The Strange Girl - Boston escrita por Chibi Midori


Capítulo 4
De volta à velha rotina


Notas iniciais do capítulo

Tehehe... Acabei demorando uma semana a mais do que o previsto *apanha*
De qualquer forma, aqui está o capitulo. Eu sinto que a qualidade dos capitulo está caindo por conta da minha falta de tempo e realmente sinto muito.
Enfim, eu estou aberta às criticas e dicas e espero ter tempo de responder todos os reviews até semana que vem, embora eu tenha lido todos.



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Eu fui junto com o pessoal para o shopping, afinal. Apesar de meus pés estarem me matando, eu fui. Não fomoso ao McDonalds, como Josh havia falado, mas sim ao Burger King, que ficava a um delicatessen de distância. Josh nos encontraria, apesar de ir mais tarde - Ele havia se livrado da suspensão, não da detenção todos os dias, depois das aulas. Gretchen, Tyson, Luke, Jeanine, Heather e eu ocupamos duas mesas juntas e nos revezamos de dois em dois para fazer o pedido. Por desventura, acabei sentada ao lado de Jeanine.

Me mantive fora da conversa, muito concentrada em comer minha batata frita. Notei que Heather e Luke pareciam estar se dando muito bem, embora eu achasse que Luke tinha algo com Jeanine... Não prestei atenção nisso, entretanto, eu não podia culpar Luke por querer passar um par de chifres em Jeanine e, se Heather quisesse que eu soubesse disso, ela podia me contar. Mordi o cheeseburger e um pouco de queijo escorrei no meu queixo. Tyson riu de mim.

- Então... - Jeanine cutucava seu sanduiche natural com o palito de dentes - É verdade o que a Gretchen gritou hoje na aula?

- Sei lá. - respondi lambendo o queijo, pois eu sabia que isso a irritaria - A Gretchen grita um monte de coisas.

- Que artifícios você usou para atrair o Josh, Ludmille? - ela insistiu.

- Artifícios? - montei um ar de grante surpresa. - Você sabe usar uma palavra tão complicada, Jean? 

- Então quer dizer que o Josh quis ficar com você mesmo? Por favor! Você não está no nível dele.

- Não, querida, não foi isso que eu disse. Eu estava falando do seu vocabulário. Ah, eu entendo, afinal deve ser difícil para você pensar com tanto laquê na cabeça.

Atormentar Jeanine sempre era um prazer, mas eu realmente preferia não falar de Josh ou da língua grande de Gretchen. Eu adorava ver o rosto bonito dela ficando vermelho enquando tentava encontrar uma resposta para as minhas provocações.

- Estúpida! - ela disparou - Fica aí... Se achando a melhor. Não sabe de nada.

Tyson, que estava ao meu lado, começou a prestar atenção na nossa discussão. Gretchen, Heather e Luke estavam ocupados demais com outro assunto qualquer. Eu afaguei o topo da cabeça de Jeanine, exatamente como afagaria a um cachorro.

- Sim, sim, querida. - Falei e então sussurrei para Tyson: - Quando ela começa a falar coisas sem sentido, é melhor não contrariar.

Tyson riu. Jeanine afastou minha mão com um tapa.

- Diga o que quiser, sua esquisita. Mas você nunca vai se encaixar. Não com a gente. Seu lugar não é aqui.

- Jean... - censurou Tyson, brandamente.

- Jeanine,  você pode tentar, pode ser quão vadia quiser, mas você nunca será Blair Waldorf. Pare de ver Gossip Girl e supere isso. - ordenei.

- Você pode achar que gostam de você, mas não é bem assim. - Ela continuou num tom venenoso. - Gretchen, por exemplo. Você acha que ela te venera, não é? Por que você acha que ela se aproximou de você? Por que acha que ela impôs sua companhia a nós, sabendo que não queíamos você por perto? Ela não é idiota, ela sabia que não queríamos. 

Dessa vez, fui eu quem fiquei sem resposta. Claro, eu não tinha a menor idéia. Sempre me perguntei o porquê da aproximação repentina de Gretchen, mas como ela sempre agia como uma doida, deixei isso passar. Depois de um tempo, Josh, Gretchen e eu nos tornamos um trio tão indivisível que passei a não pensar mais nisso. Que importância tinha afinal o motivo randômico que levara Gretchen a se aproximar de mim?

- Bom, pois eu sei por que. - Jeanine sorriu, satisfeita com a minha falta de reação.

- Jeanine, já chega. - Exclamou Tyson. - Você está indo longe demais.
Foi estranho ouvir Tyson, sempre tão tranquilo e despreocupado, falando naquele tom de voz duro. O que ele não queria que Jeanine dissesse? Ou melhor, o que a namorada dele estava escondendo?

 Acho que a Williams é grandinha o suficiente para saber da verdade. - o sorriso de Jeanine aumentou.  - Gretchen se aproximou de você para nos irritar. 

- Do que você está falando, Jeanine? - a voz de Gretchen soou do outro lado da mesa, mais aguda que o normal. 

Todos na mesa ficaram em silêncio. Gretchen encarava Jeanine de olhos arregalados e rosto pálido, o que me fez perceber: O que quer que Jeanine fosse dizer, era a mais pura verdade. 

- Fizemos uma aposta em grupo. - ela contou - Quem perdesse, teria que se tornar amigo daquela "garota estranha que senta sozinha no fundo da sala"

- Cala a boca, Jeanine! - gritou Gretchen - Não foi isso! Eu só...

- Perdeu a aposta! Ficou tão brava conosco por te obrigar a isso que impôs a companhia dela a todos nós. Estava louca para se livrar dela, mas aí o Josh apareceu e você não queria irritá-lo mandando ela dar o fora. Depois ela te deu os ingressos pra merda do show do Paramore, então você resolveu continuar amiga dela.

- Droga, Jean, por que você não morde a língua e morre envenenada? - Heather interveio, o rosto muito vermelho.

- Isso... É verdade? - perguntou Luke, atordoado. - Uma aposta? 

- Não! - Tyson declarou - Lud, não foi desse jeito. Pode ter acontecido algo parecido, mas nós realmente gostamos de você, especialmente a Gretch.

Até então, eu tinha me mantido calada, olhando de um para o outro com os lábios levemente entreabertos. Exceto Luke, que parecia atordoado, e Jeanine, que mantinha a expressão azeda, todos tinham a mesma expressão suplicante. Todos os rostos imploravam por desculpas. Encarei Gretchen, que ainda estava pálida, os olhos brilhantes de lágrimas. Como uma criança que é pega fazendo algo errado e está realmente com medo de ser punida. Soltei uma risadinha. 

Aquelas pessoas, todas no auge de suas vidas, bonitos e até populares, olhando para mim como se pedissem perdão, como se eu fosse importante para eles... Aquilo era engraçado. Justo eu, uma completa nerd. 

Logo eu estava rindo de verdade. Da situação, da minha própria idiotice. O ano aproximava-se do fim e eu estava de volta à minha situação do começo do ano, quando tudo o que eu mais queria era voltar para Boston, pois não tinha nenhum amigo. Eu estava sozinha, de repente. Só eu, minha família e meu gato. Não era o fim do mundo. Eu já havia me acostumado com essa rotina e podia me acostumar de novo, se necessário.

Ainda rindo, falei:

- Sabe, não é como se eu nunca tivesse pensado em algo assim. - afastei a franja da testa. - Eu também não sou tão burra. Bom, tanto faz. 

Peguei a mochila no pé da cadeira, levantei e atirei-a no ombro.

- Ludie? - chamou Gretchen com voz embargada.

- Não se preocupe, não vou mais incomodá-los. - Sorri duro - Exceto a Jean, a quem não posso deixar de amar.

Continuei andando apressadamente para a saída. Ignorei a dor contínua nas bolhas dos meus pés, minha visão estava estranhamente embaçada, mas eu continuava com um sorriso cínico no rosto. 

- Ludie, não!

Eu ouvi alguém levantar e vir atrás de mim, mas a quantidade de mesas amontoadas não ajudava a transitar por ali. Meti-me no meio de uma multidão que se acotovelava para entrar numa loja em liquidação. Alcancei a escada rolante sem ser seguida por mais ninguém. Então, literalmente sozinha. Cheguei à saída do shopping em questão de segundo, apesar de estar com os pés naquele estado deplorável.

Infelizmente, não fiquei sozinha por muito tempo. Caminhava olhando para o chão, como sempre, e acabei esbarrando em alguém que entrava apressadamente no shopping. Alguém que, para meu azar, eu conhecia.

- Ludie!

- Ah, oi Josh. Eles estão no Burger King, esperando por você. Eu não estou muito legal, então eu vou pra casa. 

- Você não está muito legal? - ele repetiu, chocado - Por que você está chorando?

Chorando? Hmm... Isso explicava por que minha visão estava tão embaçada e por que minha garganta ardia. Senti um par de lágrimas escorrer sozinho pelas minhas bochechas sem que eu mudasse a expressão em nada. Encarei Josh, irritada por ele ser um imbecil, por ele não gostar de mim como eu gostava dele. Ele, que havia chegado depois, pertencia mais àquele grupo do que eu.

- Eu quero ir pra casa. -  falei, decidida.

- Ah, você está aí! Josh, ainda bem! - ouvi a voz aguda de Heather - Lud, escute o que nós temos a dizer.

Eu virei-me na direção da voz e, olhando diretamente nos olhos dela, mostrei meus dois dedos médios. Feito isso, dei às costas a todos e saí andando no meio de um redemoinho de cabelo preto. Sacudi-o para longe do meu rosto, irritada e voltei para casa. Andei vinte malditas quadras, soltando um palavrão a cada passo, sentindo meus pés latejarem de dor. Ao avistar à minha casa, quase chorei de alívio.

Ainda que apenas quase. Não sei o que eu faria se juntasse o choro de dor nos pés com o choro de mágoa e o choro de alívio. 
Tentei enxugar as lágrimas sem parar de andar e como consequência acabei atropelando uma garota que carregava uma caixa cheia de livros. Ou uma biblioteca inteira dentro de uma caixa, sei lá.  

- ÓTIMO! - exclamei frustrada. - Por que não começa a chover agora pro dia ficar mais legal?

- Argh! Desculpa, foi sem querer. - Pediu a garota dona da caixa biblioteca. 

- Não estava falando com você. - respondi, ajudando-a a juntar os livros.

- Ah. - ela olhou em volta, procurando mais alguém com quem eu pudesse estar falando. - OK, eu acho. Obrigada. - acrescentou quando eu lhe entreguei o ultimo livro. 

Era uma garota mais ou menos da minha altura, com cabelos escuros compridos e feições ligeiramente familiares. Olhei para a caixa de livros que ela levava: Parecia ter acabado de tirar do porta malas de um carro parado mais adiante. Ela parecia estar andando para a casa na frente da minha, uma que estava desocupada há alguns meses. Novos vizinhos. Justo o que eu precisava. 

- Ayla, cadê a caixa? - gritou uma voz de dentro da casa, sendo seguida pela dona dela. A nova paixão de Ryan, Rachel. - Oh! A garota da escola! 

- É Ludmille. - falei, sem pensar. - Você é minha nova vizinha?

- Nossa, que coincidência! - gritou Rachel, animada e veio correndo na minha direção. - É bom conhecer alguém da vizinhança. Essa é a minha irmã mais velha, Ayla, ela está se preparando para ir à faculdade ano que vem. Ay, essa é Ludmille, ela é da minha escola! Isso é legal, eu... Ei, você está chorando. 

De jeito nenhum eu vou contar às novas vizinhas que eu estou prestes a levar um fora de um cara e que fui traída pelos meus amigos. Tirei um tênis e exibi o pedaço de carne vermelha e latejante que eram os meus pés.

- Sapatos novos. - expliquei - Fazem meus olhos lacrimejarem. 

- Uuuuh! - as irmãs fizeram em coro - Precisa de ajuda?

- Eu vou ficar legal. - Definitivamente não. - Minha casa é logo ali. Bem vindas ao burac... digo, Franklin. 

Sem querer calçar o tênis outra vez, atravessei a rua praticamente pulando num pé só e saltitei de mal jeito para dentro de casa. Não olhei nenhuma vez para trás, sem me importar se as novas vizinhas me achavam estranha ou não. Eu não precisava de novas amigas, mesmo sem querer nunca mais olhar na cara dos velhos. 

Assim que pus os pés em casa, tirei o outro tênis. Enxuguei uma lágrima e funguei. Henri apareceu para me dar as boas vindas mordendo um brinquedo. Passei diretamente por ele sem pegá-lo no colo, como fazia de costume e ignorei-o quando ele me chamou. 

Subi as escadas com dificuldade para alcançar meu quarto. Nunca antes um cômodo bagunçado e cheio de poeira havia parecido tanto com o paraíso. Haviam roupas e uma quantidade considerável de livros em cima da cama, vários mangás e CDs largados na mesa e Mouche, de algum modo, estava no topo da estante. Fechei a porta e encostei as costas na madeira, deslizando lentamente até estar sentada no chão. 
Só então me permiti dar ataque. Solucei até que o nó na minha garganta sumisse, pisquei os olhos com força para deixar cada lágrima cair. Mouche veio se enroscar nos meus pés e eu abusei dele o quanto podia, trazendo-o para o meu colo e afagando seu pelo até cansar. Ele miou em protesto, mas não tentou fugir. 

- Eu quero ir pra casa. - falei para ele. - Franklin é um inferno, um inferno! 

- Nian. - respondeu Mouche.

- Você não sente falta de Boston, Mouche? Lembra quando a Tiara deixou escapar meu segredo no refeitório? Não foi doloroso assim, Mouche. Por que, mesmo tendo vacilado, Tiara gostava de mim. Lembra quando o Ryan terminou comigo por que não queria um namoro à distância? Não doeu, por que eu concordava com ele. E ele não ficou me olhando daquele jeito de quem não sabe o que fazer como o Josh faz. Aquele idiota!

As traições, os foras, as perdas, era tudo mais doloroso em Franklin. 

- Quero voltar para Boston, Mouche.

Toc, toc, toc. 

- Ludmille? Meu amor, Henri disse que você estava chorando. Ludmille?

- Vai embora, mãe. - gemi e soei absurdamente chorosa.

- O que aconteceu, querida? Você sabe que, se tiver algum problema, pode falar comigo.

- Eu não tenho nada! Só briguei com a estúpida da Gretchen.

- Bem, o Josh está no telefone, quer falar com você.

- Mande o Josh ir para o inferno, por favor. 

Depois que mandei Josh pro inferno, minha mãe pareceu entender meu humor e pôde me deixar sozinha e em paz. Sozinha. Como há muito tempo não estive. De volta à minha velha rotina.


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Notas finais do capítulo

Por favor, por favor, digam o que precisa melhorar, sim? Eu vou me esforçar ♥



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