Mutação Oculta escrita por Athenaie


Capítulo 21
Capítulo 21




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O Eric teve imenso trabalho durante os dias que se seguiram. Os seus inúmeros negócios e participações apesar de bem geridas pela Pam obrigaram-no a um esforço adicional para se inteirar de todos as evoluções e alterações.

Tirando umas ocasionais sms’s e uns mails não soube nada dele durante uns dias.

Quando as saudades já apertavam, resolvi fazer-lhe uma surpresa e aparecer sem avisar. Sabia que ele estava no Fangtasia e para lá me dirigi.

A Pam recebeu-me com um ar comprometido.

 - Que se passa? – Perguntei eu

 - Não é uma boa altura para estares aqui! – Disse-me ela

Tentei imediatamente perceber se algo se passava com ele avaliando o seu estado de espírito. Ele estava irritado.

Avancei para o escritório e a Pam obstrui-me o caminho

 -. Sai, Pam! – Gritei-lhe

 - Deixa disso, sabes que não tens hipótese numa luta comigo. Volta amanhã!

Uma fúria tomou conta de mim e avancei para ela, empurrando-a do caminho. Fiquei surpresa quando a consegui afastar 2 metros do meu caminho. Eu sabia que estava mais forte mas não tão assim mais forte.

A Pam abriu muitos os olhos

 - Que raio? De onde veio essa força? – Perguntou ela colocando-se outra vez no meu caminho

 - Pam, sai! Eu quero saber o que se passa e vou saber o que se passa, nem que tenha que me magoar para isso!

A Pam pareceu reconsiderar. È obvio que eu não tinha hipótese numa luta com ela mas estava disposta a tentar.

Deixou-me passar enquanto parecia tentar perceber como é que eu podia ter uma força sobre-humana.

Entrei pelo escritório do Eric sem bater. Lá dentro vi-o de pé, de costas para a porta. Através das suas pernas vi alguém deitado no chão agonizando com dores. Estava ensanguentado.

Podia sentir a fúria do Eric agora com mais clareza.

Aproximei-me e ele nem se virou para mim.

 - Sai! - Gritou

 - Não!

 - Alex, sai! Falamos depois!

 - Não a vais conseguir proteger! – disse o desgraçado que se contorcia no chão

E em menos tempo que leva a pestanejar o corpo da criatura ficou em dois pedaços, cada qual para seu lado do escritório!

Engoli um grito na minha garganta!

Era obvio que aquilo tinha algo a ver comigo, mas não é coisa que eu me tenha habituado ainda é a ver um corpo a ser retalhado! Senti o estômago a contorcer-se e pensei que ia vomitar. Tentei respirar fundo para isso não acontecer.

O Eric virou-se para mim. As suas roupas estavam cheias de sangue, a sua cara também e as presas completamente estendidas. Os seus olhos eram ódio puro! A sua ira saia do corpo como uma onda na minha direcção que quase que me esmagava!

Desviou o olhar, limpou o sangue da cara com uma toalha que estava em cima da mesa sem nunca me dizer nada.

 - Que foi isto? – Quando finalmente consegui ganhar forças para falar

 - Desde quando sabes? – Disse ele cheio de ódio

 - Sei o quê? – Estava completamente aos papéis

 - Desde quando sabes que és um alvo marcado para morrer pelo SC?

Ups! Foi burrice da minha parte pensar que ele não descobria!

 - Eric, eu não sabia propriamente que era um alvo, nem sei. Antes de irmos para Houston a Leonor chamou-me a atenção para umas coisas que se escreve na Net sobre mim ou não exactamente sobre mim, mas que para bom entendedor se percebe que seriam para mim.

 - Porque não me contaste imediatamente? – Gritou-me ele virando-se para mim mais rápido que a velocidade da luz, ou pelo menos foi o que pareceu e rosnando ao meu pescoço de presas estendidas

 E ainda dizem que eu tenho mau feitio.

 - Porque não sou nenhuma menininha indefesa que precise sempre de ti sempre que tenho um problema. Vivi bem durante 33 anos antes de tu apareceres na minha vida sem ninguém que me defende-se do lobo mau!

 - Tu és lá capaz de te defender sozinha! – Gritou ele exasperado!

 - Ora essa!!! – Agora era eu que estava furiosa e se tivesse presas acho que lhe tinha mordido! – Vai-te catar, tá! Lá por me teres salvado uma vez isso não significa que eu precise de ama-seca para o resto da vida! E fica para aí a rosnar sozinho que eu vou-me embora antes que te mostre quem é que precisa de protecção aqui! – Sim, já estava a ser palerma, mas a fúria não me permitia pensar bem.

Ele deixou-me ir e ainda bem que o fez. Não estava com vontade sequer de ouvir a voz dele. Vampiro arrogante e prepotente, acha que é meu dono?? Ora se fosse ver se as batatas crescem fazia melhor figura. E foi refilando mentalmente que conduzi de volta a casa! Ainda não me tinha passado quando cheguei a casa. Já tinha dado a volta a todos os palavrões que conhecia e continuava a ferver.

Meti a chave à porta e ele estava sentado no sofá à minha espera.

 - Põe-te na alheta! – gritei

Ele levantou-se e pôs-se no meu caminho. Agarrou-me os ombros com as ambas as mãos e eu tentei libertar-me em vão.

 - Deixa-me!

 - Não.

 - DEIXA-ME ERIC!

Ele agarrou-me contra ele e fiquei sem me conseguir mexer. Era estúpido continuar a debater-me contra uma montanha que não mexia um milímetro. Estava apenas a cansar-me.

 - Vamos falar! – Disse ele quando eu parei de me debater.

Eu sempre tive mau feitio. Isto é tudo meu, não é nenhum efeito colateral do ADN dele. Não me irrito com facilidade mas quando me chega a mostarda ao nariz fico quase louca, não meço o que digo nem o que faço. Custa-me a passar.

Tive então que fazer um esforço para me puxar de volta à racionalidade. Posso ser apenas humana mas viro um bicho quando provocada.

 - Larga-me e podemos falar! – Consegui dizer sem estar a ser lá muito sincera

Ele largou-me e sentou-se num dos sofás. Eu sentei-me no outro em frente a ele, assoprando de raiva.

Ele começou a conversa. Perguntou-me o que eu sabia da história do SC.

Contei-lhe o que a Leonor me tinha contando e as nossas teorias sobre o assunto

Perguntei-lhe então quem era o homem no escritório dele, se bem que já podia ter uma ideia.

 - É, era um dos membros da seita. Estava a arrancar-lhe a verdade antes de tu teres aparecido. Ficamos sem saber como e quando eles pretendem atacar-te.

 - Como é que soubeste tu da história? – Era uma parte importante

 - E tu achas que eu não tenho forma de vigiar a tua vida e todos os que te rodeiam?

 - Tu tens detectives ou espiões ou uma merda dessas atrás de mim e de todos os que me rodeiam? – Senti-me a encher de fúria outra vez e estava quase a perder o controlo e partir para a agressão física. Provavelmente partia os dedos mas não era coisa que me impedisse

 - Alex, pára, não vejas isto dessa forma. Eu não te quero controlar, não é que ande a investigar se tens outro homem ou qualquer coisa assim. Acho que os meus motivos são bem mais nobres que isso e não espero que me agradeças mas daí a fazeres este escândalo já é um exagero! Eu apenas te quero proteger. Condenas-me assim tanto por querer evitar que alguém te magoe ou te tire a vida? É esse um crime tão grave?

 - Eu posso tomar conta de mim! – disse com menos convicção. Estava mais calma e os motivos que ele apresentava eram nobres realmente

 - Não podes e antes que comeces a gritar deixa-me explicar porque não podes! Não podes porque as ameaças às quais estás sujeita agora não são as mesmas que estarias sujeita se não estivesses comigo. Sou eu que te ponho em perigo! É minha responsabilidade manter-te viva!

Respirei fundo a tentar ser pragmática e racional e não uma miúda irritada a gritar a plenos pulmões.

 - Eric - comecei – Entende que eu não quero estar limitada na minha vida. Vou deixar de ir aqui ou ali, ou fazer isto ou aquilo porque alguém me pode matar? Isso é o mesmo que me matar já e ajuda-los no trabalho. Não me posso esconder, nem viver amedrontada.

 - Tu és corajosa, sempre foste e é essa umas qualidades que eu adoro em ti – disse ele – mas entende que já me disseste isso uma vez e eu quase que não cheguei a tempo de te salvar. Eu amo-te e não quero e não vou perder-te!

 - Vais-me prender no alto duma torre como uma donzela da idade média?

 - Não sejas ridícula, és mais inteligente que isso! Se o quisesse fazer já o tinha feito não achas?

Bom, temos que lhe dar razão quando ele tem razão. Não havia muito que eu pudesse fazer se lhe passasse semelhante ideia peregrina pela cabeça

 - Então ??

 -Então que esperava e espero que quando tenhas problemas me contes. Se me escondes as coisas dificultas o meu trabalho.

 - Eric eu não estava a levar essa ameaça como verdadeira! A mim sempre me disseram que cão que ladra não morde.

 - Aparentemente este cão, ladra e morde e o que me irrita é não saber como e onde pretende morder.

 - Mataste o gajo! – Acusei eu

 - Não me parece que ele dissesse mais do que disse. Estão treinados para abdicar da vida em prol da causa e eu fiz-lhe a vontade - Disse ele sem uma ponta de sentimento

 - Raios partam este pessoal sem vida própria! Não terão lá em casa um tanque de roupa para lavar?

A fúria que senti por ele desvaneceu-se. Até entendia porque ele tinha ficado tão furioso comigo. Sentia que estava a fazer tudo para me manter viva e que eu lhe escondia coisas. Ele olhava para mim agora com olhos meigos. Já não estava ensanguentado e o seu cabelo sedoso caia-lhe pela cara.

 - Eric, ouve, não penses que não aprecio a tua preocupação comigo. Obvio que aprecio mas eu sempre fui muito independente, mesmo porque a maior parte da minha vida não tive outra hipótese. Não tive pai que me defendesse, nem irmãos, nem maridos ou namorados que fizessem esse papel. Além de que nunca estive verdadeiramente em perigo de morte antes. Entende que não sei reagir a isto e a minha primeira atitude é sempre manter a minha identidade e liberdade. Além disso pensei que te contasse me pusesses a andar de guarda-costas atrás e não quero isso.

 - Pensarás porventura que eu te ia deixar em risco por aí, durante o dia quando não te posso proteger?

 - Não queria nada disto!

 - Eu sei. Não te quero amedrontada, nem condicionada mas espero que não guardes segredos de mim. Já devias saber que eu não vou contra a tua vontade, devias confiar mais em mim.

 - E confio! Desculpa, não volto a esconder nada de ti, por mais irrelevante que possa parecer a ameaça. Não queria ser um fardo para ti.

 - Não és. És a mulher que eu amo e eu por ti faço qualquer coisa!

E nem chegamos à cama. Ficamos mesmo pelo chão da sala.


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