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  "O tempo é muito lento para os que esperam. Muito rápido para os que tem medo. Muito longo para os que lamentam. Muito curto para os que festejam.Mas, para os que amam, o tempo é eterno.* O tempo... Passa rápido, não? O mês de Junho chegou ao seu fim, assim como a Primavera. As cores da natureza vão se intensificando com a chegada do calor do Verão. Esse é o eterno ciclo da vida. Às vezes, um fim pode significar um começo. Afinal, depois do Inverno, sempre há a Primavera... Mas o Verão passa depressa, e o Outono logo chega. Quando nos damos conta, já é Inverno outra vez. Sinto saudades dos meus pais. Porém, já não lamento mais a morte dos mesmos. Talvez tenha sido melhor. Quer dizer, a Morte não representa mais do que uma passagem, certo? Tal qual uma mudança de estação: saí-se do Solstício para começar o Equinócio. É o que os diga os Winchesters, que já morreram tantas vezes... Conviver com os mesmos é realmente divertido. Ainda me recordo da conversa que tivemos naquela manhã. A mesma manhã que sucedia o dia em que havia perdido minha família...

  - Nunca pensei que meus sonhos pudessem ser reais. - A menina falava enquanto encarava o nada - Sempre achei que pesadelos fossem apenas... pesadelos.

   - Mas não são. Nós somos reais. - Dean a mirava tão confuso quanto o irmão.

  Contei sobre a visita de Lucífer e Miguel. Pelo que percebi, ficaram tão surpresos quanto eu. Aliás, já faz uma semana que estão fora. Bem, o importante é que até o anoitecer já devem estar de volta. Telefonaram a mais ou menos umas duas horas, avisando que estão a caminho. “Esses rapazes são mesmo uns folgados!” Bobby sempre reclama quando Dean decide aparecer de última hora, mas no fundo adora ver os garotos. É engraçado como se dão bem, em meio a tantas provocações, brigas e confusões. Singer é mesmo muito amável. Damos-nos bem, aparentemente temos o mesmo gosto literário. Passamos tardes inteiras conversando sobre livros. Já mencionei que estou morando com ele? Trouxe minhas coisas e agora estou vivendo em outro estado. Não vou mais a escola, Sam não considera seguro me expor até tudo isso terminar. Todos pensam que eu morri naquele acidente, assim como minha mãe. O laudo da polícia concluiu que papai se suicidou quando soube dos fatos. Não importa: eu sei o que aconteceu, e isso basta. Não tenho muitos parentes, sequer conheço a maioria, e tenho certeza de que a última coisa de que preciso nesse momento é fingir que está tudo bem e voltar a minha rotina normal. Nem poderia fazê-lo, estando em meio a esse mar revolto chamado Apocalipse. Por falar nisso, não tornei a ver Miguel ou Lucífer novamente. O que quer dizer que devem estar fora da Terra. Já percebi que não posso ver ou ouvir nada do que acontece no Céu, Purgatório ou Inferno. Castiel disse ser porque não é permitido a ninguém contemplar tais lugares em sua total plenitude antes do momento determinado. Talvez seja esta a razão das lembranças dos rapazes de suas idas aos mesmos serem tão vagas: por ainda serem “limitados” – como Zacharias disse certa vez. Cass e eu passamos muito tempo juntos. Raramente algum de nós quebra o silêncio que se instala. Não é algo maçante, ao contrário: ter a companhia de um anjo (além de ser uma honra) me deixa mais calma. Sinto-me muito segura quando estamos sentados lado a lado. São momentos pouco freqüentes, no entanto, me fazem refletir. Palavras não são necessárias. Sabemos muito bem o que se passa na cabeça um do outro nessas horas. Desde que Miguel retornou, Castiel vem se escondendo. O arcanjo mandou que todos aqueles que fossem contra a sua volta fossem caçados e lançados na prisão do Céu. Me recordo de ter visto o olhar amedontrado de Anna quando dizia as atrocidades que seus irmãos estavam fazendo.Tortura. Houve um tempo em que admirei Miguel. No entanto, tudo mudou. Sem Gabriel, os sete arcanjos se tornaram corruptos. Raphael e Ezequiel apóiam Miguel por mera conveniência. Assim como Eva tentou fazê-lo com Lucífer. Soube da morte dela, embora não a tivesse desejado, sinto que justiça foi feita. Entendo que Miguel tenha muitos assuntos pendentes lá em cima, porém por que Lucífer estaria no Inferno? Em fim, conquistou a almejada liberdade. Então que estará tramando? Resta esperar para ver.”

  Alice acabara de redigir outra página de seu diário. Fazia algum tempo que não escrevia, desde a morte de seus pais mais precisamente. Naquela tarde se lembrara da amiga de longa data. O que Sophie diria se soubesse que tudo fosse real? Provavelmente surtaria e depois lançaria-lhe uma enxurrada de perguntas. Como sentia falta da personalidade agitada da loira...

  - Toc, toc! – O jovem loiro a mirava com um sorriso, escorado ao batente da porta.

  - DEAN! – Alice atirou o caderno na cama e correu ao encontro do loiro, que a ergueu no ar – Senti tantas saudades... – Dizia enquanto o abraçava. O mais velho apenas sorriu, retribuindo o abraço. A menina o fazia se sentir tão querido. Já a via como se fosse uma irmã caçula.

  - Também senti sua falta, baixinha... – Riu, a colocando no chão.

  - Boa noite. – A aparição súbita do anjo deixara de surpreendê-los. Dean limitou-se a fitá-lo e fazer um breve aceno com a cabeça e a adolescente sorriu – Os interrompo?

  - Não. Bom, eu vou pedir um pizza. – Completou maroto, com o olhar fixo no da garota. Ainda não tinham se separado – Corrida até lá embaixo! – Sem esperar a reação da mesma, disparou pelo corredor. Alice apenas gargalhou, enquanto o seguia, tentando chegar a escada primeiro que o outro. Castiel continuou mirando o nada, com uma sensação que até então desconhecia: ciúmes. Ver o melhor amigo abraçado a menina o incomodou. Muito. “O que é isso?” Se perguntava.

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  - Alguém está apaixonado... – Ouve-se uma gargalhada de deboche. Dois anjos assistiam à cena, sentados a beira de um precipício. Estavam no Paraíso, mais precisamente nos limites do Jardim do Éden, próximos a fronteira com o Inferno – Querubins são mesmo muito estúpidos. Principalmente os Cupidos.

  - O que nos convém, não? – O outro respondeu indiferente.

  - De fato. Bastou uma simples flechada e Castiel está morrendo de amores por essa mortal. Isso me recorda dos tempos em que Azazel fez com que nossos irmãos caíssem usando do mesmo artifício. Pobres tolos: não perceberam o que estavam abdicando por um simples sentimento?

  - Sim. No entanto, no nosso caso, nos será muito útil...

  - O que quero saber é quando isso nos será útil, meu General!

  - Logo logo, Ezequiel... Aprenda a ser paciente. - Miguel sorria triunfante. Era uma questão de tempo até que pudesse tirar proveito da situação.

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  Não muito longe dali, no mais profundo dos abismos, alguém escutava a conversa dos irmãos. “Muito esperto, Miguel. Porém, lamento ter que arruinar seus planos. Alice vai preferir a mim quando souber disso... Tsc, tsc.” Balançava a cabeça, num claro sinal de reprovação. A verdade era que aquela era a oportunidade perfeita para se aproximar da jovem e conquistar assim sua confiança. Porém, como contar que seu irmão havia se apaixonado por ela por uma mera travessura de um querubim? Será que ela acreditaria em suas palavras? Não poderia ter certeza, pois estava certo de que Miguel tentaria manipulá-la. "Bem, não tenho nada a perder." Lucífer põe-se de pé, preparando-se para retornar a Terra, quando algo lhe chamou atenção. 

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