-Bill, me perdoa?

-Pelo que?

-Desculpe-me, Bill. Isso não vai dar certo. Sinto muito.

-Mas por que não? – minha voz saiu bem mais alta do que eu pretendia. Eu não estava aguentando mais. Gabi sempre dizia que não podemos ficar juntos, mas até agora não sei o motivo.

-Bill, não complique as coisas. E não fale nesse tom comigo.

-Desculpe-me, Gabi. Mas como é que você quer que eu não fique nervoso se você não me diz o por quê disso tudo? Você diz que nosso namoro não vai dar certo, mas como vamos saber se vai dar certo ou não, se você nunca me dá uma chance? Se nós nunca tentamos?

-Eu só estou tentando evitar um desapontamento, Bill. Não vale apena investir nesse namoro, sendo que ele não vai dar certo.

-Claro que vale a pena Gabi.

Ela começou a ficar nervosa. Deu uma pausa na nossa primeira discussão e continuou bem mais calma:

-Não se lembra do nosso ultimo natal? Eu só trouxe brigas pra sua família e eu sofri muito porque achei que você e Tom não queriam nem mais olhar na minha cara. Por isso me distanciei de você por uns tempos. Não queria trazer mais confusões do que já trouxe. Não quero sofrer de novo, entende? E como podemos ter um relacionamento sério Bill? Você é um astro do rock e tem milhares de fãs chorando por você. Eu só sou uma estudante brasileira que mal fala a sua língua.

-E desde quando isso impede duas pessoas que se amam? – gritei.

-Desde que eu preciso me concentrar nos estudos, Bill. Se eu passar os meus dias pensando toda hora em você e sentindo sua falta, isso vai prejudicar as minhas notas.

-Como é que é?

-Bill, essa faculdade é importante pra mim. Minha tia e eu estamos dando muito duro para pagá-la. Depois que a minha mãe morreu, minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Só estou tentando manter o pouco de felicidade que restou na minha vida.

Achei aquilo que Gabi disse trágico demais, porém ela devia estar falando sério, já que começou a chorar. Sinceramente, não sei o que tudo aquilo tinha a ver comigo, mas não era uma boa hora para exigir satisfações.

-Sinto muito. Eu... eu não sabia disso. – a abracei e ela chegou a soluçar de tanto chorar. A mãe deve fazer muita falta a ela. – Mas Gabi, eu não te faço feliz?

Ela olhou para mim e disse:

-Claro que faz. Esse é o problema. Cada dia que recebo alguma carta sua e leio aquelas palavras, fico me sentindo a pessoa mais sortuda do mundo por ser a única que conquistou o coração do Kaulitz – sorrimos – E daí, começo a ficar triste e pensando como seria se estivesse ao seu lado ou o que você está fazendo, ou...

-Então está me dizendo que não quer namorar comigo porque você ia sentir muito a minha falta quando eu estiver trabalhando ou em turnê? – interrompi.

-Exatamente.

Ficamos abraçados por um bom tempo. Eu estava pensativo. Então era esse o problema: a saudade. Eu também iria sentir muitas saudades dela, mas do que já sentia. Sei muito bem o que sentir falta demais de uma pessoa pode fazer. A pessoa fica triste, sem ânimo. O pior é que esse sentimento demora pra passar. Precisava tomar uma atitude, afinal ela é a mulher da minha vida.

-Bill – ela disse – Se importa se fosse embora? Eu preciso ficar um pouco sozinha.

-Claro, amor – beijei sua testa – qualquer coisa é só me chamar, ok?

-Ok. Tchau.

Gabriele entrou em seu apartamento e trancou a porta. Queria estar do lado de dentro para poder consolá-la.

Até me esqueci de Tom, que estava de carona comigo. Onde será que ele e Dandara estavam? Sorri comigo mesmo pensando que provavelmente meu irmão já devia ter dado em cima dela. Ele nunca vai mudar.

Quando estava passando pela recepção indo em direção a saída, tive uma ideia. Pedi para aquele baixinho de uniforme estranho um papel e uma caneta e escrevi uma carta.

Voltei ao apartamento dela e enfiei o papel por debaixo da porta. Preferi não chamá-la, pois ela mesma disse que queria ficar sozinha.

Como eu já disse, Gabi é a mulher da minha vida e precisava tomar uma atitude. E ela já estava tomada. Só que essa decisão que acabara de tomar, não iria agradar nem um pouco os caras da banda. Nem um pouco...

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