Eu estava confusa e irritada, qual o problema de beber um pouco? Todo mundo faz isso, até mesmo Chuck que me repreendeu vivia bebendo por ai. Eu sabia que era fraca para bebidas, mas hoje havia sido uma exceção, talvez a bebida era de um teor alcoólico menor. Depois que saí de perto dele eu não havia pegado mais nenhuma taça, mas eu sentia que minha cabeça já estava ficando pesada e as coisas não pareciam mais ficar paradas no lugar, eu estava tonta.

Não bebi pelo fato de apenas querer fazer algo que antes achava errado, bebi porque estava confusa, eu havia me entregado mais uma vez a Chuck e ele jamais havia dito nada sobre o que ele sentia em relação a isso. Eu me torturo pensando sobre como ele se sente em relação às outras tantas garotas que já teve, aquelas em que ele fez apenas sexo, e se ele me tratasse da mesma maneira? E se sentisse algo diferente? Isso talvez eu nunca fosse saber.

Eu estava perdidamente apaixonada e sentia-se como uma idiota por estar pensando nisso nesse estado deplorável, sentada em uma cadeira no jardim da cobertura. Certo, eu o amava e não podia mais esconder, mas se eu confessasse doeria demais não ouvir o mesmo dele.

- Blair? – Chuck apareceu me chamando e não obtendo a princípio uma resposta, eu não queria que ele me visse assim, mas afinal, só estava um pouco tonta e deprimida. – Você está bem? – ele veio em minha direção por trás, tocando o meu ombro.

- Chuck. – chamei-o em voz baixa.

Ele ficou em silêncio esperando que eu continuasse.

- O que você sente por mim? – mal acreditei que no que eu havia acabado de falar. Ele ficou em silêncio por longos minutos e depois sentou-se ao meu lado no banco do jardim observando o céu estrelado de Nova York.

- Você sabe o que eu sinto. – ele disse como se fosse a coisa mais óbvia possível.

- Se eu soubesse não estaria perguntando. – eu disse agora olhando para ele, e no movimento de abaixar a cabeça do céu para o seu rosto a tontura novamente veio e eu involuntariamente coloquei a mão na testa a fim de que ela parasse.

- Você não está bem, eu te levo pra casa. – ele disse segurando a minha mão e a afastando da minha cabeça. Levantou do banco puxando o meu braço ao redor do seu pescoço e segurando firmemente em minha cintura. Encostei minha cabeça em seu ombro, sentia-a pesada demais, e minhas pernas leves não me permitiam sustentar-me de pé, então obriguei-me a sair apoiada em Chuck do jardim. Ele desviou o salão principal, mas acabou dando de cara com a minha mãe.

- Onde pensa que a está levando? – ela falou raivosa.

- Ela não está bem. – Chuck falou.

- O que foi que você fez com ela?

- Ela fez isso sozinha, por favor, deixe-me levá-la para casa.

- Fique longe dela, eu já disse isso. – minha mãe tentou segurar-me e afastar-me de Chuck, mas ele impediu.

- Mãe. – pedi.

- Não se preocupe, apenas vou levá-la para casa, pode certificar-se com Dorota em alguns minutos se preferir. – ele sugeriu pacientemente fazendo minha mãe mudar de idéia.

- Vou lembrar-me de verificar isso em alguns minutos. – ela avisou enquanto seguíamos já para o elevador.

Alguns minutos ainda se passaram enquanto esperávamos o elevador chegar e levar-nos até o térreo. Chuck me colocou cuidadosamente na limusine e entrou logo após.

- Minha mãe ainda não confia em você, mas não se preocupe, isso passa. – eu disse meio sonolenta.

- Achei que já estivesse dormindo. – ele afirmou.

- Estou esperando a sua resposta. – olhei-o e ele pareceu ficar surpreso.

- Por que quer saber se amanhã não irá lembrar?

- Você sabe que eu irei lembrar e é justamente por isso que não quer me dizer.

- Não vai mudar nada. – ele virou-se para a janela.

- Então o que custa dizer?

- E senão for o que você espera?

- O que acha que eu espero ouvir, Chuck?

- A verdade.

- Então me diga. – pedi chorosa.

Ele ficou em silêncio ignorando o meu pedido, então quando ouviu que eu estava chorando, voltou rapidamente seus olhos para mim.

- É por isso que eu não posso dizer a verdade.

- É tudo culpa sua. – eu disse limpando as minhas lágrimas e mentalmente contrariada por ter chorado na frente dele.

- Não, não é! – ele pareceu irritar-se. – Pare de chorar, Blair. – pediu firmemente. – Pare. – carinhosamente ele passou o polegar em minha bochecha limpando uma lagrima que escorria sozinha.

- Você não sente nada e está com medo de dizer. Pois saiba Chuck, que dizer que não sente nada é menos doloroso do que ficar calado.

A limusine havia estacionado na frente do edifício onde morava, desci rapidamente do carro, mas a tontura me invadiu mais uma vez, fazendo com que eu fosse obrigada a me apoiar na lateral. Chuck percebeu a maneira desajeitada que saí e sob aqueles saltos eu jamais chegaria nem até a portaria.

- Eu disse que você estaria bem em casa, e acredite, não quero levar alguns tapas da Srta. Eleonor. – ele veio até o meu lado e me surpreendeu ao me pegar no colo. Mas eu não protestei, afinal, eu estava tonta demais para me sustentar sob sapatos de saltos e abaixar-me para tirá-los realmente não seria uma boa idéia.

Subimos com o elevador, Dorota havia atendido o interfone somente quando eu confirmei que estava junto. Ele me levou até o quarto e me deixou sob a minha cama macia, em seguida virou as costas e saiu.

Ainda fiquei olhando para onde ele havia acabado de ir e o vi voltar lentamente e observar-me do vão da porta.

- Fique. – eu disse assustando-o, talvez ele tenha imaginado que eu já estivesse dormindo.

E sem esperar um próximo convite, ele aproximou-se da cama apoiando-se com os braços no colchão no espaço do meu lado, deu um beijo em minha bochecha, outro no canto da minha boca e finalmente beijou meus lábios calmamente. Deitou-se ao meu lado e puxou-me para próximo de si, aconchegando-me em seus braços e fazendo-me dormir.