Entramos naquele cinema não muito movimentado, e reparei que Francisco me fitava com uma cara de bobo. E eu encontrei os seus olhos , o olhando com uma cara de interrogação.

- O que é ? - finalmente perguntei pra quebrar o clima.

- você está com algo na bochecha .

- É um bicho ? Não , não, tira - me apavorei. Tenho um certo terror com coisas pequenas que se mexem.

- Não se mexa , vou tirar. - Ele se aproximou de mim, e eu fechei os olhos esperando pelo pior.

Enquanto fechava meus olhos com medo, senti seus lábios tocarem minha bochecha, com o que fez que eu abrisse os olhos rapidamente. Também ouvi seus lábios se '' fecharem '' e que eu ouvisse o barulho deles pressionando em meu rosto. Recebi beijos, de Francisco. Nunca alguém fizera isto comigo. Acho que era por falta de sorte, mas era muito bom.

Eu ri, segurando sua cabeça, pedindo que parasse. Mas no fundo do fundo, eu queria mais. Porque era uma ótima sensação.

- Mentiroso. - dei um tapa de leve nele, e mordi meu inferior com um ar de riso.

- Pensei que você ter ia um ataque repentino pelo motivo de que havia um bicho em você. 

- Sorte que não tinha. - Revirei os olhos, aliviada com o acontecimento.

- Já está na hora de nos posicionar-nos nas poltronas, vamos ?

- Ok. - Segui ele, fitando sua face como sempre.

Finalmente estávamos nos divertindo como bons amigos - ou não.

  - Como é o nome do filme ?

- Não sei. - Ele respondeu, tentando achar meu rosto no escuro.

- Estou aqui, olha . - toquei seu nariz por engano, e ri baixinho
- Sei que está na minha frente, só não estou te vendo - Francisco tenta me encontrar com as mãos, e acaba enfiando um dos dedos no meu olho.

- EEEI , CUIDADO - grito, rindo.

* SHHHHHHHHHHHHHIIIUU * ouve-se pessoas mandando a gente se calar

afinal, havia gente lá ?

Me acomodei na poltrona, me ajeitando.

Olhei para o telão tentando prestar atenção nas letras e créditos do filme, pra ver se reconhecia algum ator famoso. Não encontrei nenhum.

Foi quando a primeira cena, era um rato comendo restos de algum corpo morto do chão.

- TEEEEERROOOOOOOR ! - gritei, e recebi broncas novamente, e ri.
- Estou com você. Nenhum rato vai te comer, tudo bem ? - Francisco garantiu e sorriu. Logo em seguida,  segurou minha mão que começara a ficar com uma certa umidade. 

- Porque está fazendo tudo isto ? - cochichei pra ele, tentando saber o porque de tudo aquilo.

- Gosto de agradar meus amigos. Ou seja, minha unica amiga.

- Isso está estranho, e eu reparei isto porque te conheço minha vida toda.

- Quer ir embora ?

- Se você for junto, eu quero - confessei. Não aguentei nem 10 minutos de filme.

Saímos da salinha, e nos dirigimos pra fora em silêncio. Na área de fora do cinema, tinha uma praça nem muito grande e foi lá onde nos sentamos.

- Acho que estou gostando de você - Francisco me olhou, quebrando o meu  silêncio.

- Ah, eu também gosto de você Francisco  - olhei para ele, sorrindo. Logo vi que sua feição mudou para alegria - Não não, eu gosto de você como meu melhor e único amigo, como um irmão. Porque me olhou daquele jeito ?

- Esquece - ele franziu a testa, e olhou pra baixo com um ar de decepção.

Voltamos pra casa, de mãos dadas, e ele quase nem olhando mas para mim. Acho que estraguei o momento mais especial pra ele.

Pedi milhões de desculpas por pensamento, sem coragem suficiente pra dizer na cara dele.