Olhos de Lua escrita por Fada Mironga


Capítulo 4
Capítulo Quarto


Notas iniciais do capítulo

Não, esses personagens não são meus, oks? Pertencem à J.K. Rowling, aquela mulher maravilhosa e abençoada. Pero la fic es mia. No gusto de imitaciones.
Eu e meu portunhol aqui!
As aulas começarão... E otras cositas mas!



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O dia começou cedo pra mim. Estava tão cansada na noite passada que nem percebi quando as meninas entraram fazendo a maior zoeira – elas me contaram depois. E ainda bem. Acordei descansada e disposta, ansiosa para o começo das aulas. Sei que isso é completamente anormal, mas eu ficava simplesmente fascinada pelo mundo bruxo. Experimente você ficar onze anos sem magia e de repente descobrir isso tudo! Aí me diz como se sentiria.

Fui ao Salão Principal antes que todas as outras meninas, o que me deu tempo para tomar o desjejum sem interrupções. Pouquíssimos alunos estavam se dirigindo pra lá como eu. Afinal, eram seis da manhã e todos tinham permanecido nas Salas Comunais pondo conversa fora até de madrugada. Bom, que aproveitem a ressaca pelo resto do dia: eu avisei.

Era tão cedo que, ao terminar, tive tempo de ir até a sala da professora Minerva para pegar meus horários e o vira-tempo – só assim dava pra acompanhar todas as aulas que queria – e passear um pouco pelos jardins do castelo. Fazia uma manhã um tanto fria, mas gostosa.

Só fui encontrar meus amigos na primeira aula, História da Magia com o professor Binns, um fantasma chato, mas incrivelmente sábio. Todos dormiam em sua aula, menos eu e os Marotos – eles ficavam aprontando o tempo inteiro, pra variar só um pouquinho. Não trocamos sequer um olhar.

Sim, eu estava sendo muito rancorosa, mas eles mereciam. Não foi nada de mais, mas pelo menos assim aprendiam que não é qualquer brincadeira e zoação que acolherei de braços abertos. Pelo contrário, tem coisa que não suporto mesmo. Por exemplo, quando o Potter começava a se mostrar na vassoura ou a bagunçar ridiculamente o cabelo. Ou então quando o Black olhava ao redor com uma cara de tédio inaceitavelmente arrogante, como se todos fossem sem graça demais para ele.

Eca.

Excetuando os roncos altos de algum aluno no fundo da sala que não identifiquei, a aula foi boa. Estávamos começando a falar sobre os gigantes, o qual era um assunto no mínimo peculiar. Ainda veria, além de Hagrid – um garoto meio gigante que morava em uma cabana perto da Floresta Proibida e um doce de pessoa, algum gigante de verdade. Assim bem na minha frente. Quem sabe, poderia conversar com ele. Isso se não fosse morta antes de murmurar um “oi” sequer.

Saí rapidamente, sem dar chance de ninguém falar comigo. No pique do retorno às aulas, não precisava de mais chateação ou de ter que pedir desculpas pras pessoas – o que eu teria e faria no fim do dia. Só não agora.

E assim foi o resto do meu dia.

Corrido.

E foi feliz que me arrumei antes das meninas e desci sozinha assobiando rumo ao Salão Principal, onde seria servido o jantar espetacular e poderíamos ouvir mais algumas palavras de nosso corpo docente. Admito que algumas coisas nem mesma eu agüentava, por exemplo quando algum professor se danava a falar como uma matraca e só comíamos depois de meia hora de dor de ouvido. Mas aprendi com meu avô materno que se deve ouvir os mais velhos. Não necessariamente acatar a tudo ou concordar com tudo, mas por causa da experiência de vida é sempre bom ouvir o que os adultos têm a dizer. E eu ouvia. Atentamente cada palavra.

Também admito que o professor de que mais gostava, mais admirava, era o professor Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, ou simplesmente Dumbledore – Alvo só para os amigos íntimos. Complicado e comprido o nome, não? Sei bem. Mas ele era absolutamente fantástico. Creio que o homem mais inteligente que já conheci em toda a vida. Tive a sorte de tê-lo como aliado, mas essa é uma história para outra ocasião. Agora, estamos no meio do jantar e meus amigos tentam puxar conversa comigo... De qualquer maneira.

Dessa vez perceberam que estava muito chateada – o que não deixa de ser verdade – e até mesmo os Marotos não se sentaram ao meu lado. Portanto, jantei meio que só. Como tentaram falar comigo? Por meio dos que estavam ao seu redor. Como de costume, uma rodinha se formava por onde sentávamos nas refeições. A conversa sempre tomava a atenção de todos, mas nesse dia não tomou a minha. Ainda falavam sobre as férias e os novos alunos, assunto pra lá de batido.

- Lílian Evans, pelo amor de Deus. Será que tu poderias, ao menos, me olhar? – Elisabeth me chamou impaciente. Saiba que quando ela começa a falar ditados trouxas é porque a paciência já acabou. – Ou é pedir demais que me olhes enquanto falo contigo?

Levantei os olhos atordoada, porque nem a ouvira me chamar. Absorta, pensando em tudo e ao mesmo tempo em nada – isso já aconteceu com vocês? – mal sabia o assunto da conversa.

- Hum... – tentei formular alguma coisa coerente, mas com todo mundo me olhando daquele jeito... Louca. Podia quase ouvir suas cabeças. Esquisita. – Desculpe-me. Não te ouvi.

- Ouves agora, né? Pois é, te perguntei até quando vai dar essa gelada em seus queridos amigos.

- Ah! Isso. Não te preocupa, Elisabeth. Todo o mundo sabe que viro manteiga com vocês. Não sou rancorosa...

- Sei disso, Lílian. Mas chega. Tu passaste o dia...

- Esquece isso, Beth. Tá bom? Só... esquece. – agora eu que havia perdido a paciência. – Com licença. Boa noite.

- Lily, por favor! – Marlene me chamou, mas não dei ouvidos.

Tudo isso por uma brincadeirinha.

Nunca paraste pra pensar nas reações bobas que já tiveste em um passado próximo? Em como tu poderias ter resolvido determinada questão de maneira bem mais prática e simples? Em como foste imaturo ao lidar com alguém em um momento de estresse e pressão? Pois arrependo-me amargamente de várias coisas que fiz anteriormente. Enquanto passeava pelos corredores do castelo, indo não sei como parar na escada de acesso à Torre de Astronomia, ia pensando exatamente nisso.

Se iria mais tarde me achar uma boba por ter feito toda essa cena. Será que estava de TPM? Meu ciclo normalmente era regular, como tudo na minha vida, mas meu humor pré-hemorragia vaginal variava muito. Algumas vezes eu ficava depressiva e chorosa, em outras muito serelepe e elétrica e também havia as vezes em que me batia um estresse grande. Contudo, não era nada disso. Porque não estava nem perto dos meus dias normais de sangramento. Então o que é que estava me tirando do sério assim tão fácil?

A lua cheia parecia coordenar os outros pontos de brilho celestiais, conduzindo a mais linda orquestra de luzes do universo inteiro. O negro céu ficava mais fascinante ainda daquele jeito e me fazia absorver tanto aquele clima de serenidade e clareza, que esquecia os problemas, as angústias, a dor. Tudo o que era de ruim ficava para o coberto e as sensações boas tomavam cota de minha mente. Mordi os lábios ao sentir o ar frio suspirando palavras doces em meu rosto.

Uma lágrima solitária viajou por minha bochecha direita. Não era triste. Aquela foi uma lágrima de satisfação. Estar unida ao meio ambiente dessa forma era tão extasiante. Parecia que eu era parte daquele mundo todo e não só um ser que evoluiu demais e passou a extinguir os recursos de uma terra tão bonita.

Silêncio, por favor, enquanto esqueço um pouco a dor do peito

Não diga nada sobre meus defeitos

Eu não me lembro mais quem me deixou assim

Hoje eu quero apenas

Uma pausa de mil compassos

Para ver as meninas

E nada mais nos braços

Só esse amor assim descontraído

Nunca diga nunca. Mas dessa vez irei: nunca me arrependerei de ter feito o curso de português logo quando pequenina. Meus pais sempre foram apaixonados pela música brasileira e com razão. Essa música, por exemplo, um samba de Paulinho da Viola. Tão lindo, tão lindo. Muitas vezes, perdia-me nessas letras, tentando sentir o que elas passavam, o que contavam pra mim. Tantos casos de amor, tantas paixões ardentes seguidas de traições inoportunas, tanta dor... E era só mudar de música para me inundar pela alegria circense, pela maravilha que é a vida.

Os versos, saídos de minha boca, mesmo em tom baixo inundavam o lugar, parecendo completar o que não podia ser melhorado. Será que fui clara? Sabe quando você está tão bem que parece que nada pode melhorar, que já está tudo do jeitinho que tem que ser? Pois é assim que achava estar no silêncio. Mas aquela música encheu de vida e luz o recanto. Mais do que já estava... o que eu pensava ser impossível.

Olha, algum dia eu ainda visito o Brasil.

Quem sabe de tudo, não fale

Quem não sabe nada, se cale

Se for preciso eu repito

Porque hoje eu vou fazer

Ao meu jeito eu vou fazer

Um samba sobre o infinito

O farfalhar das asas de um pássaro me assustou. Por um instante, fiquei estática, totalmente quita, com medo de um ataque. Apesar da varinha, não queria fazer nada. Mas aí a ave repetiu a melodia que estava cantando antes. Muito mais bonito em sua voz do que na minha.

Aproximei-me devagar do som e encontrei uma linda fênix vermelha entoando a canção. Ela olhava curiosa pra mim e, quando parou de cantar senti que queria que eu continuasse. E foi desse jeito que criei amizade com aquele pássaro fantástico. E toda terça-feira cantávamos músicas altas horas na Torre. De quem ela era seria um mistério até um dia de primavera, numa quinta-feira.

Meus amigos ficaram me esperando na Sala Comunal por um tempão, percebi. Chegando lá, já estavam todos dormindo. Dei pela falta de Sirius, Potter e Rabicho – que não era tão próximo meu, de qualquer forma. Andei na ponta dos pés até a escada do dormitório feminino. Lá em cima, voltei-me para eles, conjurei um passarinho para cada e disse bem baixinho:

- Oppugno.

Os passarinhos roxos começaram a bicá-los suavemente. Claro que todos acordaram sobressaltados e com os braços vermelhos, mas meus bichinhos já tinham dissipado no ar e eu já estava debaixo das cobertas, fingindo um sono profundo. Não ouvi nada, mas pelo barulho nada sutil que as garotas fizeram ao entrar no quarto, o despertar não foi encantador.

- Lílian, sua... – Marlene reclamou perto de minha cama – Adianta fingir não, moleca! Conheço suas palhaçadas há muito tempo pra cair nessa cara de Bela Adormecida aí. Sei bem que foi você. Não vai mesmo abrir os olhos?

- Gente saliente é assim mesmo, Lene – Alice disse com uma voz divertida. Essa, pelo menos, não ficaria brava comigo. – Deixe a menina dormir, vai.

A morena ainda reclamou um pouco, dizendo que Alice não podia deixar essa palhaçada continuar, que eu fazia o que bem me dava na cabeça e sempre era perdoada e blá. Mas ninguém deu ouvidos – algumas meninas chegando até a rir um pouco. Sinceramente peguei no sono, acordando cedo e – como usual – antes de todas as outras.

Depois de pronta, tentei acordar todas as meninas sutilmente, o que não adiantou de nada. A não ser por Alice, elas continuaram roncando alto.

- A Marlene reclama de mim sempre, mas não dá pra acordar essa mulher de maneiras não inusitadas. – falei para Alice pela porta do banheiro.

Ela riu e respondeu com sua voz um pouco abafada pela madeira:

- Então faça de uma forma inusitada, oras! Já está mais do que na hora. Mas eu te recomendo sair rapidinho daqui. Adoro ver essas duas chateadas! A gente se vê no café, certo?

- Sim. Até mais, senhorita Scott.

Conjurei uma buzina e ela começou a tocar incessantemente. Já na escada, consegui escutar os gritos e o barulho insuportável causado por meu brinquedinho. Por essas e outras é bom prestar atenção em Feitiços.


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Notas finais do capítulo

Gente, mil perdões de joelhos no milho por ter demorado tanto para postar esse capítulo. Mas eu realmente, sem palhaçada nenhuma, estive muito ocupada e sem tempo livre. Até mesmo no carnaval, não deu!
Por falar nisso, espero que todos tenham aproveitado o feriadão que passou. Pulando, estudando, relaxando, aprontando, fazendo bosta nenhuma, que tenha curtido o carnaval à sua maneira!
Pois é, não sei de onde me veio essa idéia doida de colocar a Lílian cantando... Estava escrevendo e aí saiu. Espero sinceramente que vocês gostem. Que fênix é essa, hein?
Dessa vez, criei vergonha na cara e aumentei o capítulo. Ah, gente, qualquer sugestão será bem-vinda, viu? Não prometo acatar tudo, mas pensar com carinho em cada ideia.
Bye!