Pesadelos escrita por Alana5012


Capítulo 8
Leitura de uma das Páginas do Caderno Misterioso


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Fala do personagem: - Eu vou te salvar, Dean.
Pensamento: "Itálico"
Memória: Negrito
Narração: Logo depois, a garota dormia outra vez, sem sequer preocupar-se com o sonho que tivera a pouco.
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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  Alice continuava calada. Nada dizia. Vez ou outra encarava o vazio, inexpressiva. Castiel contava o ocorrido aos Winchesters. Agora estava sozinha, sentada na soleira da porta da casa onde os irmãos se encontravam, enquanto os mesmos conversavam no interior desta. 

 A garota tremia. Seria aquilo realmente possível? O que estava acontecendo? De repente, ela havia descoberto que seus sonhos não eram simples pesadelos. Sua respiração estava ofegante. Então, era tudo real: os Winchesters, o Apocalipse, anjos, demônios... Nada mais fazia sentido. Seu coração batia rápido. Sua visão se tornava turva. 

  - Eu estou louca... - Foi o que murmurou antes perder a consciência.

  Por que esses pensamentos não a abandonavam? Tudo o que desejava era esquecer... Um dia havia mudado completamente a sua vida. Seus pais jaziam mortos. Somente por lembrar-se do cadáver de seu pai estirado em seu quarto, sentia vontade de desmaiar novamente. Se o fizesse, seria a terceira vez naquele dia. Não conseguia sorrir. Só no que pensava era que sua família estava morta. Que o Apocalipse estava de volta. Lucífer e Miguel a caçariam. Tinha certeza disso. Ela sabia de mais. Fechou os olhos por um momento, sentindo o vento gélido daquela manhã soprar contra sua pele. Doía, mas não se comparava ao sofrimento que assolava sua alma. Seus pais estavam mortos. Ela estava sozinha. Estava com medo

  - Preciso que venha comigo. - Disse assim que Alice voltara a acordar. A voz dele era serena, de uma forma a consolava. Ela nada respondeu. Ainda olhando o corpo do pai ali, inerte, bem a sua frente, assentiu com a cabeça. Levantou-se e Castiel pousou uma de suas mãos em seu ombro direito. Sabia para onde o anjo a levaria. Cerrou os olhos. Quando os abriu novamente, não teve coragem de olhar para qualquer coisa que não fossem os seus pés. Escutava a conversa sem nada dizer. Estava aflita de mais para dizer qualquer coisa. Só o que queria era ficar à sós. Não poderia suportar mais. Sentia os olhares caírem sobre si, porém não se importava. Nada mais fazia sentido. Foi então, quando sentiu a mão pesada dele mais uma vez sobre seus ombros, que tomou coragem e, em um fio de voz, pediu:

  - Posso ir lá fora?

  Ainda vestia o uniforme da escola. Sua primeira aula seria educação física. Por isso trajara-se com a calça bailarina. Péssima ideia. A camiseta, de uma malha muito fina, não evitava que sentisse como se estivesse congelando. Não estava bem agasalhada: fato. Mas não poderia entrar, não agora. Eles lhe fariam perguntas, e perguntas era tudo o que desejava evitar por hora. Saíra sem fitá-los. Não queria ver suas faces. Não conseguia mais chorar: derramara tantas lágrimas que estas já haviam cessado-se. Sua pele estava levemente pálida. Um pouco corada. A temperatura insistia em cair.

  - Desculpe-me se está um pouco frio. A maioria das pessoas pensa que eu queimo. Na verdade é o contrário... - Alice tremeu: já não sabia dizer se era o frio ou o temor que tomava conta de seu ser. Lucífer estava bem ali, atrás dela.


  Podia ouví-lo, no entanto, preferia não encará-lo. As mesmas sensações que sentira pouco antes de perder a consciência vinham a tona: aos poucos, sentia-se sufocada, o raciocínio fugia-lhe da mente. Estava estática. Vivia um Déjà vu: a todo momento, via e ouvia coisas que já haviam sido feitas ou ditas em seus sonhos. Cada vez mais mergulhava em seu subconsciente, na tentativa de que tudo aquilo não passasse de outro pesadelo. Som de passos se aproximando. Sem qualquer cerimônia, ele sentou-se ao seu lado. A jovem não podia crer no que estava acontecendo: encontrava-se sentada ao lado do próprio Diabo! Escutou um suspiro abafado antes do mesmo prosseguir - Como você está? - Aquela era a pergunta mais cruel e irônica que poderia ter feito. A vontade que a menina sentiu foi de gritar, ofendê-lo, insultá-lo... Porém, tudo o que fez foi afastar-se de forma sútil do mesmo, criando uma distância de uns poucos centímetros entre ambos. Poderia chamar pelos Winchesters, avisar que Satanás estava lá... Não: permaneceu calada. Não tinha forças para fazer nada. Diante da reação da garota, murmurou, lendo seus pensamentos - Não adiantaria: eles não poderiam te ouvir... Só vão perceber minha presença caso eu o queira. E isto é algo que não desejo no momento. Precisamos conversar: tenho algo que lhe pertence. - Dizendo isto, abre uma espécie de livro e começa a ler uma das páginas marcadas em voz baixa, quase que num sussurro - "1° de Setembro de 2009: Lucífer finalmente conseguiu o "sim" de Sam. O sorriso de escárnio que mantinha em seus lábios enquanto o mais velho dos Winchesters o mirava com dor e desespero me assustou. Hoje, exatamente ao meio-dia, ele e Miguel travarão "A Última das Batalhas". Sei que o caçula tentará convencer o irmão a desistir de tudo e juntar-se a ele nessa guerra. Entretanto, sei também que o arcanjo irá encará-lo com desdém e dizer-lhe palavras rispídas. Como chamá-lo de "monstro", "aberração"... Lucífer sempre temeu tais palavras. Sinto o quanto cada frase cuspida por Miguel o machuca. É como se esse estivesse morrendo aos poucos. Ainda consigo ver um brilho peculiar em seus olhos: tristeza, sofrimento... Miguel não o ama mais? Então por que está sendo tão cruel? Sinto vontade de chorar. Tenho pena dele. Tudo aconteceu tão depressa... O silêncio, a música alta de repente, o Impala estacionando em meio ao cemitério, Dean Winchester saltando do mesmo. Não posso evitar sorrir. A ameaça do arcanjo, este sendo queimado pelo óleo santo, Lucífer fazendo com que o corpo de Jimmy se desfaça em mil com apenas um estalar de dedos, quebrando o pescoço de Bobby apenas com um olhar. Os brados incessantes do loiro, tentando consolar o irmão, a expressão malígna no semblante do Diabo ao ouvir suas palavras... Era como se estivesse descontando em Dean tudo que Miguel e seus irmãos lhe fizeram. Apesar de tudo, ainda o amava. Sim, ele o ama como seu irmão mais velho, seu protetor. E ver aquele relés humano tentando proteger o irmão como Miguel não foi capaz de fazê-lo, lhe dava ódio. Cada soco violento que desferia nele era com o intuito de calá-lo. Mas Dean não desistia. Jamais desistiria de Samuel. Ainda que estivesse quase morto, insistia em dizer ao seu irmão que tudo ficaria bem e que estava ali. Lucífer definitavemente odiava o Winchester. Por que Miguel não era como ele? Por que não tentava salvar o irmão caçula como Dean estava fazendo? Por que não o salvava? Porque ele era um monstro. Uma aberração. Quem sabe, se não fosse por Dean estar tão ferido, tivesse notado uma lágrima solitária escorrendo pela face do Diabo. Não suportando mais aquilo, ciente de que ele não poderia me ver ou ouvir, fico na ponta dos pés, me erguendo o máximo que posso e sussurro próximo a seu ouvido: "Por favor, pare..." Sua mão erguida no ar. Não tinha mais forças para continuar. Via a vida dos dois irmãos passando diante de seus olhos e de repente entendia o sigificado da palavra "família". Bobby, Cass, Dean... Nenhum deles abandora Sam. Enquanto que ele, Lucífer, estava sozinho. Não tinha ninguém. Como podia continuar? Subitamente, o jovem assumiu o controle. Foi tão rápido: no momento seguinte, Sammy abrira a jaula e quando preparava-se para se jogar, Miguel reaparece. Havia assistido a tudo, mas ainda sim, continuava frio. Não se importava com ninguém: a única coisa com a qual se importava era sua obediência para com o Pai. Como pode ser tão tolo? Será que não percebe que Deus partiu porque não aguenta mais? Vocês estão O fazendo sofrer. ME fazendo sofrer. Eu não posso mais, não posso, EU QUERO QUE PAREM: por favor... Não sei como, só sei que EU fiz com que caíssem na escuridão. Assim como Dean, vejo o buraco ir se fechando, aos poucos, e os dois mergulhando na mais profunda escuridão. Caio de joelhos na terra úmida. Tapo minha boca com as mãos. O que eu fiz? Só queria que Castiel estivesse aqui... Como que um milagre, ele surge. Traz Bobby de volta, cura os ferimentos de Dean e todos partem. Porém, eu continuo ali. Não consigo me mexer. Quando dou por mim, ouço a voz da minha mãe me chamando. Percebo que caí no sono. 12:09. É a hora marcada no relógio. Suspiro, cansada. Pego o meu diário e ponho-me a escrever mais uma vez. Meu Deus, já faz mais de um ano. Como sempre, não me recordo dos rostos dos mesmos. Talvez agora isso tudo tenha um fim..." - Terminando a leitura, fecha o caderno. Em seguida, estende-o a adolescente, que o toma em suas mãos, hesitante. Ainda não havia mirado-o. Ouvira tudo com atenção, encarando seus próprios pés.

  - O meu d-diário... - Balbucia.

 - Então você fala? - Lucífer ri - Bem que sua voz me é familiar... Por que não me olha? Tem medo de mim? - O tom áspero a atordoa. Acometida de um temor e ao mesmo tempo por curiosidade, em um ato impulsivo, volta sua face vagarosamente para seu lado esquerdo. Aos poucos, levanta os olhos para fitá-lo. Os dois se entreolham por dois segundos, antes desta desviar o olhar novamente, nervosa - Bom, por alguma razão, você está ligada a mim e ao meu irmão de alguma forma. E, consequentemente, relacionada aos Winchesters. Muitos estão pensando que você é uma profeta. Em todo caso, profetas possuem o dom de observar os acontecimentos sem poder intervir. Você não: pelo que percebi, suas visões não prevem os acontecimentos futuros, mas sim te mostram o que está acontecendo. Você pode não somente "assistir" como também interceder durante os fatos. Isso é estranho. É como se estivesse escrevendo a História. - Parecia refletir - Tenho um palpite sobre você. Porém não pretendo lhe contar antes de ter certeza. - Ao dizer isso se levantou - Gostaria de dizer que esta foi uma ótima conversa. No entanto, estaria mentindo se o fizesse: você só me dirigiu a palavra uma vez. - Sorriu - Em todo caso, só vim devolver o seu "diário". Não sou um ladrão. - Preparava-se para dar-lhe as costas, quando a voz de Alice o fez parar de súbito.

  - Por que está aqui? Quer dizer, por que me disse essas coisas? Por que queria falar comigo? Naquele dia... Você me ouviu? - A adolescente despejava uma torrente de questionamentos sem esperar reposta alguma. Sentia-se sufocada, precisava esclarecer algumas coisas. Lucífer voltou a se aproximar e a mirou profundamente, formulando uma boa resposta. Alice involuntariamente tremeu.

  - Você é curiosa... - Disse indiferente - Não se preocupe, eu não te faria mal algum. Pelo menos até descobrir o que você é exatamente. Eu já disse: apenas vim devolver algo que lhe pertence. Só falei isso porque acho que talvez você me seja muito útil. E pelo que li, você parece me entender muito bem: nós dois só queremos compreender Miguel. - Desviou o seu olhar para o horizonte para continuar - Deve ter percebido, penso eu, que nós anjos, demônios, ceifeiros e afins podemos enxergar coisas que você, humana, não pode ver. O mundo real e o espiritual nos parecem um só. Por isso, podemos perceber símbolos encantados, a presença de fantasmas, etc. - Seu olhar vagava perdido - Entretanto, o que me é mais confuso é que nunca senti a sua presença: é como se fosse um fantasma no mundo espiritual. Você é diferente. Peculiar. - Agora já andava a passos lentos rumo ao nada - Porém, naquele dia, durante um segundo, eu pude te ouvir. Tudo aconteceu tão depressa. O tempo em que fiquei trancado naquela maldita jaula, sofrendo por mil anos, sendo ignorado por Miguel, suportando seu silêncio, suas palavras duras fazendo com que a dor e o desejo por vigança apenas aumentassem dentro de mim, uma coisa não me saía da cabeça. Quem havia me mandara parar? Por que eu obedeci? Era como se eu não tivesse outra escolha... Quando voltei, Eva me falou sobre você. Li cada página desinteressado, até que esse trecho me chamou atenção. - Riu - Então, esse tempo todo era você? Sinto que estou perdendo a sanidade. Mas ninguém se importa: afinal, eu sou o Diabo. - Foi a última coisa que disse antes de desaparecer.

  Alice estava perplexa. Acabara de ter uma conversa com o próprio Satã. Aliás, como ele mesmo dissera, não havia sido uma conversa. Decidiu levantar-se e entrar: estava frio. Depois de encarar Lucífer, Sam e Dean Winchester não seriam problema.  

  Enquanto isso, alguém a observava a distância. Miguel presenceara tudo e agora sabia exatamente com quem estava lidando. Entretanto, ao que lhe parecia, Luicífer também já nutria suspeitas daquilo que ele já possuía plena certeza. Teria de impedí-lo, e para isso contaria com o auxílio de Alice. Assim que a mesma sumiu de sua vista, desapareceu. Afinal, já não precisava mais ficar ali: a jovem já não era mais uma incógnita.

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Notas finais do capítulo

Imagem do post: https://lh5.googleusercontent.com/-XXWvkcSActU/TX4-FeKdgpI/AAAAAAAAAW0/oOSuo_Cd-Bg/s1600/mark-pelegrino-350.jpg
Como vocês notaram, esse capítulo foi BEM maior do que a média que estipulei porque queria compensar vocês pelo último atraso. :P rsrsrs Esse final de semana tive um surto de inspiração e adiantei bastante a fic. lol Bom, mas, como forma de agradecer à vocês que estão acompanhando pelos elogios tão bacanas que venho recebendo, gostaria de recompensá-los. Gostei muito da ideia de um concurso que o Nyah! está promovendo. Por isso irei lançar uma enquete: "Afinal, quem é essa garota?" É o seguinte: neste capítulo, Lucífer deu umas dicas sobre a "verdadeira identidade" de Alice: ele lê uma página do diário da menina e faz alguns comentários a respeito do que percebeu a partir do trecho. Ao que parece, o Diabo já faz ideia de quem ela seja, e vocês?? Sugiro que releiam e tirem suas conclusões. Vocês irão dizer por que acham que Alice tem essas visões com os Winchesters e o Apocalipse. Quem acertar ou mais se aproximar da resposta correta, vai ganhar como prêmio uma divulgação de uma história na página de sua escolha. Disponibilizarei 1000 cash points pra realizar a propaganda (o que dará um total de 1000 exibições da mesma no site). O resultado ainda não sairá no próximo capítulo, apenas no 10º, que se chamará "Sei o que você é". As respostas dos reviews da enquete só serão respondidos nas notas finais do mesmo. Dúvidas? Basta me mandar uma mensagem privada. Sejam bem vindos todos aqueles que desejarem participar e boa sorte! :D