Anala - Uma Nova Cullen escrita por dentedeleão


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

eu simplesmente me realizei ao escrever este cap. me emocionei junto com a personagem.....foi maravilhoso para mim e espero que para vcs tbm seja. Bjs



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Ultimo respiro

Estávamos quase chegando a nosso destino quando o condutor bateu na porta da cabine e a abriu em seguida.

-Srta. Anala?

-Sim, sou eu.

-Gabriel pediu para entregar a Srta. – o condutor me entregou uma pequena caixa embrulhada em papel pardo – e se me permite a oportunidade, obrigado por cuidar de nossa ilha.

Peguei o pacote de suas mãos e agradeci em silencio enquanto o condutor se afastava da porta e seguia pelo corredor. Jasper estava com uma das sombrancelhas arqueadas e com um sorriso divertido no rosto. Desviei de seus olhos travessos e abri o pacote. O mesmo não estava lacrado e era bem leve.

Meus lábios se abriram em um grande sorriso assim que observei o conteúdo da caixa. Em meio a varias pétalas de rosas nas cores branco e rosa, havia  uma caixa de bombons suíços de chocolate amargo com pistaches, meus preferidos a mais de décadas. Junto aos bombons encontrei um bilhete.

Amor,

Não resisti a você e corri ate a Suíça para te trazer este presente. Gostaria muito de estar ao seu lado para ver este sorriso lindo que esta em seu rosto agora. Sei que acertei desta vez, são seus preferidos, não são!

Sempre me lembrarei de suas preferências e serei seu eterno escravo se assim me quiser. Por favor, não demore tanto assim a voltar para casa, te esperei por 150 anos e nem tivemos tempo para conversar.

Esperaria por toda a vida se fosse necessário.

Para que você não suma novamente, aproveitei seu comentário no dia anterior e comprei um celular com sinal de satélite. Assim, quando tiver saudades, pode me ligar.

Te amo;

PS: Troca o cachorro por mim. Eu te perdôo pelas escolhas erradas...troca vai!!

Não havia percebido que Jasper lia o bilhete junto comigo. Gabriel havia escrito em italiano, mas isso não impediu que Jazz entendesse o conteúdo.

-Parece que ele te ama muito.

-Sim, ele ama. Sempre fomos assim, intensos quanto a nossos sentimentos. Ele me conhece da cabeça aos pés, cada detalhe ou singularidade, as vezes acho que ele me conhece melhor do que eu mesma. O tenho ele como um irmão, sempre cuidou de mim... –comecei a  lembrar de nossas brincadeiras, nossos encontros noturnos e os mergulhos pela encosta. Todas as lembranças que tinha da ilha eram com ele.-

-Você pode considerá-lo assim, mas ele, ele te vê além de uma irmã.

-Não acredito nisso. Ele sempre teve a Ana, nunca foi alem das palavras comigo.

-Por respeito acredito. – Jazz passou a mão pelos cabelos e desviou o olhar para a janela aproveitando a paisagem.-

Deixamos o assunto morrer e não me prendi ao que ele disse. Aproveitei o doce em minhas mãos apreciando a sutileza da textura, aroma e diferentes sabores. Gabriel me amar, que idéia absurda!

--

Estávamos já no avião regressando para casa, era estranho pensar que agora eu só considerava meu lar o lugar onde Seth estaria. Só de lembrar dele meu corpo já dava sinal de vida, um calafrio percorreu minha espinha só de lembrar do calor de seu corpo.

-Suas emoções estão mudando rápido, a ultima que senti foi excitação – ele sorria e piscou para mim – esta pensando em quem?

-Em Seth é obvio. Que pergunta absurda. Estou com saudades. Não sente falta de Alice?

-Sim, muita. É algo quase insuportável ficar longe da minha fadinha. – nos dois suspiramos de saudades de casa –

-Bom, não podemos fazer muito aqui em cima, mas podemos enviar um sinal de fumaça. Que tal enviarmos as fotos da viagem?

-Ótima idéia – peguei a câmera que estava em minha bolsa e a conectei ao computador portátil que havíamos levado e descarreguei a memória –

-Jazz, tem algo errado com esta máquina, ela esta contando 600 fotos.

-Não esta errado não. Aproveitei para conhecer a ilha enquanto você dormia e durante seu mergulho Ana me mostrou alguns pontos turísticos. – ele deu de ombros –

-Nossa, eu dormi muito. – rimos juntos e começamos a separar as fotos –

Fizemos um pequeno diário com tudo, descrevi o lugar com extremo detalhe e as fotos ilustravam tudo. A historia de cada estranho na foto era contada em caixas coloridas desenhadas em torno das fotos. Apresentei os quatro vampiros que estavam conosco e contei brevemente a historia dos outros.

Pescadores pousaram para fotos ao amanhecer e o vulcão deu o ar da graça ao lançar pequenos jatos de lava durante a tarde. Toda a cidade foi retratada, assim como seus moradores. Varias crianças apareceram nas fotos e dançavam felizes no jardim da casa de Zeferus. Só uma foto ficou fora de nosso álbum, Gabriel havia tirado uma foto sua só com calção de banho e disse ao Jasper que seria uma lembrancinha dele para mim, com dó no coração tive que deletá-la. Seria uma mulher morta se Seth visse a foto.

Quando estávamos em território americano foi possível acessar a rede e enviamos o álbum ao e-mail de Alice e também uma mensagem de texto para seu celular, assim ela veria logo o e-mail. Toda esta agitação e brincadeiras sobre o amor platônico de Gabriel fizeram as horas passarem rapidamente e já estávamos pousando em Seattle, o vôo chegou por volta das 19h nos permitindo receber toda a família no saguão. Não esperei nem por minha bagagem, corri pelo portão de desembarque assim que o avistei, parecia que tinha passado uma vida longe de meu amor.

Seth me pegou em seus braços me abraçando forte e me beijando com muita intensidade. Esqueci de tudo a minha volta, meu mundo era só ele, sentir seu corpo, seus braços quentes em minha cintura, seu hálito doce. Eu viajei sem minha alma e agora a tinha de volta. Não sei quanto tempo ficamos assim, abraçados presos ao olhar um do outro. Nada foi dito ao mesmo tempo que nossos olhos falavam tudo.

Não tenho idéia de como chegamos em casa. Emmett falou o caminho todo, fazendo varias piadas sobre a cena no aeroporto, mas eu não me importava com mais nada, estava nos braços do meu amor e isso me bastava

-Anda amor, me da meu presente. –Já na casa de Carlisle, Alice saltitava em torno de Jasper como uma criança que espera seu presente de Natal –

-Não sentiu minha falta Alice? Você só quer o presente?

-Claro que senti sua falta amor – ela o abraçou e deu um rápido beijo em seus lábio – agora você pode me dar o presente. – todos na sala rimos e Jazz cedeu aos encantos de sua amada-

Rose e Esme ficaram de boca aberta ao verem o cordão. Ele era realmente lindo. As mulheres se perderam comentando sobre a viagem e Carlisle me questionou sobre minha missão.

-Conseguiu o que queria Nala?

-Sim Carlisle, estou com o livro e agora é só questão de tempo.

-Entendo. Mas você deve estar cansada da viagem, porque não descansa e falamos melhor sobre tudo amanha.

-Claro, seria ótimo tomar um banho e dormir um pouco. Viajar de primeira classe é ótimo, mas nada melhor que uma cama quentinha.

Já ia subindo as escadas quando Seth segurou meu braço.

-Hoje você vai dormir na sua casa Sra. Clearwater.  – senti muitas coisas nesse momento, mas a maior de todas foi a ansiedade, esta noite eu conheceria a minha casa-

Seguimos pela floresta correndo já com os corpos transformados. A casa não ficava muito longe e quando estávamos próximos ele me fez voltar ao normal e caminhar pela mata fechada.

Eu avistei uma clareira e era possível ouvir o barulho de água corrente bem próximo. Mais alguns metros a frente eu a vi, uma linda casa de madeira, com uma pequena varanda na frente e um banco de balanço. A madeira estava em seu tom natural e muitas jardineiras decoravam a varanda e as janelas. Ao fundo eu avistei o inicio de uma cachoeira, nossa cachoeira. Por dentro a casa era ainda mais incrível.

Todo o piso era de madeira escura e as paredes tinham tons claros. A casa era pequena e muito aconchegante, haviam quatro cômodos e uma área nos fundos que poderia ser usada para qualquer coisa que quiséssemos. Eu veria com mais detalhe pela amanha, naquele momento a única coisa que queria era aproveitar a cama enorme de nosso quarto.

Acordei pela manha com o corpo dolorido, tanto pela longa viagem de avião quanto pela noite de amor que tivemos. O sol já estava alto e mesmo encoberto pelas muitas nuvens, seus raios entraram pela janela me permitindo explorar o local. O quarto era bem simples, um armário, uma poltrona com estofado em listras verdes e nossa grande cama. A janela era bem ampla e as jardineiras estavam repletas de cravos e begônias.

-Gostou da casa amor?

Virei meu corpo em sua direção e apoiei meu queixo em seu peito.

-Amei tudo amor. Todo local é perfeito a seu lado.

Busquei por seus lábios e nossa dança começou novamente. Nunca me cansaria de amá-lo.

Fomos a casa de Carlisle no final da tarde e conversamos sobre a viagem. Alice já havia impresso nosso álbum de viagem e queria todos os detalhes. Toda a família ficou feliz com o convite para conhecerem o local e Carlisle estava intrigado com o método de vida diferente do clã de Zeferus, principalmente em questão ao sangue doado e seus trabalhos em conjunto com os humanos.

Os dias foram passando tranquilamente, bom nem tão tranquilamente assim. Jasper colocou na cabeça que seu doutorado seria sobre fatos reais da existência das bruxas na historia e adivinha quem seria sua cobaia e material de estudo? É isso mesmo, euzinha.

Jasper e eu passávamos horas estudando meu livro. Ali não haviam só feitiços, havia muita historia sobre fatos de diferentes épocas, as dificuldades que cada membro da família passou e nossas felicidades. Devo dizer que ele estava fazendo um ótimo trabalho, seu foco era filosofia e historia e acabei ajudando ele em pontos obscuros das línguas mais antigas. Todos sabiam que eu me refugiava na floresta todos os dias me preparando para o que um dia surgiria, o que ninguém sabia é que eu já o sentia muito perto.

 O mês de outubro estava chegando a seu fim, aquela tarde em especial estava tranqüila, a brisa era agradável e não havia chovido durante todo o dia. Estava sentada em um galho baixo tentando alguns feitiços diferentes e me perdi com a beleza do local. Os diferentes tons de verde das arvores se misturavam e formavam um mar verde a minha frente, o vento roçava entre as folhas e galhos e sua musica tranqüilizava meu corpo e mente. Hoje era um dia especial para mim, ninguém sabia, mas amanha seria meu aniversario.

Dia 31 de outubro, ironicamente o dia das bruxas também era o meu dia. Não fiz questão de contar a ninguém, assim como minha irmã nunca gostei de comemorar meus aniversários eu só gostava de passar o dia próximo a pessoas que eu amava. Kali estava com quase um ano e já tinha aparência de uma criança de 3 anos enquanto Samy já estava próximo de completar seu oitavo ano. Já tinha escolhido meu presente de aniversario, amanha passaríamos a tarde toda brincando na floresta e fazendo um piquenique com todas as comidas que mais gostávamos, a idéia surgiu dos meninos e eu amei, aceitando na mesma hora.

---

Dois dias antes

-Alo?

-Alice? É a Kate, tudo bem?

-Oi Kate, sim estou bem, na verdade todos estamos. E vocês como estão? Aconteceu alguma coisa.

-Ai, esta doeu, só ligo quando tenho problemas é!!! – as duas riram – Bom, na verdade temos um problema sim.

-Eu não acredito, como não vi isso antes! Claro, com todos estes cachorros aqui. Eu não acredito, tenho pouco tempo...espere, como você sabia?

-Garrett me contou. Ele achou que seria uma boa idéia dar uma festa para ela, ou comemorar seu aniversario de alguma forma. Hugo sempre a lembrava da data e a fazia comemorar o dia só para ter o prazer de vela cortar o bolo. Ela parecia odiar, mas no fundo gostava da atenção.

-É uma ótima idéia. Vocês virão? Vamos aproveitar a data e fazer uma festa surpresa cheia de gostosuras e travessuras.

-Estaremos ai.

As duas desligaram seus celulares e Alice começou a maquinar sobre a festa.

Uma festa de dia das bruxas, ai quantas idéias. Como vou fazer para esconder tudo, a decoração, os convidados...- Alice estava pensando alto quando Samy entrou na sala –

-Esconder o que tia?

-Minha nossa, o que é isso menino? – Samy estava com uma colher de pau na boca e seu rosto e roupas estavam completamente sujos de chocolate –

-A culpa foi minha –Bella entrou na sala com Kali no colo também todo sujo – resolvemos fazer brigadeiro de panela , acho que perdi o jeito para usar o fogão. – seu sorriso era de quem se desculpa, mas seus olhos eram pura diversão –

-Tudo bem então. Vou precisar da ajuda de todos. O aniversario de Nala é em dois dias e vamos fazer uma festa surpresa de Halloween, só preciso que ela fique fora da casa durante a tarde.

-Nós vamos ajudar. – Kali e Samy falaram ao mesmo tempo e riram juntos –

---

-Vamos tia, já são 9 horas da manha. Acorda, queremos correr para bem longe hoje.

-Tudo bem, eu prometi eu cumpro, agora saiam da minha cama e me deixem trocar de roupa.

Era incrível, mesmo morando a quilômetros da casa dos Cullen eu sempre era acordada pontualmente as 9 horas pelos dois amores da minha vida. Seth adorava ver minha cara de raiva se transformar em puro amor quando aqueles dois pares de olhinhos vinham em minha direção. Um dia ele ate filmou a cena para me provar que eu me derretia só com a presença dos dois.

A cesta de piquenique já estava pronta, então eu só me troquei. Coloquei uma saia lisa, uma camiseta mais justa e sapatilhas. Alice me mataria se visse minhas roupas, mas eu passaria o dia com crianças, vestidos de seda não combinavam com nossos planos.

Seth estava estranhamente calmo hoje. Normalmente ele estaria correndo por estar atrasado para as aulas e mal dava bom dia. 

-Você esta bem amor – falei enquanto entrava na sala com as coisas para o piquenique.-

-Sim, estou ótimo. – ele apoiou as pernas na mesinha de centro e fitou a janela com estrema calma, parecia muito relaxado-.

-Não vai a escola hoje?

-Não, estou de folga hoje.

-Por que não me disse? Venha conosco então.

-Desculpe amor, hoje não vai dar. Estou esperando Jacob e Sam, eles vão passar aqui mais tarde e vamos sair um pouco. – dito isso ouvi uma batida na porta e logo Jacob e Sam entraram e já foram arrastando Seth para fora –

-Tchau amor, até mais tarde.

Eu nem tive chance de me despedir ou entender toda aquela situação. Porque ele não me disse que estaria de folga? O que ele teria de fazer com os rapazes que precisava ser a esta hora da manha?Eu iria ficar louca se continuasse pensando nas possibilidades. Como já havíamos marcado a data do nosso casamento para fevereiro, ainda era muito cedo para uma despedida de solteiro, o que seria então?

-Vamos logo tia, estamos morrendo de tédio aqui fora.

Sai de meu transe e fomos em direção a floresta, os dois corriam em sua forma de lobo e brincavam entre os galhos secos. Acabei andando boa parte do caminho por causa da cesta de comida em minhas mãos. Chegamos na clareira de minha irmã antes das 11 horas e passamos a brincar, aqueles dois adoravam frisbee e eu adorava confundi-los com o vento. Estava rindo alto e os garotos riam em suas formas animais e mais parecia um latido engasgado, era bem estranho e ao mesmo tempo engraçado, quando eles queriam me deixar irritada e começar uma corrida corriam para o meu lado e lambiam meu rosto, eu sairia daquela clareira toda babada se eles continuassem naquele ritmo.

Samy parou de brincar e se colocou em posição de alerta, logo nos dois também começamos a prestar atenção e ouvi Samy se mover para um ponto atrás de mim e rosnar.

-Anala, minha querida. Quanto tempo não é mesmo! Resolvi aparecer para te parabenizar.

Eu não precisei me virar para saber de quem era a vós. Aquele tom debochado e muito autoritário fez meu corpo tremer. Me virei com cautela, analisando todos os meus movimentos.

Eu nunca esqueceria aqueles olhos, ele havia mudado, seus olhos continuavam de um castanho eletrizante assim como sua pele ainda branca refletia a beleza de seus traços, estes agora um pouco mais profundos. Ele havia envelhecido, poucos anos, mas os traços mais fundos e a aparência cansada já eram evidentes. Seu feitiço não estava mais dando certo e eu me tornei sua única saída.

Quando analisei melhor a cena lembrei do sonho que tive a um tempo atrás. Eu o havia encontrado em uma clareira e olhando ao meu redor era este exato local, a clareira onde minha irmã entendeu seu amor e quase encontrou a morte. Hoje seria minha vez, eu só não contava com os dois lobos ao meu lado, como protegê-los e atacar ao mesmo tempo?

-Como me encontrou Icaro?

-Hum, não vai nem dizer olá. – suas mãos brincaram soltas no ar como em reprovação – A educação que meu pai lhe deu foi perdida nestes últimos anos querida?

Minha fúria alertou cada célula de meu corpo e coloquei os dois lobos atrás de meu corpo os protegendo com os braços abertos a sua frente. Sem perceber minhas ações, já estava com o corpo arqueado e os dentes expostos pronta para seus ataques.

-Não precisa manter esta posição tão ofensiva amor. Não vou atacar estas criaturas. Se não esta lembrada, você querida, me permitiu encontrá-la quebrando o feitiço e após ter exposto o livro ficou tudo mais fácil. Devo dizer que uma outra coisa também facilitou, nossa ligação de sangue, meu amor por você. –Sua voz era doce e cheia de carinho, mas seus olhos mostravam a verdade, sua fúria, seu ódio.

-Vamos terminar logo com isso, imagino que tenha uma festa para comemorar mais tarde. Apenas me de o que me é de direito e eu partirei sem te fazer nenhum mal.

-Nada do que tenho é seu por direito. – cuspi as palavras por entre os dentes desejando voar de encontro a seu pescoço e destruí-lo.

-Não me trate como qualquer um Anala, estes anos foram muito bons para mim, amadureci muito e você não vai querer provas do que estou falando. – Não havia mais delicadeza em suas palavras, a paciência de Ícaro já havia se extinguido e passei a temer pelos pequenos atrás de mim.

-Não sou sua propriedade Ícaro, assim como meu livro também não o é.

Senti uma rajada de vento passar forte ao meu lado e um baque forte. Kali grunhiu alto ao bater com seu corpo frágil em uma árvore a certa de 500 metros de distancia de mim. O ataque foi tão rápido que não tive tempo de reação. Samy correu para seu lado e lambia o rosto do irmão para acalmá-lo.

-Isso não precisava ter acontecido minha querida. Me de o que eu quero e eles não irão morrer.

-O único que vai morrer aqui e você. – minha voz estava acida e todo o ódio que estava aprisionado em meu peito saiu, em meio a um som gutural, por minha garganta.

Os garotos foram envolvidos por uma caixa de ar muito forte enquanto me preparava para atacar Ícaro. Utilizei da forca do vento para criar estacas de ar e ferir seu corpo, mas ele era muito mais rápido e desviava com destreza. Como estava com a atenção dividida por proteger as crianças atrás de mim, meus ataques ficaram mais lentos e as investidas dele feriam meu corpo constantemente. Minha respiração estava acelerada e sentia o sangue fluindo por rasgos em meus braços e peito.

-É uma pena ferir este corpo que tanto prazer me deu. – suas palavras sínicas só faziam meu ódio aumentar –

Meu próximo ataque foi interrompido por um uivo alto e quando percebi vi Samy lutando para sair da proteção que criei.

-Não interfira Samy, cuide apenas de Kali. – sem voltar a olha-lho proferi as palavras com os olhos fixos ao corpo do homem em minha frente. Eu poderia morrer agora, mas as crianças ele não tocaria novamente.

Vários sons cortaram a mata naquele meio segundo entre o uivo e minhas palavras. Quando olhei para o lado toda a minha família estava ali, unida e pronta para me defender. Seth estava em sua forma de lobo e caminhou ate onde eu estava ficando ao meu lado já com os dentes expostos em direção a Ícaro.

-Minha querida, finalmente fez amigos e pelo que vejo também tem um companheiro. – ele sorria de forma sínica – Ele sabe tudo sobre você? Quanto tempo será que este amor vai durar ate que ele morra?

-Cale a boca.

-Ah, vejo que você ainda esconde seus segredinhos não é mesmo. – Ícaro estendeu um de seus braços e fez um movimento rápido, um semi circulo em direção a minha família e então eu entendi, ele aprisionou todos da mesma forma que eu fiz com kali e Samy impedindo assim que eles me ajudassem.

Me coloquei a frente de Seth e pedi  que ele se afastasse, mas ele negou com a cabeça e se colocou novamente a meu lado.

-Vamos ver se ele ainda vai te proteger depois que eu contar sua historia criança. Creio que as apresentações não são necessárias agora – Ícaro se movia lentamente contornando a clareira, assim como nós dois também nos movíamos na direção oposta, era como uma dança antes do ataque final – Ela te contou lobo, o quão importante eu fui para ela?

-Você nunca foi nada para mim, cretino.

-Cretino! Vou considerar um elogio. – ele deu de ombros e voltou a andar – Ah, estar pernas, são magrinhas mas bem torneadas você não acha – seu olhar era dirigido a Seth – e a bunda, impinadinha, redonda, durinha, me diverti tanto com este corpo. – Seth rosnou mais alto e não foi o único, toda a minha família mostrava indignação com as palavras de Ícaro-

-Ela gritava alto quando estava comigo, ela faz isso com você? Não me sentirei ofendido por não ter resposta, você não pode falar estando nesta forma é realmente uma pena. – meu corpo tremia de ódio, ele estava provocando a nós dois e tinha um propósito com isso – Ela te contou que teve um filho meu?

Nesta hora eu entendi, ele não podia lidar com nos dois e também não teria como aprisionar Seth já que estava concentrado em minha família. Como seu controle estava sendo dirigido a muitas pessoas ao mesmo tempo, se Seth atacasse junto comigo ele perderia.

Seth me olhou com desconfiança e Ícaro percebeu.

-Não contou a ele não é mesmo? Não contou que gerou um filho meu.  Donnovan era um garotinho lindo, tinha os olhos da mãe.

Ele conseguiu, Seth estava confuso e se afastou de mim ao ver que eu apenas abaixava a cabeça concordando com Ícaro. Jasper estava impaciente, ele havia sentido nossas emoções e percebeu minha fraqueza, meu corpo estava vulnerável agora.

-Nala não, concentre-se. É isso o que ele quer, dividir vocês, destruir você. Donnovan é seu passado, ele morreu e não merece ser lembrado como uma moeda de troca por sua vida.

Jasper estava certo, meu filho não teria seu nome dito nem mais uma vez por aquela boca cheia de rancor e cobiça.

-Você me tirou tudo Ícaro, tirou minha liberdade, me afastou do meu avó e filho, me humilhou até meu corpo definhar e minha alma ficar escura, você pode ate tirar a minha vida hoje, mas será a ultima coisa que vai fazer nesta vida.

-Esta com ódio de mim? Ótimo, isso te fará mais forte e te matar mais delicioso. Será tão fácil como quando matei aquele velho e nosso filho.

Aquelas palavras me desarmaram, meu corpo perdeu as forcas e cai de joelhos no chão com o rosto coberto em lagrimas.

-Foi você? Você matou seu pai? Você matou meu FILHO.

Ícaro gargalhava alto sem se importar com mais nada a sua volta.

-Foi tão simples querida. Uma viagem de barco, ventos fortes, confusão a bordo. – suas palavras vinham em tons tão tranqüilos que só faziam meu corpo arder em ódio.

Sem pensar eu me atirei em sua direção, minha adaga estava em minha mãos direita e flamejava em direção a seu peito. Minha ação foi tão rápida que ele não teve tempo de reagir sendo atingido diretamente no peito e caímos juntos ao chão tamanha a forca do impacto.

Da boca de Ícaro escorria sangue e ele sorria.

-Foi assim que imaginei nosso fim meu amor. – seus olhos se fecharam e ele parou de respirar.-

Nosso fim. Suas ultimas palavras me despertaram e olhei em direção a um ponto que ardia em meu corpo. Uma lança estava fincada em minha barriga e perfurava meu corpo completamente. O sangue jorrava forte pela abertura feita em minhas costas e senti meu coração falhar. Quebrei a parte da frente da lança com as mãos e apoiei meu corpo com um braço estendido a frente. Respirar estava cada vez mais difícil e meu corpo estava esfriando rapidamente. Cai com o corpo de lado sobre a grama fresca e só conseguia pensar que morreria sem o perdão de meu amor.

Mãos quentes tocaram meu corpo e buscaram por meus olhos.

-Nala, meu amor. Vai ficar tudo bem, Carlisle vai dar um jeito nisso. – o meu amor estava chorando, eu não queria que ele chorasse por minha morte, fui tão feliz em vida graças a ele.

-Me perdoa por ter mentido Seth?

-Shhhi, não fala nada agora. Não há o que perdoar, eu te amo.

Senti quando Carlisle se aproximou e examinou meus ferimentos.

-Sinto muito Seth, não há como ajudá-la. – a voz de Carlisle saia entrecortada como se ele também estivesse chorando –

-Transforme-a, eu não me importo. Eu só quero ela vida, por favor. – Seth segurava a camisa de Carlisle com fúria e chorava ainda mais.-

-Sinto muito. – Carlisle se afastou-

Senti o  corpo quente de Seth sobre o meu e respirei pela ultima vez.

---

Visão de Seth

Naaaaooooooooooo. Um grito cheio de dor ecoou por minha garganta. Não sentia mais seu coração batendo, seu corpo não era mais quente e suas veias não tinham mais sangue. Todo meu corpo estava vermelho com o fluxo de sua vida que agora se perdia pela terra.

Eu beijava seus lábios sem vida e chorava compulsivamente. Senti quando mãos frias tocaram meu ombro, mas eu não queria soltar seu corpo, abandona-la ali sem vida depois de tela abandonada enquanto ainda era quente por ciúmes, por não acreditar em seu amor por mim e me deixar levar pelas palavras frias daquele crápula. As mãos frias apertaram meus ombros e uma onda de paz percorreu meu corpo, sabia que Jasper estava tentando manipular meus sentimentos e eu permiti me deixando ser levado para longe do meu amor mais uma vez.

Bella me abraçou com forca e senti que também chorava. Sam consolava seu filho que se sentia culpado por ter tirado Nala de casa e a ter desconcentrado, Nessie não conseguia usar as palavras com Kali agora preso a seus braços tremendo enquanto chorava copiosamente. Jasper se aproximou do corpo de Nala e retirou dele a lamina que a matou e então fechou seus olhos com cuidado.

Não havia como descrever tamanha dor, estávamos todos ao redor do corpo expressando nossos últimos lamentos antes de devolve-la aos braços acolhedores da floresta. Uma ultima lagrima rolou por meu rosto já sem vida e antes de tocar o solo ela brilhou. Senti a terra tremer embaixo de meus pés e ao levantar os olhos vi que todos os meus irmãos lobos estavam reunidos e formavam um semi circulo em volta do corpo, Jacob se transformou assim que todos se reuniram sem se preocupar com suas roupas e um estranho som saiu por sua boca.

O lamento que antes eram lagrimas que corriam por nossos rostos agora eram um uivo longo e triste, todos os lobos uivavam juntos e o som que saia de suas bocas era acompanhado de um ar espesso e translúcido. Uma nevoa começou a se formar e era quente, enquanto o uivo continuava aquela ar envolvia o corpo sem vida a minha frente, uma luz muito forte cortou o céu e línguas de fogo correram entre nos flutuando sobre o corpo de Anala, os tons de vermelho e laranja das chamas foram ficando em tons de branco e prata e uma imagem infantil surgiu entre a nevoa.

-Minha mãe.

A imagem sumiu e a nevoa caiu sobre o corpo de minha amada a cobrindo por inteiro

--

Visão de Anala

A dor era insuportável, sentia as células do meu corpo explodindo e morrendo com a falta de ar, não conseguia forçar meu coração a bater, meus pulmões a buscar ar, sabia que Seth estava a meu lado mas não o sentia mais, não ouvia mais sua voz, busquei o ar mais um vez e ele não entrou por meu corpo, uma angustia tomou conta da minha mente e tudo acabou.

Abri meus olhos para o nada e vi toda a minha família reunida, meu pai, o homem que tanto amei e me protegeu por toda a minha infância, como eu o amava. Minha mãe estava abraçada a minha tia e ambas sorriam, eu sorri também. Aos pés de meu pai algo me chamou a atenção, uma criança muito branquinha brincava com a barra de suas calcas e seus olhos se encontraram com os meus.

-Minha mãe.

Todo meu corpo tremeu e convulsionou ferozmente. Busquei o ar querendo sair daquela angustia e o senti penetrando por meu corpo. Joguei meu corpo para frente me apoiando nos braços com os joelhos no chão. Senti a terra, a grama em volta de meus dedos, o cheiro da mata, o cheiro do meu amor....eu estava viva.

Levantei meu olhar e encontrei os dele me fitando com curiosidade e seu sorriso aumentava junto ao meu.

-Eu estou viva.

Seth me pegou nos braços e me girou no ar. Abri meus braços e aproveitei a sensação de liberdade que me abraçava, girei meus dedos e senti toda a minha forca fluindo por eles, levantei algumas folhas secas do chão e as fiz flutuar a nossa volta. Nos girávamos sentindo o vento a nossa volta e eu me entreguei a sensação, o beijei com tamanho amor que senti meus sentimentos transbordando pelo meu corpo em direção ao seu. Eu estava livre para amar o meu amor.

Fim


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