Quando o Sol se Pôr... escrita por Anny Andrade


Capítulo 28
Capítulo 22. E de repente tudo muda.


Notas iniciais do capítulo

É o ultimo capitulo da estória. Espero que gostem e desculpem a o tanto que demorei para finalizar as postagens. Enfim... É isso...



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-- Eu não vou... – Ela suspirou quando o sol começava a nascer. Eles tinham passado a noite toda na praia olhando as estrelas sem pensar em nada, apenas sentindo um ao lado do outro.

-- Como assim não vai... Não vai para onde? – Ele perguntou rindo sem entender do que a namorada estava falando, o sono começava a afetar seu cérebro.

-- Não quero... Não vou... – Ela disse confiante fazendo ele ficar ainda mais perdido.

-- Hermione? Do que está falando? Eu não estou entendendo nada.

-- Não vou viajar... Não posso ficar sem a única coisa que vale a pena na minha vida. – Hermione disse olhando para o ruivo.

-- ...

-- Você é a única coisa que vale a pena, não posso ficar sem você. – Hermione disse séria;

-- Está falando sério? – Rony disse, ela nunca tinha sido tão direta e a noticia parecia mais um sonho.

-- Duvida de mim?

-- Sinceramente?

-- Seu bobo. – Ela disse se aproximando dele. – Estou falando sérissimo.

-- Seu pai vai me matar. – Rony disse rindo.

-- Eu te amo e não quero ficar longe de você, nunca...

            XXX

            Quando Hermione entrou no apartamento sentiu seu mundo desmoronando, não podia acreditar naquilo que seus olhos viam. Não poderia ser real. Infelizmente era e ela precisou se segurar na porta para conseguir encarar os olhos dele enquanto os seus tentavam não observar toda a cena que acontecia naquela sala.

            -- O que? – Hermione falou completamente sem ar, seus pulmões tinham parado de funcionar assim como seu coração.

            -- Hermione? Eu... – Rony gaguejou afastando a garota que ele tinha nos braços para longe de si e se aproximando de Hermione.

            -- O que é isso? – Hermione se afastou evitando o toque do ruivo.

            -- Hermione, eu posso explicar... – Rony disse seus olhos não estavam com o mesmo brilho de sempre, tinham um tom vermelho e ele se segurava para não entregar seu plano. Precisava ser o mais frio possível.

            -- Explicar? Eu não acredito... – Hermione disse chorando, não tinha como segurar as lágrimas. – Com ela? Depois de tudo que vivemos?

            -- Hermione... É que...

            -- Desde quando? – Hermione perguntou não permitindo a aproximação do ruivo.

            -- Hermione...

            -- Responde.

            -- Desde sempre, nunca chegamos a terminar. – Rony falou sério desviando o olhar.

            -- Eu não posso acreditar tudo que você me disse... – Hermione não conseguiu terminar de falar.

            -- Eu disse a verdade, mas sempre tive minhas necessidades... Sabe como é, né?

            -- E eu resolvi deixar de viajar para poder ficar com você? Eu sou muito burra mesmo... – Hermione disse com a voz falhada.

            -- Podemos conversar e resolver isso Hermione, somos adultos.

            -- Ronald ser adulto é uma coisa, ser um cafajeste é outra coisa bem diferente. – Hermione disse.

            -- Não é bem assim.

            -- É pior! Eu achando que você era o cara perfeito, deixando meus sonhos de lado para não ficar longe daquele que deveria ser a pessoa idéia, deixando escapar oportunidade de uma vida, enquanto você... Você simplesmente me traia.

            -- Não vamos colocar os termos assim.

            -- E como eu deveria colocar?

            -- Você escolheu não ir viajar, não fui eu quem pediu isso.

            -- Quer saber? Você é como todos os garotos idiotas que passam pela vida de garotas burras. É isso mesmo eu sou uma burra. Mas chega né?

            -- Como assim?

            -- Ronald... Uma coisa boa tudo isso trouxe... Minha viagem de volta e o fato de eu não precisar olhar para sua cara.

            -- Espera...

            -- Me deixa em paz, me esquece. – Hermione disse. – Para você eu simplesmente morri.

            Ela fechou a porta com força e quando sua imagem saiu de foco foi possível ver Rony sentando-se no sofá e colocando as mãos sobre a face. Lágrimas compulsivas rolavam pelo seu rosto deixando rastros, seus olhos estavam ainda mais vermelhos e seu corpo balançava mostrando a intensidade dos seus sentimentos.

            -- Rony eu disse que não deveria fazer isso. – A voz da garota soou do mesmo lugar que ela estava quando Hermione chegou. Ela se aproximou. – Não consigo acreditar que fez isso, e por que?

            -- Lilá... Eu iria destruir os sonhos dela, antes destruir o amor que ela sente por mim do que destruir o futuro que ela tem disponível.

            -- Como pode dizer que ia destruir os sonhos dela? E se o único sonho for ficar perto de você.

            -- Lilá você disse que era uma amiga, não precisa tornar tudo pior.

            -- Isso vai fazer meu psicólogo prolongar as consultas, mas o Krum concordou e você implorou. – Ela disse tentando disfarçar a irritação. – E se o pai dela estiver errado? E se isso mudar a vida de vocês para pior?

            -- Os pais sabem o que dizem, ela precisa conquistar o melhor. Ficando aqui não conseguiria isso.

            -- E seu coração como fica?

            -- Ele sempre será dela.

            Flashback

            O novo ano se iniciava com muitas novidades e mudanças. Hermione estava decidida a ficar e esquecer-se da viagem, jamais poderia deixar Rony ainda mais com todo o amor que sentiam um pelo o outro. Ela já havia contado aos pais que tinham achado sua escolha absurda o que tinha gerado muitas discussões, e seu pai não se conformava com a decisão absurda da filha.

            Gina e Harry faziam as malas aos poucos e escondidos, ninguém tiraria a idéia maluca que a ruiva tinha tido, e se não podia com ela Harry simplesmente se juntou. Ele sempre quis conhecer o mundo, e nada melhor do que fazer isso ao lado da garota que fazia do mundo um lugar melhor.

            Luna passava muito tempo junto de Draco, o noivado deles não foi muito bem aceito pela família do garoto, mas o pai de Luna receberá o loiro com vários chás exóticos e ensinamentos que não conseguiram passar mais de dez segundos no cérebro do garoto. A vida deles era certa e eles gostavam de saber disso.

            Aos poucos Rony ficava cada vez mais especializado com as coisas do restaurante onde continuava com o estagio, e treinava sempre no apartamento fazendo comidas maravilhosas. Quando a campanhinha tocou ele não imagina que aquilo mudaria cada sonho que ele tinha.

            -- Olá Ralph, gostaria de falar com você.

            -- É Ronald... Mas pode entrar senhor Granger... – Rony deu espaço para o pai de Hermione passar sem saber que seria a pior escolha da sua vida.

 Fim do Flashback

            -- Não pode saber que ele está certo, e está entregando seu coração sem lutar para que ele viva? – Lila disse séria.

            -- Ele vive junto dela, sempre que ela realizar um sonho novo sei que vou viver a alegria mesmo sem tê-la junto de mim.

            -- E dizem que eu sou egoísta? – Lilá perguntou. – Não é egoísmo do pai dela? E até mesmo seu? Não deveriam deixa escolher o próprio destino?

            -- Por que me ajudou se não concorda?

            -- Porque eu te devia uma, mas agora estamos quites. – Lilá disse. – Ela te ama e você a ama, sabe quantas pessoas buscam isso pela vida toda? E você está jogando tudo fora.

            -- Não estou jogando fora, estou dando a ela a oportunidade de ter seus sonhos se realizando, e outros amores viram.

            -- Eu não entendo... – Lilá disse sentando-se. – Ninguém acreditou em mim quando eu mudei, ninguém achou que a patricinha metida e falsa seria capaz de ser legal. Eu mesma achei que seria impossível, mas de repente eu vi alguém que me queria por perto o tempo todo e que seria capaz de deixar sonhos de lado por um simples olhar meu. E o que eu fiz? Eu mudei por entender que o amor é uma das únicas coisas que valem à pena. – Ela bufou. – Te ajudei porque sei que a ama, e mesmo que ninguém chega a acreditar quero que você se mexa, que corra atrás dela e fale que não é nada disso. Que você me odeia e que só me escolheu porque sabia que ela não o perdoaria. Fale que o pai dela foi quem fez tudo isso.

            -- O que está decidido, está e ponto. Ela vai se dar bem no curso e vai ser feliz. – Rony sorriu. – Me esquecerá rapidamente.

            -- Duvido.

            -- Lilá obrigado por ajudar, agradece o Krum. – Ron disse serio.

            -- Está cometendo um erro...

            -- Se um destino existe e o nosso for ser ficarmos um junto, um dia tudo volta ao normal.

            -- Brincar com o destino não é legal. – Lilá disse levantando-se. – Rony não seja burro. – ela disse andando até a porta. – Corra atrás da única coisa que a humanidade procura. – E saiu deixando o ruivo tonto e confuso se lembrando da conversa de poucos dias atrás.

Flashback

            -- Então... – Rony perguntou quando o silencio começou a se prolongar incomodando-o.

            -- É uma conversa séria senhor Weasley. – Philipes disse sério.

            -- Sobre? – Rony não estava entendendo muito bem.

            -- Vou direto ao assunto. – Philipes disse sério. – Não vou negar que o senhor goste de minha filha, mas acredito que está fazendo mal a ela.

            -- Como poderia fazer mal a ela? – Rony perguntou sentindo as orelhas queimarem.

            -- Ela vai perder a oportunidade de conquistar os maiores sonhos, o estagio seria a maneira de ela realizar parte daquilo que sempre disse querer fazer. E agora ela simplesmente abandonou tudo...

            -- Não sei o que tenho haver com isso... Não deveria falar com ela?

            -- Não... Ela vai dizer que os sonhos mudaram. Ela quer ficar por sua culpa, vai destruir o sonhos delas e daqui a poucos anos o romance chegara ao fim com toda frustração de ter virado apenas uma sombra do namorado.

            -- O que?

            -- Vamos ser sinceros... Você será um cozinheiro e o que ela será? Uma esposa? Com dois filhos? E uma raiva interna?

            -- Não acho que esteja certo...

            -- Olha... Eu estou... Sou pai e entendo, já vivi muito mais que vocês... – Philipes disse suspirando. – Deixe ela conquistar os sonhos dela.

            -- Só queria me dizer isso?

            -- Queria te fazer enxergar o que pode fazer por ela... Pode deixá-la ser o que sempre sonhou, ou apenas deixá-la vivendo na lembrança do que podia ter sido.

            Rony abriu a porta sem dizer mais nada, Philipes passou por ele e o encarou.

            -- Se gosta dela deveria deixá-la seguir os sonhos e não apoiar a loucura dela deixar tudo para viver uma aventura.

            Rony fechou a porta sem dizer uma palavra.

Fim do Flashback

            A cena da conversa vivia reaparecendo na mente do ruivo, no fundo o pai de Hermione tinha razão, era o sonho dela e ela deveria segui-lo. Não queria ser o culpado por estragar tudo, o que ele fez pode ter sido egoísta e cruel, mas no futuro quando ele visse as conquistas dela saberia que valeu a pena cortar seu coração em fatias finas e cheias de hematomas. Afinal sem ela, ele não precisava mais de coração.

            -- Sempre acabo sozinho... – Rony disse suspirando enquanto caminhava para fora do apartamento com o capacete na mão e os pensamentos perdidos.

            XXX

            Hermione estava jogando roupas dentro de uma mala, não queria saber onde as amigas estavam e as lágrimas molhavam seu rosto mesmo que as mãos insistissem em secá-las. Toda a raiva que sentia era nada perto da dor que passava do seu coração ao seus olhos e para cada poro do seu corpo.

            Tudo que queria era sumir dali o mais rápido possível.

            Gina não podia acreditar que realmente estava fazendo aqui, não tinha avisado a ninguém, sabia das reações das amigas e principalmente do irmão. Simplesmente arrumou uma mochila com algumas roupas e fez Harry fazer o mesmo. Ambos estavam retirando o dinheiro do banco com sorrisos animados nos rostos e expectativas escapando pelos olhares.

            Luna parecia feliz em aproveitar os dias ao lado de Draco, mais uma vez eles estavam no parque da cidade sentados na grama sentindo o calor do sol. Ele com o violão e ela com flores no cabelo, tinham um romance daqueles que nunca chegava ao fim e que até mesmo com as brigas e irritações eles continuavam sendo únicos e intensos e era isso o que tornava a relação viva e vibrante.

            Mal sabiam eles que de repente todas as vidas seguiriam rumos diferentes, sofreriam mudanças drásticas e veriam seus destinos escrevendo linhas tortas e sem um fim aparente, compostas de lagrimas, de raivas e o mais importante de amores incompletos e eternos. A vida começaria a tomar um rumo diferente para cada um deles, e a amizade se veria perdida entre os sonhos, os medos e as escolhas erradas.

            Rony dirigia sem pensar, apenas se lembrava de cenas embaralhadas e sentia o coração batendo mais fraco. Hermione seguia o caminho do adeus, iria se despedir de tudo que tinha vivido até ali, em busca de novas realidades. Harry e Gina prestes a embarcar em um ônibus cujo o destino era desconhecido, iriam em busca da liberdade e do amor incondicional. Draco e Luna beijavam-se sentindo a brisa e o aroma das flores do lugar, esperando o tempo voar e o dia mais esperando chegar, conseguiam imaginar a cena e os detalhes enquanto suas línguas brincavam de pega-pega.

-- O que faz aqui? – Hermione perguntou quando chegou ao único lugar que poderia fazê-la se sentir bem. 

-- Só precisava pensar... 

-- Pensar? Achei que não era capaz disso. – Hermione disse magoada. 

-- Você nunca entenderia... Não agora... 

-- Ronald, você simplesmente me usou e me iludiu... – Hermione segurou as lágrimas. – Quem não entende é você. 

-- Eu entendo e você um dia também vai entender. – Rony disse e seus olhos estavam transparecendo sua dor através de lágrimas que escorriam lentamente por sobre suas sardas chegando a sua boa para deixar o simples gosto amargo da perda. 

-- Eu nunca vou entender... – Hermione disse e não pode mais se segurar. – Eu nunca amei na minha vida até te conhecer, e de repente parece que o amor não vale a pena, que a vida pode ser cruel... 

-- Hermione... 

-- Eu queria acordar agora... – Hermione disse. – E não ter pegado o ônibus que me trouxe até aqui, queria nunca ter me mudado, nunca ter me apaixonado, nunca ter te conhecido.

-- Eu agradeço todos os dias o fato de você ter chegado. – Rony falou por fim. – Você não entenderia Hermione... 

-- O que eu teria que entender? – Hermione perguntou. 

Ela se caminhou até a rocha onde antes Rony estava sentado. Era possível ver a cidade inteira daquele ponto, aquele lugar onde eles foram tantas vezes. Primeiro para ela ajudá-lo, depois para ele beijá-la, os melhores e piores momentos estariam gravados ali, naquele morro. 

-- Eu sempre gostei de você... Antes mesmo de te conhecer... – Rony disse em pé. 

-- Como pode dizer que sempre gostou de mim? Como? 

-- Hermione... Eu te amei antes de te conhecer... – Rony disse sentando-se ao lado dela e limpando uma lágrima que escorria no rosto delicado que ela possuía. 

-- Como? – Hermione perguntou com a voz falhada o encarando pela primeira vez desde daquela terrível manhã. 

-- Simples... Meu coração é teu desde que ele descobriu o que é amar. – Rony disse. 

-- Por que eu não consigo acreditar? – Hermione perguntou. – Por que fez tudo isso comigo Rony? Por que quer continuar a me iludir? Eu... Eu... 

-- Hermione... 

-- Eu apenas te amo. – Hermione disse se levantando. 

-- Espera... – Rony disse a segurando pelo braço. – Eu preciso te dizer algumas coisas mesmo que você não as entenda. 

-- Não quero ouvir... 

-- Precisa... – Rony disse. – Pelo amor que tem por mim. 

-- Qual as novas mentiras? – Hermione soluçou. 

-- São as únicas verdades que eu conheço... 

XXX

-- “Find me here,And speak to me... I want to feel you... I need to hear you... You are the light... That's leading me to the place... Where I'll find peace... Again” – A voz era sussurrada nos ouvidos dela. 

-- “You are the strength... That keeps me walking... You are the hope... That keeps me trusting... You are the life... To my soul... You are my purpose... You're everything” – Ela completou enquanto sorria e não deixava de olhar no fundo dos olhos dele. 

-- “And how can I stand here with you... And not be moved by you? Would you tell me how could... it be any better than this?” – Os dois sussurraram juntos enquanto seus lábios voltavam a se tocar. 

Estavam prestes a terminar o dia agradável e perfeito que tinham vivido, iriam voltar para o prédio e se preparar para uma noite com os amigos. Mal sabiam que não teriam mais os mesmos amigos, com os mesmos sonhos, vivendo juntas as aventuras e fortalecendo a amizade. 

Draco e Luna eram os casais perfeitos vivendo a historia de amor perfeito enquanto do outro lado da cidade o céu e o sol presenciavam as palavras de um homem que ficariam gravadas eternamente em um coração destruído. Palavras, gestos e sentimentos que ficariam espalhados ali, enquanto o sol começava a se despedir do dia. 

-- Sempre vou te amar. – Draco sorriu enquanto tinha as mãos entrelaçadas com as de Luna. 

-- Sempre. – Luna sorriu voltando a selar seus lábios e sentir as batidas do coração um do outro se completando. 

XXX

Gina tinha escrito um bilhete e grudado na geladeira, explicava a viagem e implorava para que as amigas acalmassem sua mãe e seu pai, ela não fazia idéia de que Hermione iria passar reto do bilhete ao colar seu próprio. 

Harry tentou falar com Rony e depois de dez ligações inúteis deixou apenas uma mensagem de voz no celular que permanecida descarregado sobre a cama, junto a papéis rabiscados e amassados, próximo a uma caneta destampada, junto às lembranças daquelas palavras que jamais seriam ditas, mas que estaria gravada na alma e no papel branco, sem vida, um papel que contaria tudo que ele não poderia contar. 

Depois de escrever palavras até mesmo desconexas, só restava o entregar, ele não sabia como e por isso foi para o único lugar em que esperava encontrá-la. 

XXX 

-- Então, quais são as suas verdades? 

-- Elas são poucas... 

-- E eu não sei se acredito nelas. – Hermione disse. 

-- Precisa acreditar. 

-- Preciso? Por quê? 

-- Antes de falar guarda isso... – Rony entregou a ela um envelope. 

-- O que é isso? – Hermione começou a abrir, mas sentiu as mãos do ruivo a parando trazendo um arrepio, uma tristeza, como poderia ser o fim? 

-- Não... Prometa-me que só vai abrir quando estiver longe o suficiente daqui... 

-- Rony... Promessas nunca são cumpridas. 

-- Hermione, por favor! 

-- Certo... – Hermione disse dobrando o papel e colocando dentro de uma bolsa. – Prometo. 

-- Ainda quer escutar minhas verdades? – Rony tinha os olhos vermelhos, e seu rosto mostrava o quanto a tristeza ficaria presente. 

-- Quero... Não deveria...

-- Minhas verdades são... – Rony respirou e olhou para o horizonte, vendo o sol começar a se despedir. Seria o destino? Eles se encontraram com um por de sol pela janela, e estão se afastando vendo um por do sol do lugar onde tudo tinha ganhado vida. – Eu sou completamente idiota, eu sou lento, sou ciumento, e não demonstrar os sentimentos. Eu sou chato, sou irritante, e sou falso. Sou uma pessoa que não sabe lutar por aquilo que quer, e que sabe que terá a vida escurecendo, perdendo o valor, e que nunca mais vai voltar a amar. 

-- Rony... – Hermione engoliu uma lagrima. – Não quero mais saber sobre essas verdades. 

-- Calma... – Rony sorriu enquanto seu coração chorava. – Eu me apaixonei por uma foto. Acha isso possível? Eu olhei para você nas fotos da minha irmã e imagina o quanto seria uma garota diferente dessas que eu conhecia, o quanto deveria ser especial. Eu olhava a foto e sonhava. Sempre dizia que um dia acabaria te tendo por perto. Sempre sonhava com você. Eu assumo que te amei antes mesmo de te conhecer. Assumo que nos últimos meses eu tive medo de te perder, e vejamos como estamos. Uma ultima despedida, uma ultima conversa, e nem posso dizer que isso não é o melhor. Porque é o melhor. 

-- O melhor? 

-- Sim... Hermione Jane Granger sonha em sair pelo mundo escrevendo historias e conquistando leitores... Ronald Billius Weasley sonha em se formar, em abrir um restaurante simples, em ficar perto dos amigos... Somos água e vinho... Os opostos... E o melhor é ver isso acabar antes de começar a se tornar ainda mais difícil. 

-- Rony... Eu... 

-- Precisa seguir seus sonhos, conquistar aquilo que busca... Não quero que esqueça as tardes ou noites... Mesmo que você acabe esquecendo, afinal eu simplesmente te usei... 

-- Queria te odiar... 

-- Não odeia?

-- Eu sempre vou te amar, mesmo que isso me torne a pessoa mais infeliz e sozinha do mundo. 

-- Eu sempre te amei... 

-- E por que me traiu? 

-- Era preciso. – Rony suspirou. – Era o melhor a ser feito. 

-- Como pode dizer isso? Meu coração só bate porque é algo inevitável, ele não tem mais força, não tem mais fé, não tem mais nada. 

-- Sempre terá a mim. – Rony segurou as mãos de Hermione a puxando para perto de si. 

-- Eu não quero me iludir mais... Já basta não? – Hermione tentou se soltar. 

-- Um último beijo... Um último... Antes do Fim inevitável. – Rony disse e as lagrimas não tiveram forças para continuarem paradas ao canto do olho, elas precisaram escorrer pela face do ruivo. 

-- Isso não é algo que eu faça... – Hermione disse se afastando. 

-- Pode não acreditar em mim... E eu não posso te forçar... Quando achar que seja a hora leia a carta, nela está tudo que eu não deveria contar, tudo que deveria ir para o tumulo, mas tudo que faz eu me sentir menos culpado, menos arrependido. Simplesmente é o melhor. 

-- Eu queria dizer que depois disso aqui nada mais será igual. Que eu nunca mais irei sonhar com você, ou lembrar-me do seu sabor, mas eu sei que quando o sol se pôr eu vou reviver tudo novamente. Cada momento, cada detalhe...

-- Hermione... – Rony a puxou juntando seus lábios. Uma mistura de dor e angustia. As línguas dançavam, como se também dissessem adeus uma a outra, os corações se conectaram pela ultima vez. Batiam no mesmo ritmo, traziam a mesma dor. – Eu sinto muito. 

-- Não sente... Eu sinto... – Hermione disse se afastando, voltou a entrar no carro e com lágrimas em seus olhos olhou para o ruivo de costas. Rony voltará a olhar o horizonte. O sol se despedia e dizia aos sussurros que os amores são eternos, mas os destinos fazem com que eles provem isso. 



It's down to this
I've got to make this life make sense
Can anyone tell what I've done
I miss the life
I miss the colours of the world
Can anyone tell where I am
“Está tudo para baixo
Eu tenho que fazer minha vida fazer sentido
Alguém pode dizer o que eu fiz?
Eu senti falta da vida
Eu senti falta das cores do mundo
Alguém pode dizer onde eu estou?”




Rony não escutava mais o barulho do carro. Agora existia apenas o silencio, o céu, o vento, o sol e ele. Estava feito. E realmente era o melhor. O melhor para ela, e o pior para ele. Jamais conseguiria respirar sem se sentir arrasado. Jamais poderia sonhar sem sentir os pesadelos o levando para longe. Jamais poderia escutar músicas sem se lembrar das danças, das juras, da chuva, sem se lembrar dela. Jamais conseguiria ser ele mesmo, porque ela era parte do que ele era.

Hermione nem sentiu as horas passarem, parecia até mesmo mágica o sol ainda está indo embora. Talvez ele quisesse ir com ela e por isso estaria esperando o avião decolar. Ou talvez fosse a esperança dela em acreditar que ele apareceria e diria que tudo foi um erro. Como aquilo era o melhor? Ela se sentia um nada. Aquilo era o pior. Outras lagrimas jamais fariam sentido, e os sonhos dela não seriam mais sonhos e apenas fugas, e o corpo dela sempre se arrepiaria ao se lembrar dos toques dele, e o sorriso brigaria com a dor, ambos querendo ganhar a lembrança que os beijos trariam. Ela jamais seria ela, Voltaria a ser aquela que não sabia o que era amor, aquela que não se arrisca, ou talvez isso ajudasse ela a endurecer, ser a lutadora. Nada mais seria como os desejos pediam. 

-- Alguém pode me dizer o que eu fiz? – Rony falou enquanto a noite se apoderava de tudo. O céu parecia compreender o que acontecia e impediu as estrelas de brilhares. Ele gostaria de voltar no tempo, gostaria de não amar, de não transformá-la em sua vida. Era tarde demais e a vida estava escorrendo de suas mãos, pulsaria longe dele. 

-- Alguém pode me dizer onde eu estou? – Hermione falou olhando pela janela. O avião já estava alto a carta pulsava em sua bolsa, as palavras foram ignoradas por ela, o papel permaneceria intocado. Guardado juntos as lembranças que ela carregaria, não fazia sentido abri-la. Ainda não fazia.

Cause now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
I'm so far down away from the sun again
Away from the sun again
Porque agora eu me encontro de novo
Tão pra baixo, longe do sol
Que brilha dentro dos lugares mais escuros
Eu estou tão pra baixo, longe do sol novamente

I'm over this
I'm tired of livin' in the dark
Can anyone see me down here
The feeling's gone
There's nothing left to lift me up
Back into the world I know
Eu superei isso
Eu cansei de viver no escuro
Alguém pode me ver aqui embaixo?
O sentimento se foi
Não sobrou nada pra me levantar
Volto para o mundo que eu conhecia


And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
I'm so far down away from the sun
That shines to light the way for me to find my way back into the arms
That care about the ones like me
I'm so far down away from the sun again
E agora mais uma vez eu encontrei-me tão longe
Longe do sol que brilha no lugar mais escuro
Eu estou tão longe longe do sol
Que brilha para iluminar o caminho para eu encontrar meu caminho de volta para os braços
Que se preocupam com os que gostam de mim
Eu estou tão longe longe do sol novamente

It's down to this
I've got to make this life make sense
And now I can't tell what I've done
Está abaixo disto
Eu tenho que fazer minha vida ter sentido
E agora eu não posso fazer o que eu fiz

And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines to light the way for me
And now again I've found myself so far down
Away from the sun that shines into the darkest place
E agora mais uma vez eu encontrei-me tão longe
Longe do sol que brilha para iluminar o caminho para mim
E agora mais uma vez eu encontrei-me tão longe
Longe do sol que brilha no lugar mais escuro

I'm so far down away from the sun
That shines to light the way for me to find my way back into the arms
That care about the ones like me
I'm so far down away from the sun again
Eu estou tão longe longe do sol
Que brilha para iluminar o caminho para eu encontrar meu caminho de volta para os braços
Que se preocupam com os que gostam de mim
Eu estou tão longe longe do sol novamente


Sentir o fim de um amor é como viver o frio. Como se o sol tivesse se despedido para sempre, o fim. O adeus recheado de dor e lágrimas. O medo de ser o ultimo amar de sua vida. A Sensação de nunca conseguir entender. A eternidade das lembranças. 

Era o fim de Rony e Hermione, o começo de Draco e Luna, e o talvez de Harry e Gina. Ou quem sabe fosse apenas uma pausa na historia, como se fosse um filme. O sol sempre brilha mesmo que nem sempre os humanos o vejam, o amor deles sempre vai existir mesmo que eles o guarde sobre sete chaves

Quando o sol se pôr ela vai se lembrar de um garoto, de uma festa, de uma reapresentação, de um cabelo, de uma certeza: Os príncipes existem. Quando o sol se pôr ele vai lembrar de um sorriso, de um elogio, da única garota que fazia seu coração vibrar, sua mente girar e seu mundo parar. Quando o sol se pôr ela vai pedir por um replay, rezar para ser um pesadelo e implorar pelo esquecimento. Quando o sol se pôr ele vai pedir uma segunda chance, perder todas as esperanças e implorar para ter realmente sido o melhor.

Quando o sol se pôr veremos casais criando sonhos e juntando desejos. Lembraremos daqueles que fizeram as lágrimas escaparem e os sorrisos brincarem soltos. Quando o sol se pôr esperamos que seja o fim do dia, e o começo de uma noite em que o amor se transforme em real e que isso aconteça entre o brilho das estrelas. 

-- Eu te amo... E sempre vou te amar... – Rony sussurrou para a noite vazia. Subiu na moto e dirigiu de volta. Voltou para a vida em busca de acreditar que tudo foi o melhor. 

-- Eu te amo... E sempre vou te amar... – Hermione sussurrou antes de sentir a pessoa ao seu lado lhe olhar. Sentiu um nó na garganta, e a certeza de que um dia tudo poderia melhorar. Seguiu em frente em busca de uma verdade, de um sonho, esperando acordar e descobrir que nada daquilo realmente acontecerá. 

Olhando para o céu a certeza: Sempre existe uma luz. Durante o dia é o sol e durante a noite as estrelas. Hermione sabia que Rony era sua luz pelo fato de se lembrar dele nas únicas luzes que não deixam de brilhar. 

-- Amores Eternos existem... – Ela disse. Suspirou. Abriu um caderno e as palavras lhe escaparam. Páginas foram escritas. 


THE END...


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Notas finais do capítulo

Para ninguém me matar, vou avisar que a estória técnicamente não termina aqui! A segunda temporada chama-se "Entre o brilho das Estrelas" e está na metade do caminho já.
Beijos!!!