Livre Arbítrio: Eu Escolho Você. escrita por MilaBravomila


Capítulo 47
Capítulo 47




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Enfim o dia de encontrarmos Daniel havia chegado. Cam disse que tinha o encontrado em Vegas por acaso, mas que aquele dia tinha ficado marcado por terem tido uma discussão feia.
Também o fato de Daniel estar acompanhado... eu digo ACOMPANHADO de verdade. Eu não perguntei quem era a mulher com quem Daniel estava, mas nós já tínhamos conversado sobre isso em outras ocasiões e Daniel tinha sido bem sincero comigo a respeito disso, que ele tinha tentado a todo custo me esquecer, tentando permitir que eu tivesse uma vida longa e normal.
Mas ele nunca conseguiu, nós sempre acabávamos nos encontrando de alguma forma e sempre nos apaixonando... e eu sempre morrendo por isso.
Eu não sabia o que pensar a respeito de Daniel ter tentado outros relacionamentos – mentira,eu sabia exatamente o que sentia: ciúmes. Meu estômago se revirava horrores ao pensar que eu o veria com outra e meu sangue começava a fluir espesso, meu coração palpitava forte. Só de pensar vendo-o com outra, beijando outra pessoa... Deus, era horrível.
Estávamos na esquina da décima com a terceira avenida, num lugar um pouco afastado do centro da cidade. Cam estava ao meu lado e eu estava enroscando uma pequena mexa do meu cabelo sem parar.
- Luce, fica calma. – ele disse me olhando daquele jeito lindo – Eu sinto sua tensão daqui.
- Me desculpa, eu... não consigo evitar... eu só...sei lá.
Ele me abraçou apenas com um braço e eu me aconcheguei em seu corpo. Era estranho, mas parecia que nós estávamos mais ligados um ao outro desde o dia que ele me salvou daqueles animais imundos. Nós não voltamos a nos beijar e tão pouco nos embolamos nus na cama novamente, mas era como se tivéssemos aprofundado os sentimentos, estávamos além do físico.
Apesar de tudo, só de pensar que eu veria Daniel depois de duas semanas, depois de tê-lo deixado lá naquela batalha horrenda, fazia meu coração quase parar. A saudade apertava todo meu ser, era sufocante.
E então eu o vi, ou melhor, os vi.
Ele estava absolutamente lindo, como sempre, mas acompanhado, e sua acompanhante me fez ter vontade de vomitar. Ela estava radiante, simplesmente transbordando felicidade. Linda loira, perfeita. Era assim que Gabbe parecia ao seu lado.
Nós estávamos parados duas esquinas de distância, mas eu conseguia enxergá-los nitidamente. Ela estava de mãos dadas com ele e parecia perfeita, admirando a cidade contente e tranqüila. Daniel prestava atenção do que Gabrielle dizia e sorria algumas vezes, embora o sorriso não alcançasse seu olhos. O pôr -do -sol refletindo o dourado de sua pele e o loiro de seu cabelo macio, contratava com um azul profundo nos seus olhos. Isso me deixou feliz, saber que o violeta era exclusivo pra mim.
Eles atravessaram a rua e andaram em direção a um bar de aparência agradável.
- Foi lá que nos encontramos... naquela época. – Cam falou pra mim. Apenas meus ouvidos captaram o som de suas palavras, mas minha mente não registrou nada, eu apenas via Daniel, somente ele.
- Luce... – ele acariciou meu rosto e me virou gentilmente em sua direção – Você me escutou?
- Hã? O quê? Desculpa.
- Eu disse que eu encontrei Daniel e Gabbe aqui na época. Meu outro eu deve chegar em uma hora, aproximadamente, então eu sugiro que andemos logo.
- E qual o plano? – perguntei observando o casal entrar no bar. Meu coração parecia que tinha sido arrancado de meu corpo e eu estava hiperventilando.
- Vamos entrar, esperar Daniel se separar dela e deixá-lo avistar você. Assim que isso acontecer, o Daniel no futuro vai saber onde estamos e vai abrir outra porta para sairmos daqui.
- OK, vamos. – eu disse o mais segura que consegui, mas sabia que tinha falhado miseravelmente.
Nós atravessamos a rua e andamos até o bar. Era realmente agradável lá dentro. Havia uma banda tocando um estilo rock alternativo e o som era bastante agradável. O lugar tinha uma decoração que misturava o clássico e o moderno e investia na iluminação do ambiente, que o tornava aconchegante e elegantemente atrativo.
Daniel e Gabbe estavam sentados em uma mesa distante, discreta, privada. Eu odiei. Eu queria que estivessem no meio da multidão, numa mesa enorme e de preferência com bastante gente sentada entre os dois. Senhor, era horrível vê-lo com outra eu ia enlouquecer! Tudo em mim gritava para correr pra ele – e plantar a mão na cara dela também... Cameron era a única coisa que estava me impedindo. Eu sentia suas mãos firmes me segurando no lugar.
- Calma, Luce. – ele disse em meu ouvido – Temos que esperar que ela saia de perto. Queremos que apenas Daniel saiba onde estamos.
Ele me encaminhou pro balcão e sentamos no fundo do bar, mas ainda conseguimos uma visão clara deles dois. Cam pediu dois drinks ao barman.
- Gabbe é muito vaidosa, eu tenho certeza que em breve ela vai ao banheiro retocar a maquiagem ou sei lá o que. Esperemos. – ele disse baixinho pra mim.
- Mas e se ela não... – eu comecei a falar com Cam, mas parei. Minha voz simplesmente travou na garganta quando eu vi que ela o beijou – Ai, Meu Deus!
Meu corpo tremeu e uma sensação de mais puro terror se apossou de mim. Era uma coisa que eu jamais havia sentido: raiva, medo, insegurança, tristeza. Tudo junto borbulhando meu sangue. Então era assim que Daniel se sentia quando me via com Cam...
O beijo foi longo. Daniel era carinhoso e gentil, mas Gabbe parecia faminta. Ela queria mais dele, queria tê-lo junto a ela. Foi terrível.
OK, deve ter sido, porque na metade eu não agüentei mais olhar.
- Luce. – a voz doce de Cam atingiu meu cérebro e me trouxe de volta.
Eu reparei então que ela estava se levantando. Era nossa chance. Nós viramos na direção do barman que já tinha entregue os drinks e fingimos ser um casal que conversava distraidamente. Gabbe passou por nós sem notar nossa presença. Assim que ela entrou no banheiro feminino, nós levantamos e fomos em direção a Daniel. A cada passo que eu dava em sua direção, meu coração parecia que voltava a vida. Meu corpo tremia e minhas mãos estavam suando. Nós nos aproximamos devagar para não chamara a atenção. Quando eu cheguei a uns seis metros de sua mesa, Daniel deu um pequeno sobressalto junto com uma respiração profunda, era como se ele estivesse sentindo algo, como se tivesse percebido que eu estava perto. Bom, o mais provável era que ele tenha sentido a presença de Cameron, mas eu gostava de pensar que era por minha causa. Isso foi incrível, pois nós não estávamos em seu campo de visão, estávamos nos aproximando lateralmente a ele. Então Daniel virou a cabeça e me viu. Eu parei de andar e o mundo parou de girar junto comigo. Tudo a minha volta sumiu, tudo desapareceu, o bar, a música, Cameron, tudo. Existia apenas aquele olhar azul profundo se transformando instantaneamente no violeta intenso e maravilhoso que era somente meu.
...
Dois meses. Já faziam dois meses inteiros sem ela. Tudo em minha vida estava tão preto e branco, tudo sem sentido. As horas se arrastavam, os dias eram eternos. Eu e os outros não havíamos conseguido nada além da confissão aturdida daquele banido há uma semana, nada mais. Nós não sabíamos o que significava, tão pouco sabíamos o que fazer.
Eu já não conseguia pensar direito, a preocupação, o medo e a saudade dela estavam me consumindo, e o ciúme, sempre o ciúme. As únicas certezas que eu tinha era que nós precisaríamos sair daqui quando ela retornasse, e que eu a amava, amava mais que tudo.
Eu já tinha planejado o que iríamos fazer quando ela voltasse, tínhamos que ir a um lugar seguro, que apenas eu soubesse a localização. Já estava tudo pronto, faltava apenas o mais importante, a minha Luce, o pedaço de mim que estava faltando.
Era fim de tarde de domingo e o frio já tinha amenizado um pouco. As ondas quebravam aos meus pés e o som do oceano era a única coisa capaz de me trazer um pouco de paz nos momentos em que não tinha nada pra fazer, nada pra ocupar minha mente e me distrair da
saudade. Foi aí que eu senti. Chegou forte como um soco no estômago. Em um momento não estava lá, mas em outro surgiu uma lembrança, uma que não estava em mim antes.
Eu lembrei de Luce, linda, delicada e perfeita como sempre. Ela me olhou nos olhos, na alma, como sempre fazia. Eu vi que Cameron estava com ela, mas meu coração não ligou pra isso. Foi na noite que eu estava com Gabbe em Vegas. Nós entramos no bar próximo a esquina da décima com a terceira avenida e fomos até uma mesa. Sentamos, conversamos um pouco. Gabrielle foi ao banheiro e eu fiquei na mesa. De repente, foi como sentir um imã me puxando, uma atração inevitável. Eu senti a sensação familiar de quando Luce estava por perto. Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e meu coração disparou. Quando eu olhei por lado, lá estava ela, me encarando. Exceto que era muito cedo, muito cedo pra isso.
Naquela época eu não devia ter encontrado com Lucinda, não em Vegas, não daquele jeito. Isso só podia significar uma coisa.
Mais que depressa eu fechei os olhos e me concentrei o máximo que pude. Era difícil, pois meu coração estava descompassado como uma bateria. Respirei fundo algumas vezes e me vi naquele dia. Usando os gestos e a s palavras certas no meu idioma ancestral, eu convoquei o anunciador. Trabalhei alguns segundos nele e foi tempo suficiente para eu abrir o portal. Atravessei-o mais que depressa e em instantes eu estava num beco atrás do bar em que estava com Gabbe e onde também estaria Luce.
Eu dei a volta na esquina e sabia que Cameron devia ter levado Luce pra fora do bar logo após ter me encontrado, pois eu não podia ir lá dentro, uma vez que meu outro eu estava lá. Eu estava certo. Vi os dois parados duas esquinas de distância. Ele a estava abraçando, ela parecia nervosa. Corri em sua direção e eles logo perceberam minha presença. Luce saiu dos braços de Cam e veio pra mim.
- Daniel! – ela me disse quando nos abraçamos.
Eu não respondi, apenas a mantive apertada contra mim. Deus, era a melhor sensação do mundo, ver que ele estava bem, estava a salvo e nos meus braços.
- OK, eu detesto ser o estraga prazer, mas temos que sair daqui já. – Cam falou ao nosso lado com seu tom sarcástico de sempre.
- Eu te amo, eu te amo tanto, meu anjo. – eu disse a ela, enquanto prendia seu rosto em minhas mãos.
- Eu também. – ela respondeu com a voz falha e lágrimas escorrendo dos olhos.
- Vamos embora. – Cam falou nos apressando.
Nós fomos em direção ao beco onde estava a porta de volta pro presente e a atravessamos.
...
Senti a areia da praia de Shoreline aos meus pés e o cheiro da maresia me atingiu. A mão de Daniel soltou a minha assim que chegamos de volta ao presente. Eu o vi desfazendo a porta que ele criou com o anunciador. Ele fazia gestos parecidos com os que Cam tinha feito no dia em que me levou pra lá e as palavras rápidas era em uma língua desconhecida pra mim.
Então eu senti algo pesado cair ao meu lado na areia. Era Cameron. O corpo dele caiu como uma pedra aos meus pés.
- Daniel! – eu gritei me agachando na direção de Cam, que estava desmaiado.
- Cam! Cam! – eu gritava agora para o corpo inerte de Cameron que estava gelado na areia. - Deus, o que aconteceu?
Daniel chegou rápido até nós e se pôs a examiná-lo.
- Daniel, o que houve? – eu perguntei desesperada.
- Ele precisa sair daqui. Precisa se alimentar e descansar. Precisa de cuidados, ele gastou muita energia ter mantendo lá esse tempo todo.
Ele levantou e pôs o corpo forte e imóvel de Cam em seu braços.
- Vou levá-lo ao seu quarto. Chame Arriane e os outros. – Daniel falou pra mim antes de voar pra longe com o corpo de Cameron.
Eu corri o mais rápido que pude. Subi o tortuoso caminho de volta à escola, que estava totalmente deserta. Fui para o lugar onde achei que pudesse encontrar alguém, o ginásio.
Roland e Ravena estavam treinando no tatame principal e a batalha estava feia.
- Roland! Ravena! – Eu gritei com o resto de ar que meus pulmões conseguiram soltar.
Eles pararam a luta quando me viram entrar correndo e em questão de segundos estavam ao meu lado.
- Luce? – Roland falou desorientado.
- Rápido! Daniel levou Cam pro quarto dele... ele está mal, precisa de ajuda.
Tossi sem fôlego e pus as mãos nos joelhos para me sustentar. Meu corpo tremia, eu estava nervosa e não conseguia parar de pensar em Cam desacordado na areia.
- Luce! – a voz de Arriane veio até mim.
- Arriane! – eu me joguei em seus braços e a apertei firme. Eu estava com saudade e muito desesperada também.
- O que aconteceu? Por que você está tremendo desse jeito?– ela perguntou me afastando um pouco.
- Cam, precisa de ajuda. Está com Daniel no quarto dele.
- Vamos. – ela falou me abraçando e voando comigo na direção do dormitório dos professores. Nós atingimos a janela do andar antes da cobertura. O quarto de Cam, eu previ.
Entramos pela varanda e Roland e Ravena já estavam lá. Daniel estava com eles em pé diante da cama onde o corpo de Cameron estava protegido com um lençol e seda. Eu me aproximei deles e pude perceber o quanto Cam estava suando.
- Ele está com febre e muito fraco. Foi um esforço descomunal ficar tanto tempo assim em um anunciador. – Rolando falou olhando para o corpo na cama e sacudindo a cabeça em reprovação – É um milagre que esteja vivo.
- Daniel, ele vai ficar bem, não vai? – eu perguntei nervosa.
- Luce... – Cameron balbuciou ao ouvir minha voz.
Eu corri para ficar ao seu lado e peguei delicadamente sua mão.
- Eu estou aqui, Cam. Você vai ficar bom logo.
Ele deu um suave apertão em resposta e tentou mover a cabeça na direção da minha voz, mas não conseguiu.
- Shh... – eu disse, me ajoelhando ao seu lado e apertando mais sua mão. – Não se mexe, você está fraco. Eu vou ficar aqui com você, não se preocupe.
- Eu ache melhor... Luce cuidar dele, Daniel. – Roland falou inseguro. Mas era óbvio que eu não poderia me afastar.
Danile demorou uma fração de segundo para responder:
- Claro. Luce, fica com ele essa noite... vai ser difícil e dolorosa.
Eu o encarei. Seus olhos violetas diziam claramente que seu coração estava magoado e inseguro, mas ele não podia negar isso ao homem que salvou minha vida, mesmo sabendo de minha afeição por Cameron.
- Fica com a gente. – eu disse pra ele, sem desviar o olhar. Eu não queria deixar Cam nessas condições, mas também não queria me afastar mais de Daniel.
- Tudo bem, eu venho de hora em hora ver como ele está. – ele respondeu caminhando em minha direção e pondo a mão em meu ombro. – Mas é melhor que você fique aqui com ele... vai deixá-lo mais tranqüilo.
Eu assenti e Ravena, Roland e Arriane se puseram a sair do quarto – esse tinha uma porta, pelo menos.
Daniel foi o último a sair, e antes se abaixou para me beijar a testa.
- Te amo, anjo. – ele sussurrou pra mim.
- Eu te amo também – respondi pra ele com todo o amor que eu tinha.
Ele sorriu e se levantou. Poucos segundos depois eu estava a sós com Cam.
- Luce... – ele murmurou novamente.
- Calma, eu tô aqui. – eu falei dando a volta na enorme cama king size e me deitando ao seu lado. O corpo dele sentiu o meu e respondeu com um tremor. Eu ajeitei o lençol sobre seu corpo e deite com uma mão apoiando minha cabeça, com a outra eu acariciava seus cabelos negros perfeitos, levemente molhados de suor.
- Eu vou ficar com você, bem aqui, até você se recuperar. – e sussurrei em seu ouvido e ele assentiu de leve. – Obrigada por me salvar. – eu completei.
E comecei a cantarolar baixinho uma de minhas músicas favoritas e Cameron adormeceu em meus braços.


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Notas finais do capítulo

Tadinho do Cam, gente!!!

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