Coroa de Flores escrita por CarolTV


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Sim, depois de 4 anos decidi dar uma chance a essa história. Passei por alguns problemas e sinto que escrever é uma das coisas que podem me fazer bem. Realmente era uma boa história. Não garanto frequência de postagem, mas espero que pessoas leiam haha.



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Uma corsa de pelos dourados dormia enroscada à sombra da árvore mais bonita de um jardim cercado com altos portões. Dormitava tranquilamente enquanto o sol lançava seus primeiros tons de laranja ao céu azul. Muito pacientemente ao seu lado repousava um enorme leão, majestosamente sentado, observando o movimento das avezinhas que acordavam nas árvores. Então ela despertou.

– É muito bom lhe ver de novo. – disse o Leão.

A corsa, que ainda piscava com a claridade do amanhecer, lhe respondeu:

– A que devo o prazer de acordar ao seu lado, Pai?

– Preciso que você saiba que esse ano será diferente. Você terá que tomar uma difícil decisão muito em breve. Mas não se assuste. Siga a brisa, o Vento, abençoe todo o seu reino daqui até Cair Paravel, leve o chamado da Vida. Seu primeiro dia já começou. Ame a Natureza florescente como se fosse sua última bênção. – e encerrou dando-lhe um beijo na cabeça. Ela assentiu e ele se afastou, desaparecendo entre as árvores.

Ela se levantou e se chacoalhou. Olhou ao redor. Uma brisa suave tocou seus pelos e ela se preparou mais uma vez para cumprir seu propósito. Seguiu-se então uma lufada de vento fresco e ela deixou-se desfazer em uma nuvem de poeira cintilante que foi logo carregada para cima pelo ar. E assim, quando já havia sido carregada por cima dos portões e além, o brilho voltou a se condensar no ar, dessa vez na forma de uma grande águia. Por onde passava, as ninfas nos campos abaixo despertavam, e também os pequenos animaizinhos, que corriam aos riachos para tomar da água ainda fresca do inverno que se encerrava. Andorinhas vinham se juntar a ela em seu voo, destes-de-leão espalhavam suas sementes pelos ares. Nas montanhas, as oréades saíam de suas grutas e cavernas para saudar o sol da manhã que derretia os últimos picos de neve.

Por alguns dias ela ainda iria tocar paragens que conhecia bem. A floresta de pinheiros e carvalhos, onde sempre gostava de parar por uma noite e festejar com os sátiros a sua própria chegada, aceitar os presentes e banquetes fartos de frutos e nozes, dançar ao som da flauta que amava tanto. Nas montanhas gostava de correr com os linces, saltando entre as rochas livre e veloz como eles. Nos vales se fazia uma náiade e com elas nadava entre os peixes, em direção ao maior rio que atravessava o Reino de Nárnia. Ela se juntava a todas as ninfas, tomava ora a forma das flores, a forma das águas ou das árvores, e dançavam noite e dia através do país. Por onde passavam acordavam os animais e as plantas, a grama verdejava com vivacidade sob seus pés e os ares se enchiam de seus belos cantos e dos pássaros que, entusiasmados, também se davam à cantoria. Celebravam com faunos e centauros, e às vezes até anões.

Mas todos os anos, e dessa vez mais do que nunca, ela ansiava chegar a Cair Paravel. Seres humanos lhe fascinavam, e gostava de assisti-los nas grandes festas do palácio que davam em sua honra. Gostava de vê-los, eram mais alegres do que aqueles de Telmar. Viviam em harmonia com a Natureza ao seu redor e como eram bons para o povo! Fora sempre grata a eles pelo fim do longo Inverno. Ainda lhe doía como aquela feiticeira perversa fora capaz de submeter seu Espírito irmão e às criaturas da Natureza ao seu poder maléfico. Achava-os tão bonitos e fortes. Até então nunca tomara parte em suas festas por não saber qual forma queria ter: se a dos Filhos de Adão ou a das Filhas de Eva – fora sempre algum pássaro, algum lobo ou leopardo sentado calmamente a um canto, certa vez fez-se até de sereia para vê-los correr pela praia. Foi quando da visita de uma princesa estrangeira, passara a reparar com mais cautela o Grande Rei Pedro. Ele a tocava com delicadeza e dançavam ao som das flautas e cítaras, lhe falava com um afeto que soava diferente do destinado a qualquer outra pessoa. Tinha um sorriso que ela pudera apenas descrever para si mesma como feliz e tão simples. Seu riso era mais doce que o som da brisa nas folhas das árvores, seu olhar suave era como o de um cervo que observa a campina.

Ela se deu conta, então, de que sentira inveja da mulher que o pretendia. Queria sentir a textura de sua pele, o cheiro de seus cabelos, o sabor de seus lábios. Foi assim que, enquanto voava para mais outra temporada de celebrações e bênçãos, o Espírito da Primavera decidiu que, dessa vez, seria uma mulher.


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