(Sábado)

— Acorda! É sábado! — Edward cantarolou animado. — Acorda, acorda, acorda!

— Hum... Eu te odeio tanto... — Bella resmungou sem abrir os olhos. — Cala a boca.

— Não Bella, acorda e vamos levantar para curtir o nosso sábado. Sabia que já passou do meio dia? Está tarde. — Edward informou.

Ele ainda estava deitado e olhando para o teto, enquanto Bella estava de costas para ele com o rosto amassado contra o travesseiro. Ambos ainda cobertos com o edredom. Edward se sentia bem melhor, o que era de se esperar, sabia que seu corpo era fresco e dava esses repentinos dias doentes sempre e isso piorava durante viagens, era curioso e inútil.

Edward começou a se mexer na cama propositalmente, mexia os braços, o tronco, as pernas e bateu em Bella diversas vezes.

— Eu não consigo ficar confortável, isso é ridículo. Preciso levantar, vamos Bella.

— Edward, fica quieto. — ela mandou.

— Por quê? Bella, vamos passar um lindo dia juntos e está um tempo meio bom, o que é milagre em Forks. E eu estou me sentindo bem melhor, vou te compensar, vamos vai, acorda e...

— Cala a boca! Ou eu vou rasgar a sua garganta e arrancar as suas cordas vocais, e ai vou te fazer engolir pela bunda. Cala a boca, idiota! — Bella ameaçou, mas sem abrir os olhos ou virar-se.

Edward se desculpou e ficou de costas para ela, mas não pretendia desistir tão fácil:

— I believe I can fly… I believe I can touch the sky… — cantou e depois cantou sussurrando: — I think about it every night and day… — então fez uma extremamente aguda e cantou quase gritando: — Spread my wings and fly away!

Bella se irritou completamente e virou-se abruptamente, ergueu o joelho atrás dele para dar impulso e o empurrou com força, Edward caiu direto no chão. Ela foi para o lado da cama onde ele estava antes e o fuzilou com os olhos, que a encarava confuso e rindo.

— Uau, quer saber? Esse chão não é nenhum pouco confortável, mas aposto que se você estivesse aqui seria melhor, quer vim pra cá? — piscou maliciosamente.

Ela bufou e pegou o travesseiro da cama, ficou em pé e bateu nele várias e várias vezes com força usando-o como arma. Edward se defendia com os braços, gemendo e rindo da situação. Bella jogou na cara dele e andou até a porta.

— Vou tomar banho e me arrumar no quarto da Nessie, pra você deixar de ser idiota. Tchau. — saiu do quarto e bateu a porta com violência.

Edward ficou rindo. E o pior, não estava com raiva ou se sentindo frustrado. Teria sido legal tomar banho com ela, mas tinha sido muito bom irritá-la um pouco logo de manhã, e passaria o resto do dia com ela. Ficou em pé e foi para o banheiro, ia tomar banho e encontrar com ela na cozinha para tomarem café.

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Eles se encontraram na cozinha vários minutos depois. Edward já estava sentado em um banco alto da ilha da cozinha, de jeans e camisa de flanela xadrez, e viu Bella se aproximar com uma roupa da Nessie, um short marronzinho curto, uma camiseta cinza com um desenho chamativo na frente, all star e um cardigan preto aberto que cobria até o seu bumbum.

— Bom dia, nativa! — Edward cumprimentou sorridente e em troca recebeu o olhar mal humorado dela. — Você fica tão linda mal humorada.

— Linda até eu pegar uma faca e furar seus olhos né? — perguntou irônica, fazendo-o gargalhar.

Rindo, Edward ficou em pé e andou até ela, que virou o rosto, agarrou-a pela cintura e beijou seu pescoço.

— Muito linda toda irritadinha, seu bico ficar fofinho. — mordiscou a orelha dela. — Vamos Bella, fale comigo ou não te deixarei sair daqui. — continuou beijando o pescoço dela, que já estava arrepiada e se controlando para não sorrir.

— Seu bobão, idiota. — ela finalmente sorriu. E entrelaçou os dedos aos cabelos dele, se olhando.

— Você fica sexy irritadinha e me chamando de idiota. — riu. Bella puxou seu cabelo brincando e ele a beijou.

Ficaram se beijando mais um pouco até decidirem tomar realmente tomar, quase na hora do almoço. Estranharam a casa estar totalmente vazia, mas nem procuraram saber dos outros, apenas se serviram com o que Bella preparou – suco de laranja e torradas com geléia. E ali ficaram por um bom tempo comendo e conversando sobre o que fariam o dia todo.

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Essa era uma das qualidades de Forks, Edward sabia, mesmo sendo meio da tarde não se tinha um sol escaldante que deixa as pessoas suadas e grudentas, uma coisa que ele detestava. Era sensacional. Depois do café e ficarem um tempo dentro de casa conversando, eles decidiram descer para a praia, e o fizeram.

Enquanto caminhavam para a praia viram alguns meninos da reserva a acenaram, Bella cismava em ir mais afastada dele, mas ele a puxou para perto e foi com o braço sobre seu ombro impedindo que fugisse. Forasteiro irritante. Foram para o meio da areia, Bella sentou-se sem cuidado algum e riu, Edward sentou ao seu lado. O tempo estava em um tom nublado mais claro, um vento fresco e mar pouco agitado. Bella foi tirando o all star.

— Tira os sapatos, idiota! — mandou.

— Por quê?

— Porque se você entrar na água com eles vai molhá-los, não é óbvio? — ela riu.

— Eu não pretendo entrar na água e acho que você não deveria também, você não tem outra roupa e vai acabar ficando resfriada.

Ela sorriu gostando do tom de voz dele, preocupação e zelo, era bom ser cuidada, mas nunca daria o braço a torcer, então apenas riu.

— Vamos apenas molhar os pés. Vai logo, tira os sapatos e dobra a calça!

Não teve como negar, com aquele sorriso e olhos verdes brilhantes e penetrantes que tinha, ela podia lhe pedir qualquer coisa que ele faria o inferno para fazer. Deixou os sapatos com os dela, dobrou a calça jeans com dificuldade deixando no meio de suas canelas, eles deixaram os celulares, a carteira dele e o cardigan dela junto com os sapatos (já que não corria risco de roubarem) e foram juntos para perto da água. Sentia a areia úmida entre os dedos, depois a água fria bater em seus pés, caminharam um pouco mais até deixá-la a altura de seus tornozelos, ficaram parados ali.

— Eu realmente gosto do mar, sabia? — Bella perguntou sorrindo e respirou fundo. Aquela brisa do mar, a água, a sensação de liberdade, era tão bom. — Sempre parece que o mar leva tudo de ruim de uma pessoa para longe, é como uma limpeza espiritual. — ela parou e pensou alguns segundos nas próprias palavras, riu. — Isso soou idiota demais, credo.

Edward riu.

— Talvez seja verdade, o mar é... Libertador. Eu gosto. Eu não costumo ir à praia, só em viagens, então me sinto bem perto do mar. — ele confessou calmo. Bella lhe olhou sorrindo.

— É bom te conhecer um pouco a cada dia, é como se descobrisse um pequeno detalhe seu a cada momento que nós estamos juntos e todos esses detalhes constroem esse Edward, que apesar de idiota, eu gosto de estar.

— Uau... Eu acho que isso foi um elogio, certo?

— Idiota. — disse rindo. — Foi um elogio. E você, já entrou nas águas da cidade?

— Não, hum, acho que só quando pulamos do penhasco. — ponderou.

Ela sorriu maliciosamente, mas não disse nada. Edward estava encarando o mar e não entendeu o silêncio, eram apenas os dois e o barulho do mar, as marolas batendo em seus pés e aquele cheiro de maresia, virou-se para ela e logo entendeu o motivo do seu sorriso faceiro e silêncio. Bella chutou com força água nele e saiu correndo, rindo.

Ele sorriu com o gesto dela, como uma criança que aprontara e sabia que seria punida, ela corria na água. Edward chutou água de volta e correu atrás dela.

Bella parou mais a frente e chutou água nele novamente, mostrou língua e voltou a correr. A água não facilitava a corrida e ela percebeu sobre os ombros Edward apertar o passo na corrida, então correu um pouco mais pra dentro da água, mas ele a alcançou e agarrou por trás passando seus fortes braços em cintura, puxou-a para si, colando as costas dela em seu peito, Bella soltou um gritinho mesclado em uma deliciosa risada, sentiu apenas quando seus pés saíram do chão quando ele a ergueu girando-a em seu colo e respirou fundo o cheiro de seus cabelos castanhos, seu delicioso cheiro: xampu de morango.

Ela ficou batendo os pés no ar tentando se soltar, até ele a colocar no chão. Bella virou-se para ele começou a chutar água, Edward segurou seus braços, entrelaçando seus dedos e tentou pará-la, mas nada.

— Você quer parar criança? — Edward pediu e continuava sendo molhado.

— Ok, eu parei. — fez um biquinho de criança magoada. Mas logo depois se abaixou, pegou água na mão e jogou no rosto dele, uma pequena quantidade, mas o suficiente para fazê-la explodir em uma alta gargalhada.

— Você vai se arrepender, Swan.

— Pegue-me se for capaz! — mostrou língua e saiu correndo para trás dele.

Edward soltou o ar revirando os olhos, como se não fosse alcançá-la e correu atrás dela novamente. Sentia-se um adolescente, mas e daí?

E alcançou novamente. E novamente Bella chutava água nele. Bella tentava bater nas mãos dele impedindo-o que a pegasse no colo outra vez, ele segurou suas mãos e entrelaçou seus dedos, enquanto um chutava água no outro, rindo. Edward segurou sua mão com firmeza e lhe deu uma rasteira com cuidado.

Bella sentiu os pés saírem do chão e se desequilibrar, teria caído de costas na água, mas Edward segurou suas mãos, mas isso não o impediu de deixá-la cair de bunda, ele apenas amenizou a queda. Não estava muito fundo, mas molhou-se bastante e Edward ainda a empurrou um pouco, molhou as pontas do cabelo, a bunda e costas. Ele ficou em pé rindo.

— Isso é injusto! — ela reclamou sentada na água e puxou sua mão com violência.

— Não é não, você jogou água em mim e eu joguei você na água, foi a mesma coisa, só que em ordem apostas. — riu vitorioso e só percebeu o que Bella fez quando caiu sentado na água.

Ela se esticou rapidamente quando ele terminou a frase e o puxou pela panturrilha, como não esperava o golpe, se desequilibrou na hora e foi direto para água. Momento da Bella, que ria.

— Empate, ok? — sorriu vitoriosa.

— Você não presta, acho que isso me atrai em você, sabia? — ele riu e engatinhou até ela. Já estava com a calça totalmente molhada, então o que era um pouco mais? Lhe deu um selinho.

— Eu sei. E o que me atrai em você é seu jeito idiota... E seu corpo sensual. — Bella sorriu faceira.

— O que? Não foi meu caráter, personalidade, inteligência? — perguntou fingindo indignação. Ela balançou a cabeça rindo.

— Não, só seu corpo. — levou a mão até a nuca dele e o puxou para próximo, mordiscou seu lábio inferior. — Só um objeto.

— Uau, eu me sinto usado... Isso é sexy. — rindo, se beijaram.

Não pensaram exatamente onde estavam apenas se queiram e se tiveram. Nada mais. Suas bocas se dominavam com cumplicidade e perfeição, se encaixavam. Suas línguas se cruzavam, até Bella interromper o beijo com uma mordidinha em seu lábio e o puxou. Encarou-o faceira, o empurrou e se levantou abruptamente, correu da água. Edward apenas riu, gostava da espontaneidade dela, mesmo que fosse assustadora algumas vezes.

Ela sentou junto dos calçados deles, sentia o short e a blusa da Nessie molhados, com certeza escutaria ela reclamar disso, já que agora estavam ficando sujos de areia, que estava grudando em sua roupa. Edward vinha rindo da água, calmamente e mexendo no próprio cabelo.

— Eu estou todo molhado por sua causa, sabia? — ele perguntou apontando pra própria calça.

— Você está sexy. — riu irônica. — E você me jogou primeiro na água, lembra? E você se aproveitou de mim, só porque eu sou pequena e você é um monstro. Se eu fosse maior, acabaria contigo!

— Isso me ofendeu sabia?

— Que bom! — ela riu.

— Ah é? Tudo bem, você vai me pedir desculpas.

— Quero só ver.

Ele deu uma risada e se jogou em cima dela, fazendo-a com que se deitasse e começou a fazer cócegas em sua barriga. Bella ria descontroladamente enquanto tentava o empurrar, ele tinha achado um dos seus pontos fracos: cócegas. Enquanto fazia as cosquinha, ele dizia que só iria parar quando ela pedisse desculpas, mas ela se recusou quase chorando de rir.

— Tá... Desculpas... Ai para, desculpas. — batia dele, se debatendo. — Preciso respirar.

— Eu fico muito satisfeito. — ele falou sorrindo e se sentou. —Obrigado.

— Abstenho-me de responder isso, Sr. Idiota Cullen.

Com dificuldade ela voltou a se sentar, limpando a areia das costas e então sentiu as mãos dele lhe ajudarem, suas mãos eram grandes e estava estranhamente mais quente o que era estranho já que tinha acabado de sair da água, quando tocaram suas costas frias fizeram com que ela se arrepiasse com o toque. O silêncio reinou entre eles quando terminaram de limpar as costas dela.

— Vamos ficar na praia o dia todo? — ela perguntou quebrando o silêncio.

— Eu não sei, mas vou ficar o dia todo grudado em você, pra compensar o dia de ontem em que fiquei na cama. — Edward sorriu.

— Nossa é verdade, vamos pra casa e você vai tomar pra se trocar, ontem você estava doente e não pode ficar molhado assim o dia todo, vamos.

— Você fica linda assim também, sabia? Toda protetora. — sorriu bobamente.

Bella riu e corou.

— Uau, e não é que você consegue ficar linda também quando fica corada? Sabe, acho que você fica linda em qualquer situação, meu veredicto? Você é linda sempre!

— Oh deus, cala a boca e para de idiotice, menino. Você está parecendo uma daquelas menininhas apaixonadas e bobocas no ensino fundamental, sabia? — ela perguntou zombeteira.

— Porque talvez eu esteja me sentindo assim. Menos a parte da menininha, obviamente, só... Apaixonado.

Ela pensou alguns segundos no que ele disse. Encarou-lhe meio incrédula, tentando disfarçar sua surpresa e engoliu seco, ficou em pé num pulo.

— Ok, eu acho que já passamos do limites, hora de ir pra casa e nos trocarmos. — ela pegou o casaco, celular e o tênis rapidamente.

— Bella... — mas ela já estava andando.

Edward pegou o próprio tênis, colocou a carteira no bolso e com o celular na mão (para que não molhasse), e tentou acompanhá-la. O que tinha dito de errado? Estava apenas supondo a verdade, talvez estivesse apaixonado por ela, talvez não, estava apaixonado por ela, então por que aquela reação? Que mulher não gostaria de ter um homem apaixonado por ela? Ainda mais Edward Cullen? Ele sabia que era um pensamento arrogante, mas e não era verdade? Ou não.

Eles saíram da areia em poucos minutos e foram andando de volta para casa, sem dizer palavra alguma. Entraram e ela logo avisou:

— Eu vou me trocar no quarto da Nessie, aproveito e já pego outra roupa dela. Vou acabar assassinada no fim do dia, mas tudo bem. — ela sorriu e nem esperou a resposta, apenas subiu para o quarto da Nessie.

Mas ele não podia esperar que ela acabasse o banho e resolvesse conversar, correu atrás dela (antes passou no próprio quarto, jogou o tênis lá e foi descalço para o quarto da Nessie). Bella estava tirando a roupa, já estava sem a blusa, apenas de sutiã e o short.

— O que eu falei de errado, Bella? — perguntou direto, ela se assustou.

— Nada, eu só vou... Tomar banho.

— Você mente muito mal. Do nada você saiu correndo e mal disse uma palavra ou me chamou de idiota, o que é estranho, o que foi?

— Edward...

— Por que eu disse que talvez esteja apaixonado? E se eu estiver qual o problema? Não entendo porque a idéia de qual estar apaixonado por você seja tão horrível.

— Não, acho que... A idéia de esse sentimento ser recíproco sim. Por favor, não vamos conversar sobre isso. Não quero ok? E se você não quer que eu vá embora pra minha casa agora mesmo, não insiste. Agora vou tomar banho.

Ele assentiu e a deixou entrar no banheiro, foi pro próprio quarto também para tomar banho e se trocar. Não estava entendendo nada. Mulheres não gostam de conversar sobre relacionamento? Pensou, e lembrou-se das vezes em que Emmett reclamou que Rosalie adorava ter DR’s e discutir os sentimentos. Mas é claro que Bella tinha que ser diferente e complicar o que já era complicado, boa sorte Edward. Desejou a si mesmo ironicamente.

-

Depois de tomarem outro banho, cada um em seu banheiro, almoçaram juntos e ele não ousou tocar no assunto “estar apaixonado” novamente, o que foi bom para Bella, mas ela não podia negar: estava com aquilo martelando em sua cabeça.

Nem Alice, Jasper ou Nessie apareceram, depois descobriram que eles tinham ido almoçar na casa de Jacob. E então eles ficaram sozinhos o dia inteiro fazendo absolutamente nada, mas fazer nada juntos era bom para eles.

Sentaram-se no sofá juntos para ver televisão, onde estava passando série, Modern Family. Entre as séries de humor era a favorita de Bella, que gargalhava com cada pequena ação da série [N/A: Sou bem assim. Assistam essa série, é muito engraçado mesmo, sério, euri]. Ela estava tão entretida na televisão e com os pés em cima do colo dele, que nem percebeu Edward pegar o celular no bolso e ligar a filmadora dele, filmou sua alta gargalhada e sorriso, até ela virar.

— O que você está fazendo?

— Te filmando, meio óbvio né? — Edward riu. — Você viu vídeos da minha irmã, então vou mostrar esse a ela.

— Ah. Oi Rosalie, você é linda e seu irmão é um total idiota! — acenou sorridente. Edward virou o celular para si mesmo, filmando seu rosto.

— Um idiota total extremamente sexy, só para constar. — piscou e voltou a filmar Bella, que ria — E então Bella, qual o animal que você menos gosta?

— O que? Do que você está falando?

— Sei lá, apenas curiosidade. Qual?

— E qual é o seu?

— Grilos. Definitivamente eu odeio grilos. E você?

— Grilos? Não existem motivos para odiar grilos! — disse incrédula, enquanto ele continuava a filmar. — Você tem que odiar, não sei, ursos selvagens? Porque eles te atacam e come seu braço e suas entranhas, não pequenos e inofensivos grilos. Por que você odeia grilos?

— Eu simplesmente odeio grilos. Diz o que você odeia e eu digo o motivo.

— Tudo bem, hum... — pensou por alguns segundos. — Eu odeio borboletas. E por que você odeia grilos?

— Eu escuto grilos em minha cabeça quando não tenho criatividade para escrever, eles ficam em minha cabeça tipo — afinou a voz para imitar um grilo: — cricricricri. Então grilos, pra mim, é sinônimo de falta de criatividade, o que na minha profissão não é muito legal, então eu odeio grilos.

Bella gargalhou com sua explicação, ainda olhando para a câmera. Edward via tudo pelo visor do celular, e então repensou o que ela tinha dito antes.

— Ah, você fala de mim, mas odeia borboletas, sério? Elas não comem suas entranhas, então qual o seu motivo para odiar inofensivas borboletas?

— Eu sinto borboletas drogadas no estômago quando estou gostando realmente, talvez até mais do que deveria, de alguém. Sentir borboletas no estômago é sinal de que me envolvi demais e as possibilidades de acabar ferida são grandes, então sentir borboletas é sinônimo de estar, talvez... Apaixonada. — falou com dificuldade e se sentiu corar na hora.

Edward ficou em silêncio, apenas a filmando. E tomou coragem, perguntou:

— E agora? Você está sentindo borboletas no seu estômago?

Bella pensou. Repensou. Engoliu seco e respirou fundo, do que adianta negar? Talvez seja verdade, mas não podia negar, lá estavam às borboletas.

— Um montão delas! — confessou, fazendo-o sorrir como nunca.

Sem parar de filmar, ele ficou em pé e sentou perto dela, segurou a câmera afastada deles, para que filmasse os dois ao mesmo tempo, e a beijou.

— Pois é Rose, diz se os nossos filhos não seriam lindos? — colocou o rosto ao lado dela e sorriu. Bella gargalhou e tirou o celular da mão dele, acabando e salvando o vídeo.

— Idiota!

No fim da tarde Nessie, Alice e Jasper chegaram animados, e claro que Nessie brigou pro Bella ter sujado uma roupa dela e ainda ter pegado outra, disse que seu guarda-roupa não era doação para desabrigadas e que as queriam limpas. Era brincadeira, claro, o que fez todos rir.

Era sábado à noite, mas eles não estavam com vontade de sair, então ficaram em casa, jogaram alguns jogos e depois pizza com cerveja e/ou refrigerante.

— Já volto tá? — Bella disse pro Edward e lhe deu um selinho.

Subiu para o quarto da Nessie e pegou a própria roupa que tinha chegado no dia anterior e que deixara no banheiro dela, junto seu casaco, e voltou pro quarto do Edward. Pegou a sua mochila e guardou a roupa nela, calçou o tênis e vestiu o casaco.  Então desceu de volta para a sala.

— Estou indo embora, gente, está tarde e nos vemos segunda.

— Na verdade amanhã. — Nessie corrigiu. — Sue já nos convidou e vamos almoçar amanhã na sua casa, na verdade todos.

— Sério? Que foda, então nos vemos amanhã. — Bella sorriu. — Tchau gente.

Mandou beijo para todos, Edward a seguiu e pegou sua mochila, indo até o carro. Colocou a mochila dela no banco do passageiro e a puxou para seus braços, beijou seu pescoço.

— Sem dramas, vamos nos ver amanhã, afinal você vai almoçar lá em casa também.

— Vou sim, ver meu sogrinho, já estou com saudades dele. — sorriu.

— E ele com saudades de ameaçar seu traseiro. — riu e bateu na bunda dele.

— Claro, claro. Tchau nativa, até amanhã. — lhe deu um selinho e acariciou sua barriga. — Tchau borboletinhas!

— Tchau idiota. — ela riu e bateu na cabeça dele. — Tchau grilinhos!

— Au, por que você não pode ser carinhosa?

— Porque eu curto um sadomasoquismo. S-S-S and M-M-M — cantarolou a música da Rihanna que falava exatamente disso e lhe beijou direito. Um beijo que durou mais do que o esperado, mas era bom demais para reclamarem. E então ela foi embora.

-

Chegando em casa subiu para tomar outro banho e colocou seu pijama, depois desceu para falar com Charlie, que estava sentado no sofá vendo televisão, um programa esportivo. Foi meio manhosa até ele e sentou na outra ponta do sofá, esticando a perna sobre o colo dele.

http://www.youtube.com/watch?v=f2AzaOQllBQ

John Mayer - Daughters

— O que você quer Isabella?

— Nossa, Charlie, você me ofende assim. — ela fingiu ter sido ofendida com a mão sobre o peito, Charlie riu. — Pai... Você ama a Sue?

— Nossa, que pergunta Bella, claro que eu a amo.

— Mais do que amava a Renée? — perguntou hesitante.

— Er... — aquele não era um assunto muito conversado em casa, tinha magoado muito Charlie no passado, e só então Bella se lembrou disso.

— Oh, eu sinto muito, eu não...

— Não, tudo bem, é que eu nunca parei para pensar nisso. São amores diferentes, sabe? O meu amor com Renée foi um amor inconseqüente, de adolescente. Os pais dela não me aprovavam muito e ficarmos juntos era contrariá-los, quebrar as regras, então por ser algo proibido parecia ser ainda melhor. E eu não me arrependo em momento algum, o fruto da minha relação com a Renée é você, que é a minha maior dádiva, Bells, e eu não mudaria nada. — ele sorriu. Bella ficou emocionada com as palavras do pai. — Por mais que eu tenha sofrido, foi isso que nos fez sermos tão próximos, temos uma relação de pai e filha tão boa, por sermos amigos, e eu não poderia pedir nada mais que isso!

— Obrigada pai, eu adoro poder ser próxima a você, de não ter uma relação de gato e rato contigo. Sabe, quando o Edward me contou da relação dele com o pai me senti tão feliz de ser próximo a você, obrigada por ser o melhor tá?

— Que isso Bells, eu nasci assim. — piscou zombeteiro.

Essa era uma coisa que Bella tinha herdado dele, quando o assunto estava ficando sentimental demais, colocar um pouco de humor.

— Você já disse ‘eu te amo’ pra Sue?

— Claro que já, Bella. Que mulher não gosta de escutar um ‘eu te amo’? Mas eu só disse quando senti que era isso que eu sentia de verdade, mas não sinto necessidade de dizer isso a todo o segundo ou então vai sempre soar como um ‘bom dia’, acho que minhas atitudes demonstram que a amo. E o modo como me sinto com ela, faz com que me sinta amado também. Sou sortudo. Não, melhor, eu sou abençoado. — sorriu ao vê-la sorrir. — Mas por que a pergunta sobre meus sentimentos com a Sue?

— Edward. Ele disse que talvez esteja apaixonado por mim, isso está na minha cabeça, sabe? A paixão passa, pai. E se eu estiver também e ela durar mais que a dele?

— Você pode se apaixonar a qualquer momento, e se for só paixão que você esteja sentindo quando a dele se for, a sua também se vai, mas talvez você esteja confundindo paixão com amor.

— Nos conhecemos há menos de um mês, como posso amar assim tão rápido?

— Oh Bells, não seja ingênua, querida. Desde quando o amor conhece limites de tempo e espaço? Eu te amo desde que soube da sua existência e nem te conhecia. Você ainda estava na barriga da Renée. — ele deu uma risadinha carinhosa. — Assim que lhe peguei em meus braços, aquele pequeno embrulho cabeludinho, de pele branca, que fazia alguns ruídos e olhava para todos os lados curiosamente, eu senti meu coração explodir em meu peito e soube que a partir dali minha vida dependeria de você estar bem, que eu realmente te amava e isso em menos de alguns segundos.

— É diferente, esse amor é diferente, pai.

— Todo o amor é diferente Bells, porque todos nós somos diferentes, ele se manifesta de forma diferente em cada um. — sorriu. Aquele seu sorriso paterno que tranqüilizava Bella. — Nessa vida o amor pode acontecer um dia, durar um tempo e depois esfriar até acabar, como aconteceu comigo e Renée. Podemos amar em um piscar de olhos e isso durar uma vida inteira, ou até sentir o amor crescer com o tempo, depois da convivência e então perceber o quanto essa pessoa é importante em sua vida, como foi comigo e Sue. Mas e daí? Não importa a duração, viver sem amar não é a mesma coisa, é como perder o mais próximo de magia que nós temos. Escute esse seu velho, que apesar de tudo tem experiência de vida, o amor é um sentimento intemporal.

— Que é complicado, confunde e machuca as pessoas. — Bella choramingou.

— Não, o amor é apenas um sentimento. Um sentimento simples e lindo são as pessoas que complicam e estragam-no. — Charlie sorriu.

— Você é o melhor, sabia pai? Até com conselhos, você falou tão profundamente agora, que chegou a ser estranho. — ela sorriu zombeteira. — O que seria de mim sem você?

— Absolutamente nada. Sem mim você não estaria nem viva, literalmente.

Bella riu e se aproximou dele, Charlie beijou sua testa e lhe abraçou. Ali Bella se sentia completamente segura. Charlie cheirava a loção pós-barba, cerveja e floresta, ela não sabia explicar esse cheiro, mas era o melhor cheiro do mundo.

— Agora, suba para o seu quarto e vai dormir. — bateu na bunda dela. — Amanhã você vai acordar cedo para nos ajudar a preparar um almoço especial, vão vim todos pra cá.

— É, a Nessie me contou. — se afastou dele. — Já vi que vai sobrar pra mim né?

— Pra você, Sue, Leah e acho que a Nessie, que vão preparar as comidas. Enquanto Seth, Harry, Jacob e eu cuidaremos da churrasqueira e bebidas. — Charlie sorriu.

— Domingo em família?

— Bem isso.

— Ok, então até amanhã, boa noite. — sorriu e andou até a escada.

— Tchau Bells, boa noite. Eu te amo.

Ela já estava no meio da escada, quando parou.

— Pai? — o chamou, ele se virou no sofá. — Obrigada. Eu te amo!

Charlie assentiu e voltou sua atenção a televisão, mas por dentro estava se sentindo grato por ter sido útil, era bom escutar isso, nada o fazia mais feliz do que ouvir Bella dizendo que o amava.

Bella não dizia isso a todo o segundo, assim como ele, então sempre que escutava sua voz dizer “eu te amo” e para ele seu coração saltava. Lembrava-se dela pequena, dos primeiros passos, primeiras palavras, da primeira vez que disse papai, de quando ela fazia desenhos e lhe entregava sorridente e orgulhosa, de cada pequena coisa, e agora via no que ela havia se transformado, naquela linda e inteligente mulher. A paternidade era o melhor trabalho do mundo, e nesse trabalho, modéstia à parte, Charlie sabia que tinha se saído muito bem.