Ps: I Love You escrita por Jibrille_chan


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hana: você vai postar PS ò_ó
Jibrille: eu vou? i.i
Hana: vai. Ou eu te mato. E não vou te colocar numa urna bonitinha Ò__Ó
Jibrille: mimimimimimi i.i~



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~ 3 Semanas Depois ~

A louça se acumulava na pia, suja e abandonada. Uma embalagem de pizza jazia na mesa de centro da sala. Sobre a cômoda estavam os objetos pessoais de Aoi, junto com suas fotos. Outro filme antigo, da década de 60 rodava na televisão. A protagonista cantava uma música triste, sobre o homem que a havia abandonado. Uruha estava um trapo.

Vestia uma camisa de Aoi e uma de suas cuecas samba-canção, que o moreno tanto detestava. Acompanhava a protagonista do filme, já tendo decorado aquela música tantas as vezes que havia assistido aquele filme. Usava o controle como microfone, interpretando a música. Subiu no sofá, concentrado na letra da música, pulando um pacote de salgadinhos, depois desceu, rodeando o sofá e dando as costas para a porta.

Porta essa que se abria sem que o loiro visse, dando espaço para que sua mãe, Sara, Kai e Ruki entrassem, com balões coloridos e cartazes onde se lia “Feliz aniversário”. Os quatro pararam, observando Uruha que ainda cantava em alto e bom tom, de costas para eles. Subitamente, Uruha se virou para a porta, ficando mudo assim que colocou seus olhos nas pessoas na entrada do seu apartamento. Desligou o a televisão rapidamente, encarando os rostos chocados.

Sara e Ruki bateram palmas, ovacionando o pequeno show do loiro. A senhora Takashima fez um gesto com a mão para que os dois parassem. Depois os quatro entoaram o coro de “Feliz Aniversário”. Uruha os encarou sem saber o que dizer. Era seu aniversário?

- Agora você tem vinte e cinco anos! – exclamou Sara, animadamente.

Uruha continuou sem dizer nada, enquanto Nao entrava, olhando os vários envelopes que estavam na correspondência de Uruha.

- Nossa, tinha tudo isso na caixa do correio... – ele ergueu os olhos, vendo o estado do apartamento. – Que cheiro é esse?

- Bem, eu não estava esperando visitas. – disse Uruha. – Mãe, não limpe!

- Não estou limpando, Kou, só estou... arrumando o lixo – respondeu a senhora Takashima, começando a empilhar os jornais velhos.

- Nós tentamos ligar antes, mas você não atendeu. – disse Ruki.

- Você está bêbado? – perguntou Kai.

- Não!

- Você quer ficar? – perguntou sua irmã.

- Sara! – repreendeu a senhora Takashima, depois voltou seu olhar para o filho. – O que aconteceu com o seu cabelo?

- Só está... um pouco sujo. – respondeu Uruha, meio sem jeito.

- Você não está tomando banho? – ela perguntou de novo.

- Mas você sempre se cuidou tanto! – exclamou Ruki.

- Mas que cheiro é esse? – Nao perguntou.

- Sou eu, okay? – respondeu Uruha, perdendo a paciência.

- Hey... Não aja assim, certo. – disse Kai, se aproximando.

- Assim como?

- Como se fosse a única pessoa viúva em Tokyo.

- Eu só estou... exausto...

- E o que vai fazer, se trancar aqui dentro? – Ruki perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Uruha não respondeu, apenas virou de costas. Sua mãe suspirou, encarando as costas do filho, muito séria.

- Se você quiser que a gente saia, nós vamos embora. Mas você sabe que em algum ponto, tudo isso tem que parar.

O loiro se virou para a sua mãe, depois suspirou derrotado.

- Só... me dêem um minuto, okay? Eu vou me lavar... – e saiu para o banheiro, o controle remoto ainda na mão.

A senhora Takashima ficou mais aliviada.

- Certo pessoal, vamos limpar a área.

Tomou um longo e demorado banho, pegando uma roupa limpa no armário. Kai estava ajudando, penteando seu cabelo. Kai dizia ao loiro que não tinha problemas de ele não aparecer no escritório ainda, que quando voltasse, seu emprego ainda estaria lá, e que o chefe deles compreendia. Sara parou na porta do banheiro, um sorriso enorme.

- Kouyou, tem uma encomenda pra você.

Os dois foram para a sala. A senhora Takashim olhava com reprovação a caixa sobre a mesinha de centro, Kai e Nao dividindo a mesma poltrona com curiosidade evidente no olhar. Sara se sentou no chão, ao lado do irmão , que dividia o sofá com Ruki. Nao se aproximou, destampando a caixa colorida. Dentro havia um bolo de aniversário, todo decorado, com algumas palavras escritas em glacê azul.

"Feliz Aniversário,

meu anjo!

Com amor,

Aoi"

Uruha leu aquilo, sem entender.

- O que é isso? Eu... Eu não entendo. – Olhou para Nao – Você fez isso?

- Não.

Nao olhou para a tampa da caixa, percebendo um gravador pregado ali com fita adesiva. Arrancou-o de lá e entregou para Uruha. O loiro pegou, ainda olhando pra Nao.

- Nao, me diz a verdade. Você fez isso?

- Não! – ele repetiu, com mais veemência. – Eu não faria algo assim.

Olhou para o gravador, que tinha um pequeno bilhete escrito "ouça". Tirou o pedaço de papel dali e apertou o botão de "play. Em segundo de silêncio se seguiu antes da voz de Aoi preencher o apartamento.

- Hey, amor! Surpresa! Eu sei que isso é provavelmente um pouco mórbido, mas... eu odeio a idéia de não estar aí pra ver você completar seus vinte e cinco anos. Me mata não estar aí... Hehehe... Isso é engraçado!

- Não é não. – respondeu Uruha, colocando o gravador sobre a mesinha de centro, ao lado da caixa do bolo.

- Okay, não é. Você vai ficar tão impressionado! Eu tenho um plano, meu anjo, dá pra acreditar? Eu te escrevi cartas. Cartas que vão chegar de todas as maneiras. Eu fiquei com medo de você não receber o bolo, mas pensei que você fosse ficar em casa por um tempo. A carta número um vai chegar amanhã. E você tem que fazer exatamente o que eu digo, okay? OKAY?

Uruha acabou por acenar afirmativamente com a cabeça. A senhora Takashima olhava com a maior reprovação, quieta a um canto.

- E não tente descobrir como as cartas vão chegar, é brilhante demais e isso arruinaria meu plano! Só entre nessa comigo. Porque... a questão é... Eu não posso dizer adeus ainda. Então, pra começar, eu quero que você se arrume, e saia com os seus amigos! Faça sua "noite dos rapazes"! Esse ano eu te liberto de todas as festas, especialmente com a sua mãe.

Os olhares se voltaram para a senhora Takashima, que seria capaz de fuzilar o gravador apenas com o olhar.

- Aw... Sua mãe está aí, ne? Droga... Desculpe, Ayume!

A senhora Takashima apenas suspirou.

- Não é que eu queira que vocês se afastem, mas entenda o Kou tem que sair hoje, colocar seu vestido de festa e cair na farra. Ruki, apronte tudo.

- Já estou indo! – respondeu o menor, se levantando.

- Só me deixe com o Nao, okay? E lembre-se de onde quer que eu esteja, eu estou sentindo a sua falta. Feliz aniversário. P.S.: Eu te amo.

Uruha sorriu timidamente, tentando conter a vontade de chorar. Ruki e Sara já estavam revirando seu guarda-roupa, à procura de algo adequado. Muita arrumação depois, o  grupo formado por Ruki, Kai, Uruha e Sara estava parado na entrada de uma boate gay privada, tentando o entrar, enquanto o rapaz com uma lista não queria deixá-los passar.

- Olha, nós somos gays, só não te provo isso porque no namorado dele vai me matar! – argumentava Ruki.

- E... E... Ela – Kai apontou para Sara – é a princesa da... Finlândia! E ela está aqui numa importante missão política. E quer estender uma mão amiga à homossexualidade! – completou, em alto e bom som.

As pessoas na fila começaram a fazer coro, pedindo que deixasse o grupo entrar, até que um dos seguranças se compadeceu e os deixou entrar. O rapaz da lista olhou pára o segurança, fulminando-o.

- Está demitido.

Rapidamente os rapazes se enturmaram com um grupo de garotas que não gostava exatamente do mesmo que eles. Uruha sentou-se num banco com algumas delas, e a mais velha começou a contar que sua ex-namorada havia morrido há quinze anos. Ficaram lá até bem tarde, virando os copos de tequila com limão. Depois foram ao bar da senhora Takashima, continuar com a farra.

Hiroto abriu a despensa de bebidas para pegar outra garrafa, mas parou ao ver Uruha lá dentro visivelmente bêbado.

- O que você está fazendo?

- Pensando porque deus matou meu companheiro.

- Ah. Quando achar uma resposta, me avise.

Fechou a porta, virando-se para ir embora, quando o loiro abriu a porta e o puxou para dentro da dispensa e o jogou contra uma das prateleiras, fazendo algumas compras caírem em sua cabeça.

- Me desculpe. Hiroto?

- Sim.

- Então... o que você acha?

- Por que seu companheiro morreu? Bem, eu não sei. Pode ter sido punição por alguma coisa... Serem muito bonitos, ou muito felizes. Deus pode ser um cara muito invejoso.

- Bem, eu nunca fui muito feliz, e eu não sou tão bonito.

- Eu acho que você é sexy.

Uruha ficou encarando o funcionário da sua mãe, que o encarava de volta. Uruha estava se sentindo muito zonzo já. Hiroto abaixou levemente a cabeça.

- Desculpe, eu tenho uma síndrome. Eu não tenho... um "filtro" pras coisas que eu digo e acabo não respeitando as regras sociais.

- Quer dizer que você é rude?

- Sim, mas agora é uma doença, eu tomo remédio pra isso.

- Eles têm pílulas pra rudeza?

- É, eu sei. E não conseguem achar a cura do câncer. Bom, ele foi criado no Havaí, talvez seja uma maldição havaiana.

- Bem, nós gostávamos de baseball, acho que isso é contra as regras deles.

- Ah, isso explica muita coisa. Eu gosto de baseball também e eu perdi a minha noiva no ano passado.

- Mesmo?

- É, ela me trocou pelo meu melhor amigo. Ela me deixou.

- Awww...

- Meu melhor amigo era uma mulher.

- Ah.

- As últimas palavras dela foram "eu ainda estaria com você, se você fosse uma mulher", o que significa que o primeiro passo pra ela voltar seria a castração, e isso é completamente fora de questão. Bem, a culpa foi minha, eu apresentei as duas e tive a idéia idiota de resolver fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo, exceto pelo fato de que a minha noiva ainda estava na cama na segunda e na terceira vez.

- Eu sinto muito. – Uruha sorria, e tentava não rir abertamente.

- Ah, isso vai fazer você se sentir melhor. A minha melhor amiga era minha ex-ex-noiva, e minha sócia num negócio que começou com o meu dinheiro. Então eu fiquei sem dinheiro e sem minha noiva.

- Como você lida com isso?

- Ah, bem, eu conto essa história pra mim todo o ano.

- Mas isso não ajuda.

- Ajuda muito! Eu até estou começando a juntar dinheiro, guardo cem yenes cada vez que eu conto essa história.

- Você... você acha que vai encontrar alguma outra mulher para amar?

- Não. Não, eu acho que eu faço as pessoas que eu gosto mais  se afastarem.

- Ah, isso não é verdade!

- Não?

Uruha colocou uma mão no ombro de Hiroto, se apoiando nele. Depois se inclinou, vomitando atrás do rapaz.

- Não?

A senhora Takashima abriu a porta do bar, dando passagem para Hiroto que carregava um Uruha completamente adormecido depois de ter passado mal com tanta bebida. Sara vinha logo atrás, carregando a urna funerária com as cinzas de Aoi. Ela abriu uma porta do lado do restaurante, subindo as escadas e indo até sua casa, que ficava em cima do bar. Abriu a porta do que outrora fora o quarto do seu filho, dando espaço para Hiroto colocá-lo na cama.

Ela tirou os sapatos do loiro, ajeitando um cobertor sobre ele. Depois sentou-se ao seu lado na cama, observando-o. Hiroto ainda estava parado na porta, observando Uruha ressoar. A senhora Takashima ergueu o olhar para Hiroto, sorrindo de canto.

- Hiroto, pode ir fechando as coisas lá embaixo.

- Ah, claro, claro.

Depois se retirou. Sara depositou a urna aos pés da cama, vendo seu irmão dormir. A senhora Takashima passou uma das mãos pelos cabelos loiros do filho, levemente, para não acordá-lo. Ainda adormecido, Uruha pegou a mão de sua mãe, segurando-a entre suas mãos, próximo ao seu rosto. Ayume deu um sorriso triste, sabendo que Uruha pensava que aquela mão era de Aoi. Doía muito ver seu filho daquela maneira. E o que mais doía era saber que ela não podia fazer nada para ajudá-lo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bem, deu pra repara que eu non usei a data verdadeira do aniversário do Uruha, ne? Que bom o.o