Entre Fogo e asas escrita por ACunha


Capítulo 10
Entre Fogo e Asas


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se. E enjoy ;)



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A volta de carro para Virgínia's Black Hole foi longa e silenciosa. Mas, uma vez que chegamos lá, Logan saiu do carro sem dizer uma palavra, apenas bateu a porta e lançou um sorriso que fez meu coração derreter. 

Fiquei me perguntando se meus pais estariam com muita raiva por eu ter roubado o carro de Ian, mas não podia me preocupar com aquilo agora. Deixei o carro no estacionamento sob a sombra de uma árvore e corri para meu dormitório. Tinha concordado em ajudar Meg como cabelo e a maquiagem, e estava trinta minutos atrasada.

-Garota! - ela me surpreendeu na porta do nosso quarto. - Onde você estava? 

-Desculpe - murmurei tirando o casaco e me jogando na cama, me sentindo agitada. - Estava almoçando... 

-Com quem? - ela sorriu adivinhando meus pensamentos. Suspirei e rolei para o outro lado para não ter que encará-la.

-Logan - sussurrei, esperando que ela não ouvisse, mas então ouvi seu ofegar de espanto.

-Você ficou louca?! - ela me fez virar de volta para olhá-la. Seus olhos cinza estavam arregalados e temerosos. - Por que você almoçaria com ele?!

Fiquei surpresa com sua reação. 

-Eu... só achei... - engoli em seco, sentindo suas mãos frias agarrarem meus pulsos e me prenderem sob seu olhar acusador. - Quer dizer, ele me pegou saindo de fininho, e eu achei que seria educado convidá-lo. 

Soei muito formal até para meus próprios ouvidos; uma coisa que eu fazia muito quando estava nervosa. Tentei desviar de seus olhos afiados, mas estava hipnotizada pela sua pele quase translúcida e ressecada.

-Samantha, escute bem, porque eu não sou de dar conselhos para garotas como você - ela cuspiu as palavras na minha cara, quase com raiva. - Logan é o tipo de... criatura... da qual você deve manter distância - ela se interrompeu, dando uma risada diabólica que não entendi. - Você nem imagina o tipo de coisas que ele pode fazer... 

-Foi ele que fez isso com você? - perguntei antes que pudesse me impedir, apontando para seu rosto frágil e suas mãos geladas. 

-Não! - ela fez uma careta de impaciência. - Já disse; hoje à noite vou ficar melhor, se assim minha mãe permitir... - ela franziu os lábios e olhou para o chão. - Se permanecermos com o acordo... - ela murmurou quase para si mesma.

-Sua mãe? - franzi a testa.

-Não importa. Olha, Logan é perigoso, ok? Já me meti com ele uma vez, e graças à isso eu estou presa aqui - ela me soltou (finalmente) e suspirou, parecendo cansada. 

-Aqui... no internato? - perguntei confusa. Ela me olhou por um momento antes de responder.

-É, digamos que sim - sussurrou amargamente. Pensei em perguntar o que ela quis dizer com aquilo, mas balancei a cabeça, dizendo a mim mesma que tinha mais com que me preocupar.

-Olha, não importa, ok? Não é como se eu fosse começar a sair com ele nem nada... - suspirei ao lembrar dos seus olhos me fitando, me desafiando a fitá-los de volta, e sua mão entrelaçada na minha...

-Ah, viu só? - Meg perguntou triunfante. - Você já está suspirando! E quando perceber, vai estar com a cara literalmente no chão, que é como Logan deixa todas as garotas com quem sai.

-Ele já saiu com você? - apertei os olhos.

-Não! Eca! - ela gritou, parecendo mais histérica do que jamais a havia visto. - Olha, tanto faz. Se quiser ignorar minha advertência, ótimo. Mas se tiver uma cabeça boa e uma noção do que é perigo, não dance, sob circunstância alguma, com Logan esta noite. 

-E por que não? - a desafiei. Meg bufou e olhou para a janela com os braços magrelos cruzados no peito. 

-Digamos que o Halloween não é exatamente um imã de bons acontecimentos - seus lábios secos abriram um sorriso assustador. - Felizmente, para mim, isso pode ser uma boa coisa.

Minha fantasia de diabinha não passava de um vestido curtinho e colado preto com o desenho de uma rosa vermelha pingando sangue. E o resto dos detalhes ficava por minha conta. Esse era um dos poucos dias do ano em que eu me orgulhava de ser branca como um fantasma; passei um batom vermelho escuro que se destacou profundamente no meu rosto. Coloquei um pouco de rímel nos cílios, apesar de minha mãe sempre me dizer que eles já são longos e dobrados sem rímel nenhum. Depois peguei um sapato preto fechado que parecia uma botinha e o calcei. O salto tinha uns doze centímetros. Felizmente, tinha crescido aprendendo a me equilibrar nesse tipo de salto. Quando se é baixinha como eu, se deve aprender esse tipo de coisa. 

Então eu coloquei uns brincos que ganhei da minha mãe e dei uma bagunçada charmosa no cabelo. Depois, para o toque final, abri minha gaveta e peguei uma tiara que tinha chifres vermelhos. Muito brega, eu sei. Mas completava a fantasia, então coloquei a tiara na cabeça e me olhei no espelho.

Hum. Podia estar pior. 

Enquanto pensava nisso, Meg apareceu atrás de mim como um fantasma e exibiu sua fantasia.

-Nossa - exclamei com os olhos arregalados. - Você realmente... parece... ah... - franzi a testa e desisti. - O que é você? 

-Não é óbvio? - ela apontou para seu corpo inteiro. O vestido vermelho sangue com a barra rasgada propositalmente, o cabelo em parte preso no alto para depois cair em uma castaca negra até o meio das costas, os lábios pintados de um vermelho mais escuro que os meus e os olhos cinza emoldurados por camadas e camadas de lápis de olho e rímel. 

-Você é... Uma vampira? - arrisquei. Meg bufou e virou de costas. No seu vestido haviam asas negras de morcego desenhadas com perfeição. Soltei um "Aaaah..." convincente e tentei novamente,

-Um morcego? - tentei esconder o riso.

-Cale a boca - ela retrucou. - Sou um demônio. Sou Lilith, para ser mais exata. 

-Quem é Lilith? - perguntei me virando para o espelho novamente. Bem na hora em que uma escova de cabelo foi arremessada na minha direção, mas eu desviei a tempo, e a escova bateu no espelho. Sorte não ter quebrado.

-Não acredito que você não sabe quem é Lilith! - ela exclamou furiosa.

-Desculpe - murmurei surpresa. - Eu só não... conheço ela... 

Meg revirou os olhos e considerou me explicar, mas então balançou a cabeça e saiu andando, murmurando sobre a ignorância humana. Levei um tempo para me recuperar do susto que ela me deu, mas voltei aos meus afazeres. Coloquei um batom, meu celular e minha carteira em uma bolsa preta minúscula. Enquanto tocava na maçaneta para sair, me lembrei com um sobressalto das chaves do carro de Ian. Não queria deixá-las em qualquer  lugar, então as enfiei na bolsa também. Virei para o espelho e dei uma boa olhada em mim mesma por uma última vez. 

É. Vamos lá. Respire fundo... e vamos logo acabar com isso. 

O salão de festas estava lotado. Nenhum aluno quis perder a oportunidade de ser outra pessoa e interagir com outras pessoas, com quem não falariam em uma noite normal; mas no meio de tantas fantasias e máscaras tudo era permitido. Ninguém precisava se esconder agora; ninguém sabia quem eram seus amigos e todos estavam perdidos. Mas, ao mesmo tempo, todos sabiam exatamente onde estavam. A música era a única coisa que todos ouviam ao mesmo tempo, e as conversas eram interrompidas constantemente pela batida de um novo som, uma nova melodia conhecida, que logo ganhava gritinhos de aprovação e mais participantes na dança no meio do salão. 

Entrei sem ter expectativas exageradas, mas sabia exatamente onde estava me metendo. É só o começo. A garota que caiu, a arma e a Sombra. Era tudo um aquecimento. O jogo começa aqui, esta noite. 

Respirei fundo e avancei. Encontrei as amigas de Meg; Nancy, vestida de uma bruxa muito cor de rosa para meu gosto. Vi Joshua parado perto de outros caras de óculos, empurrado as armações nervosamente para o topo do nariz, passando a mão pelos cabelos oleosos, tossindo aqui e ali sempre que uma garota fazia contato visual. Ele percebeu meu olhar e sorriu hesitante. Eu retribuí seu sorriso e acenei alegremente, fazendo com que ele quase tivesse um ataque de asma. 

-Mas como você está adorável... - a voz de Logan soou no meu ouvido, me fazendo tremer. - Nesta fantasia de diabinha. 

Virei, pensando em lhe dar uma resposta sarcástica, mas as palavras morreram na minha boca assim que o vi. Seu cabelo estava penteado para trás, mostrando o lindo rosto que tinha. Os olhos estavam, como sempre, negros e enigmáticos, mas naquela noite tinham um ar melancólico que só alguém como Logan tornaria charmoso. Ele estava com as mãos cruzadas nas costas, como um cavalheiro do século XIX, e usava um terno preto e antiquado, com uma camisa creme por baixo. Olhei para as suas costas e sorri.

-Você é o que, o Conde Drácula? - perguntei apontando para sua capa negra de veludo com o fundo vermelho. Ele entrou na brincadeira, enrolando seu braço na capa e cobrindo dramaticamente metade do rosto com ela.

-Sou o que quiser esta noite, madame - sussurrou olhando em meus olhos. Depois voltou ao normal, sorrindo, e continuou. - Mas por enquanto, sou Lúcifer. 

Meu coração parou.

-L-lúcifer? - gaguejei, incapaz de agir normalmente. 

-Sim. Por quê? - ele se aproximou perigosamente de mim. - Esse nome a perturba? 

Sim!, quis gritar. Mas não entendia nem mesmo porquê. O que um nome poderia significar? Ainda mais se tratando deste nome? Somente porque eu inventei uma história completamente diferente para o primeiro anjo caído, isso deveria me perturbar ainda meses depois? 

-Não - respondi para mim e para Logan. - Nem um pouco.

Ele não falou mais. Apenas sorriu e estendeu seu braço para mim. Aceitei sem ter certeza do que pretendia, mas assim que ele começou a me guiar para a pista de dança, me arrependi.

-Por favor, não me faça dançar - pedi quase desesperada.

-Não vamos dançar isso - ele se referiu à batida descontrolada de um Dance misturada com a guitarra desenfreada de um Rock. Mas assim que pronunciou as palavras, a música, e o ambiente em si, mudaram. Uma melodia calma e doce começou a tocar, e os casais aproveitaram a chance para ficarem agarradinhos, se balançando desajeitadamente de um lado para outro, felizes apenas por poderem se abraçar.

Suspirei. Logan me tomou nos braços fortes e me girou. Ficamos mais próximos do que nunca estivemos. Jurei ter visto pontos luminosos naqueles olhos negros, como estrelas no céu noturno. Eles brilhavam para mim. Desafiavam os meus a continuar encarando. Sua capa, que antes parecia ridícula e desnecessária, agora esvoaçava ao nosso redor, prendendo nós dois em nosso próprio mundo preto e vermelho. E então eu sabia todos os passos, não me sentia mais inútil na dança, a música me levava pelo salão sem hesitar, sem errar, sem pisar no pé de ninguém. 

E eu sabia que era tudo por causa de Logan. Eu flutuava perto dele, como se não houvesse gravidade. E ele me guiava perfeitamente, encaixava suas mãos nas minhas como se tivessem nascido para ficarem entrelaçadas, e fixava seus olhos nos meus como se nós fôssemos as únicas pessoas vivas. 

E se nós fôssemos mesmo? Não faria diferença nenhuma. Meu coração se agitava de uma maneira confortável quando eu estava perto dele, e isso era tudo que eu precisava. Seus olhos, suas mãos, seus lábios. E nada mais importava. Nada além disso. 

E quando eu estava quase fechando os olhos e deixando que Logan finalmente me beijasse, que era como eu desejava desde que havia o conhecido, fui dominada pelo pensamento mais estranho. Apenas uma lembrança antiga, uma coisa que Collin dissera parecia fazer séculos.

Ele está invocando as Sombras

Me afastei tão rápido que quase tropecei nos saltos. Mas me agarrei à coluna de pedra atrás de mim e encarei Logan com espanto.

-Foi você - sussurrei amedrontada. - Foi você que fez aquela menina cair, e foi você que disparou aquela arma!

Sua expressão escureceu ligeiramente.

-Não fui eu - ele disse com desgosto e então abriu o sorrisinho diabólico. - Foram as Sombras.

Devo ter pensado em lhe dar um tapa na hora, mas não tive esta chance. Mãos negras e frias começaram a descer pelas paredes do salão, e ouvi gritos horrendos ecoando por todo lugar, então eu não podia estar louca. Aquilo estava mesmo acontecendo. Seres negros e esvoaçantes se levantaram do chão, parecendo homens de dois metros de altura magros e usando capuzes, e começaram a fazer as coisas mais horríveis. Coisas sobrenaturais, como sugar a energia de todos até que parecessem sonâmbulos pálidos. E coisas terrivelmente normais, como torcer o pé de uma menina, sufocar outra em seu próprio vestido, enforcar um garoto com sua gravata, ligar um isqueiro de um dos viciados...

Epa. Essa não

-Não! - gritei para Logan. - Pare! 

As Sombras imediatamente pararam e se viraram para Logan. Ele me observou com interesse e então fez um gesto com as mãos. As Sombras desapareceram. 

-Sua capacidade de me persuadir é notável - ele sorriu. - Mas me diga, Samantha, por que eu deveria parar? Estou entediado neste internato faz meses, e neste mundo faz anos e anos. Então me dê um motivo para que eu não me divirta um pouco e destrua este lugar de uma vez? 

Abri a boca para falar, mas nada saiu além de um ofegar de horror. Quem era esta pessoa na minha frente? Não podia ser Logan! Ele era sarcástico, sim, e tinha um humor bem instável. Mas não era um... um...

-Demônio? - ele perguntou, lendo meus pensamentos, e então riu. - Não apenas qualquer demônio. Deixe-me apresentar meu verdadeiro eu - ele fez uma reverência e, quando voltou a me olhar, fiz de tudo para não gritar. - Sou Lúcifer! Não é irônico?!

Seus olhos estavam vermelhos como sangue. Enquanto ele fazia a reverência, asas longas e negras saíram das suas costas, e foram crescendo até adquirirem mais de três metros de comprimento, e talvez um e meio de largura. Mas as penas pareciam podres, e algumas caíam ao longo do chão. 

-Não... - sussurrei, agora completamente apavorada. - Não pode ser... 

-E por que não? Afinal, você mesma disse, querida - ele se aproximou de mim, e o instinto de correr quase foi mais forte que meu medo. - Lembra? Naquela aula em que você dedicou sua atenção especialmente à mim? 

-Não foi para você - eu disse automaticamente. - Foi para... Ah, meu Deus - cobri os olhos com as mãos. - Você não pode ser ele. Você não pode ser ele!

O teto caiu. Ou melhor, uma parte do teto quebrou e caiu. E desta abertura saíram Beatrice, Megan e Collin. Sombras foram invocadas, mas Beatrice tomou conta delas, dizendo algumas palavras em... Aquilo era latim? Bom, não importa. Meg tentou não olhar na direção de Logan (ou Lúcifer?), mas apontou na direção dele e murmurou alguma coisa. Uma explosão de algo muito poderoso lançou Logan para trás, e ele bateu na parede, causando um belo estrago no mármore. 

-Sua... - ele disse um palavrão. - Devia ter matado você quando tive chance!

Percebi que Meg estava melhor. Melhor não; estava ótima, como nunca havia estado. Seus cabelos longos e negros agoram brilhavam, fortes e macios, e seu rosto tinha até um pouco de cor, apesar da palidez natural. Seus lábios estavam naturalmente vermelhos e carnudos, e as unhas longas e afiadas. Agora ela olhava para Logan, pela primeira vez o desafiando a atacá-la.

-Você é fraco demais para me matar - disse com um sorriso triunfante. - Faria tudo que eu dissesse se eu colocasse esta mortal a beira da morte - ela apontou para mim, e meu coração gelou. - Não faria, L.? Você faria de tudo para manter a alma dela sã e salva! 

-Cale a boca! - Logan gritou furioso e seus olhos, já vermelhos, se inflamaram como chamas. 

-Eu o desafio a vir calar minha boca - Megan sussurrou como uma serpente. 

-Meg - Collin a repreendeu e ela imediatamente recuou. - Lembre-se do nosso acordo. 

Ela assentiu de má-vontade e se afastou. Collin veio na minha direção e parou bem na minha frente. Sem olhar para mim, sem explicar nada, ele apontou um dedo para Logan e disse alguma coisa em latim de novo. Logan se contorceu com as palavras e virou a cara. Collin continuou a falar, e dessa vez Logan encontrou forças para invocar as Sombras. Uma delas voltou a acender um isqueiro. Percebi com um sobressalto que os outros alunos haviam dado um jeito de escaparem dali. Todos deviam estar fora, chamando ajuda ou coisa parecida. Então porque eu não conseguia ir com eles? Por que me sentia obrigada a continuar ali? 

Aquele isqueiro... Isso não vai acabar bem. 

Começou apenas com uma cortina pegando fogo, mas então as chamas possuíram as Sombras e se espalharam com elas, como se fossem feitas de alguma substância inflamável. As Sombras levaram o fogo para todos os cantos do salão e do prédio, e em questão de segundos o lugar inteiro estava dominado pelas chamas. 

-Logan... - murmurei com vontade de gritar. - Por favor...

-Mortal tola - ele balançou a cabeça enquanto as palavras de Collin ainda faziam efeito. - Não vê que esse é o segredo? Era isso que você queria ver, então, eu dei o que você queria! Agora você sabe; sabe quem eu sou, e em breve saberá exatamente o que planejo - suas asas se abriram e o levaram para cima. - Mas por enquanto, deixo que seu anjo da guarda a salve. Novamente.

Então Logan desapareceu no teto. 

-Sam! - Collin gritou. - Temos que sair daqui!

Comecei a tossir pela fumaça. Agora estava ficando cega no meio daquele mundo laranja e amarelo, quente e fechado. 

-Como? - gritei de volta. - Onde você está? Onde estão Meg e Beatrice? 

-Já saíram! Venha - senti braços ao meu redor, me segurando com força e me suspendendo no ar. E percebi que estávamos subindo. Olhei para baixo e vi o fogo se espalhando por todos os lugares. Era uma cena de partir o coração, mesmo que eu odiasse tudo aquilo. Então pousamos na parte do teto que ainda estava intacta.

Espera. Como chegamos aqui mesmo?

-Collin... - comecei a perguntar, mas engasguei com as palavras. Logan estava bem na nossa frente, caminhando na nossa direção, com as asas ao seu redor, soltando aquelas penas negras por toda parte. Collin também ficou rígido e me pegou nos braços novamente. Dessa vez, vi exatamente como havíamos chegado no teto. Asas brancas e imaculadas começaram a se desenrolar das costas dele, e se alongaram até ficarem do mesmo tamanho das asas de Logan, talvez até maiores. Fiquei deslumbrada com elas. Batiam sincronizadas contra o vento e nos davam impulso para cima. Logo estávamos voando.

Sério, eu disse voando.

Collin tinha asas, Logan também, e eu estava voando. 

Que Halloween mais maluco!

Olhei para trás, para além dos músculos bronzeados de Collin, de volta para o prédio em chamas. Logan ainda estava lá, o que significava que não ia nos perseguir até a morte, e olhava fixamente para mim. Seu sorrisinho sarcástico estava de volta, assim como seus olhos negros e indecifráveis, mas as asas negras continuavam lá. 

E, mais uma vez, eu havia sonhado antes de acontecer.


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Notas finais do capítulo

Vou esperar os comentários. Nem sei o que escrever aqui. Beijos ;*