Mutação Oculta escrita por Athenaie


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Como a vicsalles pediu muito....aqui vai o 10º capitulo! :)



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Estávamos a meio de Fevereiro.

Nos últimos dois meses fartei-me de trabalhar de segunda a domingo, 14 horas por dia. Foi-se o ginásio, os cafezinhos e nada mais faço além de dormir e trabalhar, dormir e trabalhar. Sinto-me um caco.

A única animação que havia na minha vida era uns sms’s esporádicos do Eric e o facto de que um certo dia a meio de Janeiro chegou à empresa um ramo de flores vermelhas para mim. A Vitória, a secretaria do departamento e coscuvilheira oficial, veio trazer-mas com um ar vitorioso, de quem finalmente sabia algo sobre mim, que poderia passar pelos corredores como pólvora. O cartão dizia apenas ‘’Estou à espera! Eric’’. Perante os olhares mais ou menos curiosos senti-me corar. Disfarcei e não comentei nada com ninguém. Também ninguém me perguntou nada.

Falava como de costume com a Leonor via e-mail. A empresa não permite Messenger, nem outro tipo de chats, pelo que fazemos as nossas conversas diárias através de e-mail.

Um dia por piada, só para ver a reacção dela, perguntei-lhe se queria ir beber café à minha casa depois de jantar. Como sempre e sem surpresas, declinou o convite dizendo que eu bem sabia que ela não saia à noite. Estava fora de questão cruzar-se com aqueles monstros que viviam agora às claras pelas nossas ruas. Perguntei-lhe se ela os achava assim tão maus. Respondeu-me que nem queria arriscar saber se estava certa ou errada. Há um motivo pelo qual não se tem predadores de largo porte como animais de estimação. Cedo ou tarde, alguém acaba sem um braço ou morto.

Naquela sexta feira à noite ao chegar a casa, estava no meu limite de resistência mental. O trabalho, pouco tempo para dormir. Ainda sonho com o Eric mas aprendi a viver com os sonhos e em vens de os detestar, agora funciona como a minha pequena terapia. Pelo menos em sonhos estou feliz.

Tomei banho e deitei-me. Estava tão cansada mas não conseguia dormir. Estava calor no quarto apesar de ser Fevereiro e estar apenas 8º graus de temperatura exterior. Desliguei o ar condicionado. Não resultou. Abri a janela. Continuava quente. Tirei o pijama e a roupa interior e joguei tudo no chão do quarto. Os lençóis de inverno pareciam uma carícia no meu corpo. Pensei há quanto tempo não tinha sexo….10-11 meses, nem tinha bem a certeza.

Pensei há quanto tempo não tinha sexo comigo mesma! Pelo menos há uns 2 meses, tal tem sido o cansaço que tenho sentido.

Não conseguia adormecer, abraçava-me às almofadas, dava voltas e mais voltas. Pensei nele e imaginei-o na cama comigo ali, a tocar-me. Mentalmente disse ‘’Eric’’ enquanto me abraçava a uma almofada como se fosse a abraçar o corpo dele.

Deixei-me levar pela fantasia e comecei a imaginar-me com ele de todas as formas e posições.

Senti uma brisa no quarto que me gelou os braços e as costas meio descobertas e ele estava ali. Enquanto pensava se teria adormecido e estava apenas a sonhar com ele como de costume, vi-o despir-se. Ele tinha o corpo mais fabuloso que já tinha visto. Os abdominais vincados, pernas fortes, bíceps trabalhados, um pescoço maravilhoso. Os olhos azuis brilhavam como duas lâmpadas na sua cara branca. Tinha o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo e soltou-o. Fiquei mais alerta e belisquei-me para acordar. Quando me doeu percebi. Não estava a dormir!

Quando ia dizer algo, ele entrou na cama comigo e tapou-me a boca com a dele. Beijou-me lentamente, depois com mais vigor. Sentia a sua língua e a sua saliva gelada. Ele era doce, um doce como morango ou qualquer coisa assim parecida. Ele libertou-me a boca e começou a beijar-me o pescoço, os ombros, os seios, ora um, ora outro, sugando levemente os mamilos. Fechei os olhos e disse:

 - O que estás aqui a fazer? – Sem nenhum interesse na resposta, sinceramente

 - Chamaste-me!

Tremi quando ele encostou o corpo dele ao meu, pressionando-me com o seu peso contra a cama. Parou de me beijar e olhou-me nos olhos, a boca dele a roçar a minha.

 - Tens medo de mim? – sussurrou….

 - Não – disse-lhe

E então ele penetrou-me lentamente. O pénis dele era gelado mas à medida que entrava no meu corpo parecia acalmar o meu fogo e ele próprio aquecer.

O Eric é uma criatura grande e tudo nele é proporcional. Até essa parte! Pensei que me ia magoar mas não. Ele entrou dentro de mim lentamente e não me magoou. Olhei-lhe directamente nos olhos, estavam brilhantes como nunca.

 - És tão quente - disse ele com voz lânguida

 Começou a entrar e sair lentamente e eu não evitei gemer de prazer. Cerrei os olhos e ele disse-me:

 - Não feches os olhos. Quero que me vejas…

Não sei se era capaz. Fechar os olhos é um reflexo do prazer mas tentei mantê-los o mais abertos possível e manter o contacto visual.

Já não sentia o frio do corpo dele. Só sentia o meu próprio fogo, como se todas as minhas células tivessem subitamente entrado em erupção vulcânica. Ele beijava-me enquanto mantinha o ritmo lento como que a aprender e a perceber tudo o que eu sentia quando ele me tocava.

Parecia que estava dentro do meu cérebro e que sabia exactamente onde tocar, como tocar, com que intensidade, com que ritmo me fazia mais vibrar.

Cravei-lhe as unhas nas costas o que foi o mesmo que tentar crava-las numa rocha. O meu corpo acompanhava o dele e tinha vontade própria. O meu cérebro abandonou-me quando ele aumentou o ritmo e não pensei em mais nada. Quando senti que ia atingir o orgasmo olhei para ele. Ele expôs as presas e eu deixei-me ir. Quando o prazer me atingiu como uma onda de choque, senti as presas dele a perfuraram-me o pescoço. Não consegui gritar. Foi como de duas ondas de choque contrárias uma ascendente e uma descendente corressem pelo meu corpo. Ao mesmo tempo que sentia as contracções espontâneas do orgasmo uma onda de calor descia do meu pescoço para o resto do corpo. Nunca senti nada tão forte, nem tão extraordinário. Não há formas de descrever ‘’O’’ orgasmo que ele me provocou e tenho a certeza que não há forma de conseguir vir a sentir algo desta intensidade alguma vez na vida. Ainda eu tentava recuperar o ar nos meus pulmões quando ele tremeu por completo e colapsou em cima de mim com um som de profundo prazer.

Tentei recuperar a minha respiração e o meu batimento cardíaco que estava a mil. Tentei pensar mas era como se o cérebro tivesse sido formatado e não conseguia verbalizar uma frase coerente.

Ainda sentia os efeitos do orgasmo no meu corpo. Contracções e correntes de calor pelo corpo. Finalmente senti-me profundamente feliz e abracei-o com todas as minhas forças. Ele passou a língua pelo meu pescoço, no sítio onde me mordeu e virou-se para o lado para retirar o peso de cima de mim.

Ficamos ali uns minutos sem dizer nada. O frio que entrava pela janela não me incomodava e nem sequer puxei os lençóis para cima. Pura e simplesmente não me apetecia mexer. Se a casa estivesse a arder havia de ser um problema.

Finalmente pensei em algo que teria um mínimo de lógica para retomar a conversa:

 - Valeu a pena a espera? – Disse-lhe provocadora

 - Eu sabia que valia – Disse-me ele ainda de olhos fechados

 - Tens ideia que sentires o que me dá mais prazer é meio caminho andado para o sucesso, certo? – E ri

 - Claro!

Ficamos em silêncio outra vez..

Desta vez foi ele que quebrou o silêncio. Virou-se de lado para poder ver-me e enquanto me acariciava o corpo, perguntou?

 - Não gostas da nossa ligação sanguínea?

 - A princípio foi difícil – respondi honestamente – Senti que me tinhas enganado e que me querias controlar.

 - Nunca quis controlar-te, nem condicionar-te, a princípio estava apenas curioso e à segunda vez apercebi-me que isso nem é possível aparentemente

 - Não é possível? Porque dizes isso?

Ele recostou-se nas almofadas e disse:

 - Há algo em ti que é diferente. Quando te dei sangue pela segunda vez, para te salvar sabia que irias ficar presa a mim, que não terias mais força para me rejeitar, mas não havia outra hipótese. Ou isso ou deixar-te morrer e sabes que sou uma criatura egoísta.

Fiquei atenta ao que ele me dizia

 - No entanto apesar de te aumentar o desejo tu foste capaz de te afastares.

 - Não tenho a certeza disso! – disse-lhe eu

 - Foste sim. Se estivesses totalmente sob o meu controlo não terias força, nem vontade própria para estar longe de mim e tu conseguiste faze-lo este tempo todo.

 - Tu ajudaste nisso, mantiveste-te longe…

 - Não estás a compreender coração. Se estivesses totalmente sob o meu controlo irias atrás de mim!!  Há algo em ti que é diferente, algo no teu sangue…

 - Não me parece Eric, acho que sou uma humana normalíssima. O meu sangue, pelo menos, nunca nenhum médico me disse que tinha algo de especial excepto…

 - Excepto??

 - Excepto uma vez que fiz analises e o medico me disse que eu tinha mais glóbulos vermelhos do que deveria ter mas acho que isso não significa nada.

 - Algo é diferente coração. B positivo nem é o meu tipo de sangue de eleição e tu nem imaginas como é o teu sabor… - disse ele a sorrir.

Lembrei-me da dentada no pescoço e instintivamente levei a mão ao local.

 - Está sarado! – disse ele – Não te preocupes, não bebi quase nada. Dá-me mais prazer se te morder. Incomoda-te?

Pensei por uns segundos e tentei lembrar-me.

 - Não! – disse – isto até vai parecer esquisito mas acho que tirei prazer disso. Sou uma pervertida! E desatei a rir.

 - És a minha pervertida!

E com isto, recomeçou tudo de novo.

Fizemos sexo durante horas, de todas as formas, em todas as posições. Pelas 5 da manhã sentia-me como se fosse feita de gelatina. Nada me doía mas parecia também não sentir mais nada. Pensei que se alguém me desse um murro na barriga nem sentiria dor. Estava dormente e exausta. Perdi a conta aos orgasmos que tive e nem sabia que poderia ter tantos numa só noite. O Eric não é um bom amante. É O amante. Mais de 1000 anos de experiencia, faz com que saiba tudo sobre mulheres e sobre o que elas gostam e apreciam. Nunca estive com alguém que conhecesse o meu corpo tão bem quanto eu, ou melhor até!

 - Eric? Tenho que dar a mão à palmatória!

 - Porquê?

 - Sexo com um vampiro é mesmo o melhor que há! E eu que achava que as pessoas exageravam!

 - Correcção, sexo com este vampiro, é o melhor que há!

- Haja modéstia!

 - Estou errado?

 - Bom, nunca estive com um vampiro sem seres tu, por isso não posso dizer com certeza de causa mas posso dizer-te que não há nenhum humano sequer que te chegue aos calcanhares. Isso te garanto. Nunca ninguém me fez sentir aquilo que me fazes sentir. Nem sabia ser possível.

Ele sorriu e olhou para mim durante uns segundos

 - Isto vai ser um problema! – Disse

 - Vai? Porquê? – Passou-me pela cabeça que era agora que ele ia dizer que foi bom e tal mas é melhor não nos vermos mais .

 - Eu não quero abrir mão de ti!

Não entendi bem o que ele quis dizer e a minha expressão deve ter demonstrado isso mesmo que ele tentou explicar melhor

 - Não sei o que há em ti que me levou a ficar curioso a primeira vez que te vi e essa curiosidade levou-me a querer saber o que sentias, para perceber-te. Há muitos séculos que não me sentia curioso em relação a humanos e apesar de saber que não devia alimentar essa ideia, não consegui resistir. Depois que bebeste o meu sangue foi uma montanha russa de emoções. Raios mulher que sentes tanto como falas. Passei a andar irritado todos os dias porque me fazias sentir toda uma serie de coisas, algumas das quais não sentia desde o tempo em que eu também era humano. Não gostei disso. Desconcentra-me e faz-me parecer fraco.

Continuou - Quando te vi entre a vida e a morte senti que não podia ainda libertar-te. És como uma droga à qual me fui habituando. Tinha que salvar-te apesar de saber que ias perder essa tua personalidade irritante que eu tanto gosto!

Mas isso não aconteceu o que me deixou ainda mais curioso e por isso me afastei. Quis ver quanto tempo aguentavas. E tu aguentaste e acho que aguentarias indefinidamente se eu não tivesse me aproximado outra vez. Desta vez, sem truques, sem enganos, apenas como um homem deve seduzir uma mulher.

Eu estava sem palavras e não o queria interromper. Ele estava finalmente a falar sobre aquilo que eu tinha tantas dúvidas, o que raio via ele em mim e eu queria saber:

 - E agora que finalmente foste minha, pensei que a curiosidade tivesse terminado que eu estava livre dessa sensação

 - E não estás?

 - Da curiosidade sim mas parece que foi substituída por outra coisa…..

 - Por o quê?

 - Não sei ainda. Sei que quero continuar a fazer sexo contigo, muitas vezes, muitas noites.

Inclinou-se para me beijar e eu afastei-me rindo:

 - Oh por favor, hoje não! Não aguento mais a serio. Amanhã não vou conseguir andar!

 - Outra noite então? – Perguntou ele

 - Outra noite, em breve se possível – disse eu tentando demonstrar que de alguma forma estava em consonância com ele. Também eu não sabia o que sentia por ele para alem de desejo mas também não estava preparada para ficar por ali.

 - De certeza que hoje não queres mais? – disse ele provocando enquanto me tocava no ponto certo

 - De certeza, oh por favor, tem dó de mim, eu sou apenas uma humana e já tenho mais de 30 anos. Vou ficar toda desgraçada!! – Disse já sem nenhuma convicção

 - Vais nada. Tens um corpo lindo, uns seios no lugar e sabes fazer sexo como ninguém. És tão quente, o interior do teu corpo queima-me e o teu sangue é talvez o sangue mais delicioso e vivo que bebi.

Achei exagero o elogio às minhas capacidades sexuais. Sejamos realistas, aos anos que ele cá anda, de certeza que encontrou muito melhor.

 - Não dizes nada? – Disse ele a gozar

 - Estava a pensar que estás a mentir. Não posso decididamente estar assim tão alto na tua cotação.  Nem quero saber quantas mulheres tu já tiveste

 - Muitas, muitas mesmo!

- Ok, se estiver no top 500 já me vou sentir feliz - e ri desalmadamente

 Ele riu também e passado uns minutos começou a preparar-se para ir. O sol estava quase a nascer e ele precisava de um sítio escuro para descansar.

Enquanto ele se vestia, perguntei-lhe:

 - Dormes num caixão?

Ele riu outra vez.

 - Não, durmo numa cama, numa casa! Apenas o meu quarto não tem janelas e a porta é completamente estanque à luminosidade.

 - Desculpa a pergunta parva mas às vezes ainda tenho dúvidas sobre o que é realidade, sobre o que é mito.

 - Quase tudo é mito, disse ele, menos a nossa existência e podes sempre perguntar o que quiseres. Não quero que haja motivos para me temeres.

 - Eu não tenho medo de ti – disse-lhe sinceramente

 - Mas devias! Posso querer-te para mim, para sempre e o que eu quero consigo.

 - Podes! Mas não o vais fazer. Eu não quero ser vampira. Gosto da ideia de ser mortal.

 - Será como tu quiseres, não tenhas medo, estava apenas a provocar-te. Não te transformarei a menos que mo peças um dia.

 - Para que o farias? Aturar-me durante uns séculos é um inferno que nenhum homem quer – disse-lhe no gozo

 - Acho que discordo contigo mas falaremos sobre isso em outra altura. Tenho que ir.

Quando ele saiu pela janela eu percebi que tinha avançado para o precipício e não me tinha estatelado lá em baixo. Estava a pairar no ar, nos braços do Eric.


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Notas finais do capítulo

E agora? Será possível uma relação entre eles? Que tipo de problemas terão? Que inimigos irão enfrentar? Como a Alexandra ultrapassará a critica de todos a que a rodeiam? :)



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