The Strange Girl - Boston escrita por Chibi Midori


Capítulo 3
Não Seja Uma Menina Tímida!


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, eu demorei. E por que eu demorei? NINGUÉM COMENTOU T-T Digo, agora comentaram... Eu estava esperando mais comentários para postar, mas durante a minha espera, meu computador fez ka boom!
Eu tive ele de volta semana passada e aqui está o capítulo.
Eu escrevi o proximo capitulo hoje durante a aula de sociologia G.G E eu vou postá-lo sábado, independente dos comentários, mas comentem assim mesmo, ou não vou saber como melhorar a fic!
Boa leitura.



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Quando acordei no dia seguinte, as minhas bolhas pareciam assustadoras a ponto da minha mãe querer me levar ao hospital. O lado positivo é que pude passar o dia inteiro na cama com meu gato, lendo alguns livros repetidos e eventualmente jogando xadrez contra mim mesma. O lado bom é que eu sempre ganhava. O lado ruim é que eu sempre perdia. Por volta das três e meia, Gretchen e Heather apareceram. Elas duas fizeram caretas de nojo para as minhas bolhas e me entregaram o dever de casa.
Gretchen me emprestou seus três primeiros volumes de Gravitation e me obrigou a ler independente da opção sexual dos personagens principais. Ao fim do segundo volume, eu já tinha caído da cama de tanto rir.
Meus pés estavam num estado tão lamentável que só suportei ir à escola no dia seguinte porque estava usando um tipo muito esquisito de sapatilha que mais parecia uma pantufa. Felizmente para mim, encontrei com Ryan no caminho da escola. Ele estava muito animado e foi reconfortante ter alguém com quem conversar para me distrair da dor. Embora fosse estranho encontrar Ryan acordado tão cedo... Ou sem Josh. Uma vez que morava temporariamente na casa de Josh e os dois eram melhores amigos, era raro ver um sem o outro.
- Então, você sabe o que houve com o Josh antes de ontem? - ele me perguntou quando estávamos chegando perto da escola. 
- Como assim?
- Bem, ele estava esquisito. Chegou em casa todo aéreo e com um olho roxo. Ele me falou que brigou com o Peter Pan, mas nem parecia bravo com isso, tão distraído que estava.
Peter Pan é o Adam. Só pra constar. Por Adam ter vivido na Inglaterra durante alguns anos, ele tem um sotaque muito inglês. Ele também se parece absurdamente como o Jeremy Sumpter, aquele cara que fez o Peter Pan no filme, então ele ganhou esse apelido. O fato de ele ser um crianção também ajudou.
- Não faço a menor ideia. - menti descaradamente. - O Josh é esquisito o tempo todo.
- Hmm... Você se declarou pra ele, não se declarou? 
Aquele... Aquele maldito fofoqueiro! Ele contou tudo para o Ryan e depois o mandou sondar para saber a profundidade da minha obssessão. Fiquei tão furiosa que a minha voz subiu três oitavas quando gritei para Ryan:
- Ele contou pra você que eu o beijei?
- Você realmente o beijou? Eu estava brincando!
...
Ryan e eu ficamos nos encarando em silêncio por um longo tempo. Algumas pessoas começaram a nos olhar, estando parados ali na calçada como dois babacas. Como qualquer garota americana com sangue nas veias, dei as costas a ele e comecei a andar lentamente na direção oposta, onde eu poderia achar uma faca. 
- Ei, aonde você vai? - perguntou Ryan agarrando minha mão.
- Cortar os pulsos. 
- Ei, você não pode se matar, isso não vai apagar da minha memória o que aconteceu.
- Tem razão - passei as mãos pelo pescoço dele - Vou te matar primeiro. Depois eu mato o Josh.
- Sair por aí matando todo mundo não vai resolver seu problema. - Ele tirou minhas mãos da sua garganta antes que eu começasse a estrangulá-lo de verdade. - Isso é fugir do problema.
- Fugir, resolver, o importante é que o problema não vai mais me incomodar. 
- Vou te contar, o Josh tem um gosto no mínimo peculiar para garotas... Primeiro aquela Kelly... Depois a Diana... A Lindsay... E agora uma serial killer. 
- Ao contrário do que você pensa, não estou interessada na vida amorosa do Josh e nem quero saber o nome das suas ex-namoradas, por isso...
- Se não quer saber da vida amorosa dele, por que o beijou?
- Ryan, você realmente vai querer que eu te mate? - finalmente voltei a andar para o colégio, nervosa. 
- Fique tranquila, Lud. Estou totalmente do seu lado. - ele sorriu - Entre as outras namoradas dele e a serial killer, eu gosto muito mais da serial killer. Vou fazer ele te pedir em namoro mais rápido, tá bem?
- Não, Ryan, eu não vou te ajudar a conquistar a Gretchen, mesmo que você pense que está tentando me agradar. - falei, fazendo-o fazer beicinho - De qualquer modo... O Josh não falou nada mesmo, não é? 
- Achei que não estivesse interessada... - Demonstrei minha falta de interesse dando um soco nele, o que o fez falar rapidinho: - Mas que droga, Lud, the ripper! Ele não falou, mas ele estava mesmo todo idiota, meio derretido. Aquele lerdo... Quem diria que seria você a tomar uma atitude... Bom, se ele te rejeitar, larga ele e fica comigo, Ludie!
Eu tive que rir. Queria saber o que Ryan faria da vida se alguma vez se apaixonasse de verdade, pois eu tinha certeza de que o que ele sentia por Gretchen era nada menos que uma paixonite de quem tem muito tempo livre.
- Oh! Veja, Lud! - exclamou ele - Uma donzela em perigo. 
Ele indicou uma garota que estava parada na esquina verificando um mapa e olhando em volta, certamente a procura de alguma placa. Ela tinha cabelos escuros perfeitamente equilibrados entre cacheados e lisos e olhos claros, embora eu não soubesse nomear a cor da distancia em que estava. Ela estava claramente perdida. 
- Vamos ajudar. - decidiu Ryan.
- Ajuda por que? - Ergui as sobrancelhas - Ela não pediu sua ajuda.
- Qual é o seu problema, sua bruxa? Não tem um pingo de altruísmo? - Ele começou a andar na direção da garota.
- Bruxa? Quem é que estava me dizendo pra largar o Josh? - zombei.
- Olá, milady! - exclamou Ryan para a garota desconhecida. - Está precisando de ajuda? É nova na cidade? Eu não me lembro de já ter te visto.
Não fale como se você morasse na cidade a mais de um mês, seu conquistador barato! Coloquei a mão do rosto e balancei a cabeça, fingindo que não o conhecia. A garota não percebeu as más intenções de Ryan ou simplesmente estava desesperada o suficiente para ignorá-las, por que falou:
- Ah... Sim, estou meio perdida. Vocês sabem onde fica Franklin High School?
- Eu estudo lá. - empurrei Ryan de qualquer jeito. - Estou indo pra lá.
- Oh. Obrigada. - a garota parecia supresa com a sua sorte.
- Eu sou Ryan. - Adivinha quem se meteu? - Essa é Lud. Prazer em conhecê-la.
Eu suspirei e revirei os olhos quando Ryan se adiantou para beijar a mão da garota. Eu a olhei como se pedisse desculpas por ele ser esquisito.  Ela abriu um sorriso para mim. Ela tinha um sorriso doce e super poderoso que combinava com sua voz aguda. Ela parecia o tipo de garota em que Heather pularia em cima apertando as bochechas e gritando "KAWAII!"
Para a minha surpresa, Ryan afastou-se com o rosto ligeiramente corado. Ryan. Corado. OH MEU DEUS, O APOCALIPSE ESTÁ VINDO!
A garota apresentou-se, era nova na cidade e seu nome era Rachel. Ela se mudou de Boston - imaginem só! - por que o pai é escritor e gostava de conhecer cidades novas. Morava apenas com o pai e a irmã mais velha, que estava se preparando para prestar vestibular. Descobri que Rachel era do tipo simpática e extrovertida. Deixei que ela e Ryan se dessem bem o quanto quisessem e nem mencionei que eu mesma também era de Boston. Fiquei ali em segundo plano, observando a passagem e curtindo a dor nos pés.
Tentei fazer com que a dor dos calos eclipsasse Joshua Watson dos meus pensamentos. Consolei-me dizendo que ele havia sido suspenso por brigar na escola e eu não precisaria confontrá-lo até a hora do meu trabalho, no dia seguinte. 
Expulsei Ryan antes que ele entrasse na escola ao lado de Rachel e indiquei a ela onde ficava a diretoria, onde ela devia passar antes das aulas, por ser novata e transferida a tal altura do ano. Segui para a minha sala tentando ainda me focar apenas na dor nos pés. Quando você tenta prestar atenção à dor para esquecer um cara, você sabe que chegou ao fundo do poço. Talvez eu devesse esquecê-lo de vez. Talvez devesse virar freira. Talvez eu devesse virar uma Freira cega ninja tocadora de piano de Acapulco. Deve ser mais fácil que se apaixonar.
Gretchen me cumprimentou distraidamente, me perguntou como estavam meus pés quando sentei ao seu lado, no fundo da sala. O primeiro toque anunciou que já deveríamos estar em sala ao mesmo tempo em que eu verificava, preocupado, se tinha feito os deveres. Havia esquecido o de física. Enquanto me perguntava quais eram as chances de Gretchen ter feito o dever de casa para que me emprestasse, a porta da sala se abriu. Josh entrou.
- Em nome de Haruhi Suzumiya! - exclamei  - Você não tinha sido suspenso?
- Meu pai veio a escola e conversou com o diretor, então eu pude vir. - Ele respondeu.
Ele não veio sentar ao meu lado, como sempre fazia. No lugar disso ficou parado de frente para a minha cadeira me encarando. Sustentei seus olhos castanhos por um longo momento até lembrar exatamente do que eu tinha feito na ultima vez que nos encontramos. Soltei um guincho estranho e enfiei a cara na mochila que estava em cima da mesa. Podem rir, eu sou uma avestruz. 
- O que foi isso? - perguntou a voz de Gretchen a meu lado. 
- Bom dia turma! - disse a voz do professor muito longe - Watson, sente-se. Você também, Sunshine! Peterson!
Algumas reclamações, murmúrios, várias cadeiras arrastando, inclusive a cadeira à minha esquerda. O professor pareceu não notar que uma aluna da ultima fila estava tentando se matar sufocada com a mochila. 
- Lud... Pode sair daí de dentro? A aula já vai começar. - Josh falou, irritantemente despreocupado.
- Vá. Para. O inferno. - mandei - Me deixe ficar com vergonha em paz.
- Vergonha? - Gretchen repetiu - O que você fez com ela, Joshua? Lud, esse tarado te disse alguma coisa estranha? 
- Por que você acha que a culpa é minha? - Joshi interrompeu em tom defensivo.
- Por que ela ficaria com vergonha se não fosse culpa sua? 
- Ei Lud... - Josh sussurrou, mas não éramos os únicos que estavam conversando. - Você não precisa se esconder numa mochila, ok? Eu... Olha, não é... O que eu quero dizer é que você...
- Cala a boca! - falei, um pouco mais alto do que pretendia. Saí da mochila vermelha como o batom da Gwen Stefani e de um soco forte no ombro dele. - Eu tinha tomado xarope pra tosse que me deixou tonta e meus pés estavam doendo. Eu não estava no meu estado normal quando fiz aquilo. 
- Silêncio aí atrás! - mandou o professor.
- Do que vocês estão falando? - o tom de Gretchen era irritado, ela odiava ficar por fora do assunto. 
- E você me bate? - Josh a ignorou - Uma garota normal pediria desculpas ou algo...
- Ah, meu Deus! Você quer que eu peça desculpas por isso? - dessa vez, definitivamente minha voz saiu num guincho. Eu comecei a rir. - Ah, meu Deus! Meu Kami-sama, minha Suzumiya Haruhi, minha lhama sagrada! 
Tchau, auto estima, foi bom te conhecer. Da próxima vez que for pras cucuias, deixe um recado antes. Josh quer que eu peça desculpas por tê-lo beijado. Ri mais um pouco, incrédula. Certo, eu não sou TÃO horrível assim. No quesito beleza, eu não sou de jogar fora e eu sou amiga dele! Ele precisava ficar assim tão bravo? Será que escovou os dentes com ácido sulfúrico depois de me beijar?
- Watson! Gardiner! Williams! - exclamou o professor mais uma vez.  - Do que vocês estão rindo? Prestem atenção.
Apenas eu estava rindo, mas Gretchen e Josh foram repreendidos do mesmo jeito.
- Não é nada disso, Ludie, pelo contrário. - Josh começou - O que eu queria dizer a você de verdade é que...
- Espere um minuto! - Gretchen exclamou de olhos arregalados - Essa conversa... É sobre o que eu estou pensando que é? Vocês saíram do zero a zero? 
- Gretchen... - gemeu Josh. - É difícil falar disso no fundo da sala, se importa em não se meter?
- Ah... Meu... Deus... VOCÊS SE BEIJARAM?
Silêncio mortal. A sala inteira caiu em um silêncio tão profundo que parecia que uma bomba tinha sido jogada no quadro negro. Todo e cada aluno virou-se na cadeira para encarar os três sentados na ultima fila: Gretchen, alheia ao clima na sala, olhando para mim e Josh de olhos arregalados. O próprio Josh com o rosto apoiado na mão, como se não acreditasse no que Gretchen havia acabado de fazer. E eu mesma. Paralisada como estava de boca aberta. Lentamente, recuperei os movimentos. Em camera lenta, voltei ao modo avestruz, decidindo que nunca mais tiraria a cabeça de dentro da mochila.
Então a sala explodiu em risos, murmúrios, assobios e eu achei que fosse explodir de tanta vergonha. Eu nunca fui uma garota tímida. Acho que sempre fui envergonhada na medida certa, nem extrovertida demais, nem tímida demais. Mas se fosse biologicamente possível morrer de vergonha, eu não estaria aqui para contar essa história. 
- Silêncio! Silêncio! - o professor fez força para se sobrepor à balbúrdia, sem sucesso. Por fim, ele  bateu o apagador com força na mesa. Todos se calaram. - Vocês terão tempo o suficiente para discutir a vida amorosa  dos seus colegas depois da aula! Eu exijo atenção à aula. 
Alguns murmúrios percorreram a sala, mas bastou que o professor atirasse alguns tocos de giz nos mais barulhentos. A paz se reinstalou na sala... Mas não nas ultimas carteiras. Josh arrancou uma folha do seu caderno, escreveu algo rapidamente e passou para mim.
"Conversamos depois da aula."
"Não há nada a ser conversado." escrevi e devolvi a ele. 
"Lud, não seja difícil. Eu realmente gostaria de falar com você."
Foi por eu ser fácil demais pra você que estamos nessa confusão. Você não sabe dar um fora direito, vai me deixar deprimida pelo resto da vida. Não, não quero conversar com você. Foi o que pensei. No lugar disso, escrevi:
"Eu já disse que tinha tomado xarope alucinógeno naquele dia. Me desculpe por beijar você. Está satisfeito agora?"
"Ludmille, por favor. Não quero que se desculpe. Ouça, vão todos para o McDonalds depois da aula. Eu quero conversar com você, mas tenho que ficar na detenção. Por favor, eu preciso te encontrar lá. Por favor?"
Por favor, por favor! Por que você é tão irritantemente iresistível? Maldito!

- Estarei lá. Agora cale a boca. - respondi em voz alta e enfiei o bilhete na mochila.
Eu estava decidida a não ir à droga do McDonalds, o que provavelmente queria dizer que eu iria de qualquer jeito. Bom, que se dane. E seja o que Deus quiser.


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