Olhos de Lua escrita por Fada Mironga


Capítulo 2
Capítulo Segundo


Notas iniciais do capítulo

Não, nenhuma dessas personagens me pertence, excetuando a Elisabeth T.T Se fosse, nenhum deles teria... Opa, opa, alerta de spoiler! Não vou falar nada, relaxe você que não leu todos os livros. Enjoy it!



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O vagão dos monitores era mais bonito do que pensei. Todo em vermelho, estava recheado de ‘pufs’, sofás e cadeiras com estofado de couro branco. Uma mesa de linóleo localizada bem no centro da sala estava rodeada por alunos de várias idades e parecia que esperavam apenas por ela. Remo já estava lá, conversando com Adam Fontini da Lufa-Lufa, e sorriu pra mim.

- Ótimo. Agora que a Evans chegou, podemos ir ao assunto. – começou Emily Hudson. Ela era a capitã do time de quadribol da Corvinal e a melhor atacante do último ano. Monitora-chefe até esse ano, seu último na escola. Temida por todos, porque Deus-sabe-lá-como, sempre descobria os culpados das azarações. – Vocês todos são novos monitores. Os antigos já estão fazendo a ronda de sempre. Talvez tenham estranhado a demora para chamá-los, mas era justamente o tempo em que os outros monitores faziam seu trabalho. Explicarei tudo então...

Na reunião, foi explicado – como prometido – tudo o que teríamos que fazer, nossa própria conduta, as punições dadas, prestações de contas, o uso do banheiro dos monitores, nossos horários, as insígnias, essas coisas. Logo depois fui fazer a vistoria e, felizmente, seria bastante curta. Quando desse o horário, voltaria pra o vagão e trocaria com um garoto chamado William McGregor, da Corvinal.

O tempo passa rápido quando se está fazendo o que gosta. Apesar de ninguém ter feito muita balbúrdia, pelo menos não perto de mim, gostei da experiência. Pude conversar com várias pessoas e conhecer mais um bocado. Revi Frank Longbottom e Alice Scott, velhos amigos que agora estavam namorando.

Por ter me dado bem com todos, menos com a chata da Amber Sanders e suas seguidoras, o meu horário passou voando. Quando dei por mim, já estava dez minutos atrasada para trocar com McGregor. Corri para lá e a sala estava numa penumbra só. Abri vagarosamente, empunhando a varinha.

- Lumus.

Percebi um contorno no sofá próximo à janela. Cuidadosamente espiei. Era só o McGregor... que estava simplesmente cochilando.

- William? – chamei suavemente. – William? William! – toquei seu ombro e ele virou pro outro lado, abanando o ar.

Respirei fundo e cheguei perto de sua orelha.

- WILLIAM, ACORDA AGORA!

Ele pulou de uma vez, desajeitado e derrubando tudo o que estava por perto.

- O quê? Quem morreu? Quando? Como?

- Ninguém morreu. A não ser você, que estava com esse aspecto, dormindo aí. – Escancarei a janela e ele deu um grito. – A propósito, já deu a sua hora.

- Ah, sim. Obrigado – ele deu um bocejo longo e saiu lentamente esbarrando em cadeiras pelo caminho.

Algo me diz que isso não vai dar certo.

Abri o resto das cortinas e encontrei mais alguns dormindo profundamente.

- Nox!

Estava escuro do lado de fora da janela. O horário era apropriado para um cochilozinho. E decidi fazer o mesmo. Suspirei olhando pro resto dos alunos e saí.

- E esses são os novos monitores de Hogwarts!

Minha cabine estava completamente vazia. Sequer haviam deixado a luz acesa. Peguei em minha bolsa um travesseiro – um feitiço que aprendi fazia tudo caber dentro e mais um pouco – e encostei-me próxima à janela. A paisagem à noite era incrivelmente linda, com uma lua quase cheia iluminando tudo. As estrelas pareciam sorrir pra mim e retribui sem resistência.

Ouvi o barulho da porta abrindo, mas não me dei ao trabalho de ver quem era. Nem precisei. Uma voz extremamente conhecida sussurrou em meu ouvido:

- Admirando as estrelas, Lílian?

- Touché, Potter. – virei minha cabeça e o fitei. Seus olhos refletiam o brilho da lua, também presos na imensidão do céu noturno. – Por onde andava?

- Procurando...

Sua resposta parecia muito incompleta pro meu gosto. Procurando...? O Maroto desceu seus olhos e me fitou intensamente, do mesmo jeito que antes. A dor presente em seu olhar suavizou-se com um sorriso pequeno. Levantou sua mão e tocou com a ponta do polegar em meu cenho, sequer havia percebido que estava franzido.

- Por que essa expressão? – perguntou-me com a voz rouca.

- Hum, não entendi direito. – acabei soltando, sua expressão me pegara de surpresa. – O que você estava procurando?

“Você”.

Admito que adoraria ter ouvido isso. Ah, qual é? Não me julgue! Quem não se sente lisonjeado quando descobre que alguém está apaixonado por ele ou ela? Querendo ou não a outra pessoa, o ego se infla na hora. Mas não foi isso o que ouvi. Pelo contrário, espantei-me ao vê-lo falar algo tão profundo.

- Uma razão. – lancei um olhar especulativo a ele, e seu sorriso se alargou um pouco. – Queria encontrar uma razão pra minha vida.

- E encontrou?

- Creio que sim. – Então olhou para o céu mais uma vez. – Mas não vou te dizer, senhorita!

- Ah, não, não! – corei – Eu não quero ser intrometida! Não precisa me contar o que não quiser!

- Pelo menos não agora... Quem sabe um dia eu te diga. – e me olhou malicioso.

- Olha lá, hein, James Potter!

Fiz com que risse um pouco, mas só um pouco. Depois voltou sua atenção para o maravilhoso céu noturno e o segui. Fazia mesmo uma linda noite. Cansada, fechei meus olhos e suspirei sem querer.

Sua mão passeou por meus cabelos subitamente. Abri meus olhos de imediato e o encarei. Vi a insegurança em seus olhos e pensei “Quem é você e o que fez com James Potter?”. Nem estava bagunçando o cabelo! Mas nada perguntei. O silêncio não era incômodo, não agora.

- Lily, eu...

Porém, ele foi interrompido antes que pudesse dizer qualquer coisa. Viramo-nos para contemplar nossos companheiros. Elisabeth acendeu a luz automaticamente e então arregalou os olhos. Não entendi o porquê de imediato.

- Ah... É... Desculpa aí, gente. – ela me olhava suplicante – A Hudson está mandando todo mundo pra suas respectivas cabines e... Hum... Tivemos que voltar.

Sirius sorria travesso, questionando Potter com os olhos. Remo estava pálido como a lua no céu, mas não parecia ser por minha culpa. Talvez fosse a proximidade com a loirinha. Marlene não estava presente.

- Cadê a Lene? – perguntei, quebrando o silêncio.

- Disse que não fica onde não é querida – Sirius respondeu revirando os olhos. Sentou-se em frente a mim. Potter recostou sua cabeça no encosto do banco, afastando-se de mim. – Aquela fresca... Ainda vai engolir tudo o que já me disse.

Ri com aquela idéia. Mal sabiam os dois que já estavam apaixonados um pelo outro desde o ano passado! Ironia pensar no Sirius fazendo um mal qualquer a ela.

- Tão cegos... – murmurei, anda rindo suavemente.

- Quem? – ele indagou com certa impaciência. – Eu sou o cego da história, Lílian Evans? Tem certeza? Acho que estão faltando espelhos na sua casa.

- O que você quer dizer com isso, Sirius Black?

Antes de me responder, deu um olhar significativo para o amigo ao meu lado, frustrando-se explicitamente. Potter olhava o céu mais uma vez, perdido em pensamentos só seus.

- Esquece... Besteira minha.

Mas era óbvio que não. O cachorro me escondia alguma coisa. O que será que eu não via? O que não percebia? E, pelo visto, era algo em mim mesma. Afinal, ele dissera que precisava me olhar no espelho. Ou era só pelo fato de ser a cega da história toda? AH! Quantas perguntas e dúvidas pra uma pessoa só!

- É melhor todo mundo se vestir – Hudson apareceu na porta, assustando Remo. – Já estamos chegando. O que foi? – ela perguntou para um Lupin ainda pálido. – Está vendo alguma assombração?

- Obrigada pelo aviso, Emily, já vamos nos arrumar.

- Humpf. Pelo menos você está aqui. Pode dar um jeito em algumas peças pra mim. – piscou cúmplice e se foi.

Dois segundos depois, uma onda de risos encheu o local.

- Que raios, Aluado?

- Ah, Sirius, devia ser uma assombração! – brinquei. – Mas agora é sério. Vou conversar um pouco com a Hudson e já volto. Aproveitem e se vistam. Beth, como você já está pronta, se importa de vir comigo? Preciso falar com você também.

- Claro que sim, Lily. Até mais, meninos.

Murmurei um “Tchau” e a puxei. Dez passos depois, parei e a fiz ficar de frente pra mim.

- Por que vocês estão jogando essas indiretas pra mim direto? O que não estou vendo? Por que teve aquela reação quando entrou na cabine? Por que vocês me evitaram...

- Opa, opa, podes parar por aí, Lília Evans. Que indireta eu joguei pra ti? E antes que você possa me interromper, admito que me surpreendi com essa tua de agora. Ponha essa massa encefálica pra funcionar, garota! Tu sabes as respostas de todas essas perguntas. O que não é tão difícil dada às circunstâncias e que está tudo interligado. Tenho certeza de que as acharás rapidinho.

Dito isso, descansou a mão em meu rosto e saiu, deixando-me ali, sozinha com minhas questões. Por que tudo tem que ser tão complicado?

Decidi demorar mais um pouco por ali. A paisagem passava pela janela como um borrão e encostei-me no parapeito. Hudson tinha razão: estávamos perto da estação. Pelo menos deixara minhas coisas todas organizadas antes de sair; só precisaria recolher minha bolsa e descer. Ah, sim, o travesseiro estava do lado de fora, mas isso era o de menos.

O vento batia em meu rosto, espalhando meu espesso cabelo ruivo. Diferentemente do que se pode pensar, não me preocupei muito com isso. Normalmente, uma garota pensaria na bagunça que seu cabelo se transformaria ou em como ficaria volumoso e embaraçado ou até mesmo na dificuldade em pentear mais tarde. Contudo meu deleite era muito maior do que outras futilidades, como o meu cabelo. Ele já era uma massa ruiva e lisa mesmo, não seria tão complicado ajeitá-lo mais tarde.

E não há nada igual à sensação do vento percorrendo seu rosto à alta velocidade. Quando isso acontecia comigo, sentia-me como se o ar levasse tudo embora e me deixasse sem problemas por alguns segundos. Como se ele pudesse varrer tudo e deixar somente o que havia de bom.

Uma mão pousou levemente em meu ombro. Era Remo. Já havia recuperado sua cor normal e sorria amigavelmente.

- Desculpe a interrupção. Sei como gosta quando está assim em contato com a natureza. Mas a estação está realmente perto e precisamos todos entrar nas cabines. Somos bruxos, mas somos mortais!

- Verdade, eu bem mortal! Obrigada por me chamar e não se preocupe. Já estava aqui por tempo demais. E sabe como é: tudo o que é demais...

-... Faz mal. – Completou um de meus ditados favoritos. – Sim, sei bem disso. Ah, Lílian Evans, você e seus ditados populares! – Ri da graça e seu sorriso ampliou-se. – Sua gargalhada é contagiante, mas...

- Ah, que gargalhada contagiante! – uma voz esganiçada de gralha fez-se ouvir. – Por que não vai pra um concurso de piadas, Lílian? Palhaça você já é!

Sanders ria com suas – pestes – capangas seguidoras.

- Ridícula – murmurei e a deixei falando sozinha, indo para o vagão com Lupin.

- Conheço algumas pessoas que não teriam uma reação tão sensata assim. Você mesma não se agüenta algumas vezes.

- Essa menina que é muito irritante! Ela consegue ganhar do Potter!

- Bom, quando chegamos à cabine mais cedo, você bem que não estava achando isso...

- Remo! – dei uma palmadinha leve em seu ombro e o safado gargalhou.

- Desculpe-me, não pude me conter. Além do mais, ele ficou se vangloriando depois disso com o Sirius. – Revirei os olhos. – Não é nenhuma novidade, mas o que achei estranho foi...

- Depois você me conta, tá bom? Olha só quem está ali.

Marlene andava timidamente em nossa direção.

- Ah, resolveu dar a honra de sua presença? – exclamei sarcasticamente.

- Olha, Lily, não fale assim comigo! Vocês que começaram.

- Marlene – meu amigo disse, sua voz transbordando paciência. – Infelizmente, existem certas coisas que você não pode saber, assim como eu, assim como a Lily, assim como todas as pessoas. São mistérios que vão além de nossa compreensão ou que simplesmente não cabem ao nosso conhecimento. Não fique chateada por isso, é melhor que não saiba mesmo o que estávamos conversando mais cedo. O Rabicho já se acostumou a isso, tanto porque ele mesmo tem seus próprios segredos. Aposto como não sei tudo sobre sua vida e, muito obrigado, não quero nem saber. Sinceramente, seu comportamento foi desnecessário. Só serviu pra lhe deixar isolada durante toda a viagem.

Acertou em cheio.

- Eu ainda vou deixar de me surpreender com esses seus discursos inspiradores. – disse maravilhada, enquanto minha amiga escancarava a boca em descrença.

Ele fez uma reverência pra mim, brincando. Estendi minha mão, a qual Remo pegou e deu um beijo demorado cortesmente. Continuei na palhaçada, piscando os olhos rapidamente, destacando os cílios. E então caímos na risada.

Marlene continuava estática.

- Vamos logo, sua chata – peguei sua mão e a levei para a cabine.

- Eu...

- Sim, você!

Estavam todos na cabine, já com suas coisas nas mãos, prontos e ansiosos para chegar ao castelo. James Potter não demonstrou mais interesse nenhum em mim, absorto em uma conversa sobre quadribol com Sirius. Será que os garotos só pensam nisso? Às vezes, dá uma vontade de entrar na cabeça deles pra descobrir o que acontece... Mas aí você ouve alguma besteira – típico – e deixa pra lá.

Depois de um tempo, todas as mulheres aprendem que não dá pra verdadeiramente entendê-los. Só aprender a conviver com eles. Infelizmente. 


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Notas finais do capítulo

E aí, galerosa? Mais um capítulo um tanto gradinho, não? Eu simplesmente não consigo parar! É só começar e dar asas à imaginação e os caracteres só aumentam! Espero que vocês tenham gostado, mas pra saber mesmo, só com reviews. Então, please, comentem.
Ja ne.
Ah, vou desde já agradecer às pessoas que se dispuseram a ler a minha humilde fanfic. Obrigada mesmo, gente!
Ah², minhas aulas voltarão amanhã, como a maioria dos estudantes. Muito provavelmente só voltarei a atualizar a fic no próximo fim de semana. Mas, entretanto, contudo, todavia... Se tiver um tempinho livre, prometo postar o mais rápido possível!