Livre Arbítrio: Eu Escolho Você. escrita por MilaBravomila


Capítulo 48
Capítulo 48




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Eu acordei com Daniel me beijando a testa suavemente.
- Meu anjo, acorda.
A voz dele parecia a de um anjo – doce pleonasmo – e me acordou da melhor maneira possível. Eu estava deitada ao lado de Cam, meio que apoiada com as costas na cabeceira da cama com um de meus braços envolvendo-o. Retirei o braço instantaneamente e reparei que estava dormente.
- Você precisa comer e descansar também, meu amor. – Daniel disse sentando-se do outro lado da cama.
Ótimo, eu numa cama com os dois...
- Será ele melhorou Daniel, ele pareceu uma pedra a noite inteira, nem se mexeu. – eu disse tratando de remover os pensamentos impuros da cabeça.
- É normal, ele vai ficar assim por pelo menos mais um dia... mas vai se recuperar, acredite.
Eu olhei rapidamente para o corpo inerte de Cam e voltei a encarar Daniel. Deus, como ele estava lindo! O cabelo tinha crescido um pouquinho e estava lindamente bagunçado, a
camiseta branca mostrava que seus músculos estavam ligeiramente maiores, e a calça jeans desbotada fazia suas coxas grossas sobressaltarem. Mas o que eu mais adorava era o tom violeta de seus olhos emoldurados em seu rosto perfeito, suavemente quadrado e com a barba por fazer. Céus!
Ele sorriu, pois certamente reparou que eu o admirava. Com um leve puxão ele fez meu corpo rolar na cama e parar ao lado do dele. Seu cheiro maravilhoso me atingiu como um soco, era amadeirado, meio cítrico e tinha um fundo adocicado, me embriagava. Eu senti o calor de seu corpo contra o meu e sua respiração em meu rosto e só assim me dei conta da falta que senti dele. Senhor, era como estar em casa, estar no lugar certo, exato pra mim.
- Senti sua falta. – disparei.
- Que bom. – ele disse passando um dedo em meu queixo e contornando minha boca com ele, bem suave – Eu enlouqueci sem você aqui.
- Mas não parece – eu disse olhando seus braços – você esteve ocupado, Sr. Músculo.
Ele riu alto. Era verdade que seu corpo estava quase tão musculoso quanto o de Cameron... ficou bem – como se fosse possível melhorá-lo. Sua risada foi rápida, ele logo me olhou seriamente nos olhos.
- Eu não vou deixar mais você ir pra longe de mim, nunca mais.
- Quanto tempo passou aqui? – perguntei, minha voz falha pela força de suas palavras.
- Dois meses.
- Dois meses?! – me espantei – Nossa... me fala como estão todos? Como foi a luta depois que fomos? E meus amigos...Milles e Shelby estão bem? E minha família?
- Calma, Luce. – ele falou tranquilamente acariciando meu rosto – Estão todos bem. Shelby e Milles estão em suas casas, assim como os outros nephilins. Eu e Arriane enviamos emails freqüentemente pros seus pais, eles pensam que você está envolvida em cursos e excursões extra-curriculares, mas querem te ver logo.
- E a batalha, como foi? – eu perguntei mais aliviada ao saber de Shelby, Milles e minha família.
- Difícil... tivemos baixas, mas conseguimos.
Ficamos em silêncio depois disso. Eu estava processando tudo, pensando nas vidas perdidas, em tudo o que tinha acontecido.
- E agora? – eu perguntei a ele desorientada.
- Agora nós esperamos você se recuperar totalmente e saímos.
- Saímos, como assim?
- Eu e você vamos pra um lugar seguro enquanto os outros continuam tentando entender o que aconteceu e eliminam o máximo de inimigos possíveis.
O silêncio caiu novamente até que Daniel interveio:
- Não vou me separar de você de novo. Dessa vez quem vai te proteger sou eu.
Eu senti um tom de posse e urgência na voz dele e, no fundo, eu gostei.
- E quando partimos?
- Em dois dias. Esse é o tempo pra eu ter tudo pronto pra irmos.
- Ninguém sabe pra onde vamos, além de você? – perguntei.
- Não.
Suspirei. Uma confusão de sentimentos me invadiu. Eu estava ao mesmo tempo preocupada por tudo e assustada, mas também me sentindo segura por saber que Daniel me protegeria e, sobretudo, nervosa por saber que ficaríamos fugindo sozinhos, eu e ele.
Cam se mexeu ao nosso lado e isso me trouxe de volta a realidade. Daniel se levantou da cama e me ajudou a fazer o mesmo. Demos a volta e eu me agachei ao lado de Cameron e pus a mão em sua testa.
- Não tem mais febre. – eu falei. Minha mão acariciou a testa e o cabelo dele, mas me contive, não queria que Daniel pensasse nada... ainda.
Um buraco se formou em meu estômago quando lembrei a conversa que teria que ter com ele a respeito de como eu e Cam quase... bom, merda.
- É melhor esperarmos ele acordar. Ele vai precisar se alimentar depois que o fizer, então é bom que a gente prepare alguma coisa. – Daniel falou me abraçando por trás e quase que imperceptivelmente me afastando de Cam.
Eu deixei ele me afastar da cama e respirei fundo. Nossa conversa seria longa e difícil.
- Daniel... – comecei e fiquei agradavelmente surpresa pela minha voz estar tão firme – precisamos conversar.
Ele me virou em sua direção e pelos seus olhos eu sabia que ele sentia o que vinha.
- É sobre Cameron e eu. – falei – e... o que eu tenho pra dizer, pode mudar... tudo.
Daniel se afastou lentamente, seus olhos nunca deixando os meus.
- Você nunca vai entender que o que eu sinto por você não vai mudar, não importa o que aconteça. – ele disse. Seu tom sóbrio, adulto, firme.
Eu respirei fundo e pus meu curto cabelo desgrenhado pra trás da orelha.
- Nem se eu te disser que eu... traí você?
Nossos olhares estavam conectados tão firmemente que nem que se a Terra se abrisse sob nós a conexão se perderia. Ele permaneceu sóbrio, imutável , como se já esperasse por isso. Eu, por outro lado, estava envergonhada e destruída.
- Eu e Cam... a gente... – as palavras se perderam e minha respiração estava acelerada. O silêncio dele sugeria que eu continuasse, que ele queria ouvir tudo de mim.
Respirei fundo e continuei:
- Estávamos no quarto do hotel e... a gente se beijou e tudo evoluiu rápido...
- Vocês dois... dormiram juntos? – a pergunta dele foi tão impessoal que pareceu ter saído de outra pessoa. Eu sabia que ele estava querendo a verdade, mas ao mesmo tempo não queria ouvi-la.
- Não. – eu respondi e não conseguindo mais encará-lo eu baixei a cabeça antes de prosseguir – Mas nós quase o fizemos. Foi tudo muito intenso, muito forte. Eu... parecia que não era eu, sabe? Ao mesmo tempo em que eu era consciente de tudo o que estava fazendo, eu tinha bloqueado tudo no mundo... foi muito ... não sei... como se eu precisasse estar com ele, quisesse desesperadamente. – outra respiração funda – Mas... no último instante, eu vi os olhos dele e... eram iguais aos seus.
Eu voltei a encará-lo. Daniel parecia que estava apenas escutando, mas que ele não estava em seu corpo. Eu continuei, porque se não o fizesse, não falaria nunca mais.
- Eu vi os seus olhos nos dele e parei. Aí foi como se eu tivesse voltado à realidade, como um baque, e aí eu saí correndo do quarto, pra longe de Cameron. Eu fui andando sem rumo pelas ruas, chorando, nervosa, nem vi pra onde estava indo... aí eu parei num beco. Eu fui encurralada por três sujeitos que tentaram abusar de mim. – vi a tensão se apoderar de Daniel nessa hora, mas prossegui – Eles me doparam, mas Cam chegou bem a tempo de me salvar... de novo.
O silêncio mais angustiante se fez no quarto e as únicas coisas que eu ouvia eram as nossas respirações. Eu voltei a por meu cabelo rebelde pra trás da orelha e prossegui.
- Eu sinceramente vou entender qualquer atitude que você tomar, eu... vou aceitar qualquer decisão sua, Daniel. Sabe, não importa nada disso de vidas passadas de lembranças de alma e aquele troço com Margarett, eu não posso me justificar com isso. Eu tenho total e completa culpa pelo o que aconteceu e não vou fugir de minhas responsabilidades com você. Sabe, em Vegas eu vi você com Gabbe, e quer saber?... eu posso imaginar o que você deve estar sentindo agora porque... só de ver vocês dois juntos eu quis morrer, então eu vou ...
Ele me interrompeu bruscamente quando colou seu corpo ao meu e me beijou. Eu nem consegui me sobressaltar com o susto, porque ele me apertou tanto contra si que eu não me movia, apenas meus lábios se movimentavam contra os dele. Senti um gosto salgado na boca e reparei que eram lágrimas, eu só não sabia se eram as minhas ou as de Daniel.
Nosso beijo foi profundo, em todos os sentidos da palavra. Ele me invadia de um jeito territorial, animal e ao mesmo tempo com um amor tão grande que beirava ao desespero. Em
troca eu queria mostrar a ele que meu amor era recíproco e me afundei em seus braços e em sua boca. Me afastei apenas por fração de segundos para recobrar o ar, mas ele novamente me puxou pra si, retomando a paixão entre nós. Ele não queria me deixar e eu não queria que ele me deixasse.
Quando finalmente paramos, ambos estávamos ofegantes. Ele me manteve perto de si, com suas mãos envolvendo todo meu ser. Nossas testas coladas, nossos olhos vendo apenas um ao outro.
- Eu não vou te deixar nunca mais, não vou me afastar nunca mais, não importa o que aconteça, eu não vou perder você. – ele disse ferozmente.
- Me desculpa... eu te amo. – foi o que saiu de mim naquele momento, e era tudo o que eu tinha que dizer.
- Eu te amo. – ele respondeu e novamente me beijou.
...
O dia passou corrido. Preparamos uma sopa reforçado pra Cam e esperamos que ele acordasse. Ele devorou tudo o que fizemos e nós nos revezávamos para ficar com ele. Roland, Gabbe e Arriane também entraram no rodízio.
Era estranho olhar pra Gabrielle. Nós tínhamos essa rixa entre nós e da minha parte só aumentou depois que eu a vi com Daniel em Vegas cinco anos atrás...e por parte dela, depois que lutamos, bem, digamos que ela queria voar no meu pescoço a cada segundo e que só não o fazia porque os outros a impediam. Sinceramente, acho que ela não se importaria nem um pouco em me matar, nem mesmo se isso significasse a destruição de todos os anjos.
Daniel e eu estávamos juntos o tempo inteiro, salvo quando ele tinha que sair para ver algo sobre nossa misteriosa escapada. Tirando todo o fundo de demônios atrás da minha cabeça e a salvação de todos em minhas costas, até que eu estava excitada com a idéia de fugir com Daniel, parecia romântico em um certo nível. Ele estava ajustando os últimos detalhes, nossa partida seria na tarde do dia seguinte.
Eu já estava recuperada da viagem pelo anunciador, até porque foi Cam quem doou toda a energia. Assim, não teríamos mais que adiar a partida. Eu estava com Arriane no quarto de Cam quando ele voltou a acordar.
- Você está melhor, garanhão? – Arriane perguntou a ele sentando-se ao meu lado na cama.
Ele sorriu e mesmo fraco do jeito que estava, era lindo demais.
- Amanhã já vou estar pronto pra outra. – ele disse ainda fraco.
Cam se voltou pra mim e disse:
- Obrigado por ficar ao meu lado.
- Não me agradeça, você salvou minha vida mais de uma vez, era o mínimo.
- Então quando nós voltamos pra lá? – ele perguntou.
- Muito engraçado! – eu disse levantando da cama e dando a volta. – Já pode levantar? – perguntei quando fiquei de pé perto dele.
Cam estendeu uma mão e eu a segurei, ajudando-o a se levantar. Ele sentou na beira da cama e estava se medindo pra ver se estava bem. Respirou fundo algumas vezes e me encarou. Há algumas horas Roland tinha trocado as roupas dele. Cam estava com uma calça larga clara e sem camisa. Sua barba também estava por fazer – maldição, como alguém convalescente podia ser tão perfeito? Eu me ajoelhei de frente pra ele e perguntei enquanto o examinava:
- Como se sente?
- Como se tivesse sido mastigado e regurgitado dez vezes, mas estou bem.
Sorri, esse era o Cam que eu conhecia. Ele estendeu a mão com um pequeno esforço e a colocou em meu cabelo, me fazendo carinho.
- Eu estou melhor porque senti você perto de mim. – ele disse me encarando com aquelas bilhas verdes.
- Todos ficamos com você. – respondi sem jeito procurando não o encarar de volta.
- Mas é só com você que eu me importo.
- Cameron, vejo que está melhor... já está dando em cima da minha noiva de novo. – a voz de Daniel surgiu atrás de mim com um bom humor que me aliviou a alma.
- Sempre. – Cam respondeu com o humor que sua fraqueza permitiu.
Eu me levantei apoiada em Daniel e ele me beijou – digo BEIJOU.
- Se vocês quiserem eu posso sair e deixar o quarto pra vocês. – Cam falou enquanto nos beijávamos mostrando que seu sarcasmo já estava totalmente restabelecido.
- Céus, o nível de testosterona já excedeu meu limite, bem. – Arriane disse dando um salto gracioso da cama e se pondo de pé ao nosso lado – Luce, querida, boa sorte com esses dois. Qualquer dia eles vão querer marcar território com urina, igual aos cães machos, eu tô fora.
Eu sorri sem graça e vermelha – quase roxa de vergonha, na verdade – enquanto a via sair pela porta.
Constrangedor. Esse era o silêncio que se formou entre nós. Eu não queria aborrecer Cameron que estava se recuperando, tão pouco queria me separar de Daniel. Por um instante eu
lembrei do sonho que tive há várias noites atrás quando eu estava no banho com eles – no plural. Deus! Eu não merecia ir pro céu!
- Então estão de mudança. – Cam afirmou, com certeza ele tinha ouvido os planos enquanto estava descansando.
- Não vai ter mais que se preocupar comigo. – eu falei pra ele, tentando amenizar o clima, mas seus olhos estavam tristes e me diziam que eu não era exatamente uma preocupação.
- Luce, eu preciso falar com Cam a sós, será que nos daria licença? – Daniel perguntou gentilmente.
Eu o encarei e confesso que não pude esconder a surpresa e o medo.
- Pode ir tranqüila, ele não vai me matar, eu acho. – Cam falou também obviamente curioso.
Daniel sorriu com a observação, ou talvez pelo fato de estar considerando a idéia. Eu encarei Cameron e depois Daniel e disse:
- OK, eu vou tomar um banho e te espero no restaurante, tá? – eu beijei meu anjo rapidamente nos lábios antes de sair.


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Notas finais do capítulo

Sei naum mas acho q o Dan vai MATAAAR o Cameron, hein!!

haha

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