The Strange Girl - Boston escrita por Chibi Midori


Capítulo 5
A Insensível


Notas iniciais do capítulo

Yahooo! Aqui NÃO é a Luh. Podem me chamar de Pandinha, a fabulosa melhor amiga. Adivinhem quem tirou nota baixa em física e ficou sem internet? PING PONG! A autora. Como eu sou de sua confiança, ela me entregou o pen drive e entre suspiros e lágrimas me implorou "Poste o capitulo no meu lugar, Pandinha-sama" Curtam a leitura, por favor! E rezem para que a autora passe a estudar mais!



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Sábado. Existe no mundo dia mais feliz que o sábado? Não, não existe. E mesmo assim, as pessoas insistem em estragar a perfeita perfeição deste perfeito dia. Com aulas. Não estou brincando, aulas no sábado. Toda a minha sala foi convocada para um super dia de revisões e aulas inúteis. Obrigatório. A todos os alunos. Eu gostaria muito de faltar e fingir que estava morta, mas nem que eu tivesse meu couro cabeludo arrancado eu deixaria Gretchen perceber que eu estava sequer remotamente chateada. Eu não estava mesmo. Meti-me no meu jeans mais velho, minha blusa mais surrada e finalizei com o meu casaco preferido: Um moletom masculino duas vezes maior que eu. Me sentia tão confortável que quase saí por aí cantando Po pi po e imitando a Miku Hatsune.

... OK, não. 

Desci as escadas com Mouche equilibrado na cabeça. Não é um comportamento normal para um gato ficar na cabeça dos outros... Quem supostamente faz isso são hamsters, mas meu gato é mesmo um esquisitão.
Minha mãe parecia muito nervosa com alguma coisa durante o café da manhã. Ela tinha estado estranha há algum tempo.... Eu pensei que isso se devesse ao fato de Henri estar resfriado e não tê-la deixado dormir nas ultimas noites, mas Henri estava finalmente curado e eu tinha certeza de que ela havia dormido perfeitamente bem. Então... Qual era o problema? Ela não estava preocupada comigo, estava? Só por que eu chorei um pouquinho? Certo, eu normalmente não choro, mas... Oras, é um direito meu chorar se eu tiver vontade. Sou uma cidadã americana e pago meus impostos!

Digo, todo mundo paga impostos, né? Mesmo os que não recebem salário.

- Então, Ludmille... - ela chamou enquanto eu me servia de uma tigela de cereais - Você... Você não sente falta de Boston? 

- Eh? - Levantei a cabeça bruscamente. Mouche caiu. - Eu..  Por que isso agora?

- Eu... Só queria saber. Andei lembrando da nossa vida lá... Me perguntei se você não sentia falta... Tem falado com a Tiara.

- Todos os dias. - Engoli sem mastigar duas colheres de cereal. Para não morrer engasgada, virei de vez a tigela de leite na boca. - Cof... Olha a hora. Estou indo para a escola.

- Entendi. - ela sorriu, de um jeito nervoso. - Bom... Volte pra casa assim que a aula acabar, ok? Tenho uma surpresa pra você.

- Oh, não, tudo menos uma surpresa. - gemi saindo da cozinha antes que ela esticasse o assunto.

Forcei Mouche a voltar para o quarto, já que ele insistia em arranhar as minhas meias, na certa querendo vingança por eu tê-lo derrubado. Suspirei, como se estivesse tomando coragem e saí de casa. Ficar sozinha não seria um problema, mas eu com certeza apelaria para a violencia caso algum deles insistisse em tentar falar comigo por peso na consciência.

- Oi! Bom dia!

... Isso foi comigo? Falando sério... Bom dia?! Quem ousaria me desejar um bom dia quando eu estava saindo de casa às sete da matina na porcaria de um sábado depois de ter quase morrido engasgada com uma tigela de cereais? Pelo visto, teria que apelar para a violência mais cedo do que eu estava esperando. 

- Bom é o Morinaga, então a menos que você seja ele, não gosto de você! - gritei para quem quer que fosse.

- Nossa, você acordou bem, hein? - Uma garota irritantemente sorridente atravessou a rua. Rachel. - Quem diabos é Morinaga?

- Você já leu Koisuru Boukun? Ou The Tyrant who fall in love, em inglês? - perguntei e ela sacudiu a cabeça - Então nem vou tentar te explicar a perfeição que é Tetsuhiro Morinaga. A propósito o que você quer? 

- Você está indo para a escola, não está? - ela perguntou. - Vamos juntas.
- Não.  Vá sozinha. Na outra calçada, longe de mim. Por favor. 

- Ouch! - Rachel pareceu surpresa e levemente irritada. - Desculpa por tentar ser legal.

- Ouça. - suspirei e comecei a andar - Eu não tenho nada em particular contra você, só... Não sou muito sociável. Se você quer amigos, vai encontrá-los bem longe de mim.

- Eu achei que você fosse legal, afinal você me salvou ontem quando eu estava perdida.

- Não, Ryan te ajudou. Eu queria te deixar para ser devorada pelos monstros da floresta. - admiti - Ele me obrigou a ir lá te ajudar... Se bem que o Ryan é um cafajeste e gostou de você. Seria mais gentil te deixar com os monstros da floresta e essas coisas. 

- Ele... Gostou de mim? - ela corou.

-Diria que ele está caído por você. Bom, ele não é tão ruim, se você conseguir fazer ele largar a vida de galinha. 

- Hahahahahaha você é legal.

- Não, eu não sou. Isso é uma ilusão sua. Eu não estou falando isso pra ser engraçada, eu estou séria. 

- Sei... Pelo menos eu não preciso me preocupar com mentiras. Você parece ser bem sincera.

- É claro que eu sou sincera! - senti meu rosto corar de raiva - Pessoas que mentem para os amigos não passam de lixo. 

- Então eu já sou amiga? Nossa! 

- Não! Eu nunca mais vou ter amigos na vida. - garanti - Me deixe reformular a frase: Pessoas que mentem são piores que lixo. A verdade precisa ser dita, haja o que houver. É.

- Ah, entendi. Você é maluca. - ela riu. - Mas você parece chateada com alguma coisa. Quer desabafar?

- Não. 

- Se precisar, eu estou aqui. Eu sou um tipo de psicóloga. 

E, com uma psicóloga ao meu lado, cheguei à escola. Algumas pessoas olharam para Rachel, sem reconhecê-la.A maioria das pessoas não deu importancia. Eu estava até de bom humor quando encontrei alguém extremamente indesejado no corredor. Heather que estava mexendo em seu armário. Luke estava ao lado dela e a cutucou assim que me viu vindo pelo corredor. 

- Ludie! - ela exclamou assim que me viu.

- Não fale comigo. - respondi, passando direto.

-Ludie, não seja assim... - Pediu Luke - A Heath só quer falar com você. 

Comecei a girar a combinação que abria o meu armário, ignorando deliberadamente os dois. Rachel, ao meu lado, parecia hesitante e surpresa. Eu não a culpava por estar nervosa e tensa na escola nova, mas ela se viraria sozinha como eu me virei no início ou logo faria amigos que a ajudariam, afinal ela não parecia antisocial como eu. Ela era uma garota normal e logo veria que eu não era uma boa amizade. Simples assim. 

- Lud, ouça, eu realmente sinto muito. - insistiu Heather - Gretchen está arrasada por magoar você, ela não queria.

Retirei meu livro de química e bati a porta com força. Encarei Heather nos olhos. Ela se encolheu. Lhe dei as costas e segui andando pelo corredor. Rachel tropeçou atrás de mim.

- Uau! Então é por isso que não você não tem amigos. Precisamos conversar sobre essa sua agressividade, Lud.

- Desculpe, doutora, dispenso seus serviços. - Usei uma caneta para prender o cabelo. - Agora ache rápido o seu armário e vamos de uma vez para a droga dessa aula. 

*

Meu humor piorova à proporção que as aulas passavam. À hora do almoço, Rachel parecia achar que eu era algum tipo de palhaça sarcástica muito divertida. Eu perguntava-me se ela sabia que eu estava falando sério e agindo normalmente e não fazendo piada. Eu já não tinha vontade de dançar Po pi po e nem nada relacionado a cantoras felizes como Miku Hatsune. 

Como sempre acontece quando estou de mal humor, empilhei comida no prato sem pena, decidida a me entupir de bife ao molho, muita batata frita e lasanha a vontade. Rachel arregalou os olhos para a minha montanha de comida, que parecia ainda maior se combinada ao seu modesto prato de comida vegetariana. Era muito pouco parecido com os meus primeiros dias em Franklin, uma vez que Rachel estava lá. Ela era um pouco tímida no início, o único problema foi quando ela resolveu começar a falar.

Contou-me, animada, sobre seu pai e sua irmã Ayla. Falou a respeito da sua mudança, como sentia saudades dos amigos e me convidou para passar a tarde em sua casa, pos sua irmã certamente me adoraria. Olhei para ela, incrédula. 

- O que? - Com a boca cheia de salada, ela respondeu ao meu olhar - A Ayla realmente vai te adorar. Você é engraçada.

- Isso era pra ser um elogio? Não pareceu muito educado.

- Encontrei você! - exclamou uma voz conhecida - Em que buraco esteve se escondendo, garota impossível?

- Josh. - falei, cheia de desgosto. - As pessoas nesse lugar não sabem entender quando uma garota quer ficar sozinha? 

- Seu namorado? - perguntou Rachel, tomando um gole de suco de maracujá.

- Não! - exclamei, um pouco rápido demais. - Digo, é meu amigo. Josh. Josh, essa é Rachel, sua próxima cunhada.

- Ah, é? - ele olhou Rachel, parecendo levemente interessado - Então você é a donzela em perigo que o Ryan salvou ou coisa assim?

- Eles moram juntos. - contei a Rachel. - Não tenho certeza se são gays ou não, mas eu acho que não, já que o pai do Josh mora com eles.

- Oh. - Rachel não soube como responder. E, como desta vez eu estava brincando, ela não riu.

- Você deve ter muito pra conversar com o Josh. - falei.

- Na verdade, eu queria falar com alguém em particular. - Josh me encarou. Continuei comendo tranquilamente e fingindo que não era comigo. - Sabe Lud... É legal conhecer a Rachel e tudo, mas eu realmente gostaria de falar com você a sós.

- Aah, agora eu não posso falar a sós. Estou fazendo companhia à Rachel.

- Não por isso. - Rachel começou a levantar-se - Eu vou embora.

- Você fica aqui. - A detive e a fiz sentar outra vez. 

Josh suspirou. Ele sabia que eu ia evitar o fora que ele ia me dar eternamente. Ei, se eu enrolasse bastante, talvez ele desistisse de me dar o fora e deixasse as coisas como estavam, sem nenhum  problema.

E eu enrolei o máximo que podia, mas eu não podia me esconder atrás de Rachel pelo resto da vida. No fim, minha ultima aula não incluía Rachel, mas incluía Josh e Gretchen. Para minha completa consternação, tive de sentar na ultima fileira, bem entre os dois. Não olhei direito para Gretchen, mas podia jurar que seus olhos pareciam vermelhos. Ela fungou uma vez. Não olhei. Acho que tenho que admitir para mim mesma que eu estava morrendo de vontade de me atirar nos braços de Josh e abrir um berreiro, pedindo-o para tirar ela de perto de mim.

Ainda que eu a odiasse naquele momento, ainda restava em mim um instinto de melhor amiga, que me dizia para confortá-la do que quer que fosse. Um instinto queeu devia esquecer. Afinal, Gretchen e eu nunca fomos melhores amigas de verdade.

Afundei na cadeira, por pouco não deslizando para o chão e enfiei as mãos nos bolsos do casaco. Assumindo que Gretchen não ligava de verdade para mim, eu tinha que admitir também que todos os momentos legais que tivemos foram mentira. Como da vez em que fomos ver filmes de terror na casa de Heather e passamos a noite inteira sem dormir, vigiando a porta, certas de que alguma coisa iria aparecer. Ou quando ela chorou no meu ombro por que seu personagem preferido de Harry Potter morreu. Ou quando Quase morremos de estudar para o teste de física, por que havíamos passado todas as aulas dormindo.

Eu não queria admitir nada disso. Meus olhos arderam. 

Ergui uma mão e ergui a mão para esfregar o nariz. Um bolo se formava na minha garganta. Eu estava prestes a enfiar a mão no bolso outra vez quando Josh me deteve. Ele segurou a minha mão. Olhei-o e ele estava olhando fixamente para o professor, como se nem estivesse notando que estava apertando a minha mão. Suspirei e ignorei aquilo, por que era patética ao ponto de ficar reconfortada com aquele toque. 

Ele continuou segurando a minha mão até o fim da aula, soltando apenas quando eu puxei o pulso bruscamente para enfiar tudo na mochila e sair da sala antes que Gretchen tivesse tempo de pensar em levantar-se. Saí da sala e ele me seguiu. Não vi nenhum sinal de Rachel e também não devia me preocupar com ela. Eu havia prometido não me tornar mais amiga de ninguém e não era como se eu tivesse combinado de ir com ela todos os dias. Eu apenas a encontrei por acaso no caminho uma vez. Só isso.

O tempo estava perfeito para dormir, nublado e frio. Eu entava lentamente novamente com as mãos enfiadas no bolso do moletom. Josh, a meu lado, parecia muito concentrado  em questões complicadas demais para que eu quisesse saber.  Eu o deixei pensar sem perguntar nada, pois eu sabia que era isso que ele queria. Estava concentrada demais em Heather, Gretchen, Tyson e Luke. Eu lembrava insistentemente de toos eles, totalmente diferente de quando saí de Boston e pensava em Tiara e Ryan. Era pior.

Resolvi ser sincera comigo mesma de uma vez por todas: Eu gotava de Gretchen como nunca havia gostado de Tiara, embora eu adorasse a minha melhor amiga de Boston. Talvez tvesse algo a ver com a idade ou as afinidades ou mesmo a falta delas. Eu já sentia falta de Gretchen e não fazia nem  um dia desde a nossa briga.

- Faça as pazes com ela. - Josh ordenou de repente.

- Vá ler a mente do diabo que te carregue. - devolvi.

- Oh, então você admite que está pensando nisso! Eu falei com  a Gretch ontem, Lud, ela está arrasada. E você sente falta dela.

- Não sinto. - teimei - Eu estou apenas pensando no quanto ela foi idiota, isso foi desnecessário.

- Ludie, hoje você já reclamou do seu cabelo duas vezes para mim, embora eu não veja nada de errado com ele. Você comentou algo sobre seu novo mangá estranho, embora eu não leia mangá e tampouco esses estranhos que você lê.  Existem coisas sobre as quais não posso te ajudar, mesmo te adorando. Coisas de garota.

- Você está insinuando que eu não consigo arrumar uma amiga mulher?

- Não. - ele suspirou. - Afinal, você parece já ter arrumado uma. Eu só estou arrumando desculpas para você ir atrás da Gretch. Eu também sou amigo dela, e também me preocupo com ela.

- Vai lá ficar com ela então. Ela precisa mais de você do que eu. 

- Você sabe muito bem que eu prefico ficar com você.

Senti vontade de chutá-lo por dizer coisas que podem ser mal interpretadas como essa. Amaldiçoei-o mil vezes quando ele passou o braço pelos meus ombros. Eu não estava bem o suficiente para recusar o abraço. Andamos em silêncio por todo o caminho. De repente, desejei ter esperado por Rachel, ficar sozinha com Josh não estava na minha lista de prioridades.

- Ouça, Lud, sobre aquela conversa...

- Você é o cara mais estranho que eu conheço, achei que caras fugissem desse tipo de conversa. - suspirei.

Paramos de andar em frente a minha casa. Haviam pessoas olhando pela janela, talvez meu avô ansioso por abrir a porta, caso eu tivesse esquecido a chave. Havia uma agitação enorme na casa de Rachel e eu podia ouvir gritos muito agudos vindos de lá, algo relacionado a Harry Potter, se meus ouvidos não estivessem enganados. 

Josh e eu nos olhamos nos olhos por um longo tempo. Devíamos parecer MUITO idiotas parados na calçada olhando um para o outro como se estivéssemos nos preparando para uma luta no exame chunin. Sim, nós nos encarávamos como se fôssemos brigar. E então... Fui atingida por um raio de cabelos compridos. 

Foi uma coisa meio repentina: Alguma coisa com cerca de um metro e meio de altura saltou em cima de mim e começou a me apertar loucamente como se pretendesse me esmagar. Precisei de alguns segundos para descobrir que a coisa era uma garota negra, baixinha e com seios tão gigantes que fariam a magra Jeanine se encolher num cantinho desejando por silicone. 

- Ludmille Williams! Ah, cara, como você demorou, coração! - gritou, me apertando com mais força.

- Gasp! - eu já não conseguia respirar. - Mas o que... Q-que... T-Tiara?


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