Doomed Sun escrita por Meel_Bear


Capítulo 8
Armadilha


Notas iniciais do capítulo

DELS. Sumi por décadas g.gGomengomegomen -fugindodepedrasetijolosPra recompensar, aqui vão novos capítulos pra vocês, anjos!



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Dentro de um lugar frio e tenebroso, onde apenas a escuridão reinava em cada canto lodoso da caverna um ser brincava tediosamente com um pedaço de algo curvado e branco enquanto o transpassava entre seus dedos. Seus olhos intimidadores sendo a única coisa a reluzir naquela densa escuridão.

Ouviu um barulho similar a de passos lentos e lerdos o que o fez desprender sua atenção de seu brinquedo bobo por alguns momentos e olhando para onde os ruídos surgiam.

- Oh, é você Yorrwa. – Disse com sua voz rouca sem emoção voltando a atenção a seu passatempo – O que quer agora?
- Meu senhor, trago lhe notícias sobre o substituto de Shinigami.

Automaticamente seu interesse pelo assunto se intensificou, o que o fez perder totalmente o interesse no que estava fazendo.

- O que tem para me contar?
- Pelo que parece, ele está mentalmente pertubado com algo.
– A voz grave de Yorrwa informou – O que parece que poderá nos favorecer imensamente. E também descobrimos algo que poderá interessar ao senhor.
- Prossiga.
- Ele parece ter uma ligação intensa com Kuchiki Rukia.

O ser arqueou a sobrancelha e logo soltou um breve rosnado ao se lembrar do sobrenome Kuchiki, mas saiu de seus inúteis devaneios voltando ao que seu subordinado lhe contava.

- Ligação intensa, você diz...
- Sim meu mestre, nosso informante afirmou tê-los vistos juntos.
- Poderia qualificar o quão forte seria esta relação?
- Não iria longe dizendo que chegariam a ser amantes meu senhor, mas a conexão de ambos parece ser algo bem forte.

Um sorriso pretensioso e sombrio se formou em seus lábios deixando uma gargalhada sair por sua garganta.

- Isto está me saindo melhor que a encomenda! – Riu novamente – Além de estar pertubado ainda consegui um trunfo caso algo dê errado. Me diga Yorrwa, Kurosaki Ichigo foi imprudente e acabou por fitar os olhos do Scrapjer que lhe atacou?
- Jygallehal informou que sim, meu lorde.
- Ótimo! –
se levantou – Preciso que leve uma mensagem para mim, Yorrwa.
- O que seria senhor?
- Vá até os salão primordial e convoque uma reunião o mais rápido possível.
- Com os primeiros? –
Yorrwa se assustou – Senhor, o que planeja?
- A nossa ascenção ao poder. –
O sorriso macabro voltou ao seu rosto – E a vingança pelo que nos foi tirado.

Yorrwa fez uma breve revência e se retirou do recinto, deixando seu mestre sozinho. Este caminhou através do lugar e parou a frente de uma parede em que estava os restos de alguns ossos que há muito permaneciam ali, tanto que já estavam petrificados.

- Pagarão muito caro pelo que nos fizeram. – Ele depositou suas garras no crânio da ossada – E começarei com uma de vocês, Kuchikis!

Terminou grunhindo estridentemente enquanto passou suas garras com violência no crânio o despedaçando.

.

Ichigo se via num lugar estranho e cheio de neblina. Parecia de noite mas quando ele encarava o que estava acima de sua cabeça apenas via mais da névoa densa e branca. Começou a andar perguntando se havia alguém ali, mas seus pés não pareciam o levar para lugar algum e tampouco viu algum sinal de vida.

Sentiu seus ombros pesarem com a tensão. Seria aquele outro de seus odiáveis sonhos? Torcia para que não.

Porém suas preces foram interrompidas pelo ruído que lhe atingiu os ouvidos, o que lhe obrigou a virar instantaneamente para encarar o lugar de onde havia surgido o barulho.

- Ei! – chamou – Tem alguém aqui?

O vento perto dele mudou fazendo com que neblina se agitasse. Ichigo começou a se sentir irritado, odiava ser feito de idiota. Ainda mais ás cegas.

- Inferno – grunhiu – Estou cansado dessas malditas brincadeiras. Seja quem ou o que for mostre logo sua maldita cara.

A neblina se agitou novamente como se acabasse de ter sido cortada pelo movimento rápido de alguém.

Você não quer ver nada.

A voz sombria ecoou pelo local, o que fez Ichigo estremecer. Ele trincou os dentes

- Quem é você?

Você não quer saber

- Se estou perguntando é porque quero! – retrucou alterado – Eu já tenho problemas demais, não preciso de mais um palhaço me enchendo toda santa noite!.

Meça suas palavras garoto. A voz esbravejou.

Ichigo bufou e se virou voltando a andar. Aquilo não adiantaria nada e ele sabia muito bem. Decidiu que se aquilo era um sonho apenas andaria seja lá para onde até que finalmente acordasse.

Ignoraria um aviso?

Ichigo apenas continuou andando, como se não tivesse ouvido nada.

Se é o que deseja Kurosaki Ichigo, depois não reclame do que poderá vir e que não foi avisado.

- Ah inferno! – ele grunhiu irritado se virando – Quem quer que você seja, o que quer de mim?

Advertí-lo.

- Sobre?

Sobre o que está acontecendo.

- Não vou ser pêgo por ninguém.

Não sobre isso. A voz ponderou. Mas sim sobre seu medo

Ichigo iria retrucar novamente, mas ao ouvir o que a voz lhe disse sua boca se fechou.

- O que sabe sobre isso?

O suficiente para advertí-lo que deve ser cauteloso com o que faz.

- Quem é você?

Eu já disse que você não vai querer saber Kurosaki Ichigo. Apenas seja cauteloso.

- Cauteloso? – explodiu – Eu sei que não posso cair nas garras dessas coisas, e muito menos posso perder o controle. Eu sei que tenho que ter cuidado com isso, então não preciso que me advirta de nada!

Ichigo se virou e voltou a andar sem rumo entre a névoa. Mas a voz se pronunciou novamente

Se deseja tanto pular em um mar de chamas, o faça. Mas depois não se culpe quando alguém tentar impedí-lo e acabar por ir junto com você.

A voz sumiu, tão rápido quanto quando apareceu. Ichigo parou novamente e olhou ao redor exasperado.

- O que? O que quer dizer com isso? – perguntou ao vento – Hei! ME RESPONDA

Sentiu novamente um arrepio se correr pela espinha, e a névoa a se agitar completamente ao redor como se estivesse sendo completamente atingida pelo ar.

Seu coração falhou, como se tivesse sido golpeado. Ele levou a mão instantaneamente para o lugar onde o pulsante já não mais parecia pulsar como deveria. Sentiu o suor lhe descer pelo rosto e a garganta a fechar, o deixando em pânico. A névoa agora mais densa fazia seus olhos secarem e arderem. Ichigo caiu de joelhos no chão e tentou respirar fundo, mas suas respiração parecia incontrolável.
Mas então, ela pareceu acabar. Como se não houvesse mais ar em seus pulmões ou que tivessem lhe arrancado a garganta. Sentiu-se sufocar e o desespero tomar sua mente sem saber o que fazer. Era uma voz, ecoando em sua mente.. Uma voz linda e feminina.

“Ichigo” a voz dizia, “Ichigo, eu te amo”

Ele olhou ao redor, sua respiração voltando aos poucos mais ainda não sentia que era o suficiente. Ele não via ninguém naquele lugar sombrio, apenas ouvia seus gemidos e ofegos. Mas a voz ecoou novamente

“Estou aqui, nunca desista.” Voltou a se pronunciar “Ichigo... Ichigo...”

Ele petrificou a reconhecer aquela voz que há muito não ouvia.

Ichigo abriu os olhos e encarou o teto do quarto. Sua testa estava encoberta de suor e sentia a blusa pregar em seu tórax. Sentou-se assustado e olhou ao redor constatando estar em seu quarto.

Olhou para trás e viu Rukia adormecida enquanto estava encostada em uma almofada que se encontrava na parede. O rosto da amiga estava sereno e ela respirava compassadamente enquanto suas pálbebras tremiam. Provavelmente ela estaria sonhando.
O que fez Ichigo lembrar do que sonhara antes de que seus olhos se abrissem. Balançou a cabeça que latejava levemente e se aproximou de Rukia, que aparentemente se encontrava em um sono profundo.

- Ei, Rukia. – Ele a chamou mas ela não o respondeu. – Rukia!

Ela continuava ressonando, não parecia que acordaria. Ele franziu o cenho para a garota e ficou a olhando enquanto dormia, parecendo querer entrar em sua mente e descobrir seus sonhos, para saber se ela também não estava sendo assombrada. Então olhou para o colo dela, em que se encontrava um pequeno travesseiro caramelado. Ele estava deitado com a cabeça pousada no colo de Rukia?

Instantaneamente, lembrou-se do que aconteceu antes de adormecer. Seu desabafo lacrimoso com a amiga que o fez parecer uma criança de 5 anos que acabara de perder seu animalzinho de estimação. Sentiu seu rosto queimar levemente percebendo então que acabara contemplando a amiga enquanto ela estava adormecida. Sua cabeça virou novamente, enquanto sentia seu rosto esquentar mais.

“Que diabos eu estava fazendo?” Contestou-se bufando.

Sentiu a cama se mexer e olhou novamente para Rukia, que se mexeu ainda de olhos fechados e fez uma expressão desconfortável.
Ichigo viu ela começando a tombar para o lado onde a cama acabava. Ela cairia. Ele se moveu rapidamente e evitou o encontro do rosto de Rukia no chão frio do quarto.

A baixinha acabou acordando quando os braços de Ichigo a envolveram e evitaram sua queda. Ela abriu os olhos atordoada e encontrou os de Ichigo, estes meio que perdidos no azul violeta dos olhos da pequena shinigami. Rukia arregalou os olhou e desferiu um soco no queixo de Ichigo, o que o fez praticamente voar pelo quarto.

- O que está fazendo sua imbecil?! – Ele reclamou massageando o queixo
- Eu que pergunto! – Ela disparou – O que pensa que está fazendo tão perto de mim assim? Por acaso quer ficar sem ter filhos?

Ele arregalou os olhos.

- Ei! Não é isso que você... Eu não estava... – Ele atropelava as palavras
- Então o que diabos estava fazendo?
- Você ia cair – Ele disse com a voz revigorada e agora com uma cara carrancuda – Eu apenas impedi. Você podia pelo menos uma vez tentar perguntar primeiro e bater depois?

Rukia sentiu sua raiva diminuir e suspirou. Realmente tinha sido precipitada, mas ela se assustou oras, era normal ter uma reação negativa.

- Que seja. – ela bufou e olhou para o rosto de Ichigo que continuava com a expressão frustada – O que foi?
- Nada.

Rukia fez uma cara de descrença e balançou a cabeça negativamente.

- Você mente tão bem quanto uma freira Ichigo.
- Vá se..
- Responde logo. – Rukia bufou novamente cruzando os braços – Como quer que eu te ajude se você fica escondendo as coisas de mim? Sou shinigami e não adivinha.

Ichigo encarou Rukia. Ela tinha razão como sempre, mas ele apenas se sentia estranho ao lembrar daquele sonho, quanto mais comentar sobre ele. Rukia viu a hesitação no olhar de Ichigo e a tensão em seus ombros.

- Ichigo. – chamou a atenção do rapaz o tirando de suas dúvidas. – Eu não gosto de ficar te mandando fazer as coisas ou te surrar para que faça o certo. Embora você mereça as vezes. Mas eu prefiro que você me conte por sua própria vontade do que eu tenha que te obrigar, afinal é algo delicado a respeito do que você está sentindo. E eu não vou pisar nisso.

Ichigo apenas assentiu e suspirou derrotado. Era incrível como ela conseguia ser convincente.

- Eu tive um sonho – começou – Estranho na verdade. Não foi como os outros que só eram terríveis ou desesperadores. Tinha essa voz, de alguma coisa.. Ou cara, não sei dizer. Estava me advertindo de algo, para que eu tomasse cuidado com o que estou fazendo.

Rukia arqueou a sobrancelha

- Isso significaria que alguém estaria tentando te avisar por meio de sonhos?
- Parece que sim, só que eu não fazia idéia de quem poderia ser.
- Deveríamos perguntar ao Urahara, - Rukia disse pensativa - isso está ficando sério.
- Tem mais uma coisa. – Ichigo cortou o raciocínio de Rukia – Depois que a voz sumiu, eu fiquei sem ar. Como se estivessem esmagando meus pulmões, como meus outros sonhos. Só que neste eu ouvi outra voz, e essa eu sei de quem era.
- De quem?

Ichigo olhou pro colchão da cama e cerrou os punhos

- Minha mãe.

.

Na Soul Society, o alvoroço era tamanho que as pessoas não conseguiam dar 5 passos sem se trombarem. As ordens saiam muito rápido sem dar descanso para que os shinigamis pudessem ao menos respirar um pouco. Por culpa dos Scrapjers, os Hollows estavam fugindo de seu mundo, triplicados, aos montes. O que precisava de reforço imediato e rápido, pois as criaturas estavam ensandecidas de fome.

Em sua sala, o capitão Yamamoto mexia com milhares de papéis, e mandava ordens para todos os lados e para todos os shinigamis disponíveis. Mais um pouco e seu cérebro poderia dar um curto.

- Comantante! – um shinigami do décimo esquadrão entrou alvoroçado na sala do capitão – Não estamos tendo shinigamis o suficiente, os Hollows estão em toda parte do mundo.
- Se dividam e quebrem os grandes grupos.
- Mas senhor, são muitos hollows para grupos pequenos cuidarem.

Yamamoto encarou o shinigami e suspirou pesadamente.

- Não tenho escolha. Comunique aos esquadrões que terão auxílio dos capitães.
- Mas senhor, eles não estão cuidando dos Scrapjers?
- Por enquanto não estamos com muitos problemas em relação aos Scrapjers. Eles pareceram nos dar sossego por enquanto, mas me manterei alerta. Agora vá

O shinigami assentiu obediente e se retirou da sala, deixando o comandante Yamamoto pensativo e imerso nos planos que tinha que se virar em planejar.

Realmente esperava que aquilo não fugisse de seu controle.

.

Inoue andava dispersa pelas ruas de Karakura, a noite estava silenciosa e ela caminhava em direção a sua casa. Ichigo não tinha ido para aula novamente naquele dia, e ela imaginava preocupada o que acontecera com o rapaz. Nem Ishida ou Sado tinham notícias deles, e ela também não via Rukia.

Ela parou de andar e rebobinou seus pensamentos. Nem Ichigo nem Rukia estavam aparecendo, então isso significaria que estariam juntos? Inoue sentiu uma pontada lhe atingir no coração e sua garganta fechou. Claro que estavam juntos, eles sempre estavam juntos. Ela suspirou pesadamente e balançou a cabeça. “Acho que é o melhor a Kuchiki-san ficar perto do Kurosaki kun. Ele anda estranho” Pensou enquanto voltava a caminhar “Mas eu não consigo evitar de sentir o que sinto agora, acho que sou um pouco invejosa.”

Inoue tinha tentado falar com Ichigo a respeito do que ele tinha, só que ele desconversou dizendo que estava tudo bem e começou a falar de outra coisa. Ela não teve coragem para insistir no assunto, então deixou por isso mesmo, só que era impossível não perceber que tinha algo errado com ele. Seu jeito de falar estava diferente, seu jeito de agir, as olheiras evidentes abaixo de seus olhos. Quando o assunto acabou naquele momento, o silêncio se instalou por completo e ela ficou encarando o chão, sem tomar a iniciativa de nada. Ichigo pareceu ficar sem graça e também desviou o olhar para a janela da sala.
Foi quando Inoue ouviu a voz de Rukia chamando Ichigo o que o fez levantar a cabeça como por instinto. Ela disse que estava o procurando e eles tiveram a típica discussão de sempre, e como quando Inoue conversava com Ichigo o silêncio se instalou entre ele e Rukia.

Só que ao invés de olharem em direções opostas, Rukia só agarrou a mão de Ichigo o puxando e falando um sutil “Apenas venha logo seu imbecil.” E o puxou o obrigando a seguí-la. Ela se despediu sorrindente de Inoue enquanto saía da sala puxando Ichigo, que deu um discreto meio sorriso que foi percebido por Inoue.

- A Kuchiki-san faz tão bem para o Kurosaki-kun... Eu queria ser como ela.

Inoue abriu a porta de seu apartamento e ligou o interruptor, mas seu um pulo para trás quando viu suas coisas reviradas e fora do lugar em que ela tinha deixado antes de sair.

- O que aconteceu aqui? – perguntou a si mesma exasperada enquanto ia verificar suas coisas

Nada tinha sido roubado, mas as coisas apenas estavam como se alguém estivesse procurando alguma coisa. Inoue torceu o nariz quando sentiu um cheiro fétido misturado com algo ácido e retirou um pedaço da cortina que estava no chão.

Embaixo da cortina, tinha algo parecido como uma gosma avermelhada. A garota torceu o nariz denovo e fez uma expressão de nojo, percebendo então que tinham pequenos pedaços de vidro abaixo do outro lado da cortina que ela não havia tirado.

Ao averiguar, ela encontrou seu porta retrato com o vidro espalhado pelo chão e com o que ainda permanecia na foto haviam várias rachaduras. Percebeu que era o porta retrato que guardava a foto de uma agradável tarde que havia tido com seus amigos. Tatsuki estava no canto da esquerda com um sorriso simples fazendo um sinal de Paz com os dedos, logo em seguida vinham Ishida e Sado com expressões descontraídas e meio desatentas, Inoue extremamente sorridente enquanto seu braço estava levantado ao ar, e do lado dela.. Nada. O resto da foto fora rasgado dali.
Inoue pegou o porta retrato com cuidado para não se cortar e o averiguou mais atentamente. A parte da foto que faltava, era a parte em que Ichigo e Rukia estavam.

A garota perdeu a cor na hora que percebeu aquilo. Um calafrio lhe passou pelos ombros e o interruptor desligou a deixando alarmada no escuro do apartamento, que era iluminado apenas pela luz da lua que entrava pelas janelas e pela porta que estava escancarada.

- Quem... quem está aí?! – perguntou se virando para encarar o vazio do apartamento – Apareça!

A voz da garota vacilava enquanto ela tentava identificar qualquer coisa na escuridão, quando algo se moveu lentamente e se pôs a frente da porta, tampando um pouco a luz do luar. Inoue sentiu sua respiração falhar quando seus olhos encontraram o que estava a sua frente.

Não conseguia distinguir completamente pela escuridão, mas as poucas partes que eram iluminadas eram cortadas ou apodrecidas. E a cabeça da criatura parecia deformada. Inoue não teve reação, apenas ficou encarando a coisa que estava a sua frente com seus olhos vermelhos a encarando, sedentos.

- Anamuh.. – sussurrou – Anamuh agima ed ikasoruK ogihcI.
-
O quê?
- ikihcuK aikuR, edno atse ikihcuK aikuR?

A coisa deu um passo para frente o que fez Inoue se arrastar para trás. Ao se mexer, Inoue viu que algo balançou na mão da criatura. E ela reconheceu muito bem o que era.

A parte que estava faltando da foto.

A ruiva não demorou muito para entender que aquilo estava revistando seu apartamento em busca de informação dos dois. A criatura deu mais passos a frente, e Inoue acabou por encarar seus olhos denovo...
Uma dor de cabeça a acertou como uma ponta afiada de uma faca de uma hora para a outra, deixando a garota sem reação enquanto gemia com a dor de cabeça que a atacava.

Um zumbido começou a passar por sua cabeça, logo se tornando mais claro dentre as investidas agudas que alguém parecia lhe infligir repetidamente.

Me diga... Me diga onde está Kuchiki Rukia.

Inoue abriu os olhos com dificuldade e encarou a criatura que chegava cada vez mais perto, com o que parecia ser sua voz ecoando em sua mente.

Amiga de Kurosaki Ichigo, me diga onde está Kuchiki Rukia!

Inoue colocou uma mão no chão, e sentiu algo pontiagudo lhe machucar a pele. Olhou o que era e viu que um pedaço grande de vidro havia cortado um pouco a pele de seu pulso.
A garota agarrou o pedaço de vidro com a mão e olhou novamente para a criatura com dificuldade, já que sua visão estava meio turva por causa da forte dor de cabeça. Quando a criatura chegou perto o suficiente, Inoue fincou o pedaço de vidro em seu estômago o fazendo grunhir de dor e se afastar. Sua cabeça deu uma leve melhorada, como se a ligação tivesse sido interrompida.

Ela se levantou rapidamente e pegou um taco de beiseboll que Tatsuki havia esquecido outro dia em sua casa e acertou a cabeça da criatura que ainda gemia de dor. Com o impacto o ser acabou por tombar para o lado e se chocar com uma série de coisas que se encontravam entulhadas no chão. Inoue largou o taco de beiseboll no chão e saiu o apartamento ás pressas, sentindo lágrimas quentes rolarem pelo seu rosto. Aquela coisa estava atrás de dos seus amigos, e pelo que ela havia entendido, estava mais centrada em Rukia. A garota sentia suas pernas fraquejarem pelo que havia acabado de presenciar, sua cabeça ainda latejava e o cheiro parecia não abandoná-la, a deixando enjoada. Corria com o que podia entre as ruas da cidade, tentando organizar sua mente e saber para onde estava indo, quando ela vira em uma rua e acaba topondo com alguém, que com o impacto acabou por ir para trás.

- Inoue-san? – Ela ouviu aquela voz familiar lhe chamar e levantou o rosto – Ei, o que houve?
- Ishida-kun? Ishida-kun! – Ela lhe abraçou com as lágrimas correndo soltas pelo rosto com a voz trêmula e embargada – Graças a Deus que você está aqui!

Ishida sentiu suas bochechas queimarem de leve, e olhou aflito para a amiga.

- Se acalme, e me diga o que aconteceu.
- Não dá tempo de explicar. – A garota fungou – Preciso avisar o Kurosaki-kun e a Kuchiki-san, é urgente!
- Eles não estão em casa, acabei de vir de lá.
- O quê? – a garota se exaltou – Onde eles estão?
- O pai do Kurosaki disse que eles tinham saído a pouco tempo para ver o Urahara.
- Precisamos ir atrás deles, agora.

Inoue puxou o braço de Ishida com passos rápidos que o fez a seguir.

- Espere Inoue-san, o que está acontecendo?
- A Kuchiki-san está...

Inoue tropeçou em seus pés e começou a tombar, mas Ishida impediu que ela acabasse por se encontrar com o chão.

- Você não está bem. Vem, vamos para um hospital.
- Não! – ela teimou tentando se reerguer – Eu preciso avisá-los!
- Avisar o que?

Inoue respirou pesadamente enquanto encarou Ishida que estava perdido em confusão.

- A Kuchiki-san está em perigo.

.

Ichigo e Rukia haviam chegado a um tempo na loja de Urahara. Ururu tinha servido chá e pediu para que esperassem, pois Urahara tinha saído para resolver algumas coisas e voltava em pouco tempo. A tensão predonimava no recinto, e quando Ichigo e Rukia não se entreolhavam ou encaravam o chão ou o chá.

Rukia pegou o copo de chá e o levou a boca silenciosamente, bebendo um gole e logo após o depositando na mesa novamente.

- Rukia – ouviu Ichigo a chamar e o olhou – Naquela hora, antes de acordar... Você estava parecendo desconfortável. Estava tendo algum sonho ruim também?

Ela não respondeu de imediato. Apenas estudou a expressão suavemente tensa do rapaz enquanto ele a fitava com seus expressivos olhos castanhos. Rukia deu de ombros

- Não, na verdade não me lembro direito.
- Ah..

E novamente, o silêncio predominou. Mais longos minutos se passaram enquanto os dois esperavam Urahara, e dentre esses longos minutos por ficar com o olhar baixo ou desatendo.. Rukia não percebia que Ichigo a olhava fixamente e que apenas desviava o olhar quando ela olhava em sua direção. Ele não sabia o que estava acontecendo, só que sentia um pressentimento ou sensação estranha.

E essa sensação estranha, o levava a fitar todo minuto vago o rosto ou os olhos azuis da shinigami.

Urahara contemplava a cena por uma pequena fresta da porta com um sorriso zombeteiro no rosto. Sabia que tinha alguma coisa ali, não era difícil de se notar. Mas além dos olhares despercebidos a tensão pairava pelo local, deixando bem claro que mesmo que aquele momento estivesse interessante com certeza não era aquilo que os tinha trago até sua loja.

Urahara se endireitou e abriu a porta, com um alegre sorriso no rosto enquanto os saudava.

- Kurosaki-san! Kuchiki-san! Ao que devo sua calorosa visita?
- Por Deus Urahara, já não era sem tempo. – Ichigo resmungou com uma cara carrancuda – Onde estava? Vendendo doces da Soul Society para crianças?
- Kurosaki-san, não tem idéia do quanto eu adoro seu senso de humor. – Urahara disse em um tom irônico – Mas tornando a repetir, o que os trás aqui?
- Urahara, lembra de quando disse que o olhar dos Scrapjers causa um certo tipo de impotência? – perguntou Rukia
- Sim, claro.
- Quais seriam os sintomas que uma pessoa que foi vítima teria?

Uharaha olhou Ichigo, e logo após voltou seu olhar para Rukia.

- Bem, ao encarar um Scrapjer ele entra em sua mente por meio do olhar, é uma habilidade psíquica que eles possuem. Com essa habilidade eles conseguem mexer completamente em suas lembranças, em seus pensamentos, podem até causar uma morte cerebral se quiserem que a vítima morra rapidamente. Mas como são seres cruéis, gostam de brincar com a comida antes de devorá-la.
- Isso de entrar na cabeça da pessoa.. Eles poderiam controlar pensamentos?
- De que grau estamos falando exatamente?
- Sonhos.

Urahara olhou para Ichigo com a sobrancelha levantada.

- Bem, eu não achei nenhum registro ou informação sobre isso. – Ele começou - Mas se os sonhos fazem parte de nossos pensamentos enquanto estamos dormindo poderíamos dizer que eles conseguem manipular sonhos.

O silêncio teimoso voltou a pertubá-los, deixando a sala repleta de tensão novamente. Urahara pensou por alguns momentos e finalmente entendeu onde aqueles dois queriam chegar.

- Kurosaki-san está tendo sonhos pertubadores.
- É. Pode-se dizer que sim.
- Eles querem o poder do Ichigo, isso significa então que estão tentando controlá-lo mentalmente a seu favor por meio de sonhos?
- Talvez, mas o mais correto seria dizer que estão querendo enfraquecê-lo. Se estão tentando obter o poder do Kurosaki-san não seria mais viável que ele estivesse impossibilitado?
- Mas eu estou impossibilitado! – Ichigo afirmou com uma voz de frustação.
- Kurosaki-san, suas habilidades ultrapassam a linha da compreensão e sua facilidade de aprendizagem é algo surpreendente. Mesmo que esteja de certa forma impossibilitado ainda apresenta ameaça para eles. Acha mesmo que eles arriscariam perder a maior chance que possuem de finalmente se reerguer?
- Não mas... Você não me explicou essa parte. – Ichigo fez uma careta – Eu achei que seria um peso morto pelos próximos 3 meses.
- De certa forma será. Seus sentidos estão meio bagunçados por causo da manipulação de sua mente, seus movimentos podem ficar mais lentos e seu poder perderá um pouco de sua eficácia. Mas mesmo com estes empecilhos você continua sendo uma ameaça preocupante Kurosaki-san... Provavelmente estão planejando acabar com qualquer chance que vocês tenham de impedí-los.
- Então eu não preciso...
- Ainda precisa de proteção Kurosaki-san, se ainda apresenta ameaça aos Scrapjers eles farão de tudo para que não apresente mais e se torne um alvo fácil. E acredite, eles tem os jeitos mais sujos possíveis de conseguir, a inteligência dessas criaturas é terrivelmente traiçoeira e cruel.
- O que eles poderiam usar por exemplo?
- Kurosaki-san, qual sua maior fraqueza?

Ichigo franziu o cenho.

- Como eu vou saber?
- Por deus, essa manipulação realmente está lhe pulverizando os neurônios.

Ichigo desferiu um olhar mortífero para Urahara, que foi interrompido pela mão irritada de rukia que empurrou sua cabeça para baixo.

- Como vão pulverizar algo que não existe?
- Ora sua...
- Kurosaki-san. – Urahara tirou os dois de uma breve discussão – Qual é a sua maior frustação pela impotência?
- Eu ter que depender dos outros é claro! Além do mais, se essas coisas estão atrás de mim vão acabar vindo atrás das pessoas que estão ao meu redor.
- Bingo.

Ichigo e Rukia ergueram a sobrancelha para Urahara.

- Sua fraqueza são os outros. Seu medo de não poder proteger te irrita profundamente, e como é sua maior vontade com certeza é sua pior fraqueza também.
- Oras, isso é meio óbvio.
- Então porque não percebeu logo seu umbecil?
- Do mesmo jeito que você não percebeu também sua anã de jardim.
- Quem é anã de jardim seu vara pau ambulante?
- Vai apelar pra minha altura agora? Pelo menos é algo que eu tenho e você não tem sua pintora de rodapé.
- É melhor ser baixa do que alta com o cérebro de uma formiga!
- Pelo menos o meu cérebro de formiga não fica em uma cabeça com formato de cebola!
- Sério? Pelo menos meu cabelo não parece um matagal mal cortado!
- Crianças crianças, acham mesmo que brigar resolve alguma coisa?
- E você cala a boca. – Os dois disseram em unissono em alto e bom som. – E pare de falar a mesma coisa que eu. Eu mandei parar! Argh, inferno.

Urahara balançou a cabeça suspirando e soltando um breve “Yare yare” enquanto via os dois continuarem a discussão. Eles não tinham jeito afinal, mas tinha que admitir que era até divertido observar aqueles dois se alfinetando.

- Urahara-san – Ouviram a voz fina de Ururu chamar da porta
- Oh, sim Ururu?
- A moça ruiva e o quincy de óculos estão aqui.
- Inoue e Ishida? – Ichigo interrompeu sua discussão com Rukia e voltou sua atenção para a pequena garota na porta – Onde eles estão?
- Eles..

Então uma ruiva partiu correndo pela porta quase atropelando a pobre menininha, atravessando o quarto e apertando Rukia em um abraço sufocante e aliviado, enquanto murmurava milhares de coisas.

- Uf.. Inoue.. Mas o que?
- Kuchiki-san! – A garota choramingava – Você está bem, graças a Deus você está bem!
- Claro que eu estou bem. Mas afrouxe o abraço um pouquinho ok?
- Ah, desculpe.

Inoue soltou Rukia que aspirou uma grande quatidade de ar, Ichigo estava sem entender a ação da amiga, e olhou confuso para porta onde se encontrava Ishida.

- Nem me pergunte. Encontrei ela no meio do caminho e ela estava transtornada falando algo que a Kuchiki-san estava em perigo.
- Perigo? – Ichigo olhou para Inoue – O que houve?
- Eu fui pro meu apartamento, eu sempre vou pro meu apartamento depois da escola, claro que hoje eu saí com a Tatsuki chan e por isso demorei, e também fui no mercado que...
- Inoue – Rukia fez a garota olhar para ela – Foco. E pare de tremer, está tudo bem agora ok?
- Ah, ok. Mas quando cheguei estava tudo revirado, e minhas coisas quebradas. Uma coisa me atacou perguntando da Kuchiki-san, queria saber onde ela estava, e também parecia conhecer o Kurosaki-kun.
- Wow wow, espera, essa coisa era mais feia que espantalho remendado de filme de terror e fedia mais que peixe congelado?
- Sim, e falava uma língua estranha.
- Inoue, você não olhou nos olhos dessa coisa, certo? – Rukia perguntou receosa olhando para a garota
- Anh, bem, olhei. Mas o que tem?

Ichigo, Rukia e Urahara se entreolharam. A preocupação transbordando de seus olhares. Os Scrapjers estavam começando a agir.

- Está com dor de cabeça, ou algo parecido?
- Minha cabeça está latejando um pouco. Mas não é grande coisa, e não importa. Ele estava procurando nas minhas coisas atrás do Kurosaki-kun e da Kuchiki-san, rasgou uma foto de um porta-retrato meu e me atacou perguntando dela. O que era aquilo?

Urahara soltou um suspiro pesado e olhou para todos os jovens que se encontravam naquela sala.

- Irei explicar mais uma vez, mas peço que mantenha total sigilo sobre isso Inoue-san.
- Sim, claro! Agora o que era aquilo? Zumbis estão atacando a cidade que nem aqueles filmes de terror?

Ichigo olhou para Inoue com uma grande interrogação na cabeça. Ela estava falando sobre aquelas coisas estranhas denovo. Ele apenas balançou a cabeça e tentou organizar os pensamentos.

Os Scrapjers estavam começando a agir, e mais rápido do que ele pensara. E fizeram questão de deixar bem claro seu alvo além dele.

Rukia.


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