Passaram-se dois meses, então, há dois meses, foi a última vez que eu falei com Scorpius, primeiro por que entramos  na época de feriados, e agora eu estou sempre ocupada demais, na verdade, eu finjo que estou sempre ocupada, entro no quarto e fico lá o dia inteiro, não falo nada com ele, nem oi, nem tchau, apenas quando ele fala, não vou ser mal educada. Já parei de chorar, antes chorava todo dia, mas tudo bem.

E hoje pela primeira vez, eu não estou no quarto, estou na mesa de estudos, obviamente, estudando, e ele está na minha frente estudado também.

- Já chega. – ele diz empurrando o livro e chamando minha atenção, quando eu encaro seus olhos, eles estão nebulosos, estão cinza e não azuis.

- O que? – pergunto franzindo o cenho.

- Por que você está me evitando? – pergunta irritado.

- Do que você está falando? – digo tentando esconder a minha tristeza, tentando parecer o mais indiferente possível.

- Ah, como se você não soubesse. – ele passa as mãos nos cabelos. – Você passa por mim e não dá oi, a não ser que eu fale, em nossas conversas, você só me responde com verbos isolados, você está sempre trancada dentro do quarto, evita me olhar, mesmo que não esteja apressada, se eu estiver no salão comunal, passa como um tufão, só para não falar comigo. – ele se levanta furiosamente, e anda até meu lado sentando-se na mesa. – O que eu te fiz? – ele me encara. – me diz que eu não faça a menor ideia. – eu levanto e o encaro.

- Nada, você não fez nada. – falo tentando parece calma. – Eu não estou te evitando. Só não tenho nada demais para conversar, não tenho assuntos amorosos com problema. – ele levanta e fica em frente a mim.

- Há muito tempo, eu deixei de ser apenas seu conselheiro amoroso, Rose, virei seu amigo. – ele toca meu rosto, e beija a minha testa. – é uma pena que você ainda não tenha percebido. – e eu fico me controlando para não chorar. – Só que, não acredito que não esteja me evitando. – ele ri de lado. – Só precisa me dizer o que eu fiz, eu paro de te perturba. – eu fecho meus olhos com força, e agora, o que eu vou dizer, que eu estou apaixonada por ele? Ele me mandou não dizer, eu não poderia, também não poderia menti e como eu tenho uma linda mente criativa, para não dizer o contrário, obvio, eu falo a primeira merda que aparece na minha estúpida mente.

- Pensa Scorpius, sei que não é burro, nem nada. – ri de lado, imitando o mesmo sorriso que ele fez. – Se não percebeu, está situação, você mesmo se colocou, agora saía dela sozinho, do mesmo jeito que entrou. (N/A: Eu assisti jogos mortais ontem, por isso, roubei essa frase lá). – eu me viro, ele me puxa, cola nossos corpos.

- Como vou sair de algo, que não faço ideia de como entrei? – ele toca meu rosto demoradamente.  Não que eu não estivesse gostando, mas se eu me entregasse seria pior, eu não iria querer ficar só naquilo, eu iria querer beijá-lo.

- Pense, o Scorpius que eu conheço, tirou Excede as Expectativas na maioria das matérias do NOMs, não seria difícil para ele, descobri algo tão fácil. – falo o empurrando. – Boa sorte em sua busca.  – e saiu de lá, subindo correndo pela escada e me trancando em meu quarto. E agora que eu me sentei na cama, eu fico toda pensativa, e arrependida.

- ROSE. – escuto-o bater na minha porta, com força. Sinto uma lágrima descer pela minha face, e me encolho na cama. – ROSE, POR FAVOR, ME DIZ O QUE EU FIZ. – ele implora e eu solto um soluço, alto demais. – Rosie, você está chorando? – ele pergunta, mas continuo sem responder. Outra forte batida na porta. – Abri. – escuto a voz dele fraca. – abri essa porta. – mas eu não abro. Encolho-me mais na cama e deixo mais lágrimas descerem, mais um soluço. – Agora já chega. – escuto um barulho estranho e minha porta se abriu rapidamente, eu olho para ele e seus cabelos estão assanhados, seu rosto preocupado, os olhos um pouco vermelhos. Um estado deplorável se eu não estivesse extremamente pior. Agarro meus joelhos com força e encaro minhas mãos.

- Por favor, saia. – eu digo, e eu sinto ele se aproximar.

- Esquece Rosie, eu não vou sair daqui, seja lá o que eu fiz ou disse, ou sei lá, esquece, releve, por favor, me perdoa. – fala segurando minha mão. – por favor. – e eu estou tão tentada, estou querendo tanto o abraçar, e dizer que tudo bem, é tudo que eu quero, e isso só vai piorar tudo, eu sinto as lágrimas virem mais forte, ele está a se humilhar para mim, só para eu dizer as palavras, eu te perdoou.

- Scorpius, eu... – mais um soluço. – eu te perdoo. – sinto ele aperta a minha mão.

- Quando estiver a fim de me perdoar de verdade me procure, por favor. – ele beija a minha testa. – Sei que é difícil, e você precisa de tempo. – eu olho para ele. – Você se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida. – ele sorri de lado. – eu te amo pequena rosa. – e com isso, ele levanta e sai, fecha a porta, e eu desabo na cama chorando. Ele tinha que dizer que me amava, e eu só queria bater nele, estrangular, por que ele tinha que ser tão gentil? Por que? Em meio a minhas indagações, acabei por dormi.


Abro meus olhos pesados, provavelmente vermelhos, prendo o cabelo e saio do meu quarto, meus estudos do dia anterior tinham sido parados, mas hoje isso não aconteceria, eu iria continuar a estudar, mas estudar de verdade. Vou até a mesa e percebo que só os meu livros estão lá, me sento a mesa, quando vou abri um livro, a um bilhete em frente ao meu livro, o seguro um tanto trêmula, e leio.

Querida Rose, sei que está com raiva de mim, não sei o motivo, mas não espero que me conte, às vezes falamos ou fazemos coisas que magoamos os outros sem perceber. E exatamente por não estarmos de bem, sei que precisa de tempo, por isso, decidi passar um tempo no salão comunal de sonserina, vou ficar por lá, até você finalmente me perdoa, não quero ver que você está me ignorando, por isso sai dai. Estarei todas as tardes no lago negro, até o dia que você decidir que estou perdoado.
Com amor, Scorpius.

Eu queria chorar, novamente, mas eu estava cansada de chorar tanto, decidi que ele estava certo, nós precisávamos de tempo, dar tempo ao tempo.  Peguei o pergaminho e guardei nas minhas coisas, Scorpius seria um bom amigo, e eu só precisava de tempo para esquecer ele, só um pouco de tempo, apenas um pouco de tempo.

Continua...