Meu Doce Lírio escrita por Capistrano


Capítulo 33
Capítulo 33 - Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Se preparem para fortes emoções!!!



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Quando Lily chegou ao Beco Diagonal sentimentos opostos se instalaram simultaneamente no coração da jovem. Reconhecimento e estranheza pairavam na percepção dela. Ali estava a comunidade bruxa, povo este que ela fazia parte, que conhecia e compartilhava os mesmos costumes. Porém havia estranheza, as cores nas vestimentas das famílias mágicas tinha diminuído consideravelmente e a expressão no cenho das pessoas era intensa e preocupada. Algo estava altamente errado com o lar dela.

A ruiva encarou a lista de materiais nas mãos, tinha que ir a Floreios e Borrões para comprar seus livros e depois procurar uniformes novos. Era melhor se apressar, pois Kingsley estava em Brighton aturando as pirraças de Petúnia a pedido de Lily, graças à preocupação com a segurança dos Evans que a carta de Severo trouxe noite passada.

Ao andar pela multidão ela varreu o perímetro do lugar com os olhos, à procura dos marotos. Tinha quase certeza que os encontraria comprando os materiais, porém quando não os viu de imediato concluiu que seria questão de tempo até achá-los.

A loja estava inundada de gente apressada para terminar as compras, as pessoas pareciam ansiosas a voltar para casa e a mente da menina trabalhava para tentar processar a razão daquela anormal situação. Era inevitável ligar todo o alvoroço no Beco Diagonal às palavras de Snape impressas naquele pergaminho, e um arrastado inquietamento pairava gradativamente em Lily.

A urgência em encontrar os marotos só aumentou com o passar do tempo. Os diálogos entre as pessoas era irritadiço, tenso e na maioria das vezes rude. A menina começava a ficar altamente preocupada com a própria segurança.

Todos estavam sem paciência, querendo furar filas e passar uns nas frentes dos outros. A ruiva teve muita dificuldade em pagar os livros que tinha que comprar, mas quando enfim conseguiu sair da loja estava pronta para respirar um pouco de ar e viu uma confusão tomando rapidamente conta da ruela de pedras do Beco comercial.

Pessoas começavam a correr, crianças caiam no chão, tropeçando nos paralelepípedos do piso. Logo começou os gritos e Lily começou a ser empurrada para o miolo do Beco Diagonal onde o caos era maior.

Seu coração bombeava sangue incessantemente num batimento frenético, os dedos se apertavam em volta da varinha, mas nenhum feitiço lhe vinha a mente. Seu cérebro estava paralisado pelo medo, mas ainda sim conseguia formar um único pensamento "Tinha que encontrar James".

Ela voltou a encarar o local amarrotado de pessoas desesperadas à procura dos amigos, mas lágrimas começavam a embaçar sua visão. Ombros mais fortes empurravam a garota e logo ela estava no chão com o joelho sangrado. Sua sacola de compras havia sido deixada a muito tempo para trás, provavelmente com os livros pisoteados pela multidão.

Toda vez que Lily tentava se levantar algum braço se esbarrava fortemente nela, a jogando no piso de pedra novamente. A mão suada de nervosismo estava deixando a varinha escorrer perigosamente e a menina rezou freneticamente para que sua única forma de proteção não escapasse de seus dedos.

Junto com os gritos começa a se ouvir vidros quebrando, gritos de dor desesperados, e urros de raiva. Mas nenhum som era alto o bastante para silenciar uma risada gélida e cruel que irradiava pelas ruelas.

Com algum tempo de lentidão a dona dos cabelos acaju entendeu quem eram aquelas pessoas que causavam tanta confusão. Eram Comensais da Morte e a risada vinha do mestre daqueles homens encapuzados, Lorde Voldemort.

Lily não conseguia acreditar, o maior terrorista do atual mundo bruxo estava ali, perto o bastante dela para matá-la ou pior, torturá-la para encontrar sua família. A menina desejou ser insignificante o bastante para que ele não a notasse encolhida no chão, quase aos prantos.

Ela precisava de ajuda e precisava ajudar os outros também. Tinha crianças e famílias inteiras ali, todos amedrontados. Porém qualquer plano que estivesse se formando na mente nebulosa da menina morreu no momento em que ela viu o fogo. Estavam ateando fogo no lugar!

O desespero que ela tentou reprimir durante toda a confusão deslanchou e em poucos segundos a única coisa que LiLy conseguia entender eram as chamas que lambiam as lojas. A percepção da morte nunca tinha sido tão real, mas ela a estava vivendo. Vivendo a própria morte, o maior paradoxo de sua existência.

Ela desejou com todas as células de seu corpo que seus amigos estivessem bem. Que eles não fossem um dos desesperados cercados pelo fogo, que ela era agora. Seu coração torcia profundamente para que James e sua família estivessem a salvo sem nenhum arranhão. A proteção deles era muito maior que a dela própria.

Quando a ruiva finalmente desistiu exausta de tentar encontrar uma saída no meio da muralha de pessoas que a envolviam ela sentiu uma mão firme agarrar loucamente seu braço, a puxando no meio daquele caos.

O instinto a fez agir, projetando seu próprio cotovelo na direção em que a puxavam. Um gemido de dor escapou dos lábios daquele que a agarrava. E o reconhecimento daquela voz a fez paralisar.

James, saia daqui!– ela vociferou paralisada. Não conseguia vê-lo, mas sabia que ele estava por perto coberto pela capa de invisibilidade. – Por favor... vá embora agora!

Potter estava ali, no mesmo perigo em que ela. Um medo profundo tomou conta dela e sua mente trabalhava para bolar um plano de tirar ele dali. Seus pensamentos rodavam e não chegavam a nenhuma conclusão, se ela ao menos soubesse aparatar - como muitos estavam fazendo desde que o fogo se espalhou - poderia tirar ele dali, mesmo que fosse arriscado.

– Vem Lily, confia em mim - ele chamou e a puxou novamente pelo braço.

Dessa vez ela deixou, tropeçou com seus pés atrás dele, enquanto seus dedos lhe mostravam um buraco entre as pessoas que ela não tinha visto graças ao desespero. Mas quanto mais eles se afastavam do miolo do Beco mais ela entendia a gravidade do que estava acontecendo, a Travessa do Tranco também estava abarrotada de gente aos prantos e outros aparatando desesperados. Muitos se agarravam uns nos outros e havia terror por todo lado.

– James, o que está acontecendo? - Ela perguntou com medo.

– Shiii - ele fez um som para que ela se calasse e eles logo ouviram a risada de Voldemort ainda mais alta e gélida. Ele não os estavam seguindo, mas parecia que sua alma fria estava por toda parte, mesmo em meio ao fogo.

A ruiva e o menino continuaram ziguezagueando entre as pessoas e um pingo de esperança começou a crescer no peito de Lily quando ela avistou uma loja em que tinha lareiras para pó de Flu. Suas pernas se mexiam mais rápidas e precisas, mesmo com o corte em seu joelho. James também tinha se apressado, motivado pela ideia de ambos se livrarem do caos.

Foi então que a menina sentiu sua nuca se arrepiar. Alguém a estava observando e segundos depois ela ouviu a última voz que queria ouvir naquele momento.

– Aquele é a sangue ruim da Evans! Peguem ela! - Anunciou Lúcio Malfoy para seus amigos comensais.

Um grupo de 4 meninos começaram a correr atrás de Lily e Potter. O maroto a puxou mais forte, a aproximando de seu corpo, a varinha dele empunhada.

Quando Rodolfo Lestrange se aproximou perigosamente dela. Lily apontou sua varinha e pronunciou o primeiro feitiço que lhe veio a mente.

– Bombarda Máxima! - Uma parede de tijolos desmoronou em cima do garoto dentuço e os outros 3 comensais ficaram felizmente presos atrás do mar de obstáculos na frente deles.

– Estamos chegando Lily! - Anunciou aliviado James, empurrando desesperado a porta da loja.

Produtos que estavam nas pratilheiras tinham caído no chão, provavelmente quando mais pessoas tinham usado o pó de flu. As mercadorias estavam amarrotadas por todo o lugar e o saco que continha o produto que os iria transportar estava ameaçadoramente quase vazio.

– Isso não vai dar para nós dois... - Disse a menina ofegante, já olhando amedrontada enquanto os garotos atras dos tijolos se livraram deles. - Eles vão vir atrás da gente... - Ela pegou o restante do pó sem esperar qualquer reação de Pontas e o jogou em sua mão. - Vai! Posso tentar chegar no Caldeirão Furado daqui...

O garoto a encarou por longos segundos e quando se aproximou dela, Lily não acreditou no que ele estava fazendo. Os lábios de James se grudaram nos da ruiva, e ela sentiu suas pernas fracas tremerem com o contato.

Os braços de Potter agarraram protetoramente o corpo da dona de cabelos acaju, enquanto ela prendia sua mãos nos ombros dele. Ela sabia que tinha comensais da morte perto demais da Loja e que logo poderiam vir matá-los, mas a ideia de estar beijando James era tentadora demais para que ela parasse.

Seus sentidos estavam focados demais nos lábios dele para que ela notasse qualquer coisa, o lugar poderia explodir que a ruiva não notaria. E foi mais ou menos isso que aconteceu. Lily sentiu seu corpo juntou ao de Pontos no exato momento em que um fogo lambeu suas pernas e seu estomago se embrulhou na já conhecida sensação de viajar por pó de flu.

Cedo demais sua boca se separou da de James e ela encarou o teto da Lareira da casa dos Potter sozinha.


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Notas finais do capítulo

eu mereço muitos reviews não é?