Capítulo Dezessete – Confundindo.

Bella ficou em silencio, apenas fitando Edward e esperando qual seria a resposta e a atitude que seu namorado iria ter. Mica pegou uma cadeira da mesa que estava ao lado, colocando ali e se sentando na lateral da mesa. Mica estava com a face séria e Edward com os olhos arregalados. Bella também estava surpresa, mas manteve a sua postura de seriedade para disfarçar.

Edward engoliu o seco.

Ele já tinha saído dessa vida e não a queria de volta por nada. Mas, sabia do que Mica poderia fazer se não tivesse o que quisesse. Mica poderia fazer algo de mal a Bella. Poderia fazer algo com Charlie. Com Alice. Com todos que faziam bem aos dois, por Edward, apenas não ter concordado em fazer o que ela queria. Era injusto, mas, enquanto Mica não fosse presa ou internada, a vida dos dois seria assim.

Poderiam sofrer mudanças drásticas a todo o momento. Poderia apenas a policia chegar, alguma pessoa que tivesse contato com James ou simplesmente, poderia Mica inventar coisas e manipular os dois, para tudo acabar ou ficar parcialmente acabado. Nenhum dos dois queria isso! Mas o que eles poderiam fazer para impedir que isso acontecesse? Fugir e deixar tudo o que tem aqui? Denunciar Mica para a policia sem nenhuma prova? Não havia como ter uma vida com paz, nessas circunstancias.

— Não gosto quando me negam alguma coisa. — Mica avisou.

— Eu não falei que iria negar. — Edward murmurou rápido, sem olhar para Isabella.

Isabella se controlou para não gritar para ele, fechando os olhos e mordendo os lábios. Mica sorria de uma forma que chegava até ser diabólica para o querido casal que estava em sua frente. Ela queria vingança, e nada na vida iria mudar a sua decisão de vingar a morte de seu pai. Bella bebeu um gole da sua bebida e se levantou, atraindo a atenção de Edward.

— Vou embora. — Ela anunciou, empurrando a cadeira de volta para o lugar.

— Por que? — Ele perguntou, mas ela o ignorou e caminhou até a saída, mas antes que ela saísse pela porta, Edward puxou o braço dela de uma forma firme, mas não forte. — Ei, o que aconteceu?

— Ainda quer que eu responda?

— Você veio comigo e vai embora comigo. — ele disse firme.

— Não! Eu vim com o meu Anjo e não com o bandido que o Cullen é. — ela disse antes de se virar e caminhar apressadamente até o outro lado da rua, que tinha um ponto de taxi, entrando logo em seguida no carro amarelo mostarda.

Bella engoliu diversas vezes aquele bolo que havia se formado em sua garganta, depois que deixou o restaurante. Não era o que ela queria, mas ela não queria e não podia demonstrar a Mica, que tudo o que ela estava fazendo, estava abalando-a. Ela tinha que ser forte na frente de Mica! Só queria saber se conseguiria fazer isso.

— Oi pai. — Bella falou chegando em casa e fechando a porta.

— Oi filha. — Charlie falou, ainda sem virar o rosto para ver Bella. Estava concentrado demais no jogo de baseball.

— Vou subir. Boa noite! — ela disse e se retirou sem esperar resposta, indo em passos largos para seu quarto.

Foi rapidamente para o banho, tomando uma ducha rápida e colocando uma roupa velha para dormir. Arrumou sua cama do jeito que gostava, e se deparou com a janela aberta. Mordeu os lábios. Se deixasse aberta, era provável que Edward entraria a noite e iria gostar de conversar porque ela tinha feito aquilo no restaurante. Mas ela estava de cabeça quente, e seria pior para eles se tivessem uma discussão agora. Suspirou e fechou a janela, se deitando logo em seguida.

Puxou o cobertor para cima de si e fechou os olhos, passando a mão por seus cabelos. Por que Edward não havia negado? Estaria ele, pensando em voltar aquela vida de antes? Fugindo da policia? Depois deles terem acertado todas as coisas com o advogado. Logo agora, depois que ele havia sido apresentado a Charlie e talvez, voltaria a estudar? Ele ainda estava na duvida se ficava fugindo ou não da policia? Esse pensamento fez Bella bufar de raiva.

Qual a duvida que ele tinha? Tudo iria ficar bem se ele negasse. Pelo menos, ela pensava isso. Por que não ficaria? Aquela resposta com desdém de Edward, havia deixado ela com raiva. Ela não o queria naquela vida de novo. Ela o queria sem a policia e a preocupação. Ela queria que ele apenas ficasse bem e voltasse a reconstruir  sua vida, que fora abalada por tanto anos por James.

Ouviu um barulho na sua janela e levantou silenciosamente. A cortina estava fechada, e ela espirou apenas pela fresta que havia. Outro barulho. Haviam tocado um pedra em sua janela. Olhou mais adiante e viu que quem estava tocando aquelas pedras era Edward. Suspirou pesadamente, antes de sair da janela e dormir.

Depois de alguns minutos, nenhuma pedra foi tocada mais na janela de Bella. Ele havia ido embora.

*

— Não sei, Alice. — Edward respondeu, já sem paciência. — Não sei se devo ou não ligar para ela.

— Quer um conselho de mulher? — Alice perguntou.

— Diga.

— Ainda não ligue. Deixe ela pensar um pouco, deve estar confusa depois de tudo que aconteceu, e provavelmente, se você ligasse, iriam acabar brigando e iria ser pior para os dois. Talvez ligue de noite... mas dê um tempo para ela esfriar a cabeça. E você também. Está na hora de pensar mais na sua vida, não acha? — Alice disse.

— Eu sei de tudo que está acontecendo na minha vida, maninha.

— Sabe mesmo? — ela arqueou uma sobrancelha. — Já sabe se vai voltar a estudar?

— Não, mas...

— Sabe o que vai fazer em relação a Mica?

— Também não...

— Já sabe o que vai fazer para comemorar o Natal?

— Não...

— Então, Edward... tire esse tempo para pensar. Sua vida está uma loucura ultimamente! Já passou até da hora de você parar de fazer as coisas por Isabella. Respire um pouco e reveja tudo o que está acontecendo em sua vida. Dê umas revisadas nas suas atitudes, mano. Vai ser bom pra você!

— Acho que vou fazer isso... — ele murmurou.

— Ótimo!

Alice virou os calcanhares para sair do quarto.

— Alice! — Edward a chamou e ela se virou. — Obrigada. — sorriram.

— De nada, maninho. — falou e saiu do quarto, fechando a porta logo em seguida.

Edward suspirou pesadamente e passou as mãos por seus cabelos bagunçados. Depois daquela conversa que havia tido com Mica, foi direto para a casa de Bella. Tentou subir para seu quarto, mas se deparou com a janela fechada, impossibilitando o ato. Começou então, a tocar algumas pedrinhas para ver se ela abria a janela. Em vão. Depois de esperar alguns minutos para ver se ela abriria ou não a janela, Edward pegou seu carro e foi para a casa.

Ontem à noite, depois da partida de Isabella.

Depois que viu Bella entrando no taxi, Edward suspirou e caminhou em passos lentos até a mesa onde Mica ainda estava sentada com um sorriso irônico. Sentou-se ao lado dela, e tomou um longo gole de sua bebida antes de se virar para a mulher que estava ao seu lado.

— O que você realmente quer, Mica? — perguntou.

— Vingança! — ela respondeu. — Você sempre soube que foi isso. Eu quero vingar a morte de meu pai. Josh e James morreram e eu só tenho você para me ajudar nisso. Já liberamos Isabella, ela está livre. Não quero nada com ela. O que eu quero é realmente, com a Samantha verdadeira.

— Eu não quero lhe ajudar. — ele falou firme.

— Então é isso? Depois de todos esses anos eu lhe dando força porque você não tinha seus pais, e agora que eu quero vingar a morte do meu pai, você não pode? Simplesmente nega? Você sabe que desde que Bill morreu, é só isso que eu tenho buscado. Depois de eu me vingar de Samantha, estará livre para viver a vidinha que quiser com Bella. Mas antes de eu não conseguir minha vingança, eu não vou sair de perto de você, Edward!

— Qual a parte do “não quero lhe ajudar” você não entendeu? — ele perguntou ríspido. — Mica, por mais que você me ameace, eu não vou lhe ajudar em nada que você vai fazer em relação a essa verdadeira Samantha. Você não entende que ela não tem culpa nenhuma pelo o que o pai dela fez?

— Ela era filha daquele homem, simples. Era isso que ela tinha!

— E você acha que ela escolheu ser filha dele, Mica? Por Deus! Ela não teve escolha sobre o pai dela, nem sobre as atitudes que ele teve. Você acha que se ela pudesse ela não teria evitado tudo isso? Se ela pudesse, ela nem teria começado a namorar com aquele homem. Acorde! Ela não tem nenhuma culpa sobre o que o pai dela fez com o seu pai. Culpá-la, maltratá-la não vai trazer seu pai de volta. Ela não tem culpa sobre a morte de seu pai. — ele falou batendo na mesa e se levantando sem esperar resposta.

Agora.

Apesar de tudo que ele havia falado para Mica, Edward ainda tinha na cabeça a ameaça que ela havia feito para ele. Ele sabia do que ela podia ser capaz. E agora, temia isso. Mica era perigosa, e ele não queria arriscar por nada nesse mundo o seu namoro com Isabella, muito menos ela. Então, o certo seria ele aceitar ajudar Mica? Recusar? O que seria o certo a fazer?

Com essas perguntas, Edward passou a tarde inteira pensando. Exatamente como Alice havia pedido.

*

Depois de Edward lavar a louça, sentou-se preguiçosamente no sofá da sala e passou a mão em seus cabelos. Durante o dia inteiro, Bella não havia ligado nem dado nenhuma noticia se estava ou não querendo falar com Edward. isso estava enlouquecendo-o. Ele não suportava ficar longe dela! Não depois de todos esses meses que eles acabaram passando separados. O barulho de seu celular, o tirou de seus devaneios. Era uma mensagem. De Bella. Edward sorriu.

“Venha dormir aqui.” Dizia.

— Alice, Bella mandou uma mensagem. Vou lá na casa dela. — ele avisou a irmã.

— Tudo bem. Boa sorte!

— Obrigado. 

Ele pegou a chave do carro e foi rapidamente para a casa de Bella. Estacionou na esquina para Charlie não desconfiar e foi em passos longos até o jardim. Subiu mais rápido do que o previsto, e encontrou o quarto vazio. Ouviu vozes do andar de baixo e se sentou na cama. Ela estava lá embaixo. Foi andando pelo quarto dela e encontrou uma foto com os mesmos que estavam no bar, aquele dia que eles haviam se reencontrado. Era uma foto com Jasper, Cameron e Carla.

— Remexendo nas minhas coisas, Senhor Cullen?— a voz de Isabella penetrou seus ouvidos, fazendo-o sorrir mais ainda.

Ele se virou a encontrou com uma expressão divertida, que nem parecia que eles haviam brigado.

— A curiosidade é um grande defeito meu. — ele murmurou.

— Notei! — ela falou e caminhou até ele, o abraçando. Ele enterrou seu rosto na curvatura do seu pescoço, enquanto ela tinha a mesma atitude. — Me desculpe! — ela murmurou ainda abraçada a ele. — Não deveria ter feito aquele escândalo.

— Não precisa se desculpar. — ele sussurrou em seu ouvido. — Não há nada para se desculpar. Apenas eu, que deveria ter pensado mais nas minhas palavras antes de responder à Mica.

Ela não disse nada, apenas levantou seu rosto e buscou os lábios dele, com os seus.