Capítulo Seis – Chegando.

O resto do dia se passou quase normalmente. Claro, que depois de tudo que foi dito no quarto eles não iriam ficar numa completa paz. Conseguiram não tocar mais naquele assunto pelo resto do dia. Mas, martelava na cabeça dele ter matado uma criança. Uma criança que podia ser a sua filha. Uma criança que era o filho de sua Morena, a mulher que ele possivelmente estava gostando.

— Então você não bebe? — ele perguntou.

— Nem um pouco.

— Fuma?

— Não.

— Você faz alguma coisa ilegal, por acaso? — ele perguntou sorrindo divertido.

— Já bati numa pessoa. — ela respondeu olhando divertidamente para ele.

— Oh! E quem foi essa pessoa?

— Meu... namorado. — ela murmurou.

“Cara de sorte.” Edward pensou consigo mesmo. Quem dera a ele ser esse cara. Para tentar não mostrar que ficou meio abatido com a resposta de Samantha, Edward apenas continuou sorrindo divertidamente para ela, que também sorria de uma forma descontraída.

— Você tem certeza que Mica e Josh não vão chegar hoje? — ela sussurrou.

— Eles falaram que James havia pedido um trabalho a eles e que só voltariam amanhã pela manhã.

— Mas e se chegarem antes?

— Não vão.

— Como você tem tanta certeza? — ela perguntou encarando-o.

— Leio mentes.

— Então, você pode falar o que se passa na minha mente agora? — ela perguntou sorrindo ironicamente.

— Você é a única que eu não consigo desvendar. — ele respondeu divertido.

Eles gargalharam e ela tocou o travesseiro na cara dele. Os dois estavam no quarto conversando a várias horas. Contando sobre a vida deles, mas nada muito importante. Conversaram sobre musicas e descobriram que tinham o mesmo gosto para rock n’ roll. Edward descobriu que ela não gostava muito de musica eletrônica, e que apenas curtia quando ia para as boates.

Ficaram conversando algumas coisas banais, até que Samantha soltou um gemido de dor. Edward logo se preocupou e foi pegar o remédio, e aproveitar para fazer a janta. Foi até a cozinha e preparou um sanduíche bem recheado. Pegou um suco de manga e pegou duas pedras de gelo. Colocou ambos na badeja e foi em direção ao quarto. Deixou a bandeja encima da mesa, e foi até a sua mochila para pegar o remédio para dor. Depois de pegá-lo, Edward o depositou na mão dela, que agradeceu. Avisou que iria descer para pegar alguma coisa para ele comer, e saiu do quarto.

Fez um rápido sanduíche para ele também. Pegou uma latinha de refrigerante e se sentou ali na mesa. Eles haviam ficado conversando o dia inteiro, então, ele imaginava que ela queria pelo menos alguns minutos sozinha. Comeu lentamente seu sanduíche e terminou seu refrigerante. Colocou a latinha no lixo, e logo em seguida, andou até o quarto passando a mão em seus cabelos.

— Já comeu? — Ela perguntou com os olhos levemente arregalados.

— Aham.

— Nossa... rapidão hein.. — ela disse mordendo o resto do seu sanduíche.

Ele apenas riu levemente e mordeu o interior de sua bochecha. Seu celular vibrou no bolso dele, fazendo com que ele e Isabella se surpreendesse. Um olhou para o outro, mas Isabella apenas assentiu para ele, que atendeu o telefone. Era Josh.

— Fala Josh.

— E aí, Cullen. Como estão as coisas com a garotinha?

— Tranqüilas. Ela não fez nenhum tipo de graçinha. — Edward respondeu monótono.

— Certo. — Josh disse e Edward escutou algumas vozes. Isabella ainda se alimentava. — Liguei para avisar que estamos com James e voltamos a qualquer minuto. Ele está louco para vê-la.

— O que ele vai fazer com ela? — Edward perguntou tentando não demonstrar muito interesse. Isabella o fitou.

— Ele não nos disse. — respondeu Josh. — Disse que quer vê-la primeiro para depois decidir o que vai fazer.

— Hm... certo.

— Vou desligar agora, Edward. Até mais.

— Até. — Edward falou por ultimo, e eles desligaram. Edward em seguida, guardou o celular no bolso esquerdo do seu jeans escuro.

— O que ele falou? — Samantha perguntou indo se sentar ao lado dele.

— Disse que James já esta na cidade, e que vão chegar a qualquer momento. Temos que tomar cuidado para eles não nos pegarem em um momento de... — ele parou não sabendo como completar.

— Carinho. — ela disse por ele, que a olhou.

Os dois sorriram e Edward levantou dizendo que levaria a bandeja para a cozinha. Isabella somente assentiu e se deitou. Passou suas mãos demoradamente por seus cabelos e depois se deitou na sua cama. Sua vida estava completamente louca! E ela estava muito confusa.

Qualquer pessoa notava a atração que ela e Edward tiveram. Ela não sabia se iria conseguir disfarçar quando Mica, Josh e agora, James, chegarem. Nervosa, mordeu os lábios. Se ela desse alguma pista de seu envolvimento escondido com Edward os dois iriam acabar mal. E ela sabia muito bem assim. Assim como ele. Josh, Mica e James não poderiam nem se quer pensar que os dois estavam conversando amigavelmente. Edward talvez, iria correr mais riscos que ela, pois poderia ser considerado um traidor. Tendo assim, uma punição maior. Ao contrário de Samantha, que podia simplesmente apanhar mais. Mas, ela se perguntava por que Edward estava se arriscando tanto assim... por ela.

Com esse pensamento, Kevin invadiu a mente de Isabella. Kevin era o seu namorado, seu parceiro, e o pai do filho que ela perdeu. Kevin era seu namorado fazia dois anos. Mas nos últimos meses, seu namoro com ele não estava mais a mesma coisa que antes. Não tinha mais aquela química que eles tinham no inicio. Agora, parecia mais dois amigos que se beijavam e iam pra cama, do que um casal que se ama.

Ela duvidava, que tinha mais química com Edward em poucos dias, do que com Kevin em dois anos.

“Mas por que diabos minha cabeça está mais ocupada com Edward do que com Kevin?” Isabella se perguntava. Era óbvio que Kevin e o resto dos seus amigos e parentes estavam mais que preocupados com ela. Era mais de quinze dias sem nenhum noticia dela. E o pior, é que ela não sabia quando iria ser liberada. Não sabia o que James queria com ela, e quanto iria demorar. Não sabia se iria sair viva ou morta.

Edward deixou a bandeja encima da pia da cozinha e pegou um copo de água para ele. Tomou rapidamente, e foi para o quarto onde Samantha estava. Encontra-a deitada na cama olhando para o nada. Ela parecia pensativa, por isso, ele não falou nada apenas andou até o lado dela, do outro lado da cama, e pegou a mão dela. Começou a fazer círculos com seu polegar, e isso fez com que ela olhasse para ele surpresa.

— Acho que temos que dormir. — ela sussurrou para ele, mas não tirou sua mão da dele.

Ela levantou com mais facilidade dessa vez, mas ainda dolorida, e foi até o banheiro. Edward notou a mudança de humor dela, mas não perguntou pra ela o por que disso. Talvez ela estava com medo porque James estava chegando, e iria talvez iria apanhar mais de Mica e Josh. Ela talvez estava com medo de morrer. Depois de escovar os dentes, ela passou a mão em seus cabelos e se permitiu olhar no espelho a sua frente.

Seu rosto era de um branco totalmente pálido. Não um branco normal, um famoso branco-escritório. Era um branco pálido, assustador, um branco que denunciava toda a fraqueza que seu corpo tinha. Seu corpo estava magro, machucado, mas agora com a ajuda de Edward os machucados estavam se encaminhando para sarar. Seus lábios estavam roxos. Seus cabelos estavam ressecados e estavam pouca coisa maior. Ela estava muito magra. Muito mais magra do que chegou aqui. Alguém que a conhecesse antes de ser seqüestrado, e a visse, iria ficar totalmente chocado com o seu estado. Não era mais a Isabella Swan animada, com o sorriso sempre estampado no rosto e os olhos brilhando de felicidade. Quem a visse iria achar que ela estava em depressão — se é que realmente não estava. Seus olhos chocolates eram opacos. Havia um brilho, bem no fundo. Que apenas alguém que gostasse mesmo dela, e notasse seus olhos, iria reparar nisso. Ou seja, quase ninguém.

— O que está fazendo? — A voz de Edward a surpreendeu.

Ela estava tão abismada com o seu reflexo no espelho, que nem notou Edward apoiado na porta. Ela balançou a cabeça tentando arrumar alguma desculpa para dar a ele.

— Estava apenas pensando. — murmurou.

— No que? — ele se permitiu perguntar.

— Diversas coisas.

Ele assentiu e pediu licença para ela, que se encaminhou para o quarto. Ouviu a porta do banheiro sendo fechada, e caminhou até a cama. Se deitou e logo puxou o cobertor para cima de seu pequeno corpo. Suspirou pesadamente e fechou os olhos. Não queria falar com Edward agora. Queria apenas ficar em silencio pensando no que sua vida iria ser quando saísse daquela casa. Se saísse.

Ela ouviu a porta do banheiro ser aberta e fechou os olhos. Logo depois, a luz foi apagada. Alguns segundos se passaram até que ela sentiu a cama afundar e um suspiro pesado sair dos lábios de Edward. ela se virou pra ele não notar que ela ainda estava acordada. Ele se tapou e colocou a sua mão no ombro dela.

— Está dormindo? — ele sussurrou.

Ela não respondeu, e ele acariciou o braço dela até suas mãos. Depois, tirou sua mão dali e sentiu os braços dele em sua cintura, puxando seu corpo para perto do calor do dele. Ela apenas continuou fingindo que estava dormindo, e sentiu Edward com o rosto em seus cabelos.

— Não precisa fingir que está dormindo. — ele sussurrou deixando-a totalmente surpresa.

— Você acabou de me acordar! — ela mentiu, arrancando uma risada rouca dele.

— Morena, eu sei quando você dorme. — ele disse. — E realmente, não era daquele jeito.

Ela bufou e ele riu novamente. Ficaram abraçados por um tempo, até que ouviram um barulho vindo da porta de casa. Eles arregalaram os olhos ao mesmo tempo e Edward se levantou rapidamente da cama. Arrumou sua roupa rapidamente e passou a mão nos seus cabelos em um sinal de nervosismo, ela mordeu os lábios e sussurrou:

— Vá. Eu finjo que estou dormindo. — ela sussurrou. — Vá! — ela fez um sinal e ele somente assentiu e saiu do quarto.

— Eu vou proteger você! — ele sussurrou.

Ele fechou a porta atrás de si e passou as mãos em seus cabelos cor de bronze novamente, dessa vez, puxando-os um pouco. O que será que iriam fazer com ela? Iriam fazê-la sofrer mais? Ele não poderia fazer absolutamente nada para evitar isso? Não poderia protegê-la? Ele não iria poder cumprir o que falou? Ele sabia que o dever dele era proteger ela. Mas não sabia como iria fazer isso.

Quando estava adentrando o corredor que dava para a cozinha, perto da porta, viu que Mica (http://www.polyvore.com/w6/set?id=28368800), Josh e James já estavam ali. Vestidos de uma maneira totalmente formal. Como se tivessem vindo de uma festa de formatura, ou indo para um casamento. Afinal, pra que tanta elegância se eles daqui a pouco vão cometer um crime?

— Edward! — James falou batendo de leve em seu ombro.

— Olá James. — Edward disse dando um sorriso forçado.

— Como está nossa garotinha? — James perguntou olhando diretamente a Edward. — Não tentou nenhuma gracinha?

— Não. Me obedeceu o tempo inteiro, James.

— Assim que eu gosto! — Mica murmurou.

Josh apenas sorriu abertamente.

— Mica, quer fazer algo antes de chamá-la aqui? — James perguntou colocando a mão em seu bolso.

— Claro. Eu adoraria! — Mica disse e deu um sorriso malicioso.

Edward ficou apreensivo pensando em o que Mica iria fazer dessa vez. Poderia ser uma das ultimas vezes que ela iria ver Samantha, e talvez, queria descontar tudo o que passou em uma noite só. O desespero tomou conta de Edward mas ele tentou disfarçar. Nem Josh, nem James pareceram notar como Edward estava. Seu corpo estava rígido, e logo ouviu o barulho da porta sendo fechada com força.

Edward se encaminhou para a sala e pegou uma almofada e se sentou no sofá. Demorou alguns minutos até que alguns gemidos e dor e gritos de dor também, começaram chegar até a sala. Edward apertou mais a almofada para conter a raiva que tinha de Mica e o nervosismo que estava.

Mais um grito. Dessa vez mais alto. 

Josh e James gargalharam cúmplices enquanto se sentavam no sofá da sala. Os gritos pararam. Os gemidos continuaram. O nervosismo e o aperto no peito de Edward, também continuaram.