortável agora. - Devo cumprir... er... minha missão.

Isso me fez levantar e encará-lo.

-Que missão? - perguntei com os olhos apertados. Collin parecia estar com medo de mim, por mais que isso fosse ridículo. Mas ele realmente ficou corado, e franziu a testa.

-A que eu desci aqui para cumprir - ele respondeu como se não fosse nada demais, e deu de ombros, olhando para suas mãos. 

-Collin... - comecei com uma voz sussurrante e assustadora para meus próprios ouvidos, e fui subindo algumas oitavas. - Não me diga que ainda está escondendo alguma coisa de mim! 

-Não! - ele agora estava completamente vermelho. - É só que... bom, eu não estive presente, quer dizer, ao seu lado, como estou agora, em todas as suas vidas. Sempre dei um jeito de guiá-la lá de cima mesmo, sem interferir nem nada. Mas nesta sua vida em particular, houve um... imprevisto... - ele terminou com um murmuro, o que só me deixou mais desconfiada.

-Que imprevisto? - perguntei me controlando para não pirar. 

-Sua... capacidade... de... prever o futuro - ele murmurou com os olhos nas suas mãos, e depois pressionou os lábios, esperando pela minha reação. Não entendi.

-Ah. Só isso? - perguntei desapontada. - Pensei que fosse outra coisa, sabe? Algo mais... Sei lá - dei de ombros. - Por que isso parece um problema tão grande? 

Collin me encarou cético. 

-Porque é - ele respondeu. - Nenhum ser humano deveria ter essa capacidade. Só nosso Criador tem esse poder. E, bom, alguns anjos, é claro... - ele corou novamente, com o pensamento distante, mas logo se recuperou. - Então, quando esse poder começou a se manifestar e se mostrar ser um problema, eu fui mandado aqui para ajudá-la. 

-Um problema? - destorci a palavra, odiando o tom que ele usou. - Por que isso seria um problema? Só porque eu tentei, algumas vezes, ajudar pessoas com este dom? E se eu não devia ter esse poder, porque nasci com ele em primeiro lugar? Ah, isso é... - respirei fundo. - É... Ah! - soltei um grito de frustração por não achar um adjetivo bom o bastante e coloquei a cabeça entre os joelhos. - Tudo isso está me deixando estressada. Vou ter cabelo branco rapidinho... - suspirei. 

Não vi a expressão de Collin, mas ouvi seu riso divertido e rouco, e não pude resistir a dar um sorrisinho também, que ele não viu. Sua risada tinha um efeito calmante em mim que me deixava atordoada. E me fazia querer ouvi-lo rir para sempre. 

-Não ria da desgraça dos outros - pedi dramaticamente e levantei o rosto para que ele visse meu sorriso. - Tudo bem... - mordi o lábio inferior, sem ter certeza do que dizer.

-O primeiro passo é admitir que tem um problema - ele sugeriu rindo. 

-Ah, tanto faz. Vamos lá, Collin. Eu tenho um problema. Acabe com meu sofrimento - joguei a cabeça dramaticamente para trás, e comecei a rir. Quando voltei a olhá-lo, vi que me encarava com um sorriso adorável nos lábios. Seus olhos tinham um brilho diferente. Eu senti meu rosto esquentar. Ficamos nos olhando até que não aguentei, e olhei para meus pés.

-Então... - eu limpei a garganta.

-Pois é, vamos trabalhar nisso - ele concordou rapidamente. -O que exatamente você vai fazer? - perguntei desconfiada.

-Você vai dormir, e eu vou tentar entrar no seu sonho. Posso fazer isso porque sou, em parte, um espírito. 

-O quê?!

-Nada, deixa pra lá. Então... - ele apontou para os travesseiros. - Relaxe. E, se me ver em seu sonho, não se assuste nem tente acordar. Vamos descobrir o que está acontecendo lá.

-Lá... no meu subconsciente? - perguntei tentando não rir.

-É, mais ou menos... - ele apertou os lábios e eu não resisti. Rimos juntos apenas como uma forma de afastar o medo que na verdade sentíamos.

Meu sonho começou com um prédio. Ou o que restou dele, pelo menos. Depois de um tempo percebi que era a Virgínia's Black Hole, na versão pós-incêndio. Não haviam mais três contruções, apenas uma pela metade, aquele prédio do meio, e ele estava sem teto. Eu me via dentro dele, na recepção do internato. Andei um pouco e passei pelo corredor que dava para o pátio e para os dormitórios. Mas logo me arrependi. Onde ficava a lanchonete e as mesas de piquenique, agora haviam Sombras. Sombras por todo lado, grudando em tudo e formando um borrão negro aos meus olhos. Voltei correndo pelo corredor, e entrei em qualquer sala para escapar das Sombras. Percebi que era a sala do diretor. Hum. Interessante. Nunca soube quem era o diretor da escola. Aquela sala era grande, com um teto alto e pontudo, e uma mesa grande de madeira escura no centro. Haviam também sofás pretos em um canto, simulando uma sala de estar, e do outro lado havia um frigobar. Bom, tudo bem. Existiam diretores folgados; era apenas inevitável. 

Mas quem estava sentado atrás da mesa não era ninguém que eu não conhecesse. Não era um homem careca e baixinho, enxugando a testa suada pelo estresse de tomar conta de centenas de adolescentes insatisfeitos, usando um terno apertado e pensando no golfe do fim de semana. Esse era o diretor da minha antiga escola. 

O cara atrás da mesa fez meu coração saltar. De alegria e de ódio. 

-Logan - sussurrei.  Ele estava olhando para baixo, lendo algo em um livro antigo, e então levantou o rosto na minha direção e sorriu. Levantou da cadeira e começou a andar na minha direção. Prendi a respiração. Mas, em vez de parar na minha frente, ele passou direto por mim. 

Espera. Como assim?!

Olhei para trás e quase engasguei. Na porta pela qual eu havia passado há um segundo, estava Collin. Ele não olhava para mim, o que era estranho, pois deveria estar se comunicando comigo como prometera. Mas fiquei observando mesmo assim. Ele estava com a expressão dura e controlada, mas também parecia abalada.

-O que o traz aqui, cabeça de vento? - Logan perguntou amigavelmente. Tremi de nojo da sua voz, mas também senti um prazer inesperado em ouvi-lo falar. 

-L... - Collin sussurrou. - O que você quer?

Logan considerou responder por um momento, então sorriu.

-Quer mesmo saber? - ele perguntou. - É a única coisa da qual você nunca abriria mão. Então, por que deveria lhe dizer? 

-Apenas diga - Collin rosnou. - Diga o que quer para quebrar a maldição.

Os olhos de Logan se arregalaram ligeiramente. Percebi que ele não esperava por essa. Collin parecia envergonhado por estar dizendo aquilo, mas o desejo de descobrir era mais forte. Dava para ver nos seus olhos.

-Por que você... meu querido irmão... iria querer quebrar a maldição? - Logan perguntou com um voz baixa e sombria. - A maldição que pune qualquer anjo que ousar desafiar seus irmãos? Qualquer anjo que pecar como um humano? Qualquer um que for, digamos, imperfeito? 

-Pare de fazer drama - Collin respirou fundo. - Anjos também podem cair por outros motivos... Como... 

Ele parecia extremamente derrotado. Não queria falar, mas precisou. 

-Como o quê? - Logan pressionou.

-Anjos... também... se apaixonam. 

Um silêncio mortal caiu sobre a sala. Eu olhei fixamente para Collin, procurando o motivo de ele estar dizendo aquilo, mas não consegui pensar em nada. Nada que não fosse o quanto eu... gostava dele. E não queria que ele sofresse como parecia estar sofrendo. Nossa, ele era meu anjo da guarda, e estava comigo por não sei quantos anos. Não merecia aquilo. 

Por que meu coração estava tão disparado? E por que eu sentia que não queria parar de olhar para ele? Aquele era só Collin. Claro, eu tinha meus momentos de achar que gostava dele, mas isso era completamente normal. Sabe? Ele era lindo e tudo mais... E muito gentil. E sabia me fazer rir... E, afinal, ele me entendia. Mais do que ninguém. E estava apaixonado. Um anjo apaixonado. Que coisa...

...Terrível!

-Ah, meu Deus - sussurrei para mim mesma, e ofeguei de horror. - Collin... Você... 

-Não me diga - Logan sorriu triunfante. - Se apaixonou por ela. 

Collin desviou o olhar, mas pude ver seu rosto ficando vermelho. Para minha própria desgraça, senti o meu esquentando também. Agora eu já sabia que nenhum dos dois podia me ver, mas me aproximei de Collin mesmo assim. Fiquei entre ele e Logan e olhei em seus olhos. Tentei tocar seu rosto, mas minha mão atravessou sua pele, como se eu fosse um fantasma.

-Você vai cair... - senti lágrimas em meus olhos. - Vai se tornar um demônio... porquê se apaixonou... por mim? - perguntei com um sussurro. 

-Sim - Collin respondeu, e meu coração acelerou, mas lembrei que ele estava falando com Logan, e não comigo. - Eu a amo. Você tinha razão. Os anjos também são imperfeitos... - Collin assumiu um tom desesperado que nunca o ouvi usar antes, e isso me assustou. - Mas se eu cair e me tornar um demônio, não poderei ficar com ela. Logan... Lúcifer... Você sabe do que estou falando, não sabe?

Logan não estava mais sorrindo. Seus dentes estavam trincados, e ele encarava Collin com uma mistura de ódio e entendimento. Mas afinal, do que eles estavam falando? Lentamente, e contra sua vontade, Logan assentiu. 

-L... - Collin sussurrou. - Pelos velhos tempos. Na época em que éramos irmãos, e fazíamos tudo um pelo outro... Por favor, me diga o que devo fazer para quebrar a maldição.

Logan desviou o olhar do rosto machucado de Collin. Ele virou de costas e eu não pude ler sua expressão. Andou até parar na frente da grande mesa, e apoiou suas mãos sobre ela. Ouvi seu suspiro exasperado ecoar pela sala, e de repente um pensamento terrível passou pela minha cabeça. Logan estava lutando... contra ele mesmo. 

-Não posso - ele sussurrou derrotado. Os olhos de Collin se arregalaram. Acho que ele pensou que Logan estava quase cedendo à sua vontade.

-Não... pode? - ele exclamou. - Mas é claro que pode! Foi você que nos lançou a maldição, afinal! - ele foi até o lado oposto da mesa para olhar no rosto de Logan. - Ao menos uma vez na sua existência... Faça algo por mim. 

-Já fiz muito por você - Logan sussurrou ainda inabalável. 

-Não entende o que é amor? Eu não posso viver sem ela, L. Isso faz de mim mais humano do que anjo, mas não posso ser nenhum dos dois agora, pois a maldição ainda está aí. E tenho um prazo para voltar ao Céu, e se eu for, vão me expulsar de lá de qualquer forma. Entende o que estou sentindo?!

-Pare de falar - Logan pediu ainda com um sussurro.

-Não! Eu preciso disso, preciso dela! Estive com ela por milênios, apenas observando de longe, sem nunca perceber o quanto meus sentimentos haviam avançado. Só agora, em carne e osso, descobri o quanto ficar lá em cima, observando, era insuficiente. L., estou sofrendo.

-Não posso...! - Logan parecia triste por dizer aquilo.

-Por que não?! - Collin perguntou exasperado.

Logan gritou de frustração, e deu um soco na mesa que a partiu ao meio. Depois virou de costas para Collin, se voltando na minha direção, e olhou diretamente para mim, mesmo sem saber que eu estava lá. Meu coração, assim como a mesa, se partiu em dois. Os olhos dele eram do mesmo negro que eu me lembrava com tanto desespero e afeição, e agora, estavam lutando para não derramar lágrimas. 

-Porque eu também a amo - Logan sussurrou derrotado. Ele apertou os lábios, se voltou para Collin e recuperou a postura. - Quer mesmo saber o que quebra a maldição? Agora que sei sua situação, é mais inútil ainda lhe dizer o que é. Mas, já que insiste tanto, acabarei com parte do seu sofrimento.

Eu estava me sentindo mal. Pelos dois. E não sabia nem o que eu mesma sentia por cada um deles. Ah, isso não era nada bom. E tinha um pressentimento de que ia ficar pior. 

-Diga - Collin pediu calmamente. Logan olhou enfurecido para ele, e seus olhos ficaram vermelhos. Naquele momento, eu o odiei novamente, e fui para o lado de Collin como se ele pudesse me proteger. 

-O que quero para quebrar... - Logan riu, um riso baixo e sem humor algum. - Que irônico. É a alma dela. A alma de Sam quebra a maldição.


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Notas finais do capítulo

:x Fala sério. Mereço infinitos reviews, não é?
Estou esperando. UAHSUASHUAHSA até o próximo capítulo ;*



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