Doomed Sun escrita por Meel_Bear


Capítulo 10
A situação de Rukia e a decisão de Ichigo.




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    No grande salão de reuniões, agora os capitães finalmente reunidos discutiam sobre a situação atual. Byakuya mantinha o rosto com uma expressão fria e opaca, sem ao menos dar sua opinião para os argumentos que estavam sendo gerados naquela sala. Yamamoto pediu silêncio severamente e logo todos os capitães calaram-se. Apenas a voz do comandante deveria ser ouvida a partir daquele instante.

- Por mais que tenha acontecido esta tragédia, a situação ainda não fugiu completamente de nosso controle. – Ele disse com convicto – Já estamos cientes de que o alvo dos Scrapjers é  o poder de Kurosaki Ichigo, então creio que o mantendo fora do alcance deles não teremos problemas de grande escala por um certo período.
- O que? – Mayuri constestou com a voz irritada – Não vou cuidar desse moleque, eu tenho coisas a fazer.
- Certamente, você ficará em seu laboratório capitão Kurotsuchi. – Yamamoto disse - Deve estudar minuciosamente os documentos que contém informações sobre nosso inimigo. Temos que encontrar o mais rápido possível uma forma de extinguirmos por completo esta raça miserável antes que nos causem mais problemas.
- E o que faremos em relação a Kurosaki Ichigo? – Ukitake perguntou com uma voz sem emoção, afinal, quem se encontrava na crítica situação era uma shinigami de seu esquadrão – Não poderemos mais deixá-lo sem proteção. Se o atacaram agora, não hesitarão em tentar novamente.
- Estou completamente ciente disto, capitão Ukitake, cuidarei da segurança do shinigami substituto Kurosaki Ichigo.
- E quanto a Kuchiki Rukia? – Foi a vez de Hitsugaya perguntar – Qual é sua real situação?

Yamamoto olhou para Unohana, seu rosto antes sempre calmo agora estava carregado de tensão.

- Nos diga, capitã Unohana, qual é seu veredicto em relação ao estado de Kuchiki Rukia?
- Vários pontos críticos do corpo foram atingidos com violência, alguns ossos foram quebrados e houve grande perda do seu poder espiritual. – respondeu suavemente – Ela ultrapassou os limites de seu corpo e recebeu seu próprio ataque o que piorou ainda mais sua situação. Além da perda do poder espiritual ela perdeu muito sangue, e estamos com complicações com as transfusões pois o sangue é de um tipo raro, e nosso estoque possui poucas reservas desse tipo de sangue. – Ela pausou, enquanto respirava pesadamente – E não estamos conseguindo obter nenhuma reposta de seus sentidos.
- Então, isto significa que...
- Kuchiki Rukia está em um estado de coma por tempo indeterminado.

A sala ficou imersa em um silêncio pertubador. Ninguém se atrevia a comentar nada, mas como poderiam? Não sabiam o que falar. Muitos olhares hesitantes se dirigam ao rosto de Kuchiki Byakuya, que permanecia em sua expressão dura e fria com seus olhos fechados.

- Comandante – Byakuya finalmente se pronunciou, quebrando o silêncio – Onde se encontra Kurosaki Ichigo?
- Não sabemos exatamente onde ele está, mas segundo alguns shinigamis, ele parece estar na floresta a leste descarregando sua fúria na vegetação.
- Hm. – Byakuya soltou apenas, ao ouvir a resposta do comandante – Peço permissão para me retirar.

Novamente silêncio. Yamamoto apenas assentiu e Byakuya, sem mais nada falar, se retirou do salão sumindo entre os corredores. Todos os capitães se entrolharam receosos.

- Quanto a situação de Kuchiki Rukia – Yamamoto voltou a se pronunciar interrompendo as trocas de olhares – Nada mais poderemos fazer, agora sua sobrevivencia depende apenas de sua própria vontade de viver. A capitã Unohana continuará a cuidar dela, mas no momento, devemos nos preocupar com o que faremos a partir de agora.

Todos encararam o comandante.

- Receio que estamos prestes a reviver o passado.

.

 Na floresta, os pássaros voavam assustados com o barulho de árvores sendo violentamente derrubadas e as explosões constantes. Junto destes ruídos, uma voz furiosa gritava aos ventos enquanto descontava toda sua frustação na vegetação inanimada, que sem poder se defender era completamente destruída pelos ataques de fúria do ruivo.

- Maldição! – praguejou destruindo 5 árvores com um golpe. – Maldição, Inferno!

Um getsuga tenshou foi desferido contra uma grande rocha que foi partida em duas, e logo o que estava atrás da mesma também fora destruído.

Ichigo caiu de joelhos no chão ofegante. Segurou fortemente o cabo de Zangetsu e trincou os dentes, sentindo seu sangue borbulhar e sua mente gritar.

- Inútil – xingou – Seu inútil, nem conseguir proteger alguém você consegue, Inútil, imprestável.

Ichigo se martirizava enquanto desferia socos no chão, completamente frustado. Deixara acontecer o que prometera a si mesmo que não deixaria. Fora imprudente, fora idiota, e mesmo que tenha conseguido chegar a tempo de evitar, simplesmente foi incapaz de fazê-lo.

Seus silvos de frustação e tentativa de destruir o solo foram interrompidos quando ele ouviu o barulho de galhos quebrando. Virou-se rapidamente e pode identificar o rosto frio de Byakuya que se movia lentamente dentre as árvores destruídas.

-Byakuya...? – Ele se levantou – O que você está fazendo aqui?

Sem nada dizer, Byakuya levou sua mão ao cabo de Senbonzakura e a tirou da bainha a apontando na direção de Ichigo. Seus olhos duros e frios continuando sem expressar absolutamente nada.

- Levante sua espada, Kurosaki Ichigo. – disse duramente
- Você quer lutar? – Ichigo perguntou confuso – Mas eu não..
- Se você não levantar. – Byakuya o interrompeu – Terei eu mesmo que fazê-lo levantá-la.

Byakuya sumiu por alguns milésimos de segundos da visão de Ichigo, o deixando alerta e defendendo com Zangetsu sua lateral esquerda, da qual Byakuya o atacou. O tintilar fino das lâminas se chocando preencheu o ambiente destruído, e o olhar confuso de Ichigo enquanto se defendia dos rápidos ataques que Byakuya lhe desferia.

- Inferno Byakuya – Ichigo preguejou dentre ofegos – Qual o seu problema?

Sem responder, Bykuaya apenas sumiu novamente do campo de visão de Ichigo, lhe desferindo um ataque pelas costas que Ichigo foi incapaz de evitar a tempo.
Não fora um corte profundo, foi mais como um arranhado que cortou um pouco seu shihakusho.

Ainda ofegante e com as costas ardendo levemente pelo ataque que recebeu, Ichigo virou-se irritado para Bykuya que agora voltava Senbonzakura para a bainha.

- Por que diabos me atacou? – Ichigo esbravejou
- Você realmente é inútil, Kurosaki Ichigo. – Disse com a voz sem emoção – Caso não fosse eu que o tivesse atacado, poderia estar morto neste exato momento. Embora realmente não seja uma má idéia.

Byakuya voltou a andar e passou Ichigo, começando a ir embora.

- Espere! Você me atacou porque...
- Estava conferindo se os esforços de Rukia por você valeram apena – Disse parando, e ainda de costas para Ichigo voltando a falar – Mas vejo que ela apenas se sacrificou por um ser prepotente e incapaz de cuidar de si mesmo.

Aquelas palavras acertaram Ichigo com força, doendo mais do que o ataque anterior que Byakuya lhe tinha desferido, machucando mais do que uma ferida grave.

Que era o que se encontrava em seu orgulho.

Então após tentar digerir as palavras de Byakuya, ichigo prestou atenção em uma palavra crucial e preocupante na frase do Kuchiki: Sacrificou

- O que quis dizer com que ela se sacrificou? – Ele perguntou, hesitante, temendo a resposta – Ela ficará bem, certo?

Por uns segundos, o silêncio predominou nos ares da floresta. Ichigo ainda esperava ansiosamente, a resposta de Byakuya, que parecia processar a pergunta.

- Rukia se encontra em um estado indeterminado de coma – respondeu finalmente, fazendo com que a expressão presente no rosto de Ichigo ficasse impossível de se explicar – Com o que você viu acontecer, era esperado que ao menos analizasse a situação. – Sua voz era dura e árdua, talvez meio desapontada e irritada – Mas vejo que até nisso sua prepotência é gritante.

Deixando essas palavras no ar, Byakuya usou seu Shunpo e sumindo completamente dali, deixando Ichigo com seu olhar petrificado sem fazer movimento algum.

- Em... coma...?

Ichigo despencou sobre seus joelhos, ainda se sentindo petrificado dos pés a cabeça. Por que ele não conseguia salvar ninguém? Por que os outros tinham que se sacrificar por ele, enquanto a única coisa que ele conseguia ser bom era em ser inútil?

Sentindo uma sensação de desespero descontrolável surgir de dentro de si, Ichigo deixou um grito em que nele estavam presentes todos os seus sentimentos ruins e frustantes, tal como ódio e medo fugir. Voltou a socar o solo, dessa vez enterrando seu punho no chão. Ele sentiu uma dor terrível lhe transpassar pelo braço como um choque e sua mão molhada pelo sangue, mas ele não se importava.

Rukia com certeza lhe daria uma bronca por estar agindo daquela maneira, como um derrotado desesperado, mas ela não estava ali... Ela talvez nunca mais estaria ali. E com esse pensamento lhe assombrando a mente, Ichigo novamente atingiu furiosamente o chão enquanto outro berro explodia de seu peito e lágrimas quentes desciam teimosas pelo seu rosto.

Já não sabia mais se estava chorando de dor ou agonia.

.

  O céu estrelado, já não era admirado por ninguém na cidade de Karakura onde seus habitantes descansavam em suas respectivas camas, livrando-se do cansaço do dia, relaxando suas mentes sobrecarregadas e cansadas. Já em um certo hospital, Inoue Orihime que se encontrava deitada não havia aberto seus olhos, até aquele momento.

Antes fechadas, suas pálpebras abriram repentinamente e ela se sentou na cama de hospital, o que claramente foi um erro pela dor de cabeça que lhe atingiu logo em seguida. Com um gemido trêmulo, ela levou sua mão e a pousou em sua cabeça enquanto soltava leves gemidos. Ela ouviu o barulho da porta de abrindo e uma voz a chamando, repetidamente.

- Inoue-san! – ouviu mais um vez – O que houve?

Ela levantou a cabeça, sentindo o choque diminuir levemente. Seus olhos encontraram o rosto de Ishida que parecia tenso, talvez meio desconcertado.

- Ishida-kun? – Ela perguntou – Onde eu estou? O que aconteceu?

Ishida abriu a boca, mas fechou-a logo em seguida. Ele estava hesitante em responder a pergunta da ruiva, já que saberia o quão doloroso para ela seria quando soubesse o que havia acontecido. Ele não sabia como poderia dizer, e pelo jeito ela não parecia se lembrar de nada.

- Ishida-kun? – Tornou a perguntar – Por que não me responde?
- Inoue-san, não se lembra... De nada?
- Minha cabeça está doendo, minhas memórias estão borradas. – ela fez um tipo de careta e logo em seguida, um olhar indecifrável, em um misto de descrença e susto – Onde está a Tatsuki-chan?

Ishida voltou a ficar em silêncio, o que deixou a garota mais ansiosa e tensa. Ela se mexeu desconfortável na cama, ainda com os olhos pregados nos de Ishida.

- Ishida-kun, me responda! – exigiu, sua voz perdendo-se em desespero – Onde está a Tatsuki-chan? Por que eu estou em um hospital? E por que eu não consigo pensar na Kuchiki-san sem que sinta uma culpa esmagadora?
- Inoue-san... Eu... Não sei como posso lhe dizer isso.
- Me dizer o quê? O que está acontecendo?!

Ishida suspirou, derrotado, não vendo outra saída então resolveu soltar tudo de uma vez. A cada palavra que ele dizia, o rosto de Orihime se retorcia nas mais piores expressões que poderiam existir. Ele falou tudo, de quando ela empurrou Tatsuki da escada, do que aconteceu no parque, do ataque. Mas a pior reação foi quando Ishida contou que Rukia havia sido levada as pressas de volta a Soul Society, em estado crítico.

- A Kuchiki-san... Está...
- Eu não sei realmente como ela está. Ichigo foi para lá mas eu não tive notícias depois disso.

O rosto de Inoue naquele momento, perdera toda sua vitalidade. Suas diversas expressões sumiram deixando apenas um olhar vazio e um semblante repleto de choque. A garota não emitia som algum, apenas encarava Ishida, sem nem parecer poder piscar.

- Inoue-san? – Ele chamou, temeroso – Inoue-san, o que foi?

Sem mudar em nada a expressão, lágrimas brotaram dos olhos de Orihime e começaram a escorrer pelo seu rosto, completamente desenfreadas.

- É minha culpa. – Ele disse, com a voz falha – É tudo... minha culpa.
- O quê? Não!
- Eu... Eu...

Sem mais nada podendo sair de sua garganta, que fechou por completo, a garota desabou em lágrimas. Gemidos e soluços fortes emanavam dela enquanto as lágrimas quentes desciam pelo seu rosto e molhavam o lençol fino da cama. Ishida foi até ela e tentou faze-la falar, mas ela apenas gemia enquanto chorava e os soluços mais evidentes e fortes. Quando ele a tocou, sentiu a pele da garota trêmula, enquanto ela se abraçava fortemente, quase como se quisesse quebrar seus próprios ossos.

Ishida, sem nada dizer, envolveu a garota com um abraço leve e ela se jogou para ele, enterrando seu rosto molhado na camisa branca do garoto que agora se encontrava incrivelmente molhada.

Tudo parecia fugir do controle naquele momento.

.

No entardecer na Soul Society, Ichigo movia-se rapidamente por entre as casas se dirigindo ao quarto esquadrão. Seu rosto nada expressava, e seus cabelos apenas balançavam junto ao vento devido a velocidade. Sua mão gotejava sangue deixando marcas vermelhas disformes por onde ele passava, e uma dor persistente ardia naquele ponto, mas ele pouco se importava.

Ao chegar no quarto esquadrão, Ichigo sem demora e ainda em silêncio adentrou no lugar e passou rapidamente entre os shinigamis que por ali andavam. Muitos olharam para ele com dúvida e curiosidade, outros desviando olhares para sua mão que ainda gotejava o líquido vermelho manchando o chão. Ichigo não parecia se importar com os olhares, para ele, ele estava andando sozinho naquele corredor... Não havia mais ninguém.

Parou em frente a uma porta que estava escrita “Kuchiki Rukia” e a abriu levemente. Seus olhos vaculharam os cantos de amadeirados do quarto escuro e finalmente pararam na pequena shinigami, que jazia desacordada na cama com aparelhos em volta, alguns ligados a ela.
Ele procurou manter-se calmo, mas ver Rukia naquele estado o fez mudar sua expressão nula para mais uma indescritível, uma mistura de todas as expressões.

- Rukia... – Chamou, em vão claramente já que a pequena sequer se moveu – Realmente, você foi imprudente, huh?

Ele se aproximou do leito da shinigami, parando ao seu lado. A expressão dela parecia calma, e ela respirava compassadamente. Se não fossem os aparelhos e os machucados, talvez ele pensasse que ela estava apenas dormindo.

Mas ela não estava.

- O que eu vou fazer? – Perguntou, sua voz se quebrando – Inoue e Tatsuki estão no hospital, os Scrapjers estão atacando cada vez mais, e agora você está aqui. – pausou, pegando fôlego enquanto tentava umidecer a garganta – Você fez denovo, me protegeu. E o inútil aqui só conseguiu ficar parado olhando tudo acontecer mais uma vez. – sua voz tremulou, mas ele continuou – Nenhuma  das vezes, eu consegui te proteger, e todos esses meus erros te fizeram passar pelas piores situações.

A voz de Ichigo, estava afundada e tristeza e frustação. Sua garganta fechando a cada palavra que dizia, seu cérebro lutando para ordenar pensamentos. E o pior de tudo era que ele sabia que mesmo que fizesse tudo, falasse tudo, ela não responderia ou lhe daria uma surra como sempre fez.

Ichigo soltou um riso fraco e cansado, formando um leve sorriso que desapareceu dentro de alguns segundos.

- Eu nunca pensei que sentiria falta dos seus chutes. – Olhou novamente para o rosto da Shinigami, que permanecia o mesmo – Nem do fato de você me irritar o tempo todo.

Ele se jogou sentado na poltrona velha que estava ao lado da cama de Rukia, suspirando longa e pesadamente.

- Eu não sei o que devo fazer. Eu não sei mais se consigo fazer alguma coisa. Esse poder, todo esse poder que eu tenho – ele olhou para sua mão, e a fechou em punho, torcendo o rosto – Está apenas me assustando mais do que algo que eu devia temer, e agora... Temo ambos. Eu já não sei a quem eu devo chamar de monstro Rukia.

Levantou seu rosto encarando a shinigami, que continuava deitada e em silêncio.

- Talvez eu deva apenas começar a fugir.. Se eu me afastar de todos, vão ficar seguros. Se eu me esconder os Scrapjers não me encontrarão. Será mais fácil para todos.

Então, ele nada mais falou. Percebeu que mesmo com Rukia inconsciente, ela era a única com quem ele conseguia liberar seus pesares, suas idéias, seus medos. Por ela ele tinha respeito, de igual para igual. Mas como acontecera de uma vez, ele se sentia sozinho. Mesmo com todos a sua volta, ele se sentia deslocado do resto do mundo. E ele sabia qual fora a última vez que sentiu isso.

Após a morte de sua mãe.

Ao se lembrar disso, uma lembrança atingiu a memória de Ichigo. Quando seu pai foi com suas irmãns, ainda pequenas, procurá-lo quando sumia para ficar sozinho. Foi uma das raras vezes que viu seu velho pai chato e idiota chorando, mostrando alguma fragilidade. Suas irmãns já choravam enquanto se agarravam a sua calça, e ele com lágrimas nos olhos, lhe estendeu a mão.

Naquele momento, Ichigo entendeu que não era o único que estava sofrendo ali.

Ele lembrou que Inoue estava no hospital, e quando acordasse, provavelmente desabaria. Ishida e Chad preocupados. Renji parecia um fantasma nas poucas vezes que Ichigo o viu, Byakuya com a expressão mais dura e vazia que o normal.

Ao lembrar-se de Byakuya, suas palavras ecoaram na mente de Ichigo.

“Estava conferindo se os esforços de Rukia por você valeram apena... Mas vejo que ela apenas se sacrificou por um ser prepotente e incapaz de cuidar de si mesmo.”

Ichigo riu novamente, dessa vez sem emoção.

- Prepotente e incapaz huh? Acho que Byakuya não podia perder a chance te tentar me empalar¹ sem que alguém pudesse impedir.

(N/A¹: Empalamento é uma método de tortura e execução utilizada antigamente que consistia na inserção de uma estaca no ânus, vagina, ou umbigo até a morte do torturado.)

Ichigo encarou suas mãos, pensando no que faria, pensando no plano de fugir e continuar sozinho sem trazer problemas a ninguém. Poderia ir para algum lugar distante, aonde treinaria por si só para evitar sua captura. Um lugar longínguo, isolado, onde ele viveria os seus últimos dias por si só.

- Últimos dias sozinho... Morrer sozinho...

Ichigo levantou o rosto e viu o rosto de Rukia, que permanecia imóvel. O que ela diria a ele naquele momento, se estivesse acordada? Lhe daria uma surra, ou lhe bronquearia? Ele não sabia afinal, naquele momento ele não descobriria...

Ichigo aproximou-se de Rukia, encarando seu rosto que naquele momento não demonstrava orgulho ou confiança. Ela apenas estava parecendo uma boneca fria e branca enquanto dormia em um sono profundo. Ichigo lembrou-se do dia em que ela o acalmou com sua voz, cantando uma música. Ele não conseguiria fazer algo igual, não era de seu feitio, mas ele queria fazer algo para que ela se sentisse melhor, que talvez a deixasse orgulhosa e calma e que enquanto estivesse inconsciente, não estivesse mergulhada em temores ou pesadelos.

Ele tocou a mãozinha fria da shinigami levemente, e roçou seus dedos nos dela. Sua mão quente destacava-se no frio das mãos dela, causando um certo equilíbrio confortante.

Conforto...

Quando essa palavra passou pela sua mente, lembrou-se então do que Rukia havia falado para ele naquele dia, as palavras da pequena repassando em sua cabeça como se ele tivesse gravado cada palavra dita por ela.

Você acha que dá conta sozinho, isso é você quem decide. Mas não deixe seu medo acabar com você Ichigo, se está com medo... Enfrente o que está te amedrontando. Se não quer machucar ninguém, tenha fé em si mesmo que não machucará. E principalmente se lembre de que você não está sozinho agora. Que nunca estará.”

Ele apertou a mão dela, a envolvendo completamente em seu aperto sutil.

“ Nossos corações, estão em um lugar especial. Confiados as pessoas em que acreditamos. Então não diga que está sozinho Ichigo! Não ache que tem que carregar tudo sozinho. E principalmente.. Não se atreva a querer morrer sozinho.

Quando ela havia dito aquelas palavras naquele dia, Ichigo percebeu uma pontada de dor em sua voz. Como se ela já tivesse ouvido aquilo de alguém, que fosse algo importante. Ele sorriu então, percebendo finalmente o que estava fugindo de sua compreensão.

- Agora eu sei o que você faria – dessa vez, ele soltou um riso mais solto – me daria uma bela de uma surra por te desobedecer, sua anã mandona.

Ele se levantou da poltrona, com seus olhos ainda pousando sobre o rosto pálido de Rukia, livrou sua pequena mão do aperto quente e a deixou cair do lado de seu corpo.

- Já te enchi demais com a minha choradeira. Acho que está na hora de te deixar descansar.

Ele começou a se afastar dela, para sair do quarto. Apertou sua mão que ainda estava úmida devido ao sangue e um olhar diferente apareceu em seu rosto. Não havia mais medo, raiva, ódio, vazio... Apenas confiança.

Ele não havia protegido Rukia, e ela estava daquela maneira naquela cama por sua culpa. Mas ficar se culpando pelo que aconteceu não vai mudar o presente e muito menos resolver o passado. Ichigo então decidiu que já que ele não tinha conseguido protegê-la, deveria no mínimo recompensá-la.

E ele não ia recompensá-la salvando-a, como da última vez. Ele decidiu que aquele Ichigo medroso e inconsequente de momentos atrás ficou no passado. Ele não aceitaria a derrota, não se entregaria porque a situação está desesperadora, não se perderia porque ele realmente, não estava sozinho. Rukia não gostaria que ele chorasse ou se desesperasse por ela, ela gostaria que ele superasse tudo e que tomasse a frente para dar um basta naquela situação como ele sempre fazia, e sempre a deixava orgulhosa. Estava na hora de se tomar uma decisão, e Ichigo já havia tomado a sua.

Se era pelo seu poder que aquela guerra começaria, por meio dele, ela terminaria.


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Notas finais do capítulo

E aqui está 8D'Eu sei eu sei, as coisas estão ficando complicadas pro nosso morango. Mas ele sempre dá a volta por cima certo?-sóqueagoraelevaiterumapequenacanseira.Bem amores, espero que tenham gostado! Não se esqueçam das reviews ;)



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