Meu Doce Lírio escrita por Capistrano


Capítulo 34
Capítulo 34 - Sofá com vista para lareira


Notas iniciais do capítulo

Capítulo express hen?



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Lily encarou o teto da lareira pelo o que pareceu ser horas, mas deve ter sido breves instantes. Braços fortes a tiraram do lugar apertado e em alguma parte de sua mente confusa ela reconheceu o local, a sala de estar dos Potter. Reconheceu também o cheiro do perfume de seu pai, tinha sido ele que a tinha tirado do buraco que estava deitada.

Estava havendo um diálogo, mas a ruiva pouco se importava. Viu sua mãe com um sorriso aliviado e lágrimas de felicidade nos olhos, viu Remo a avaliando preocupado, Sirius encarando a lareira em expectativa e surpreendentemente avistou Petúnia com Xinsy no colo e um cenho aparentemente tranquilo em ver a irmã mais nova bem.

Nada do que estava acontecendo parecia de fato ocorrer. Tudo o que a menina processava era que James não estava ali e não tinha pó de flu para voltar, o garoto não sabia aparatar e tinha que lidar com 4 comensais da morte e um incêndio lambendo todos os prédios do Beco Diagonal. Ele estava em um altíssimo perigo.

Seu pai continuava a abraçando, parecendo não acreditar que a filha estava bem. Charlotte tinha trazido um copo com água e estava oferecendo a menina enlameada, enquanto Remo cuidava do machucado no joelho de Lily.

A dona de cabelos acaju encarou a lareira na inevitável esperança de que Pontas aparecesse ali tão sujo quanto ela. Mas quando os minutos - e mais tarde, horas - se passaram seu coração começava a se encher novamente de desespero. Um terror muito mais profundo do que o que ela havia experimentado mais cedo no Beco Diagonal, estava se apoderando rapidamente dela. Dessa vez era a vida de Potter que estava em risco, algo muito mais valioso do que a dela própria.

A anfitriã da casa estava inconsolável, abraçada ao marido ela olhava chorosa o buraco em que aguardava sedenta pelo aparecimento do filho. Ninguém parecia culpar Lily, mas nem precisava. Ela já se culpava sozinha.

James poderia não voltar, e um de seus últimos atos tinha sido salvar a ruiva, mesmo que de maneiras tortas. Lágrimas escorreram de seus olhos e ela não se importou de secá-las.

– Está tudo bem querida, você esta bem agora... - consolou a mãe, achando que a menina chorava de alívio e medo pelo que havia passado. - Devíamos ter te contado que o Lorde das Trevas nas últimas semanas tem ficado mais forte, mais pessoas se juntaram a ele... Muitos nascidos trouxas tem sido mortos, não devíamos ter cancelado o Profeta Diário, você precisava saber... Sinto muito.

As coisas pareciam se encaixar e fazer sentido em algum lugar remoto da mente da ruiva, mas ela pouco se importou. O toque dos lábios de James nos dela ainda ardiam em desejo e mesmo sabendo que o beijo tinha sido um artifício para distraí-la e colocá-la na lareira, ainda tinha sido o momento mais especial que ela havia vivido.

Os ânimos se acalmaram depois de algumas horas, pelo menos no sentindo do Sr. e a Sra. Potter se sentarem rigidamente no sofá de frente para a lareira e pararem de soluçar. Sirius se juntou a eles junto com Remo e Pedro preparou convenientemente sanduíches para todos.

John, após se certificar de que a filha mais nova estava bem, focou sua atenção a primogênita que resmungava com o gato no colo em um canto isolado da sala. Charlotte não conseguia se separar da filha ruiva, nem mesmo parar de olhá-la maravilhada por ela estar viva e bem. Passado mais algum tempo, Lily resolveu ceder a insistência da mãe e entrar num banho.

A água quente afastou temporariamente a asfixiante angustia que a menina sentia no peito. Ela usou toda a sua força de vontade para se focar somente nas ações banais que praticava no banho, e posteriormente se trocando no quarto de hospedes. Havia uma mala com apenas duas mudas de roupas e um pijama e Lily ficou repentinamente curiosa sobre como tudo aquilo tinha ido parar ali e sobre onde estaria Kingsley ou Arthur Weasley. Provavelmente tinha sido um deles que haviam trazido a família para a segurança do lar dos Potter, e essa seria mais uma dívida que ela nunca seria capaz de pagar.

Ao descer as escadas todo o foco que tinha sido direcionado para pequenas distrações sumiu. Seus olhos voaram para a lareira apagada e pela sala que se abria sob os degraus. Infelizmente a cena parecia quase a mesma, Charlotte havia se juntado no sofá e consolava a anfitriã.

– Ele deve estar bem... Não se preocupe Querida. Temos que pensar positivo, lembra? - A ruiva suspeitou que até mesmo a própria mãe duvidava que suas palavras pudessem trazer algum efeito animador. Todos sabiam que a única coisa que melhoria o ânimo de todos seria James sã e salvo em casa.

Lily se sentou ao lado de Sirius e surpreendentemente ele agarrou sua mão num gesto desesperado por consolo. A menina não conseguia falar nada, sua voz iria denunciar o nó que estava formado em sua garganta, então ela apenas pressionou seus dedos contra os dele.

Pedro permaneceu na tarefa de servir bebidas e comidas a todos, e após algum tempo a Sra. Evans o ajudou a preparar o jantar. Já havia se passado mais de 8 horas desde que a garota ruiva tinha voltado sozinha, e a noite caiu pesadamente sobre a casa.

Remo se juntou a Almofadinhas e Lily, buscando o apoio dos amigos. E não demorou para que uma plateia se formasse em volta da lareira velha da sala. Cada segundo se arrastava e cada suspiro desanimado era um tapa na cara de todos.

Quando o ponteiro do relógio sinalizou que mais uma hora havia se passado a Sra. Potter perdeu o controle, caindo de joelhos em frente ao buraco que Pontas deveria aparecer ela soluçou compulsivamente.

– Meu filho! Meu único filho! - Seu corpo tremia e seu marido chorava quase tanto quanto ela sentado no sofá, incapaz de consolá-la naquelas condições. - Meu b-bebê!! - Gaguejou ela.

Mais dor e culpa inundaram a menina e logo ela enterrou seu rosto no ombro de Sirius soluçando tão freneticamente quanto a dona da casa. Remo afagou seu ombro, seu rosto sem expressão. Almofadinhas permaneceu imóvel, visivelmente controlando o choro.

Sem James a vida de Lily seria sem cor, sem movimento e principalmente sem amor. Durantes tantos anos ela o odiou e durante tantos momentos tentou fingir que seus sentimentos não tinham mudado, mas mudaram. Assim como o menino petulante e metido Apanhador da Grifinória, que havia se transformado em um homem leal, corajoso e heroico até o último minuto. Pontas não era mais o mesmo, nem mesmo a ruiva permanecia a mesma, e em algum instante daquele caos de Hogwarts eles viraram parte da alma um do outro.

O medo da perda era inigualável a qualquer outro sentimento. Destruía famílias inteiras - como estava destruindo essa - e arrastava as pessoas ao fundo do poço, assim como a Sra. Potter estava ilustrando agachada aos prantos, e provavelmente a menina se juntaria a ela se uma batida na porta não tivesse chamado a atenção de todos.

James estava ali, parado ao lado de Kingsley. Ambos sujos, ofegantes e suados. Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa Petúnia apareceu na sala com uma maça na mão.

– Não teremos um funeral, ainda bem! O drama finalmente vai acabar! - Disse ela avaliando Potter e Kingsley.

Os dizeres de Túnia pareceram tirar os donos da casa do transe. E antes que qualquer um pudesse dizer ao fazer qualquer coisa a mãe de James correu impressionantemente rápido em direção ao filho, o agarrando aliviada. O marido dela a acompanhou e abraçou emocionado sua família, olhando agradecido à Kingsley por ter trazido seu herdeiro de volta.

– Ele se saiu muito bem, estuporou mais de 3 comensais, e causou um bom estrago com uma azaração na cara de Rodolfo Lestrange - disse o bruxo adulto se orgulhando da performance do menino.

– Tem como o Lestrange ficar mais feio? Pontas realmente faz milagres... - comentou Sirius se levantando do sofá e andando maravilhado ao amigo.

Mas James não pareceu se importar nem com os pais nem com o melhor amigo parado ao seu lado, ele se desvencilhou dos três e encarou Petúnia.

– Cadê sua irmã? - o garoto perguntou com uma pontada de pânico - Ela chegou bem, certo? Cadê ela...?

– Está falando da chorona ali? - A adolescente trouxa indicou para Lily que continuava parada ao lado de Remo no sofá, ambos chocados com o repentino aparecimento do menino Maroto. - Se com bem você quer dizer soluçar o dia todo... então a Aberração ali está em perfeito estado.

Potter esticou o pescoço para encará-la com um olhar recheado de afeto e avaliação. Medindo cada traço de seu rosto e se demorando no joelho ele pareceu concluir que a ruiva estava de fato bem, e lhe enviou aquele sorriso.

Era assustador, mesmo sujo de fuligem, com cabelos totalmente armados e com sangue nos braços o sorriso de James era de um branco ofuscante e de uma beleza notável.

Seria uma cena bonita e emocionante, se o alivio que tomou o coração da menina segundos atrás não tivesse sido tomado por uma raiva desumana. Pontas estava vivo, bem e sorrindo. Mesmo após todos sofrerem intensamente pelo seu desaparecimento, ele estava sorrindo. Que ousadia! Ele havia usado dos sentimentos de Lily, a beijando e a jogando contra sua vontade no caminho para as casas dos Potter. A pondo no meio de um círculo de dor e expectativa e tinha a coragem de sorrir para ela!

Os pensamentos da ruiva ficaram destorcidos pela fúria, sentimento este que estava ficando frequente nos últimos meses. Quando Potter andou vacilante com um sorriso brilhante na direção da garota, Lily se levantou num pulo e andou determinada em encontro a ele. Seu cenho franzido em fúria.

Os punhos dela o atingiram antes que ele pudesse reagir, e um gemido de dor e de surpresa veio de James e da plateia que os assistia. Felizmente ninguém teve a petulância e a loucura de impedir os golpes da dona de cabelos acaju.

– Como você pôde?! - Vociferou ela lhe distribuindo mais agressões pontuadas por cada palavra. - Você me fez vir sozinha! Me jogou naquela lareira!

– Ai Lily! Eu fiz pro seu bem! Pela sua... - o menino gemeu após receber mais um golpe - ... proteção!

– Eu te odeio James Potter - mais lágrimas rolaram pela bochecha da garota. - Te odeio pelo o que você me fez passar! - As pernas dela vacilaram e ela caiu nos braços do maroto enquanto ela abraçava confortando-a.


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Notas finais do capítulo

fala sério gente, mereço muitos reviews né?