Anala - Uma Nova Cullen escrita por dentedeleão


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

estamos a poucos capitulos do fim...espero que estejam animados com a leitura....bjs



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Embarcamos no aeroporto internacional em Seattle rumo a Itália. A viagem seria longa e apesar das muitas discussões do dia anterior, Jasper me acompanhava. Era engraçado a maneira que todos nos olhávamos quando entramos no avião, todos admiravam a beleza incomum do vampiro loiro ao meu lado e pior, ele estava adorando a atenção. Seria a primeira vez que estaria em meio a tanto humanos em um lugar fechado sem que a angustia tomasse conta de seu ser. Claro que ele estava com sede e o cheiro era quase insuportável dentro de locais fechados, mas esta sensação não era superior a sua alegria.

Alice não gostou muito da decisão de seu companheiro e ficou emburrada até que uma visão surgiu e ela saiu toda feliz e saltitava pela casa. Ela viu que Jazz lhe traria um lindo presente e já imaginava como usá-lo.

-Ah Jazz, eu vou ficar tão linda com ele. Você tem que me prometer que ira trazê-lo....será perfeito com aquela minha...não melhor aquele....

Ela não parava de falar nem por um minuto, tinhamos poucas horas para organizar tudo e eu ainda precisava acalmar Seth que estava quase arrancando os cabelos de preocupação e não gostou nada da idéia de passar três dias longe de mim e sem noticias. Já eram muitas coisas para ocupar nossas mentes, passaportes, vistos, passagens, família, Seth, até Samy estava triste por não me ter para brincar agora que podia correr comigo e ainda tínhamos que aturar a louca da Alice, além de não nos contar o que ganharia ainda fez questão de arrumar nossas malas, organizar a viagem, reservar um carro e um barco para nosso destino final e nos comprou uma câmera fotográfica de ultima geração exigindo que documentássemos cada passo.

Ter uma família grande pode ser cansativo as vezes e acreditem ou não, ter uma Alice na família é como multiplicar tudo por dez, estava ficando com dor de cabeça.

-Ainda bem que sou um vampiro e não sinto estas dores maninha. – Edward estava tão engraçadinho ultimamente –

-Vai ler a mente da minha irmã seu chato – Mostrei a língua para ele enquanto ria da cara feia que ele fez ao entender a piada - .

Continuamos assim ate o aeroporto, nos despedimos no estacionamento para não chamar mais atenção do que já estávamos chamando, imagine só 13 pessoas - incluindo crianças- loucas e lindas abraçando-se no meio do saguão, não ia dar certo nunca.

Finalmente estávamos confortavelmente instalados nas poltronas da primeira classe, o avião havia decolado e já tinha se passado uma hora, o silencio entre nós não era incomodo, mas Jasper estava quase quebrando o apoio de braço da cadeira com sua ansiedade.

-Sei que esta inquieto Jasper e não acredito que seja o aroma delicioso de sangue no ar. –Estava sendo muito irônica e pouco discreta levando em conta que algumas pessoas podiam me ouvir.

-Tem razão, eu estou com fome – ele disse impondo a voz enquanto olhava para um homem que tentava a todo custo entender nossa conversa, deixando-o branco de pavor – mas minha curiosidade sobre outros fatos é maior.

-A viagem será longa e não temos escalas para distrações. Vou te deixar feliz, pode perguntar o que quiser! – reclinei mais a poltrona colocando as mãos na nuca e descansando os pés no apoio para as pernas.

-Você não sabia sobre os Volturis, mas sabia sobre as ‘’leis ‘’ de nossa raça?

-Nossa você é rápido – eu ri e ele ficou sem jeito - Quando usei a ilha de refugio eu não entendia muito bem sua espécie. Na verdade eu fui para lá de forma a satisfazer uma curiosidade também. Você sabia que aquela ilha tem um vulcão e que ele fazia parte do imaginário de Julio Verne? Eu satisfiz minha curiosidade e quase morri...rs...a ilha é muito pequena e uma garotinha sozinha é um prato cheio. Conheci Zeferus e meu destino mudou, ele me contou um pouco sobre o que era proibido para sua espécie. – falei o final de forma rápida querendo quase que fugir do assunto, não queria entrar em muitos detalhes sobre meu amigo, não sem sua permissão -

-Por que ele confiou em você?

-Você viu o que fiz com Demetri, acha que faria diferente com outros? A única coisa que fiz de diferente foi não matá-lo, eu o forcei a conversar comigo e acabamos amigos. – dei de ombros –

-Ele sabe tudo sobre você?

-Sim Jasper, ele sabe tudo. Sabe sobre minha vida, meus dons, minha busca, sobre Icaro, sobre meu avó...-deixei as palavras soltas no ar-

-Ele sabe sobre seu filho?

-Donnovan. Sim, ela sabe sobre Don.

-Quem era o pai dele?

-Você já sabe a resposta Jazz.

-Icaro?

-Sim.

-Não se sente bem em me contar sua historia?

-Não é isso, é só a dor das lembranças. Meu bebe não foi algo feito com amor ou carinho, mas nasceu puro e lindo. Não foi um nascimento fácil e a falta de cuidados me deixou estéril, mas valeu cada segundo que o tive em meus braços.

Senti lagrimas correrem quentes por meu rosto e fechei os olhos buscando pela paz na escuridão. Jasper não me questionou por algum tempo e acho que acabei dormindo presa a dor de meus pensamentos.

***

 Meu filho havia nascido em um sótão escuro em meio ao mofo e infiltrações, eu já não era visitada por meu transgressor a alguns meses, tinha apenas um vislumbre de suas mãos uma vez por dia quando o mesmo me alimentava. Dividia minha comida com ratos e baratas. Acabei me acostumando com a compania e os tinha como amigos, pode parecer estranho, mas conversar com eles mantinha minha sanidade mental.

Meu avó não me procurava, ele achava que eu estava viajando e que a gravidez ia muito bem. Continuávamos na mesma cidade, eu presa em um local imundo e sem contato com o mundo, enquanto Ícaro  visitava diariamente seu pai sendo um filho exemplar e não levantando suspeitas para si.

Como eu amava a noite, a vida boemia, meu avó não se espantou quando soube que eu estava grávida e não me questionou sobre o pai da criança, o que facilitou muito as coisas. Mesmo não aceitando certas facetas de minha vida, meu avó já tinha enorme amor pelo pequenino que crescia dentro de mim.

As noticias que tinha de mim eram enviadas por meu agressor e também amigo confidente como imaginava meu avó de coração. Ícaro havia escondido todas as suas atrocidades com perfeição e planejava ter o mundo em suas mãos depois do nascimento do filho, claro que o filho de uma bruxa com um feiticeiro iria nascer poderoso não é? Qual não foi a surpresa quando o bebe nasceu normal, sem poderes e muito frágil como qualquer outro humano. Ícaro me odiou e me marcou com seu sangue – apontei para a tatuagem - sua vontade era me matar na mesma hora, mas antes eu tinha que passar o livro a ele e isso eu nunca faria.

Juntei todas as forcas que ainda tinha e fugi com meu filho nos braços em meio a uma noite fria de inverno. Estávamos em Paris em uma pequena casa ao leste, o vento frio cortava meu rosto e meu corpo e era tão forte que achei que ia morrer congelada no momento que voltasse a respirar, acredito que este tenha sido o pensamento de Ícaro ao me deixar fugir noite a fora sem se dar ao trabalho de me seguir, ele só esqueceu de uma coisa, eu era forte e fiquei ainda mais ao ver meu filho com seu rosto vermelho devido ao frio e temer por sua vida.

***

-Esta acordada Nala?

-Sim Jazz, só estava lembrando do passado. – voltei a poltrona a posição normal e levantei os braços de forma a alongá-los.

-Pedi comida para você. Sei que prefere não comer carne, então pedi uma salada e alguns Paes salgados. Faz tempo que não como, não sei direito o que escolher em relação a comida.

-Não precisava se incomodar. – afaguei seu rosto com carinho -  Eu agradeço toda sua atenção, sei que comida humana tem um cheiro estranho, mas seu pedido foi ótimo, não vejo a hora de ver a bandeja na minha frente.

A comida chegou e conversávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Ele estava me contando sobre suas dificuldades em presentear Alice e as coisas absurda que já fez para atrapalhar suas visões, quando foi dado o anuncio pelo piloto de nosso pouso.

Estávamos agora em Roma e já tínhamos os horários certos para pegar o trem que nos levaria a Messina. Seriam cerca de 9 horas de viagem, tempo mais que suficiente para esclarecer algumas outras  duvidas de Jasper. Não haveria tanta privacidade, mas poderíamos tentar conversar sem dizer algo comprometedor se tivéssemos que dividir a cabine do trem.

---

-Como sabia tanto sobre Kali?

-Eu apenas revivi alguns fatos passados. Minha gestação também não foi fácil e aprendi alguns truques. O que mais dava resultado era a musica, você precisa me lembrar de contar isso a Nessie quando voltarmos.

-Claro – ele parecia um pouco distante, acho que estava perdido em suas perguntas ou com medo de fazer alguma. –

-Seu bebe era mesmo frágil?

-Não. Ele nasceu incrivelmente forte e com dons impressionantes. Com menos de um ano já conversávamos como adultos, ele sabia o que seu pai seria capaz para ter seus dons e lembrava da dor que senti por 4 meses, tempo que fiquei presa naquele quarto sem luz.

-Mesmo forte em essência era fraco fisicamente e eu precisava protegê-lo, joguei sobre ele um feitiço que esconderia seu poder, por ser um feitiço muito sutil Ícaro não percebeu nada e fomos levando nossas vidas pelas sombras.

-Nala, qual risco corremos por estarmos perto de você?

-O que você realmente quer saber é se há riscos para Alice com a chegada de Ícaro, não é mesmo?

Ele apenas desviou seus olhos para a paisagem e me deixou continuar.

-Todos e nenhum para falar a verdade. Vocês não vão chegar perto dele. O Maximo que pode acontecer é me verem morrer. – disse as ultimas palavras em sussurros –. Jasper, sei quanto ama Alice e também a família a qual pertence. Alice é tudo para você, seu equilíbrio, seu chão. Antes dela sua vida era vazia não é? – era uma pergunta retórica e ele sabia – a minha também era antes de vocês. Eu tenho amigos por todo o mundo, mas nenhum deles é minha família.

-Icaro me tirou tudo, a vida me tirou tudo. Você se lembra da primeira noite que viu Alice, naquela noite fria e chuvosa quando você entrou em um café apenas para não parecer estranho um humano andando despreocupado na chuva. Aqueles olhos dourados te salvaram do abismo não foi? Eu recebi o mesmo Jasper, olhos pretos salvaram minha alma da escuridão e nada nem ninguém vai se colocar em meu caminho.

-Como você sabe disso? – Jazz não havia me contado sua historia, ele estava confuso –

-Alice. Ela quis me mostrar que nem tudo na vida são flores e que certas dores nós sentimos para entendermos melhor nosso futuro.

-Muitas das coisa que envolvem sua vida são assim não é mesmo! São muitas dores e muitos segredos.

-As coisas são ditas quando merecem ser ditas Jazz.

-Sim, são muitas as coisas que ainda precisam ser ditas.

Nos olhamos como amigos de décadas se olham ao se reencontrarem. Ele não duvidava de mim, ele entendia meus medos  e a necessidade por trás das omissões.

Um barulho forte o despertou e ele me olhou com uma sobrancelha arqueada.

-Você acreditaria se eu dissesse que nosso trem esta entrando em uma balsa?-falei de forma brincalhona e ele abriu a janela para olhar o que estava acontecendo –

O trem chegou a seu ponto final e agora a travessia seria feita através de um ferryboat e acreditem ou não, nem saímos de nossa cabine, a passagem pelo estreito seria feita de trem e tudo.

Após duas horas de travessia, chegamos ao porto já na hora do crepúsculo. Um momento ideal para nossas intenções. Jasper estava boquiaberto com o que via, a ilha estava a nossa frente e o vulcão tomava quase toda a extensão de terra existente. Algumas casas ao longe também poderiam ser vistas, assim como a igreja e trilhas de pedras negras.

-Como eles sobrevivem aqui?

A pergunta de Jasper não espantou os turistas que estavam ao seu lado tirando fotos da paisagem. Realmente era um lugar sem atrativos a moradores, tudo ali era fruto de muito trabalho e forca. Com pouco mais de 350 nativos seria difícil manter o estoque de sangue para sustentar 10 vampiros.

-Você vai descobrir. Eles já estão nos esperando.  Zeferus esta na encosta e já viu que esta comigo, não aja por instinto e não julgue minhas ações, algumas coisas podem parecer estranhas. –não dei maiores explicações já que a meia dúzia de turistas que estavam ali nos olhavam de forma estranha –

Desembarcamos e nossas malas foram colocadas em terra. Aguardávamos pacientemente pela presença de Zeferus enquanto os turistas eram levados ao hotel em motocicletas de três rodas. Já não havia mais ninguém no porto quando fomos abordados.

-Vejo que trouxe um amigo, ou devo dizer, um segurança?

A voz dele era firme e havia algo intenso em sua postura e caminhar. Zeferus era um homem forte de 1,85m, pele branca e cabelos castanhos, os fios grossos e revoltos pelo vento frio que nos envolvia caiam sobre seus ombros. Tudo nele remetia a ameaça e medo e seus olhos pareciam dois rubis em meio a escuridão da noite. Jasper rosnou e eu o encarei seria indicando meu desejo que ele não se envolvesse.

-Não é meu segurança. – cuspi as palavras com raiva- Ou será que agora preciso de um? – minha postura era ofensiva e meu olhar tão firme quanto o seu –

-Depende. O que deseja em meu território?

-Seu território? – ri devolvendo a pergunta – Isto me pertence assim como você criatura. – dei um passo à frente aumentando o nervosismo de Jasper –

-Não pertenço a ninguém bruxa! – seu corpo se curvou para o ataque –

-Já chega crianças, não vêem que vão matar o amiguinho dela de nervoso.

Por entre as sombras uma jovem mulher sorria e nos olhava com seus grandes olhos escuros e brincalhões, seus cabelos de um castanho bem escuro corriam por suas costas em cachos pesados. Seu corpo bem definido e de busto volumoso era contornado perfeitamente por um vestido verde musgo.

Nos três rimos e Jasper ficou ainda mais confuso. Corri para abraçar Clara e fui recebida por seus braços já abertos e seu afago acolhedor.

-E então, qual o seu nome rapaz? – Zeferus se aproximou de Jasper e estendeu uma das mãos em comprimento.

-Sou Jasper, amigo desta louca. – eles trocaram um aperto rápido e me olharam, cada um com suas próprias perguntas não respondidas explicitas no olhar.

-Desculpem a confusão, não deu tempo para avisar, também vocês não tem telefone neste fim de mundo – todos rirão com o comentário – Vocês já sabem por que eu vim, preciso levar o livro e como sou uma garotinha de mil anos indefesa, este ai – apontei para Jasper – quis me fazer compania.

-Pelo que vejo em seu dedo acho que ele esta fazendo compania a seu coração também. –Clara não perdia um detalhe, Jasper revirou os olhos e eu ri-

-Não bobinha, ele é amigo mesmo. Este anel é do meu noivo, mas ele não pode vir.

-Por que? –Zeferus estava curioso  e teve sua resposta logo em seguida, mas não fui eu quem respondeu-

-Bom, esta eu faço questão de responder. A gatinha de vocês resolver atacar seu inimigo natural  e agora dorme com um cachorro. – a expressão dos dois foi engraçada, estavam perdidinhos –

-Vou resumir amores da minha vida, eu estou cansada e por ser a única humana aqui preciso dormir e ser paparicada logo – Clara riu e me fez sinal para continuar – Encontrei minha Irma e por mais duro que seja admitir isso a vocês, ela é uma vampira – Zeferus não agüentou segurar o riso e deu uma gargalhada deliciosa –

-Eu disse bruxinha. Somos a melhor espécie deste mundo e dissemos que você logo faria parte disso. – mostrei a língua como uma verdadeira criança birrenta –

-Bom, continuando. Minha Irma é uma vampira e tem uma família enorme assim como vocês e um dos integrantes é um transformado. Um índio que muda de forma e se transforma em lobo. Bom, há muitos lobos na região e eu...

-Não acredito, você me trocou por um quadrúpede. Um cachorro fedorento. – o som veio de traz de nos e meu sorriso só fez crescer no rosto. Me virei e dei de cara com ele –

-Olá Gabriel! – virei minha cabeça em sua direção piscando e lhe lançando um beijo estalado –

-Olá Anala! Hum, você esta diferente, mais mulher...delicia – sua língua passava por sobre seus lábios – pena que não vai ficar assim por muito tempo. – seus olhos estavam cheios de desejo e ele logo saltou em minha direção –

Foi tudo muito rápido. Quando o vi saltar girei meu corpo e me transformei rosnando e pulando de encontro a seu corpo, nós rolávamos pelo chão um tentando morder o outro e era uma cena de dar medo. Não poupávamos forcas,  queríamos realmente matar um ao outro. Zeferus estava segurando Jasper com muita forca para que ele não atrapalhasse a briga.

Dei um golpe certeiro na barriga e segui para morder seu pescoço, mas ele foi mais rápido me prendendo ao chão e cravando seus dentes em minha jugular. Sentia o sangue quente sendo sugado com desejo e meu corpo foi enfraquecendo até que voltei ao normal nos braços de meu predador. Antes de terminar seu jantar ele se levantou, bateu em sua roupa retirando o pó que ficou preso por rolarmos no chão e estendeu sua mão para me ajudar  a levantar.

-Sempre de dar água na boca pequena.

-Você é um idiota, se não tivéssemos estas regras bestas eu teria te matado. – a regra era simples, nada de bruxaria -

-Palavras, palavras, nunca vejo a ação. – dizendo isso ele voltou seu corpo em direção a Jasper –

-Então são só amigos né....rs...prazer, sou Gabriel o eterno apaixonado desta ninfetinha ai.

-Assim meu coração se despedaça amor.

Uma mulher loira e alta parou a seu lado e lambeu uma gota de sangue que estava em sua face.

-Não sei como consegue tomar isso amor, tem gosto de sangue coagulado.

-Eu acredito que todos estejam se divertindo com tudo,mas que PORRA esta acontecendo aqui? – o grito de Jasper assustou a todos e para evitar mais complicações fui logo me explicando-

-Desculpe por tudo Jazz. Nós somos brincalhões e sempre que nos revemos é a mesma coisa, é só uma forma de dar ‘’oi’’. Desculpe! –fiz meu melhor biquinho –

-Tá, não gostei de passar por bobo, mas já passou, só quero saber uma coisa. Como você conseguiu fazer isso, morde-la sem injetar veneno? – Jasper olhava indignado para Gabriel  e este deu apenas de ombro –

-Um dom eu acho. Sempre foi assim desde que me lembro. Se quero comer sem matar e só me concentrar um pouco mais.

-Há muito o que contar para o recém chegado, vamos ao hotel para colocar a criança para dormir e conversamos melhor. -Zeferus estava abraçado a sua companheira e seguia em direção a uma trilha mais afastada-

-Eu não sou criança, eu sou humana e adulta, ou quase isso...ahhhh....não me deixe falando sozinha.

-Quem esta sendo a piada agora em Nala? – Jasper estava se divertindo com minha birra infantil. Fechei a cara no mesmo segundo e ele me pegou nos braços e correu pela trilha junto com os outros.-

Chegamos em uma velocidade anormal no hotel e alguns funcionários nos viram sair das sombras não tendo nenhuma reação anormal. Jazz estava confuso, ele havia se exposto, humanos viram algo estranho, sua velocidade anormal, sua facilidade em me carregar e não tiveram nenhuma expressão de espanto?

-Relaxa maninho, eles sabem que vocês existem e confiam em quem estiver com Zeferus. Lembra do que te disse, aqui se vive de forma diferente, humanos e vampiros se ajudam e vivem bem. –ele apenas concordava com a cabeça e seguia em direção a entrada –

Na parte de trás do hotel havia uma casa relativamente grande e nós instalamos ali. Sem conseguir juntar forcas nem para comer, dormi no sofá mesmo enquanto Zeferus contava sobre a vida deles naquele lugar.

---

Dez vampiros viviam isolados na ilha, no começo a caca aos moradores foi feita sem tréguas e trouxe muitos problemas, eles ficaram expostos e chamaram muita atenção . Com o passar do tempo buscaram alimento em ilhas próximas e no continente, mas os rumores eram fortes e muitos desconfiavam da existência de monstros na ilha. Os mitos em relação a ilha do vulcão só aumentavam e temendo que isso chamasse a atenção de quem não deveria se reuniram com o chefe dos humanos na intenção de conseguir uma trégua e encontraram um aliado, todos passavam por necessidades e resolveram se unir.

Nenhum humano residente poderia morrer e apenas os responsáveis pelos demais deveria saber a verdade sobre os dons dos vampiros, impedindo assim qualquer possibilidade de desacordos por ganância. Todos concordaram e com o passar dos anos o numero de vampiros foi diminuindo, o clã ainda conta com 10 membros, mas residentes mesmo ficaram só 4. Na época de inverno todos se unem novamente e sem turistas ficava mais fácil conviver com os humanos locais.

Todos se alimentam de sangue humano e para garantir que nenhum vampiro ataque os moradores eles se alimentam também  de sangue doado dos moradores para se acostumar com o aroma. Zeferus, em alguns momentos de sua vida se alimentou de animais, mas não conseguiu manter a dieta por mais de um ano, achava tudo muito nojento e pouco pratico.

Zeferus é o líder de todos e diferente do que se imagina, ele é o mais novo dos membros. Foi sua parceira quem o transformou a cerca de trezentos anos. A historia deles é bem bonita, ela se apaixonou pelo humano e tendo fácil acesso a ele se entregou a uma amizade improvável, que logo se tornou um namorinho sem futuro ate que ele pediu para ser transformado. Todo o romance durou cinco anos e eles se casaram em uma cerimônia com convidados humanos e vampiros. A transformação ocorreu na lua-de-mel e o inesperado aconteceu, ele não passou pelo sofrimento dos 3 dias da transformação, sua sede podia ser controlada sem esforço e seu dom se fez latente. Ao tocar em alguém ele vê tudo, todo seu passado todas as suas decisões e também vê seu futuro, suas prováveis decisões e sua forma de levar a vida.

Ele é o que se considera perfeição da raça, os Volturis dariam tudo para te-lo entre os seus, mas suas infrações também eram grandes e deveriam ser muito bem pesadas. A mulher de Gabriel, Ana, também tem um dom, ela é parecida com a sereia mítica, seu canto leva os homens a loucura, ela pode manipulá-los como a mero fantoches e seu poder age indiferente se ele é humano ou não.

---

Eu estava despertando e ouvia risos ao longe. Fiquei curiosa e me coloquei em pé em segundos. Não havia ninguém dentro da casa e o sol estava fraco La fora. Vesti roupas quentes e fui em direção aos risos.

-Acordou bela adormecida! Esta com fome, preparamos uma mesa de café aqui fora na varanda.

Clara estava nos fundos da casa junto a algumas crianças e então pude ver a cena completa. Cinco crianças de idades diferentes estavam brincando com Gabriel e Ana enquanto Zeferus se divertia com a câmera fotográfica que Alice havia me dado. Jasper estava mais ao lado direito de Clara visivelmente feliz.

Me juntei a eles e logo flexes me cegaram, nunca vi alguém tão feliz em tirar fotos. Tomei meu café tranquilamente e nos três conversávamos enquanto os outros brincavam. Descobri que Gabriel era como uma baba para os nativos e nas épocas de pesca ficava responsável pelas crianças.

 De onde estávamos dava para ver o amar, uma visão de tirar o fôlego, as areias da praia eram quase negras, resultado da composição do solo, basicamente cinzas do vulcão ainda ativo e em contraste ao negro havia a transparência da água. O horizonte era de um azul maravilhosos e não haviam nuvens no céu.

-Tia, Gabriel disse que a senhora toca flauta. Toca pra gente?

Ai se vai minha paz e tranqüilidade.

-Claro querido, só preciso pegar o instrumento, eu já volto.

Fui em direção a casa e Jasper me olhava curioso. Voltei já tocando uma antiga flauta de madeira e as notas eram acompanhadas pela voz de Ana, qual não foi a surpresa de Jasper ao ver que a combinação dos som deixavam as crianças em transe e elas dançavam conforme o ritmo que ditávamos.

-Lembra do encantador de ratos das historias infantis Jasper? – Zeferus parecia se divertir – Foi inspirado nesta sua bruxinha ai! – todos riam enquanto tocávamos e cantávamos –

A manha passou rápida e muito tranqüila e o inicio da tarde trouxe-nos a realidade. Segui com Zeferus ao local onde o livro estava escondido. Era uma caverna submersa a alguns metros da praia. Não precisei de instrumentos de mergulho e em uma hora estávamos de volta.

-Vai continuar nos protegendo mesmo que agora tenha o livro em seu poder?

-Sim meu amigo. A divida que tenho com vocês é eterna assim como minha amizade. Vocês não precisam se preocupar.

Esta foi nossa despedida, nosso tempo na ilha era curto e precisávamos voltar logo para casa. Fomos convidados a trazer toda a família e eu deixei o convite para o casamento em aberto caso quisessem conhecer a America. Foi uma despedida triste e ao mesmo tempo cheia de significados, meus amigos estavam felizes e a confiança de Jazz em mim aumentou muito. Estava tudo indo muito bem ate que Jazz lembrou.

-Eu não achei nada em especial na ilha, o que vou levar para Alice? Ela vai me matar!

Eu comecei a rir com vontade já dentro do trem.

-Isso ri bastante enquanto pode, seu pescoço também esta na forca amiguinha.

-Deixa de ser dramático Jazz, olha só o que eu tenho para você.

Estendi a mão e depositei na dele o presente de Alice. Era um cordão de ouro grosso com filetes em tom frutacor, os filetes estavam preenchidos com pedaços de conchas de mariscos da região e brilhavam muito. O pingente era uma perola envolta por linhas de ouro e três brilhantes. O cordão poderia ser usado de varias formas e foi ai que lembrei das indecisões de Alice dias atrás e sorri.

-É tão lindo. Onde encontrou?

-Na verdade eu mesma o  fiz a alguns anos, eu amarrei meu livro com isso e o depositei na caverna. –dei de ombros e sorri para aqueles olhos dourados que se derretiam de felicidade ao olhar para o cordão -  

-Vai ficar lindo naquele pescocinho e mais lindo ainda se for entregue em meio ao som de uma flauta. – Eu fingi que não o vi piscar em minha direção, mas tudo bem, eu concordei em tocar-.


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