Doomed Sun escrita por Meel_Bear


Capítulo 9
Ichigo cai! O apagar da luz da lua.




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Em uma espécie de salão vozes roucas ecoavam insatisfeitas e murmurando xingamentos enquanto discutiam sobre a atual situação. O lugar não poderia ser qualificado como maravilhosamente belo, estava longe disso. Porém a luminosidade proporcionada pelos castiçais espalhados nas extremidades e teto do lugar faziam com que não ficasse totalmente imerso na escuridão que a falta de janelas ou portas proporcionaria.

- Mas que infernos estamos a fazer aqui? – Uma voz vociferou se sobressaindo das outras – Temos problemas a administrar!
- Sim, temos. Onde afinal está quem quis esta reunião?

E novamente, murmúrios e praguejos começaram voltando a ecoar pelo grande salão. Ouviu-se um ruído esganiçado vindo da entrada do lugar, onde se encontrava uma grande porta de madeira opaca que agora se abria lentamente.

- Senhores, por favor. – A voz chamou a atenção de todos naquele recinto – Paciência é uma virtude.

Todos encaram quem estava na porta, que agora ia em direção ao tipo de mesa feita de predaria não polida em que todos estavam sentados. Suas vozes foram bruscamente interrompidas e apenas o encaravam enquanto se movimentava pelo salão.

- Pelo quê nos chama aqui, Kurochimei?
- Creio ter a solução para seus problemas, meus caros.
- E esta seria?

Um sorriso presunçoso se formou nos lábios machucados e rachados de Kurochimei enquanto seus olhos Vermelho-prateados reluziram com a luz das chamas proporcionada pelas velas.

- Creio que lembram-se de Jygalehall, quem selecionei precisamente para que nos ajudasse com a questão de nossos problemas.
- Sim, lembramos. –
Um Scrapjer com uma aparência mais velha se pronunciou. Suas órbitas eram envoltas por um negro opaco, não contendo íris – Inclusive, foi este teu selecionado que acabou por não nos trazer solução alguma Kurochimei.
- Tenho consciência disso meu caro Hyuukhu, porém já não dependo mais da incompetência daquele verme. Sua última solução foi o suficiente para eu mesmo decidir como agirei.
- Estamos ouvindo.
- Há alguns dias atrás, um de nós atacou uma cidade chamada Karakura em busca de alimento. –
Começou, enquanto voltava a perambular pela sala – Sua força havia triplicado já que tinha conseguido alimentar-se de hollows de alto nível, porém enquanto se alimentava, foi interceptado por um fantasma de manto negro que empunhava uma espada do tamanho de seu corpo de cabelo laranjado.
- Fantasmas negros?! –
Um dos primeiros grunhiu interrompendo-o – O que aqueles malditos tem a ver com esta história Kurochimei?
- Este era diferente, meu caro. Embora tivesse poder o suficiente para lutar em pé de igualdade contra um Scrapjer de alto nível que lhe desferia golpes mentais, não parecia possuir o título de capitão, nem a experiência de um. E também não parecia ter conhecimento sobre nós.
- O que quer dizer com isto?
- Que podemos voltar ao auge, nossa ascenção ao poder está próxima! –
Disse a plenos pulmões
- E como sugere que obtenhamos o poder deste homem? – Tyarh, um dos primeiros perguntou – Se está dizendo que ele possui tanto poder assim, será impossível dominá-lo do jeito que nos encontramos agora.
- Não Tyarh, não será. Kurosaki Ichigo está com problemas devido às diversas investidas psíquicas que lhe foram desferidas pelo Scrapjer que lhe atacou. Sua mente está no controle de Jygalehall e seu corpo está fraquejando.
- Isso significaria que temos uma chance.
- Sim senhores, porém, isto não é o bastante. –
Kurochimei foi até a extremidade da mesa e se apoiou na mesma – Agora que Kurosaki Ichigo tem conhecimento sobre nós, estará mais cauteloso. E mesmo que esteja fora de combate, ainda tem quem o proteja. Este será o poblema.
- De que proteção estaríamos falando?
- Urahara Kisuke e toda Soul Society estão de olho nele.
- Urahara Kisuke?! –
Exclamou Hyuukhu surpreso – Isto está fora de nosso alcance, o que tem em sua cabeça Kurochimei? Seu cérebro caiu e esqueceu de colocá-lo novamente?
- Não seja precipitado meu caro. Conheço suas fraquezas e que momentos poderemos emboscá-lo.
- Espero que sejam realmente um conhecimento útil Kurochimei, porque caso algo dê errado esse será nosso passe para a extinção completa!
- Não se preocupem, eu sei bem o que fazer. E tenho um plano que deverá dar certo, e caso venha a dar errado... Tenho um triunfo na manga.
          - Qual seria este?

O sorriso de Kurochimei se intensificou, formando algo macabro e seus olhos voltaram a reluzir.

- Creio que lembram-se bem, do clã Kuchiki... Não é meus caros?

Urros de fúria ecoaram pelo salão, enquanto os praguejos voltavam novamente.

- Aquela escória está envolvida com Kurosaki Ichigo também? – Gathyr vociferou, trincando os dentes.
- Uma mulher do clã está cuidando da proteção e do próprio Kurosaki Ichigo, e parecem ter uma certa ligação. E além de tudo, ele tem este insensato desejo de proteger todos a sua volta, e sem poder para fazê-lo tenho certeza que se o acurralarmos pelas voltas, virá para nossas garras de boa vontade.
- E caso este plano dê errado?
- Então, apelaremos para seus laços afetivos com Kuchiki Rukia... O que também nos proporcionará vingança pelo que aqueles vermes nos fizeram.

O salão já não estava mais cheio de grunhidos e sim de urros de satisfação. O sorriso presunçoso e arrepiante de Kurochimei ainda permanecia em seu rosto. Arquitetava o momento certo de agir, e já sabia por onde começaria.

- Quando colocaremos teu plano em ação, Kurochimei? – Tyrh perguntou atraindo a atenção do Scrapjer primordial a sua frente
- O quanto antes... Creio que já sei exatamente como faremos.

Kurochimei começou a explicar para todos qual seria sua lógica de pensamento e como colocaria o plano em prática. Nem Ichigo nem mesmo a Soul Society sabia o que os esperava. Mas de uma coisa se poderia ter certeza... Outra guerra acabara de começar.

.

Havia se passado 4 dias após o acontecimento na casa da Inoue, e ela fora ficar com Tatsuki em sua casa. Para sua segurança, todos pediram para que ela não saísse para muitos lugares e que permanecesse mais em casa, pois não sabiam qual seria o próximo movimento dos Scrapjers.

Tatsuki tinha saído para comprar algumas coisas, já que não queria que Inoue saísse pelas recomendações que foram dadas. A garota estava sentada na cama há algum tempo, sem alguma reação. Sentia sua cabeça pesar e vários enjôos seguidos, se ela não tivesse se sentado na cama, com certeza tombaria no chão.
Inoue ofegava enquanto sentia o suor frio lhe descer pela nuca, seus movimentos estavam lentos e sua cabeça parecia que poderia explodir a qualquer momento.
E foi quando uma dor mais forte lhe atingiu, fazendo com que um silvo atormentado de dor lhe escapasse pelos lábios, logo substítuido por mais outros a medida que a dor se intensificada e começava a se repetir constantemente.

Naquele momento, flashes passavam em sua mente como raios. Seus pais uma hora sorrindo, outrora mortos a sua frente. Seu irmão brincando e a abraçando, e logo depois se tornando um terrível monstro com uma máscara branca grunhindo.

- Não... – Gemia entre soluços – Eu não quero... Eu não quero lembrar disso! Faça parar – suplicou – Faça parar!

Todas suas memórias começaram a vir como tiros, Ichigo sendo morto, se transformando e machucando Ishida, seus amigos morrendo, sua família sumindo. A solidão estava a atacando e a consumindo como daquelas outras vezes. Então sentiu um calafrio e algo como um choque terrível lhe atravessar a cabeça, o que a fez levantar da cama de supetão e berrar alto pela dor que estava lhe destruindo os pensamentos.

A garota foi ao chão, e seus olhos perderam o brilho se tornando completamente opacos e sem vida.

Por longos minutos, Inoue permaneceu deitada no chão sem fazer movimento algum. Mas com um lento movimento de seus braços, levantou-se enquanto se apoiava nos móveis ao seu redor. Andou debilmente pela casa e saiu do quarto, seu rosto escondido pela franja.

A voz de Tatsuki ressonou pela casa chamando-a pelo seu nome, ela tinha acabado de chegar e ouvira os ruídos no quarto. Ela viu Orihime ao lado da porta do quarto enquanto subia as escadas.

- Orihime? – perguntou com a voz preocupada – Está tudo bem? Você está pálida.

A garota não se moveu, seu olhar baixo ainda escondido e sua boca sem emitir um som sequer. Tatsuki chegou ao final da escada e voltou a chamar a amiga que dessa vez, reagiu.

- Ta..Tsuki... – Disse compassadamente
- Sim, o que foi?
- Eu... – Ela se aproximou de Tatsuki e colocou a cabeça sobre o peito da amiga – Estou com medo... Estou com medo...
- Ei ei, o que está acontecendo com você? Medo do quê? – Tatsuki perguntava atordoada – Orihime, você está chorando?

Ela se calou novamente, sem responder as perguntas que Tatsuki lhe fez, deixando-a mais desesperada sem saber o que fazer. Ela tentou falar com Orihime mais uma vez, só que a garota não deu sinal de se mover, nem seus soluços ela ouvira mais.

- Orihime?

A garota por fim, levantou sua cabeça mostrando seus olhos que antes acinzentados... Agora sua íria estava apenas invadida por um negro macabro. Tatsuki paralisou ao perceber que além dos olhos negros de Inoue, o que escorria pela sua face não eram lágrimas.

Era sangue.

Ela deu um passo vacilante para trás, se afastando de Inoue. Esta estendeu a mão para Tatsuki que não teve reação diferente de se não afastar-se mais da garota.

- O que.. é você? – perguntou amedrontada
- Sou sua amiga... Tatsuki-chan... – Inoue disse, mas sua voz estava diferente, parecia dupla e rouca – Somos amigas, não somos?
- Você não é a Orihime! – berrou – Devolva-a!
- Não somos amigas? – A garota perguntou pendendo um pouco a cabeça para o lado, fazendo com que o sangue seguisse o trajeto – Você vai me deixar sozinha?
- Fique longe – disse tremendo – Fique longe de mim!
- Você está me machucando... Tatsuki-chan. – Inoue disse se aproximando mais da garota – Eu vou ter que te punir por isso, Tatsuki-chan.

Inoue empurrou Tatsuki para trás, o que a fez perceber que estava bem no topo na escada. A garota olhou para a amiga que a olhava cair com um sorriso macabro no rosto manchado pelo sangue. Tatsuki rolou escada abaixo logo alcançando o chão desacordada e cheia de machucados. Inoue desceu lentamente, e logo que chegou em baixo olhou ao seu redor, a casa e as coisas que ali se encontravam. Logo depois fixou seu olhar sobre a garota estirada no chão que não se movia, e sentiu algo quente lhe descer pelo rosto...

Desta vez, uma lágrima solitária descia pelo rosto da garota enquanto se misturava com o sangue. Ela não demonstrou mais sentimento algum e apenas se movimentou pela casa chegando perto de uma escrivaninha onde haviam vários objetos, e dentre estes fotos. Observou uma em especial, em que Tatsuki sorria enquanto puxava o cabelo de Ichigo que fazia uma careta de raiva com dor, e ao lado dessa cômica situação uma ruiva sorridente agarrando uma pequena garota morena de olhos azuis que sorria divertida. Inoue pegou o porta retrato e trouxe para perto e o fitou mais fixamente o rosto da pequena shinigami na foto.

- Kuchiki... Rukia..

Diversos flashes passaram, e um parou em sua mente. A pequena shinigami sorrindo para Ichigo que tinha uma expressão chateada em sua face, mas que ainda demonstrava felicidade pelo sorriso leve de canto. Ela observou o sorriso da shinigami, que era o mesmo que ela apresentava na foto, e logo olhou para onde ela estava. O lugar que Inoue desejava estar mas nunca estaria.

Ao lado de Ichigo o fazendo feliz.

Inoue ainda encarava o rosto de Rukia na foto, com seu olhar vago e perdido. Algo ruim reagiu dentro dela, um pensamento ruim ao lembrar-se de tudo o que ela não teria e que facilmente, Rukia parecia conseguir.

A garota voltou o porta retrato ao lugar, e virou-se para Tatsuki que ainda estava no chão, mas esta se mexeu vagarosamente, enquanto abria os olhos confusos e inundados pela dor que encontraram a imagem distorcida de Inoue a olhando.

- Ori..hime.. – gemeu

Mas a única coisa que aconteceu após, foi ela ver o vulto sair pela porta e tudo apagar-se de vez.

.

Rukia abriu os olhos e levantou-se rapidamente de onde estava deitada. Olhou em volta e constatou que estava na sala, lembrando-se que devia ter cochilado no sofá. Colocou a mão no rosto e soltou um pesaroso suspiro.

- O que foi essa sensação ruim que eu senti agora?

Ela se levantou e foi em direção á cozinha em busca de um copo d’agua. Assim que adentrou no lugar, deparou-se com Ichigo escorado na mesa sobre um livro ressonando levemente.

Ela revirou os olhos e foi até o garoto, o cutucando.

- Ei, Ichigo. Acorde! – chamou – Você vai acabar tendo dor no pescoço se ficar dormindo assim.

Ele resmungou alguma coisa e cerrou os olhos, logo após os abrindo.

- Mas que diabos. – resmungou enquanto coçava um dos olhos ainda pesados – Eu acabei dormindo
- Isso prova o quanto a leitura estava interessante huh? – Rukia disse enquanto enchia o conteúdo do copo com o líquido cristalino – Ei, você falou com a Inoue hoje?
- Liguei pra Tatsuki mais cedo – respondeu se levantando e se esticando – Ela disse que estava tudo bem, só que a Inoue continua tendo dores de cabeça contínuas.
- Isso está me preocupando. Ainda mais porque ela olhou nos olhos do Scrapjer.
- Vai ficar tudo bem Rukia, pare de se preocupar um pouco.
- Claro – ela tornou a rolar os olhos – Porque ninguém está em perigo não é?
- Olha, você me mandou não pirar por isso... Não estou pirando. Seria bom se fizesse o mesmo.
- Não estou pirando! – Rukia contestou irritada enquanto saía da cozinha com Ichigo – Só estou preocupada. A situação é demasiada delicada.
- O que está te deixando tão paranóica agora?
- Eu não sei! Eu só tive uma sensação ruim depois de acordar.
- Deve ter sonhado com o Byakuya, isso realmente seria motivo para arrepios.
- Ichigo, porque você não vai se...
- Tá tá, já entendi. Leva as coisas mais na esportiva anã.
- Que seja, poste ambulante.
- Onde está sua família?
- O velho saiu com as garotas, foram contra gosto é claro.

Os dois se calaram e assim permaneceram. Aquilo estava muito comum entre os dois, e claramente incomodava. Se andavam alfinetando mais que o normal, mas Rukia estava pesarosa porque na maioria das vezes ela que começava as discussões entre os dois, e aquele não era o momento de brigas bobas.

- Desculpe. – sussurrou
- O que?
- ... Nada, esqueça.

Ichigo arqueou a sobrancelha e suspirou. Rukia andava estranha, e ele estavam sim preocupado com as coisas, mas ele piraria e acabaria levando Rukia junto se deixasse se levar por tudo o que sente e por tudo o que sonha.

Os devaneios de ambos foram cortados pelo barulho agudo do telefone e ecoou por toda a casa, se tornando algo irritante. Ichigo dirigiu-se resmungando ao aparelho e o levou ao ouvido rapidamente.

- Alô?
- Kurosaki? – Ichigo reconheceu a voz de Ishida – Onde infernos você está?
- Na esbórnia seu imbecil. – Ichigo bufou – Em casa claro, onde mais estaria a essa hora da noite?
- Seria ótimo se você deixasse as brincadeiras de lado agora. Precisamos de ajuda!
- Ei ei, o que houve? – Ichigo fitou Rukia que o olhava tensa – Por que você está desesperado?
- A Tatsuki caiu da escada, e a Inoue-san desapareceu!

Ichigo petrificou no lugar. Sua voz lhe faltou e sua mente falhou.

- O.. O que?
- Ichigo, o que aconteceu? – Rukia perguntou preocupada
- Como assim a Tatsuki caiu da escada? – Ichigo disse exasperado, fazendo com que Rukia arregalasse os olhos – Como ela está?!
- Estamos a levando pro hospital do meu pai, ela estava em más condições e mesmo inconsciente gemia o nome da Inoue-san. Vocês tem que procurá-la!
- Tá tá! Mas por onde devemos começar inferno?
- Como eu vou saber? – Ishida perguntou transtornado – Eu não faço idéia do que aconteceu!
- Que seja! Eu vou procurá-la. – Ichigo vociferou desligando o telefone e soltando um xingamento alto
- Ichigo! – Rukia lhe chamou a atenção – O que aconteceu?
- A Inoue sumiu! 
- O QUÊ?
- Temos que achá-la.
- Você não pode ir Ichigo, não está em condições pra isso.
- Pro inferno com minhas condições! – esbravejou completamente transtornado – Isso tudo é minha culpa. Precisamos ir, e rápido.

Rukia olhou para o rosto torturado de Ichigo, e tinha certeza que nada que dissesse mudaria a mente do rapaz. Apenas suspirou e assentiu.

Eles precisavam encontrar Inoue, e precisavam o quando antes.

.

Rukia e Ichigo corriam pela cidade em suas formas de shinigami atentos a todos lugares que passavam. Ichigo as vezes sentia uma leve vertigem mas não demonstrava, caso contrário Rukia o importunaria novamente para que voltasse para casa.

Ambos pararam quando sentiram a reiatsu da amiga, mas tinha algo errado. Eles sentiam de lados diferentes.

- Isso está estranho. – Ele disse desconfiado
- Com certeza é uma armadilha. Devem estar usando Inoue para chegar em você.
- O que fazemos então?
- Escolhemos um caminho pra seguir.
- Isto vai demorar muito caso seja o errado!
- O que sugere então?
- Vamos nos separar.

Rukia olhou para Ichigo como se ele fosse retardado, e ele estava sendo.

- Acho que você não entendeu, é uma armadilha Ichigo! Como infernos quer ir sozinho?
- Indo oras.
- Isso é suicídio! Você vai se entregar praticamente em uma bandeja de prata para eles!
- Precisamos ir atrás da Inoue Rukia!
- Eu sei! Mas nos separar é arriscado demais.
- Eu já disse isso uma vez, e você não me escutou!
- Aquela situação era diferente! – Rukia argumentou na defensiva – Não havia o risco que há agora!
- Não? Então porque eu senti sua reiatsu diminuir? – Ichigo voltou a discutir – Vai me dizer que não passou por apuros?
- Aquilo não importa mais, já passou e ficou tudo bem! Essa situação é mais perigosa e delicada, não podemos simplesmente nos separar.
- Eu não quero que você vá Rukia!
- Por que? Você por acaso está querendo morrer?
- Não!
- Então o quê?
- Eu não quero que você morra!

Rukia ia contestar Ichigo novamente, mas seu deu conta do que ele havia acabado de falar.

- Que eu morra.. Mas do que você está falando?
- Você não entendeu? Isso não se trata mais apenas de mim! – Disse novamente atordoado – É perigoso para nós dois.
- Será pior se nos separarmos!

Ichigo estava prestes a por um fim nesta discussão.. Quando sentiu a reiatsu de Inoue diminuir consideravelmente. Olhou sem reação pelo caminho de que sentira o que havia acontecido.

- Vamos – Rukia chamou e começou a correr.

Ichigo apenas a seguiu, aquela discussão havia acabado e novamente, quem havia ganhado fora ela. Eles chegaram o mais rápido possível a um tipo de praça mais no centro da cidade, onde havia algumas árvores e um lugar com uma fonte a alguns bancos ao redor. Inoue estava sentada de costas para eles em um destes bancos, sem se mover.

- Inoue! – Ichigo a chamou – Que bom que te encontramos.

Ichigo e Rukia se aproximaram da garota, que sem nada dizer virou a cabeça e os encarou... Os fazendo parar exatamente onde estavam.

- Inoue.. O que...

Ichigo e Rukia olharam para os olhos sem vida e negros de Inoue, e sua face manchada de sangue que não expressava nenhuma reação. Um calafrio passou pela espinha de Rukia o que a fez soltar um ofego de surpresa.

- O que.. aconteceu com você? – perguntou assustada
- Kurosaki-kun – chamou se levantando e ficando de frente para eles – Kurosaki-kun

Ichigo estava sem reação enquanto ainda olhava para Inoue, esta desviou o olhar para Rukia que estava ao seu lado, com o olhar igualmente assustado.

- Kuchiki-san... Denovo. – Novas lágrimas começaram a se formar nos olhos da garota – Você denovo.
- O que?
- Eu queria.. Que ele viesse sozinho. – Inoue disse com sua voz morta encarando Rukia – Sozinho.
- Do que você está falando?
- Por que você faz isso? – Inoue perguntou fazendo uma expressão frustada – Por que você sempre está com ele, por que está o fazendo feliz e eu não consigo?

Rukia estava confusa enquanto ouvia o monólogo de Inoue, Ichigo agora também estava confuso com a situação. Estaria Inoue... Com raiva de Rukia?

- Por que você tem que ser tão perfeita, Kuchiki-san? – A garota perguntou novamente, com soluços misturados com sua voz raivosa – Eu nunca vou conseguir por sua culpa Kuchiki-san, é por sua causa que eu nunca vou conseguir!
- Conseguir o que Inoue? – Rukia perguntou já perdida
- Vá embora! VÁ EMBORA! – a garota vociferou com sua voz dupla  assustado Ichigo e Rukia que acabaram por se afastar
- Inoue... O que eu fiz? – Rukia perguntou – Por que está com raiva de mim?
- Kurosaki-kun.. – A garota soluçou - Kurosaki-kun!
- Inoue...

A garota colocou as mãos na cabeça e soltou um berro estridente de dor, quando aquela dor eletrificante lhe atravessou a cabeça novamente. Acabou por cair sobre seus joelhos e ficar como estava gemendo e chorando de dor. Rukia que estava sem reação obrigou suas pernas a se mexerem e correu até a amiga que estava quase escorada no chão em meio a berros de dor.

- Inoue ! – Rukia berrou chegando a ela e tentando ampará-la – Pare de chorar, vai passar! Vai ficar tudo bem!
- Não, não! Vá embora! – a garota disse entre gemidos – Eu não quero, eu estou com medo!
- Não fique! Eu estou aqui. Somos amigas, lembra? – Rukia tentou novamente de joelhos na frente da ruiva – Não deixe isso te controlar!
- Não! – Berrou chorando – Eu não quero ficar sozinha!
- Eu estou aqui – Rukia envolveu a garota que soluçava – Estou com você, você não está sozinha! Vamos, não deixe que essas coisas se apoderem de você.

Ichigo observava tudo de longe, e finalmente recobrou a consciência se dando conta da situação. Correu até as duas querendo ajudar, mas tinha alguma coisa errada. Parou no meio do caminho e sentiu a vertigem voltar. Tinha algo errado, ele sentia algo errado.

Inoue soltou mais um berro de dor agarrando fortemente sua cabeça. E Rukia já não sabia mais o que fazer, e foi quando escutou um baque surdo na grama e olhou para trás. Ichigo também se contorcia de dor.

- Merda! – praguejou olhando novamente para a garota envolta em seus braços – Estão vindo!

Ichigo se juntou a Inoue e também gritou. Rukia em um movimento rápido chegou a Ichigo com Inoue e ficou junto aos dois que se contorciam de dor. Ela sabia que aquilo não era normal. Estavam realmente usando Inoue para chegarem aos dois, e se aproveitaram de que ela tinha acabado por olhar nos olhos do Scrapjer que a atacou. E naquele momento, ela sabia que estavam mexendo com a mente dos dois.

- Eu não posso deixar. – Ela disse a si mesmo – Vamos Rukia, pense inferno!

Ela olhou para os lados, já imersa em desespero. Onde estava Urahara quando ela tanto precisava dele? E foi quando os gritos de Ichigo e Inoue cessaram, completamente. Ela olhou pros dois, exasperada. Inoue tinha os olhos fechados, e não se movia. Provavelmente estaria inconsciente, e Ichigo ofegava com os olhos arregalados. Rukia sentiu uma reiatsu esmagadora se aproximando, e levantou-se rapidamente colocando sua mão no cabo de sua espada já em posição de ataque, olhando para os lados alerta.

- Rukia? – Ichigo chamou quando começava a controlar a respiração – Rukia, vá embora.
- Cale a boca. – Ela ordenou com a voz desesperada – Eu não vou deixar vocês dois aqui.
- Eu não falei de mim! – Ele disse tentando se levantar – Pegue Inoue e saia daqui!
- Eu já mandei calar a boca, porque quem vai fazer isso é você!
- O quê?
- Levante-se daí e leve Inoue pra longe daqui, eu vou segurá-los e você vai até o Urahara.
- Você está maluca? – Perguntou irritado e confuso – Não vou te deixar lutar sozinha contra essas coisas. Estão atrás de mim!
- É esse o problema, estão atrás de você, e se conseguirem vai ser uma catástrofe. Saia daqui.
- Não!
- Vai logo Ichigo!
- Eu já disse que não!

E foi quando uma reiatsu realmente esmagadora, chegou ao lugar onde estavam. Rukia parou de discutir com Ichigo e voltou seu olhar para o seu redor, completamente alerta e temerosa pelo que estava por vir.

- Ora ora ora, acho  que encontramos algumas ovelhas perdidas.
- Isso é ótimo, nem nos tomou muito tempo. Humanos são tão previsíveis

Rukia paralisou ao ouvir as vozes roucas e tentou encontrar o lugar de onde elas vinham. Ela sabia que estavam distantes, mas se aproximando. Ichigo também olhava para os lados tentando captar alguma coisa, só que o latejamento de sua cabeça continuava o deixando zonzo.

- Estou falando sério Ichigo – Ela disse com uma voz firme apertando mais sua espada – Vá embora e leve Inoue com você!
- Você só pode estar brincando com a minha cara! Como pretende lutar contra uma coisa que nem poder encarar você pode?
- Não me subestime seu imbecil! Eu sei me cuidar.
- Mas..
- VÁ LOGO. – Ela rugiu – Apenas confie em mim.

Ichigo se calou. Ele sentiu o desespero na voz de Rukia, e ele não ouvira aquele tom muitas vezes desde que conhecera a shinigami. Com muita dificuldade, ele se pôs de pé e colocou a Ruiva desacordada no colo.
Ele ainda olhava a pequena Shinigami alerta e encarando os lados pesaroso. Seu receio era grande e ele tinha certeza que Rukia teria problemas, mas ele teve que confiar em suas palavras, afinal... Ela sempre cumpriu com o que dizia.

Ichigo se pôs a correr para longe, o mais rápido que suas pernas deixavam. Olhou de relance para trás vendo a imagem da shinigami se afastando cada vez mais.

Ele tinha que confiar nela.

Rukia continuava alerta, agora mais aliviada por Ichigo finalmente tê-la ouvido e ido embora. Pelo menos ela daria algum tempo a ele para ir para um lugar seguro. Ela se moveu lentamente olhando para os lados, mas não via nem voltara a ouvir nada. Estariam eles a observando? Procurando o melhor momento para atacar? Quem sabe talvez não estivessem decidindo que parte primeiro da Shinigami arrancariam. Rukia engoliu em seco e tentou se concentrar, quando as pessoas estão desesperadas... Elas costumam dispersar.

“Desesperada?” Pensou “É.. Pareço desesperada. Hm... Esse sentimento é um pouco familiar.”

E em um flash rápido, ela lembrou-se de um dia chuvoso em que corria... E voltava, apenas para presenciar a morte do homem que admirava. Apenas para matá-lo com suas próprias mãos.

- Não dessa vez – murmurou – Eu não vou fugir dessa vez.
- Devia repensar suas atitudes, mulher. – Rukia foi surpreendida pela voz novamente que agora já se encontrava perto... Perto demais.

Fechou os olhos de imediato, evitando qualquer contato e apenas se concentrado no que ouviu ao seu redor. Já sabia que estavam ali.

- Como planeja fazer alguma coisa ás cegas? – O Scrapjer riu debochado – Não vai ser tão divertido te matar se você não estiver vendo.
-
Quem vocês vão matar? – Ela provocou
- Oh, você parece bem confiante não é mesmo, Kuchiki Rukia? – O outro Scrapjer pronunciou-se

Agora foi a vez de Rukia rir.

- Talvez. Não sabem a confiança que tenho que pisarei em suas cabeças.

Rukia ouviu um leve rosnado, e um movimento na grama. Sorriu novamente e virou-se para onde o som vinha.

- Some no mai: Tsukishiro!

E abaixo de onde os Scrapjers se encontravam, um grande pilar de gelo brotou indo aos céus.

Rukia ouviu as rachaduras do pilar fazendo com que ele se quebrasse, e por um breve momento pensou que poderia ter ganho. Mas este pensamento fora quebrado pelo riso escandaloso e grotesco que um Scrapjer deu.

- Magnífico! Pensei que era só uma fracote que não nos tomaria muito tempo. Mas vou adorar sugar até a ultima gota desse poder, Kuchiki miserável.
-
Venha tentar. – Ela voltou a provocar – Você vai engolí-lo, só que de uma forma bem diferente.

Klandjar, o outro Scrapjer se moveu rapidamente para cima de Rukia que leu seus movimentos pelo barulho que ele fez ao se mover. Quando atacou, Rukia defenddu-se do ataque e contra atacou, mas como ele conseguiu perceber antes que o ataque lhe atingisse desviou se movendo para longe.

- Está lendo meus movimentos? – Klandjar perguntou surpreso, mas um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios destruídos – Sei agora porque foi indicada para a proteção de Kurosaki Ichigo.
- E falando nisso.. Onde ele está, Kuchiki Rukia?
-
Vão ter que me partir ao meio se quiserem descobrir.
- É um desafio? – Rukia ouviu um grunhido de satisfação – Ótimo, veremos do que é capaz shinigami.

E os dois Scrapjers atacaram Rukia, que desviava e lhes desferia ataques com habilidade, mesmo com seus olhos fechados. Porém mesmo não demonstrando a shinigami sentia certa dificuldade, já que algumas vezes acabava sendo atingida. Os Scrapjers eram tão habilidosos quanto inteligentes, e facilmente desviavam-se de seus ataques, mas ainda sim ela as vezes sentia que sua lâmina os atingia. A shinigami tentava arquietar algum plano para conseguir realmente atingí-los, mas era realmente complicado identificar seu inimigo apenas pelo som e lhe desferir ataques enquanto você ainda tem que pensar em um plano.

Rukia decidiu se concentrar e sentir o ar ao seu redor. Quando um ataque vinha o vento mudava alguns segundos antes, o que poderia bem ajudá-la a identificá-los. E seus ataques eram diretos e fatais pela direção onde eram investidos, ela entendeu rapidamente que eles dividiam as ações entre eles. O primeiro tentava atordoá-la, e enquanto ela estivesse ocupada com ele o outro a atingiria.

Mas talvez, eles não fossem tão inteligentes quanto pareciam.

Rukia desviou novamente de um ataque mas acabara recebendo um corte nas costas. Se moveu rapidamente indo para longe deles, enquanto ouvia seus risos de satisfação.

- Você realmente está nos dando trabalho Kuchiki Rukia. – Trandler, o outro Scrapjer disse – Mas está mais do que na hora que essa brincadeira de cabra cega acabe não é mesmo?
-
Certamente. – Rukia se posicionou – Quando quiserem.

Rukia ouviu o mexer da grama e o vento mudando, o ataque estava vindo. Foi quando ela ouviu atrás de si um ruído e pulou para cima evitando com que as garras de Klandjer a partissem no meio, e em questão de segundos, Trandler que vinha a atacar acabou recebendo o ataque do outro, ganhando um grande rombo em seu tórax já machucado anteriormente.

O Scrapjer grunhiu de dor enquanto se afastava e o sangue negro e fétido escorria pela enorme ferida. Rukia não perdeu tempo e se afastou rapidamente dos dois, indo mais para perto da vegetação.

Klandjer olhou para Trandler e soltou um rugido de raiva ensurecedor.

- Sua vadia! Já estou de saco cheio de seus truquezinhos.
-
Eles não acabam ainda, quer continuar tentando?

Um rosnado explodiu da garganta do Scrapjer e ele se posicionou e ensandecido, atacou Rukia frontalmente.

- MORRA SHINIGAMI!

Rukia sorriu, ele estava sendo estúpido fazendo aquilo

- Tsugi no mai: Hakuren!

E então, uma onda de gelo saiu da espada da shinigami e atingiu o Scrapjer, o congelando completamente em uma prisão eterna de gelo.

- Humpf. – resmungou irritada – Não acredito que essas coisas sejam tão estúpidas.

Ela olhou para Trandler, que ainda grunhia de dor com as mãos no lugar de onde jorrava aquele sangue negro. Rukia chegou perto e torceu o nariz para o cheiro fétido. Ela apontou a Sode para o Scrapjer e ordenou que ele olhasse para ela.

- Você. – chamou – Quantos de você existem?
- É impossível contar.
-
Quem está lhe dando ordens?
- Eu não direi
-
Vou dizer denovo, quem está lhe dando ordens?
- Me mande para o inferno, Kuchiki vadia!

Rukia perdeu a paciência e cravou sode no braço do Scrapjer, o que o fez grunhir mais alto.

- Quem está atrás de Ichigo!? – Berrou já sentindo seu sangue ferver.

O Scrapjer riu, o que fez Rukia erguer a sobrancelha.

- Deveria prestar atenção ao seu redor, não?

Rukia ainda não havia entendido, mas um barulho fino lhe fez entender rapidamente.

Mas não rápido o suficiente.

E foi nessa hora, que Klandjer que havia escapado se sua prisão de gelo... Perfurou o tórax de Rukia com suas garras pontiagudas. Rukia pega de surpresa, cuspiu sangue.

- E isto é só o começo, maldita.

Longe dali, Ichigo chegou a loja de Uharara ofegante e abriu a porta de uma vez com o pé enquanto segurava Inoue.

- Urahara! – Gritou, assustando Urahara, Ururu, Jinta e Tessai que estavam arrumando a loja.
- Wow, Kurosaki-san! – Ele olhou Orihime desacordada os braços de Ichigo – O que aconteceu?
- Scrapjers – Ele ofegou – Scrapjers estão atacando!
- O quê? Quando?
- Agora pouco!
- Onde está a Kuchiki-san?
- A Rukia está...

A fala de Ichigo foi interrompida por algo que tirou completamente o resto de seu fôlego. Algo que sentiu outra vez, algo que fez seu coração ficar repleto de aflição. Se virou repentinamente e olhou para a direção onde sentira que a reiatsu de Rukia havia enfraquecido terrivelmente.

- Ru... kia..
- Kurosaki-san?
- Urahara, cuide da Inoue – Ele colocou a garota no chão e se virou para sair correndo novamente
- O quê... Espere Kurosaki-san, você não pode ir sozinho!

Urahara falou com o vento, Ichigo já tinha partido a toda velocidade. Sua mente repleta de coisas ruins e o medo aflingindo seu coração.

- Olhe Klandjer – Trandler disse rindo – Ela não parece tão corajosa agora!.

Rukia estava repleta de cortes. Seu kimono negro estava completamente rasgado deixando apenas as bandagens aparecendo, e em todo lugar em que a pele da Shinigami aparecia havia marcas arroxeadas ou machucados em que sangue escorria. Ela ofegava enquanto estava escorada ao chão.

- Nossa vez do interrogatório agora – Trandler disse levantando a cabeça de Rukia agarrando seus cabelos – Onde está Kurosaki Ichigo?

Ela não respondeu

- Onde está Kurosaki Ichigo?!
-
Vá a merda. – Ela disse cuspindo na cara de Trandler, que grunhiu socando o rosto da shinigami a fazendo voar alguns metros e cuspir mais sangue.
- Estou perdendo a paciência que não tenho com essa vadia!
- Acalme-se Trandler –
Klandjer disse parando Trandler de avançar mais em Rukia – Ela não vai nos falar nada, isso é óbvio.
- O que planeja então?
- Mesmo estando assim.. –
Klandjer disse passando a língua em seus lábios – Ela parece deliciosa.
- Hm, o poder dela realmente cheira bem.
- Está decidido então. –
Klandjer foi até Rukia e a levantou pelo pescoço, suspendendo-a no ar – Vamos provar de seu ego.

Rukia se debatia e tentava se livra da mão gelada do Scrapjer. Se ao menos tivesse sua espada em mãos...
Ela olhou de canto de olho com dificuldade pelo sangue que escorria sobre sua testa e caia em seus olhos para a sua espada que estava partida no chão há alguns metros dela. O que faria agora? Não tinha escapatória, agora realmente morreria, ela tinha certeza disso.

“Pelo menos... Consegui que Ichigo se salvasse”

Então, ela sentiu uma dor aguda em sua barriga. Trandler havia cravado sua mandíbula na barriga dela, fazendo com que soltasse um gemido alto de dor.

- Delícia! – Disse deliciado enquanto lambia os beiços lambuzados com o sangue da Shinigami

Klandjer que estava segurando-a, trouxe-a mais para perto e cravou seus dentes nos ombros desnudos de Rukia, o que a fez gritar mais enquanto ele sugava seu poder.

Ele parou de mordê-la e sorriu macrabamente. Rukia havia negligenciado e acabou abrindo seus olhos quando estava interrogando Trandler, o que a fez virar um alvo fácil quando acabou encarando os olhos de Klandjer que a atacou. Ela agora estava atordoada pela dor de cabeça e pela reiatsu que estava sendo sugada aos poucos pelos dois. Mesmo sem forças, ela tentava se desvencilhar do aperto de Klandjer. Mas era inútil.

Era o fim, e ela só queria que acabasse logo.

Mas não foi a morte que veio.

- GETSUGA TENSHOU.

Uma lâminha semelhante a uma meia lua negro avermelhada passou e acertou o braço de Klandjer, que for arrancado fora soltando Rukia que caiu ao chão respirando o ar que estava lhe sendo negado.

Ela havia reconhecido aquele poder, mas desejava que quando olhasse para quem havia desferido aquele ataque não fosse ele.

Mas era inútil se enganar.

- Ichigo... – Chamou, fracamente – Seu imbecil... Eu.. TE MANDEI FUGIR.
- Cale a boca! – Ele grunhiu irritado e desesperado – Você não está em condição de falar nada!
- Seu.. Idiota!
- ARGH – Klandjer grunhia de dor – Seu maldito, olha o que fez com o meu braço! Agora terei que arranjar um novo.
- Hey Klandjer, não é que nossa presa que veio para o abate?

Ichigo tinha um olhar mortífero, seu corpo quase se descontrolando. Ao olhar para o estado de Rukia uma fúria descontrolada pulsava dentro de si, junto com a culpa de tê-la ouvido e a deixado sozinha.

- Desgraçados – Ichigo empunhou a Tensa Zangetsu tremendo – Eu vou acabar com a raça de vocês.
- Como? Com esse estado fraco de agora? Não me faça rir!

A chuva começou a cair, em forma de uma tempestade inacabável. Mas nem o frio daquela chuva conseguia esfriar o sangue de Ichigo que borbulhava dentro de suas veias.

- O que te faz acreditar que pode ganhar? – Trandler provocou-o – Ela? – apontou para Rukia – Acha que conseguirá protegê-la?

O riso do Scrapjer se tornou mais ruidoso

- Depois de acabar com você, terminarei de devorá-la. – Disse com um olhar pecaminoso – E você nem imagina por onde começarei.

Ichigo perdeu a cabeça. Colocando sua máscara avançou para cima dos Scrapjers, com o ódio brilhando em seus olhos.

Por mais que ele estivesse usando sua máscara de hollow, estava com uma dificuldade anormal de conseguir se mover normalmente. Pensou em usar o bankai, mas os dois não lhe davam tempo para uma reação e muito menos para conseguir usar a bankai.

Rukia tentou se mover, mas todo seu corpo doeu. As mordidas queimavam enquanto o sangue escorria por elas e pelos demais ferimentos no corpo da shinigami, que estavam graves. Rukia cerrou os olhos tentando visualizar a luta de Ichigo com os Scrapjers, mas sua visão estava bem limitada pelo sangue que agora se misturava com a água da chuva e caía em seus olhos. Ela passou a mão nos mesmos para ver se conseguia enxergar melhor, mas tudo o que conseguia ver eram vultos rápidos de se chocavam e gemidos dedor seguidos de barulhos finos de coisas cortantes se chocando.

Ichigo então, tentou formar um plano de improviso. Sabia que não adiantaria se continuasse apenas os atacando, logo seria derrubado também.

Então pensou em sua última saída, o que o fez apostar suas últimas chances neste plano. Desferiu mais um Getsuga Tenshou sobre os Scrapjers que se destanciaram para que não fossem atingidos pela meia lua, e neste meio tempo, Ichigo posicionou Zangetsu a sua frente e a faixa da espada envolveu seu braço direito.

- Ban...kai!

A luz azul que envolveu Ichigo assustou Trandler e Klandjer, que olharam estupefatos para o rapaz, se preparando para o que poderia vir com aquele novo ataque. Não haviam sido avisados daquilo.

Então, a luz ao redor de Ichigo se intensificou e acabou por formar um tipo de explosão que acabou ofuscando os olhos de quem estava vendo.

Rukia não entendeu. A bankai de Ichigo nunca fora daquela forma, era até rápida o suficiente, e o raio azul ofensivo que era expelido da espada em seu processo de transformação não apareceu.

Após a poeira ser neutralizada pela chuva, Rukia e os Scrapjers olharam surpresos para Ichigo, que apenas mantinha sua pose de transformação e olhava completamente sem entender para Zangetsu que continuava em sua shikai.

- Mas... O que...

Trandler riu ruidosamente.

- É disso que estão atrás? – ele sorriu novamente – Realmente, me decepcionei.

Os dois atacaram Ichigo, que sem tempo para desviar acabou sendo atingido ganhando um ferimento terrível no tórax, juntamente dos outros golpes continuos que estava recebia sem ter chances de pelo menos se defender.

Rukia tentou se mover novamente, mas seu corpo protestou arduamente com as dores que evitavam que ela se movesse. Soltou um silvo baixo e ofegou com a dor que lhe atingiu as costas.

“Levante-se corpo!” Ordenou, irritando-se “Deixe de ser Inútil, você já recebeu danos piores!”

Não soube o que fazer quando levantou o olhar e viu que agora torturavam Ichigo  mentalmente. Ele berrava enquanto se contorcia no chão com as mãos na cabeça. Mas os berros não eram apenas de dor, eram de negação, eram de medo. Estavam torturando-o com ilusões, com lembranças.

Rukia começou a sentir que o desespero estava voltando novamente, mas ela tentou se controlar. Se desesperar naquele momento só traria problemas e não uma solução. Ela olhou pros lados tentando encontrar na chuva algum sinal de Sode no Shirayuki, então ela viu algo reluzir levemente.

A lâmina quebrada de sua espada.

Rukia não teve outra opção. Se arrastou com o máximo de força que pode, mesmo com seu corpo reclamando e implorando para que ela parasse, ela não pararia. Ela não assistiria torturarem Ichigo a sua frente sem fazer nada e muito menos aceitaria que o levassem por um deslize que ela havia cometido. Ela não permitiria a si mesma cometer o mesmo erro de deixar alguém importante morrer pela sua impotência, pelo seu medo.

Os gritos de Ichigo intensificaram-se, assustando a shinigami e a fazendo olhar para onde ele estava deitado no chão. Os Scrapjers riam dele, um riso de satisfação e desprezo. Rukia sentiu algo rugir dentro de si, aqueles sorrisos nojentos a irritavam profundamente... E vê-los dirigidos á Ichigo que sofria no chão piorava o sentimento da shinigami.

Ela voltou seu olhar para a espada a sua frente, e mesmo com a dor lhe rasgando por dentro e suas pernas fraquejando, ela em um impulso rápido conseguiu finalmente chegar á espada a erguendo e mesmo com a voz fraca recitou com determinação sua ordem.

- Some no mai... Shirafune!

E no lugar da lâmina quebrada, uma nova lâmina surgiu com um brilho branco intenso que ressonava com a determinação de sua parceira.

O corpo de Rukia ainda fraquejava, pela perda de sangue e pelas dores. Mas mesmo sentindo tudo, ela engoliu tudo o que sentia se obrigando a ficar de pé se recusando a aceitar aquela situação como estava.

Klandjer perdeu seu sorriso quando sentiu a reiatsu da shinigami aumentar novamente, o que o fez virar-se instantâneamente e encará-la. Ela segurava a espada completamente branca com um braço só enquanto o outro pendia ao seu lado e a fita branca balançava ao redor dela, mesmo naquela forte chuva que caía. O sangue dela estava se misturando com a chuva, fazendo uma água arrozeada descer por ela e formar uma poça logo abaixo de seus pés. Seu olhar não tinha medo, não tinha hesitação, a dor estava evidente mas a única coisa que ela passava para seu inimigo era seu desejo de acabar com a sua maldita existência.

- Oh... Vejo que ainda tem força para mais uma rodada não é mesmo? – Rukia não respondeu, apenas continuou o encarando – Bem, já perdemos tempo demais por aqui. Vamos acabar logo com isso e levar Kurosaki Ichigo de uma vez.

Rukia desviou o olhar para Ichigo, que parara de se contorcer e gritar e apenas estava ofegando com as mãos na cabeça caído no chão. Rukia apertou o cabo da Sode no Shirayuki e a espada ressonou novamente fervor, respondendo á ela com precisão, entendendo seu desejo, compartilhando sua dor.

- Desculpe Sode no Shirayuki, mas te peço ajuda... Só mais esta vez. – Ela se posicionou, com a espada pulsando quente em suas mãos, a respondendo.
- Não cairei mais neste seu truquezinho barato, Kuchiki Rukia! – Klandjer rugiu sinalizando para Trandler que fariam seu próximo movimento.

Rukia fechou os olhos novamente, e se concentrou. A pouca reiatsu que ela ainda possuía fluia junto com o poder de sua espada. Ela estava esperando, esperando o momento certo.

Os Scrapjers se movimentaram em sua direção, mas ela não expressou reação. Mais perto, cada vez mais perto.

Klandjer chegou ao seu ponto certo, e Trandler que estava ao seu lado desapareceu. Klandjer atacou Rukia frontalmente com um sorriso vitorioso estampado em sua face. Mas em meio ao ataque, ele viu a boca da shinigami se mexer lentamente.

E repentinamente, ela cravou a espada no chão.

- Tsukishiro!

Klandjer fora pego de surpresa. O círculo de gelo agora se formava abaixo de Rukia, dele e de Trandler que ia atacá-la pela lateral. Ele tentou se mover para longe, mas a única coisa que pode ver foi um sorriso satisfatório que agora, estava presente nos lábios de Rukia.

O enorme pilar se estendeu furiosamente pelos céus, cortando as gotículas de caíam das nuvens enegracidas e logo após, se despedaçou. Ichigo que conseguiu obrigar-se a se recompor olhou para onde os pedaços do pilar agora desabavam... Mas onde estaria Rukia?

Ele olhou pros lados a procurando, ela teria escapado a tempo antes do ataque certo?

Errado.

Rukia apareceu dentre os destroços do pilar de gelo que se dissipavam no chão e ar. Seu olhar era vago e opaco e ela agora tombava imóvel no chão junto a sua espada que perdera a forma da Shikai. Ichigo ouviu o baque do corpo da shinigami na grama o que pareceu um tombar sobre uma poça de água.

Ichigo se obrigou a levantar mesmo completamente tonto pelos ataques que lhe foram desferidos diretamente, e se dirigiu correndo na direção de Rukia gritando seu nome. Ela não respondia.

Quando chegou á shinigami, seus olhos pareciam que pulariam a qualquer minuto das órbitas.
Rukia realmente havia caído em uma poça... Mas esta poça era de seu próprio sangue. Seus inúmeros cortes estavam espalhados por todo seu corpo, seu rosto molhado pelo sangue e chuva, e seu corpo... Sem sinal de movimento.

Ichigo apertou o passo e correu até ela se abaixando ao seu lado.

- Rukia! – chamou – Ei, Rukia! Acorde, pare de me assustar assim!

Sem resposta. A reiatsu dela estava muito baixa e sua respiração extremamente fraca. Ichigo continou a chamá-la, o desespero e o temor já tomando sua voz.

Urahara e os outros finalmente chegaram e encontraram Ichigo desesperado chamando Rukia que estava caída sobre seu sangue. Encararam o cenário que foi aparentemente um campo de batalha pela destruição do local e partes estraçalhadas dos Scrapjers que receberam o ataque surpresa de Rukia.

Sem demora, Ururu, Jinta e Tessai se dirigiram até onde Ichigo e Rukia se encontravam.
Ichigo foi afastado do corpo de Rukia a força, com o olhar perdido e temeroso.

- Urahara – Yoruichi chamou-o, fazendo com que ele desviasse sem olhar tenso da situação para encará-la – Temos que fazer alguma coisa... Isso não pode ficar como está.
- Concordo com você, Yoruichi-san. – Respondeu olhando novamente para Ichigo que agora era afastado por Tessai de perto de Rukia contra vontade enquanto xingava e praguejava alto. O desespero bem claro em seu olhar atordoado e perdido que encarava a pequena shinigami embebida em sangue – E o mais rápido possível.

.

     Na soul society as coisas não estavam mais tão alvoroçadas como antes. Ainda haviam ataques de Scrapjers que faziam com que shinigamis agissem o mais rápido possível, mas os ataques em massa tinham parado de um momento para o outro.
Embora estivesse tudo mais calmo, o comandante Genryusai não conseguia fazer com que sua própria mente se acalmasse. Aquilo não era normal, afinal, como tantos ataques parariam repentinamente? Ele sabia que tinha algo errado, isso não poderia acontecer de uma hora para a outra

     Enquanto pensava, o comandante repassava algumas informações em sua mente.

De acordo com os arquivos que lhe foram apresentados sobre os seus antecessores, haviam acontecido uma batalha entre os shinigamis e os Scrapjers há muitos séculos atrás. Fora um massacre, para ambos os lados, mas o grupo dos monstros havia sido severamente reduzido e o número de shinigamis era completamente superior para os que ainda restavam.
Para evitar sua completa extinção, os Scrapjers então decidiram que a fuga seria a melhor saída naquele momento, e desapareceram indo para os confins do mundo onde ninguém jamais sequer achou, e se achou não se atreveu a chegar perto.
Mas o quê agora, estava fazendo com eles voltassem assim? O número de seres havia aumentado e eles estavam agora atacando aos poucos. Mas a força comparada aos de décadas atrás era completamente superior, devido a sua nova dieta composta por cabeças de hollows.

Mas eles não estavam satisfeitos com isso. Não, com certeza não estavam. O comandante tentava pensar no que poderia estar chamando tanto a atenção desses monstros para que eles se atrevam a ressurgir das trevas e voltarem a desafiar mais uma vez os shinigamis.
Teriam enlouquecido pela existência miserável que levavam e talvez quisessem acabar logo com tudo? Não, se não teriam atacado de uma vez, não em diversos lugares ao mesmo  tempo. Se fosse um tipo de suicídio, não pareceria um tipo plano, uma distração.

 Mas distração para o quê?

Os pensamentos de Genryusai foram abruptamente interrompidos quando um shinigami ofegante abriu a porta com certa violência.

- Minhas sinceras desculpas comandante! – ele se ajoelhou fazendo uma reverência – Mas a situação é crítica.
- Acalme-se meu jovem, está quase cuspindo seu estômago pela respiração. O que aconteceu?
- Houve um ataque senhor, de larga escala. Os Scrapjers conseguiram escapar de nossos detectores e se dirigiram à cidade de Karakura.
- Karakura? – O comandante disse começando a desejar que o que estava pensando não era o que tinha acontecido – Onde está o substituto de shinigami Kurosaki Ichigo?
- É essa a situação crítica, senhor. Estavam atrás de Kurosaki Ichigo.

Ao ouvir aquela notícia, Yamamoto compreendeu completamente o que havia acontecido. Não era difícil de se notar o poder monstruoso que Kurosaki Ichigo emanava. Desde sua insana invasão na Soul Society para o resgate de Kuchiki Rukia, o garoto havia superado todos os limites e conseguiu se por em pé de igualdade com capitães, e por fim ainda conseguiu  realizar o que viera com intenção de fazer.
Um poder daquele não poderia passar-se despercebido, e este justamente era o problema.

Não passou.

- Onde está a shinigami Kuchiki Rukia?! – O comandante vociferou – Ela deveria estar com Kurosaki Ichigo no mundo real!
- Ela estava senhor.
- Então significa que ela falhou e Kurosaki Ichigo foi levado?
- Não senhor!
- Me diga de uma vez o que aconteceu rapaz! – Yamamoto voltou a vociferar exasperado
- Kurosaki Ichigo está em segurança. Os Scrapjers não conseguiram levá-lo consigo, devido as ações de Kuchiki Rukia para impedí-los.
- E onde ela está?
- Em estado grave senhor. – O shinigami disse com um certo peso na voz – Sua reiatsu está terrivelmente fraca, ela não responde. Os médicos do quarto esquadrão pensam que ela possa ter entrado em estado de coma.
- Quem lhes informou disso?
- Urahara Kisuke, senhor. Veio acompanhado de Shihouin Yoruichi e Kurosaki Ichigo.

Genryuusai pensou por severos 3 minutos, tentando encontrar alguma saída. Eram muitas informações para pouco tempo.

- Avise todos os capitães disponíveis que devem ir ao salão de reunião imediatamente. – ordenou – quero todos presentes em 20 minutos!
- Sim senhor!

O shinigami fechou a porta e em seguida desapareceu, indo seguir as ordens que lhe foram dadas. Yamamoto se dirigiu ao lugar marcado com seus pensamentos e dúvidas agora se tornando mais claras.

Agora finalmente sabiam o que havia chamado a atenção dos Scrapjers.


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