Eldunari escrita por Valkiria


Capítulo 8
O Acordo!


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela imensa demora para voltar a postar.

Mas é que eu estou acostumada a apenas escrever oneshots, então eu faço um pedido para quem estiver acompanhando essa fic. Me cobre capítulos! Não se acanhe de ficar me lembrando se não eu acabo deixando pra lá mesmo. Eu sou uma escritora relapsa kkkk

Bom e agora com vocês, mais um capítulo da jornada do futuro... ops da jornada de Milena Morgenstern xD



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Debaixo da sombra fresca de uma árvore de acácia, o vento suave balançava nossos cabelos. Estava um dia ensolarado, o céu azul se abria magnífico a cima de nós. Nada poderia ser mais perfeito do que estar em seus braços quentes e aconchegantes. Ele beijou o alto da minha cabeça e abriu seu sorriso maravilhoso para mim. Quando de repente uma flor de acácia caiu murcha ao meu lado e eu olhei pra cima. As flores da acácia começaram a murchar e suas folhas a secarem, o céu ficou vermelho, a cidade adiante estava em chamas. Meu coração deu um salto quando olhei para trás.

Ele sangrava terrivelmente, mas quando tentei estancar seu ferimento, olhei para minhas mãos ensanguentadas que seguravam o punho de uma espada de prata. Levantei os olhos para seu rosto e ele sorriu docemente para mim com seus olhos meigos antes das pálpebras os cobrirem. Minha respiração acelerava loucamente enquanto as lágrimas brotavam sem parar. Eu olhava para minhas mãos cheias de sangue e para seu corpo inerte a minha frente, a cidade em chamas logo atrás e o mundo desabava ao meu redor. Coloquei as mãos na cabeça e gritei desejando que aquele pesadelo amargo acabace e tudo voltasse ao normal.

Aos poucos comecei a sentir o tecido suave sobre as minhas mãos e as lágrimas que escorriam pela minha face eram nitidamente reais. Abri os olhos de pálpebras pesadas e minha cabeça demorou um pouco para processar o que meus olhos viam. Eu encarava o teto de uma barraca armada, aos poucos virando a cabeça para o lado, tudo que encontrei foi minha mochila junto as minhas armas e uma muda de roupa. Também tinha uma tigela com água e um pano úmido ao lado, com algumas ervas próximas. Do outro lado estava a abertura da barraca e do lado de fora imperava a sombra de alguém muito alto e robusto que guardava a entrada. Minha mente parecia sedada e vagarosamente eu fui me lembrando dos últimos acontecimentos.

Lembrei-me do ataque à Belatona, de eu seguindo Caleb, de quando os dois dragões e seus cavaleiros irromperam do teto do galpão... me lembrei de quando abracei Murtagh e depois quando Mobilion revelou sua aparência, recordei quando ouvi Murtagh chamar pelo meu nome e depois senti a flecha atravessar meu peito... de minha luta com Alrish e quando eu usei minhas últimas forças no ataque final. Depois disso, minhas lembranças eram vagas e desconexas. Eu sabia que tinha algo importante que eu deveria lembrar, mas não estava conseguindo.

Me mexi um pouco embaixo da coberta sem muita vontade de sair, estava quente e aconchegante, tão relaxante... eu sentia falta disso, de poder abrir os olhos e apenas continuar ali, aproveitando o calor do cobertor sem me preocupar com nada mais. Flashes de imagens vagas surgiram na minha mente dos últimos momentos em que estive consciente. – Tinham pessoas ao meu redor. – Sussurrei para mim mesma. – Agora que me recordo, alguns rostos eram daqueles elfos que eu tinha visto antes... será que aquele outro com pelagem azulada está bem? Espero que sim... – Refleti distraidamente. No entanto parecia que algo mais tinha acontecido depois, mas eu não consegui me recordar o que era. – Há quanto tempo será que estou aqui? Quanto tempo se passou desde a minha luta com Alrish em Belatona?

A luz forte do dia brilhava do lado de fora, eu deveria sair dali antes que aparece alguém... o aspecto daquela sombra na entrada da barraca me deixava ansiosa também. Coloquei a coberta de lado e um ventinho frio veio no mesmo instante, a única peça de roupa que me cobria era uma blusa branca de linho de mangas compridas, eu me segurei para não puxar a coberta de volta. Sentei-me devagar e me encolhi ao sentir um latejar infernal na cabeça. Puxei a gola da blusa pra baixo para olhar como tinha ficado meu peito onde a flecha tinha atingido. Não havia nenhum corte, ou cicatriz, a pele estava perfeitamente lisa, lembrei-me que o ferimento se regenerou sozinho enquanto eu lutava, mas uma mancha escura estava no lugar. É o veneno! Ele ainda está aqui! De alguma forma ele parou de se espalhar, mas qualquer coisa que eu faça pode ativá-lo novamente.

Decidi ignorar isso por ora. Esperei um pouco para levantar, mas quando o fiz, o movimento foi rápido demais e tudo girou ao meu redor fazendo minha cabeça latejar ainda mais forte. Minha perna esquerda deu uma fisgada, lembrando-me do momento em que eu estava caída em Belatona e não conseguia movimentá-la. Levantei as mãos sobre a cabeça e curvei sentindo o corpo pesado voltando a sentar no chão até que tudo parasse de rodar, depois engatinhei até a muda de roupas e peguei minhas coisas, apressando-me em vesti-las; Colocando o colete de couro por cima da blusa, prendi rapidamente o cabelo solto de forma desleixada, coloquei as botas, fixei os braceletes nos pulsos, encaixei os sais na cinta e peguei o machado prendendo-o de lado.

Levantei mais devagar dessa vez e a pressão na cabeça foi menor, embora eu tenha ficado um pouco tonta. Minha perna doeu um pouco com o peso do corpo em pé novamente, mas dava para andar. Peguei minha mochila, andei em direção contrária à entrada da barraca e fiz um rasgo com o sai, criando uma abertura tentando fazer o mínimo de som possível. Passei o olhar por fora para ver se não estava sendo vigiada por aquele lado, guardei o sai e então atravessei a abertura apressando-me em me distanciar o quanto antes da barraca. Caminhei com a cabeça baixa pelos caminhos onde havia guardas. Eu teria vestido a capa, mas como ela estava na minha mochila, qualquer um já devia ter revistado minhas coisas e a visto junto, não me serviria de nada usá-la agora, só facilitaria para que me reconhecessem mais rápido.

Em pouco tempo me localizei em meio às barracas e virei para a direita na direção do refeitório. Eu comeria alguma coisa antes de partir do acampamento. Eu já tinha pensado nisso antes e se eu tivesse um descontrole em que houvesse a aparição da fênix, colocando em risco a vida dos vardens, eu partiria em seguida para não machucar mais ninguém. Meu coração deu um aperto quando me lembrei da morte de Fredric. Infelizmente uma vida já tinha sido perdida por minha culpa e eu quase matei Murtagh também em meu descontrole, aliás eu me pergunto como eu consegui voltar à consciência á tempo de ouvi-lo chamar por meu nome e não mata-lo de fato. E por que ele? Por que ele estava à minha frente, me chamando?

O importante era eu partir dali o mais rápido possível. Passei em frente à barraca das mulheres onde eu costumava passar as noites e entrei rapidamente. Dirigi-me para um canto da barraca onde eu dormia e encontrei um casaco meu que eu tinha dado pela falta em minha mochila. Era um casaco marrom e grande, excelente para disfarçar minha presença enquanto eu ainda estivesse no acampamento, era perfeito que tivessem deixado ele pra trás quando buscaram minhas coisas ali, assim não reconheceriam a peça enquanto eu a usasse. Vesti o casaco que cobria-me quase até os joelhos, escondendo assim minhas armas e saí da barraca.

Quando senti a onda de cheiro de comida, virei a última esquina e entrei no refeitório que não passava de fileiras de bancos compridos e mesas. Logo adiante tinham caldeirões de comida quente com cestas de pão ao lado. Obviamente em horário de pico os bancos não eram suficientes e então via-se muitas pessoas sentadas no chão por todos os lados comendo. Agora devia ser algum horário entre o café da manhã e o almoço, pois não tinham muitas pessoas por ali ainda, mas as cozinheiras já preparavam a refeição principal do dia.

Me apressei para pegar um prato e colher de madeira, colocando uma moeda de prata sobre o balcão, enchi meu prato com a sopa de legumes com coxa de frango que cheirava muito bem e meu estômago soltou um ronco faminto no mesmo instante. Peguei um pão do cesto e caminhei para os fundos, sentando em um banco distante dos demais. Comi faminta aquecendo o estômago e engoli o pão meio molhado na sopa. Estava deliciosa e eu estava ansiosa para repetir o prato quando um guarda passou próximo à mim, conversando e rindo a toa com um colega. Enrijeci na hora, mantendo a cabeça baixa. Para piorar, ele sentou por perto no mesmo banco que eu, e o amigo na frente. De repente um deles comentou:

– Ah você sabe por que o Conselho está interessado naquela garota que eles descreveram agora? Pelo que eu sei, ela treinava todas as manhãs no campo de treinamento. Fredric sempre a elogiou bastante por sua habilidade. Mas não entendo por que esse interesse de My Lady nela. O que será que ela fez?

Droga. Já tinham dado pela minha falta. Fiz menção de levantar quando o que estava perto de mim virou-se de repente. Gelei.

– Ei você! Viu uma jovem de cabelos trançados que costuma andar armada com dois sais e um machado, essa manhã? Se viu ela passar por algum lugar é importante que diga.

Fiz um movimento negativo com a cabeça e puxei o casaco para cobrir melhor o machado, senti-me aliviada por não ter tido tempo para trançar os cabelos e só ter amarrado em um coque desajeitado. Levantei e ia sair da mesa quando uma mão segurou meu punho, virei-me e o guarda da frente encarou-me enquanto o do lado me segurava. O outro gritou – É ela!

Girei o corpo ficando de frente para o que estava me segurando, com a outra mão dei um soco em seu queixo e o chutei, consegui me libertar, enquanto ele perdia o equilíbrio caindo pra trás, eu sai em disparada. Enquanto eu corria em meio às barracas, assobiei forte chamando Donner, não importa onde ele estivesse, ele ouviria meu chamado e viria ao meu encontro. Olhei pra trás e surgiram mais guardas no meu encalço, olhei pra frente e tinha uns caixotes no caminho, saltei e senti a pressão na perna esquerda quando pousei. Merda!

Eu estava certa afinal, Lady Nasuada não perde tempo mesmo! Ela viu o que fiz em Belatona e lógico que pra ela é vantajoso me manter viva e como sua servente. Líderes são todos iguais. Enquanto eu corria, Donner surgiu em cavalgada se aproximando de mim. Em meio à corrida eu o montei e o acampamento virou uma imagem indefinida enquanto passávamos rasgando o ar. Meu cabelo mal preso se soltou e os cachos esvoaçaram no vento. Prendi minha mochila à cela do cavalo enquanto nos aproximávamos de uma das extremidades do acampamento. Só mais um pouco e eu estaria fora do acampamento. Nessa área não tinha muitas barracas, nem pessoas circulando, faltando poucos metros para saída eu fui atingida por algo e arremessada do cavalo contra uma barraca. Olhei de relance e vi que Donner não tinha se ferido, ainda bem, ele estava um pouco adiante dando uma guinada abrupta e relinchando alto.

Quando eu estava começando a me levantar, uma sombra surgiu acima de mim, mas a luz do sol não me permitiu ver seu rosto, a pessoa levantou uma espada acima da cabeça e desceu com tudo para me atacar. Eu desviei rolando para o lado e peguei meu machado, no ataque seguinte eu consegui barra-lo. Avancei com a arma e pude encarar meu atacante, porém quando vi seu rosto, eu não pude acreditar. – Óbus? – Indaguei com o cenho franzido tentando convencer-me de que o que meus olhos viam não era real. Desviei a lâmina da espada rolando novamente para o lado, levantando em seguida.

Olhei atentamente para seu rosto e não tinha erro, aquele era Óbus, meu amigo de infância, do mesmo jeito que eu o vi pela última vez antes de partir de nossa vila, porém mais amadurecido. Um pouco mais alto que eu, mas bastante corpulento, seu cabelo que ele sempre mantinha raspado, estava um pouco maior agora, olheiras marcavam seu rosto e uns espetinhos de barba mal cuidada cresciam, envelhecendo seu rosto. Mas havia uma diferença latente nele; Óbus costumava ser ridicularizado quando menino, por não ser tão alto para um homem, mas possuir um porte corpulento, o que o tornava um tanto exótico, mas havia duas coisas nele que chamavam a atenção das meninas: Eram sua enorme gentileza e seus belos olhos verdes. Eu mesma o namorei nos tempos de adolescência, porém terminamos apenas como amigos.

Mas nesse momento, ao observá-lo, eu não encontrei o brilho de seus olhos verdes, eles estavam cinza e opacos. Dei um passo inconsciente em sua direção, levantando a mão para tocar seu rosto. – O que fizeram com você, Óbus? – Balbuciei chocada. Antes que minha mão pudesse tocá-lo, entretanto fui interrompida pelos soldados que fechavam o circulo entre nós. Olhei para o lado e levantei o machado, mas levei uma coronhada e cai atordoada.

Reconheci a presença de Óbus quando me puxou pelos cabelos, porém soltou logo em seguida, pareceu que ele foi interrompido por algo e enquanto ele se ocupava com isso eu tentei me localizar. Enquanto a visão falha voltava aos poucos, me rastejei pra um lado qualquer. Senti a terra vibrar quando algo pesado se aproximou do extremo do acampamento e em seguida ouvi a voz do cavaleiro Eragon falando com os soldados. Droga. Isso tá ficando cada vez pior. Óbus está sendo controlado, eu sei. E sei quem e por que o mandaram aqui. Preciso fazer algo. Preciso tirar Óbus do controle de Mobilion.

Comecei a me levantar e vi Eragon formar um feitiço para atacar Óbus. Não! Corri pra frente de Óbus desviando o ataque do cavalheiro com uma manobra esguia do machado. A magia dele atingiu uns caixotes mais adiante, derrubando e destruindo tudo. Encarei Eragon diretamente nos olhos de uma distância de uns quatro metros. – Não interfira argetlam! – Ele me olhou sem entender e abriu a boca para dizer algo, mas desistiu, suspirando rigorosamente. Levantou o braço em sinal para que os soldados cessassem. Virei-me para Óbus e soltei o machado, dessa vez segurando seu rosto entre minhas mãos. – Óbus... – Sussurrei, olhando em seus olhos. – Eu sei que VOCÊ está aí. Vamos lá, lute, tome o controle! Você precisa ser forte! – Ele me olhou e por um instante seus olhos vacilaram retomando um pouco de sua cor, sua vida, por um instante eu senti a presença dele de volta, mas sua expressão confusa logo se foi e deu lugar àquele ser desconhecido novamente.

– Você vem comigo! – Ele disse secamente e segurou meu braço. Resisti – Não! Óbus VOLTE! – Dessa vez causei uma confusão maior fazendo-o recuar e soltando-me ele colocou as mãos na cabeça. Inclinei-me para ele. – Óbus me escute, você tem que tomar o controle! – Com a espada na mão ele tentou me afastar e fez um corte em meu braço esquerdo, em seguida ele recuou com os olhos arregalados, parecendo arrependido. Olhei rapidamente para o corte, o sangue que saiu estava ralo, bem mais fraco do que o tom normal de sempre. Eu não me importei, porém os soldados mais distantes pareciam se preparar para atacar. Óbus se levantou – Saia daqui! – E me empurrou com força para longe.

Havia algo duro e sólido como uma rocha atrás de mim, onde bati, senti um estalo na costela e bati a cabeça. Nesse instante me veio em mente a conversa que a Fênix havia tido comigo, logo depois da luta com Alrish. Era isso que eu estava tentando lembrar mais cedo. Escorreguei para o chão e tentei me recuperar. Ela tinha me dito que quando eu precisasse eu poderia chama-la, bastava chamar por seu nome: Eruda. Eu já sabia o que devia fazer. Me apoiei com as mãos no chão e senti a costela dolorida, na hora prendi a respiração e em seguida continuei com uma respiração entrecortada para que a dor não fosse tão grande. Levantei-me e chamei mentalmente. Eruda... Eruda... Andei em direção de Óbus que desviava das flechas lançadas a ele.

Ele virou-se pra mim e antes que ele tivesse qualquer reação eu coloquei a mão em sua face e senti a energia de Eruda me inundar. Entrei na mente de Óbus paralisando qualquer ação sua, ele arfou e arregalou os olhos caindo de joelhos na minha frente. Eu desci a mão para seu queixo e levantei seu rosto para mim, suas pálpebras desceram e seu olhar ficou vazio. Penetrei fundo em sua consciência até encontrar uma barreira, forcei a entrada, parti o selo e então entrei. Era escuro, mas eu podia ver uma luz amarelada ao fundo, havia uma energia pesada concentrada naquele ponto. Continuei avançando até surgir a imagem... a imagem de Mobilion sentado na mesma cadeira que vi ele em Belatona, seu braços apoiados nos braços da cadeira estavam ligados à fios que mais pareciam veias gordas conectadas à mente de Óbus, como parasitas.

– Então você veio a mim! – reverberou a voz de Mobilion sobre o ambiente escuro.

– Eu vim para fazer um acordo! – disparei.

– Impaciente como sempre!

– Mobilion, se você me quer, venha diretamente a mim! Pare de envolver outras pessoas nisso. No passado foi um povo inteiro e foi Nicolas, em Belatona foi Alrish que é só mais um escravo seu. E agora Óbus. Pare de ser covarde e mandar os outros fazerem o que só cabe a você e a mim. Foi você quem começou isso tudo, e agora não tem coragem de completar o serviço por si mesmo? Pois eu te proponho um desafio! Deixe a mente de Óbus e não envolva mais ninguém nisso e da próxima vez que eu e você nos encontrarmos, será só uma luta entre nós dois. Se eu vencer, você nunca mais irá atrás de mim, nem usará mais ninguém com o intuito de me possuir. E se você vencer... eu serei sua servente! Eu dou minha palavra!

– Humm, do jeito que a conheço você realmente cumpre suas promessas. Eu aceito seu desafio!

– Prometa não usar mais ninguém até lá para me perseguir ou me chantagear.

– Eu prometo – ele levantou a mão para mostrar que não estava trapaceando e esboçou um leve sorriso.

– Prometa na língua antiga! Do jeito que eu também o conheço, sei que você não cumpre promessas!

– Que cruel dizer isso! – ele se fingiu de ofendido e então prometeu em língua antiga.

– Então até a próxima vez Mobilion!

– Até!

Sua imagem foi desaparecendo aos poucos e sua energia também até que a mente de Óbus voltasse a ficar clara novamente. Sai então de sua mente e agradecendo a Eruda pela energia que me concedeu, essa também retornou para algum canto obscuro de minha consciência. Quando retornei a mim, uma fadiga enorme pareceu me puxar para o chão. Usar o poder da Fênix também tem seu preço. Mas aos poucos estou aprendendo a me comunicar com ela e sua ajuda foi muito importante pra mim agora. A imagem de Óbus ajoelhado à minha frente se focou em minha visão e ele começou a escorregar da minha mão, tombando pra frente. Droga. Ele é pesado e eu também não tenho muita força no momento. Ajoelhei, apoiando-me apenas com o joelho direito e coloquei as mãos sobre seu peito tentando segurá-lo.

– Óbus, Óbus... – Dei tapinhas na sua cara para tentar acordá-lo. – Óbus fale comigo! – Ele abriu devagar os olhos e me olhou meio zonzo.

– Hummm – Seus olhos verdes estavam de volta.

– Vamos lá, colabore comigo! – Eu o chacoalhei para ver se ele voltava a si mais rápido, eu não estava mais aguentando seu peso sobre mim.

– Lena... – Ele começou a se endireitar, recobrando a consciência. – Lena, eu tive um sonho estranho... onde eu machuquei você. – Ele olhou para o meu braço com o corte e acordou totalmente notando que aquilo era real. – Lena... – Ele estendeu a mão para tocar o ferimento, mas recuou em seguida temeroso me machucar. Ele olhou para mim com as sobrancelhas franzidas.

– Foi real Óbus. – Eu confirmei para ele. – Mas está tudo bem agora! – Eu afaguei seu ombro tentando transmitir conforto.

– Me desculpa! – Ele falou penalizado. Meu coração deu um aperto, não tem como não derreter com esse olhar.

– Tá tudo bem Óbus! Está tudo bem! –Afirmei olhando em seus olhos. Fiz um esforço descomunal para levantar e teria estendido a mão para ajuda-lo, mas se o fizesse eu cairia assim que ele se apoiasse em mim. Estou realmente cansada, eu apagaria aqui mesmo se meu orgulho não fosse maior.

Olhei para o lado e encarei Eragon, soltei um suspiro e andei em sua direção.

– O que quer de mim argetlam? – Disparei ao parar à sua frente.

– Senhorita... – Ele falou em um tom formal e desajeitado – Não queremos lhe causar mal. Apenas lady Nasuada deseja falar com você!

– Não é necessário, eu já estou indo embora do território dela! – Afirmei secamente. É claro que ela quer falar comigo. Por que será, não? Meu inconsciente disparou em tom irônico.

– Por favor – Ele pareceu constrangido – Não é isso que desejamos. Me acompanhe e poderemos conversar pacificamente. É muito importante que venha e converse com minha lady.

Claro! Para ser um cão obediente e fiel como você! Suspirei cansada. Sinceramente eu não estou com forças para objetar. Isso vai ser demorado e entediante, mas não estou realmente a fim de montar no cavalo e sair por ai sem rumo só para evitar tudo isso. Que seja!

– Que seja! – repeti pra ele. Virei-me para Óbus e o chamei.

– Err – Eragon gaguejou – Apenas você!

Virei-me para ele com um olhar fuzilador.

– Ele vem comigo!

Eragon refletiu por um momento - Como quiser! – Ele disse finalmente.

Andei até Donner puxando-o pelas rédeas, Óbus juntou-se a mim e então seguimos Eragon e o que pareceu uma procissão de soldados, os elfos que sempre estavam com ele e curiosos que se acumulavam ao redor.

Enquanto andava eu rasguei um pedaço da camisa de linho e envolvi no ferimento do braço. No momento eu não tinha energia nem mesmo pra lançar um simples feitiço para fechar um ferimento como esse. Minha costela fraturada doía a cada passo que eu dava e minha perna esquerda já estava começando a reclamar de tanto ser forçada. Além de que a sopa que eu comi deve ter desaparecido no meu estômago por que ainda estava com uma fome descomunal. Há, eu tô podre! Ri comigo mesma.

Virei-me para Óbus – Como você veio parar aqui?

– Muitas coisas aconteceram Lena... desde que você foi embora, não demorou muito para que eu fosse também, a vila já não tinha muito o que oferecer, nenhuma plantação estava dando certo e não valeria a pena continuar lá. Então depois de alguns dias de viagem avistei o acampamento e como eu já tinha enfrentado alguns problemas de saqueamento no caminho, eu achei mais seguro me juntar aos Varden.

– De fato, mas eu não diria que é uma opção tão segura, você já participou de alguma invasão ou batalha?

– Já, uma missão para atacar um comboio.

– Eu também já participei de uma dessas... Desde quando você mata?

– Desde que sai de Liverpoo e tive que me virar como dava.

– Onde viemos parar... – Eu disse , olhando para o vazio.

– É... Ficou tudo pra trás agora!

Olhei de relance e vi que estávamos chegando. Nesse instante fui surpreendida por um toque aveludado em meu braço, virei-me e dei de cara com o elfo de pelagem azul.

– Ah – Foi tudo o que consegui dizer. Eu lembrava que tinha uma expressão que se usa quando dirige-se à um elfo, mas no momento me deu branco.

– Sou Blödhgarm, filho de Ildrid a Bela. – Ele se apresentou de forma muito educada e sutil. – Contaram-me que você salvou minha vida em Belatona. Você tem minha profunda gratidão, estou em dívida com você agora.

Eu fiquei totalmente encabulada, um elfo em dívida comigo...

– Imagina, você não me deve nada! – Eu disse sem jeito. – Além do mais, você só foi atingido por minha culpa para começar... ninguém devia ter levado sequelas daquela luta, sendo que nem estava no meio... quero dizer vocês estavam ocupados com outros inimigos... enfim eu me sentiria culpada se não tivesse feito nada para consertar o que eu fiz... aquele ataque não era pra ter atingido você... que bom que está bem agora! – Finalizei antes que eu dissesse alguma besteira.

– Tudo o mais não importa! Estou grato pelo que fez e se algum dia precisar, eu farei o que estiver ao meu alcance para retribuir. – Ele se distanciou em seguida com elegância, voltando para seu posto próximo à Eragon.

Paramos e Eragon anunciou nossos nomes para o guarda em frente à barraca de Lady Nasuada que possuía uma cor um pouco diferente das demais. O guarda repetiu os nomes em voz alta e após uma aprovação de dentro, ele liberou a passagem para que entrássemos. Eu respirei fundo e adentrei a barraca.


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Notas finais do capítulo

Não foi muita coisa, mas eu adicionei um velho amigo de Milena, pra não deixar ela tão solitária, coitada, ela só tem Dimitri de companhia e mal, mal o rabugento de Caleb xD

E não é só isso, a vinda de Óbus é uma preliminar do que vai se revelar sobre o passado de Milena.

Eu já estou escrevendo o próximo capítulo e postarei assim que terminar!

Bjinhos e comentem, plis!