Doomed Sun escrita por Meel_Bear


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

YO.

Faz tempo bagarai né? Perdoem-me.

Sô lesada D:'


Mas eu vou postar os últimos capítulos. Devo conseguir atualizar mais rapidamente, mesmo que seja meio difícil!

Aqui vai ~



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Urahara estava em sua loja junto a Yoruichi, que estava em sua forma felina deitada perto de seus pés enquanto ele manejava um pequeno aparelho negro e quadrado. Parecia algo delicado, mas na verdade era algo que ele havia feito a pouco tempo em meio a uma de suas várias descobertas.

Ele apertava o pequeno botão sobressalente ao quadradinho continuamente, mas em seu rosto apenas estava presente uma expressão desgostosa de decepção.

- Urahara – Ele desviou sua atenção do objeto e fitou Yoruichi, que falava com sua voz masculina irreconhecível – No que você tanto está fuçando aí?
- Algo que eu descobri a pouco tempo... Pode nos ser útil como uma informação mas como eu não tenho como fazer funcionar, não sei dizer ao certo se eu consegui o que queria.
- Será útil em suas pesquisas ou na atual situação? Sabe que as coisas estão deliberadamente complicadas, e devemos tomar medidas em relação á Ichigo.
- Medidas em relação ao Kurosaki-san?
- Se seu poder está tão limitado assim, esse não será o último ataque do inimigo. – Yoruichi levantou sua cabeça – Temos que fazer alguma coisa.
- Não acho que seja necessário que corremos atrás dele. – Urahara voltou a sua atenção para o estudo minucioso do pequeno aparelho – Ele nunca nos dá tempo pra isso. E isto – ele mostrou o aparelho para a gata – Pode ser útil a ele, se funcionar.
- Mas o que é isso?
- Bem...

Quando Urahara ia começar sua breve explicação, Ururu abre a porta lentamente interrompendo as palavras de Urahara.

- Urahara-san, é o shinigami substituto – Ela disse, com sua voz fina e baixa tomada pela timidez – Ele quer falar com o senhor.

Urahara olhou para Ururu, e logo então olhou para Yoruichi com um ar de “Eu te disse” acompanhando de um sorrisinho irônico. A gata revirou os olhos e se levantou assim que o Urahara o fez.

- Estou a caminho.

Ichigo andava de um lado para o outro na sala de recepção. Sua impaciência causando desordem em seus pensamentos que vagueavam sobre milhares de coisas, tantas, que ele após uns segundos já não se lembrava mais o que tinha pensado.

- Kurosaki-san – ele se virou subitamente ao ouvir a voz calma e receptiva de Urahara – O que lhe devo a visita?
- Eu preciso que me treine denovo.

Urahara chegou a se assustar com a voracidade das palavras de Ichigo. A quanto tempo ele não ouvia aquele timbre de voz firme vindo de Ichigo?

- Te treine novamente? Já não acha que tem o poder suficiente?
- Claro que não! – Ele vociferou novamente – Olhe o que está acontecendo comigo! Estou a mercê dessas coisas, e por isso todos estão ficando também. Eu preciso ter poder para protegê-los e não os meter em perigos por mim novamente.

Novamente? Pensou Urahara Ele está falando de Rukia.

- Kurosaki-san, não tenho como lhe deixar mais forte. O que fiz daquela vez foi apenas despertar seus poderes, não os lhe dei. O poder vem de seu interior, não é dado pelos outros em treinamento ou seja lá o que for
- Então não pode me ajudar?
- Eu não disse isso. – A expressão insondável de Ichigo se tornou confusa dessa vez, mas Urahara continuou – Você veio me procurar para me pedir algo, estou apenas lhe dizendo que está fazendo o pedido errado.

Ichigo dessa vez arqueou a sobrancelha. Urahara soltou um suspiro e se dirigiu novamente ao ruivo.

- Você não precisa de um treinamento para aumento de poder, você precisa de um treinamento de aperfeiçoamento.
- Aperfeiçoamento?
- Kurosaki-san, você realmente não faz idéia do que é capaz não é mesmo?

Ichigo nada respondeu. Sim, ele sabia do que era capaz, e seus pesadelos deixavam bem claro o quanto ele era capaz. Mas mesmo assim, ele continou em seu silêncio enquanto ainda encarava Urahara que não parecia realmente esperar uma resposta vinda de Ichigo.

- Irei conceder seu pedido – O loiro quebrou o silêncio – Mas esse treino exigirá mais de você do que qualquer outro treino jamais exigiu, Kurosaki-san, e espero que esteja pronto para o que está por vir.
- Eu estou.

Urahara assentiu, e apenas mandou Ichigo o acompanhar. Yoruichi sempre em seu encalço, mas ela nada dizia. Seu silêncio deixava bem claro à Urahara que ela estava pensando, e era a mesma coisa que ele pensava.

É o que veremos Kurosaki-san... É o que veremos.

.

No hospital do pai de Ishida, Inoue agora mais calma, ressonava calmamente em seu leito. Ishida teve bastante trabalho para conseguir acalmar a garota, que chorou durante 2 horas sem conseguir emitir som algum a não ser soluços. Inoue estava imersa em seus sonhos que podiam se dizer tranquilos, já que ela estava tendo uma lembrança de quando havia saído para o parque um dia com seu irmão para um pique-nique. Fora um dos dias mais felizes da sua vida, e ela se lembrava direitinho daquele dia.

 Mas risos de seu irmão foram cortados, quando repentinamente o cenário mudou para nada mais do que apenas um fundo enegrecido, no qual ela se encontrava sozinha agora de volta a sua idade atual.

- Olá? – perguntou receosa para a escuridão, que nada lhe respondeu

Embora sentisse seu casaco em contato com sua pele, ela sentiu um arrepio lhe atravessar a espinha.

Tinha algo errado ali, muito errado.

- Olá? – tornou a repetir – Tem alguém aqui?

Se abraçando, ela começou a andar pela escuridão. Sua respiração aparecia a cada vez que ela expirava, deixando claro o quanto a temperatura estava baixa. Enquanto andava, Inoue olhava para os lados atenta, procurando qualquer indício de movimento.

Mas um ruído a fez parar, inclusive de vasculhar o local.

A garota paralisou no lugar quando a sua frente entre a escuridão, um grande par de olhos prateados, com sua íris completamente vermelha, a encarou. Inoue sentiu suas pernas fraquejarem quando aquele olhar pretencioso ainda a tinha em sua linha de alcance. Ela tentou se mover para correr para longe dali, mas quando um sorriso carregado de dentes cerrilhados e disformes brilhou junto aos olhos intimidadores na escuridão, a única coisa que Inoue conseguiu fazer quando uma mão ossuda e decomposta foi em direção a sua cabeça, foi gritar.

Ela acordou subitamente, ofegando e sentindo sua roupa completamente grudada em seu corpo pelo suor. Seu cabelo estava molhado e o calor estava em cada canto do quarto. Inoue olhou para a janela e viu que o sol ainda se punha, sumindo lentamente enquanto se arrastava preguiçosamente para baixo, sendo empurrado pela noite que logo tomaria seu lugar.

- O que... foi isso..? – perguntou enquanto passava a mão no cabelo molhado

Ela levou a mão ao seu peito onde seu coração palpitante agora que começava a se acalmar. Ela sentia uma sensação estranha, que a deixava desconfortável. Sua cabeça não dóia, apenas rodava um pouco, mas ela não pareceu ligar.

A porta do quarto abriu, surgindo dela Ishida com um copo de água em mãos. Ele olhou para Inoue com a sobrancelha arqueada, a perguntando se estava tudo bem.

- Oh... Sim, Ishida-kun, estou bem. – ela respondeu – Alguma notícia?

Ishida voltou a encarar a garota. Ele sabia que assim que contasse o que estava acontecendo a garota ela cairia em prantos novamente, o que o deixou receoso em contar.

- Sim mas... Você está realmente bem?

Ela apenas assentiu, fazendo então com que Ishida explicasse o estado de Rukia.

Quando ele terminou de falar, esperava algum tipo de reação, mas nada da expressão de Inoue se modificou, ela apenas permanecia com sua expressão anterior.

- Ishida-kun – disse com sua voz firme, surpreendendo-o – Eu quero ir ver a Kuchiki-san.

.

Ichigo sentiu uma grande sensação de nostalgia assim que adentrou naquele familiar campo de treinamento, que se assimilava a um lugar desértico e rochoso, onde já treinara inúmeras vezes com Urahara.

Mas ele lembrava-se exatamente pelo quê tinha entrado ali pela primeira vez. E era irônico que o mesmo motivo tenho o levado ali novamente.

- Kurosaki-san – Urahara tirou Ichigo de seus devaneios parando a sua frente – Primeiramente, o que te motiva a vir aqui?

Ichigo arqueou a sobrancelha

- Como o que me motiva? Você sabe muito bem pelo quê eu quero treinar.
- Não. Eu não sei. Na verdade, eu não devo nem quero saber. Esse motivo é apenas seu, você tem que seguí-lo por si mesmo. Estou aqui apenas para te direcionar.
- O que quer dizer?
- Olhe isto.

Urahara tirou a pequena caixinha do bolso de seu kimono, e o mostrou para Ichigo.

- Mas que diabos é isso?
- Quero fazer um teste. – ele posicionou o polegar ao lado do pequeno botãozinho vermelho na lateral da caixa – sugiro que respire fundo.
- O que você quer dizer com...

Sem deixar Ichigo terminar sua frase, Urahara apertou o pequeno botão o que fez a caixa abrir a pequena tampa, e dentro dela, um tipo de dispositivo semelhante a uma bússola maluca ressonou. Imediatamente, Ichigo sentiu aquela dor aguda lhe atingir a cabeça. Ele gemeu e caiu sobre seus joelhos, segurando seus gritos de dor.

Urahara fechou a caixinha, e então a dor desapareceu deixando apenas uma leve tontura no garoto.

- Mas que merda foi essa? – queixou-se fazendo uma careta
- Isto, Kurosaki-san, é a sua derrota. Você se torna alguém completamente incapacitado ao ouvir isto.
- E o que é isto?
- Ondas sonoras semelhantes ás que os Scrapjers liberam em suas vítimas.
- O quê? Como diabos você conseguiu isso?
- Eu criei, com base em alguns estudos. Embora seja algo mais complicado, eu consegui implantar neste pequeno aparelho este som, e embora ainda seja genérico pareceu funcionar muito bem.

Ichigo se levantou

- Certo, e o que isso tem a ver?
- Quero que me diga como planeja lutar contra os Scrapjers.
- Como planejo? – Ele arqueou a sobrancelha – Com o que eu conseguir.
- Quero dizer – Urahara ponderou – como planeja atacar algo que te retardada?

Ichigo nada disse, apenas encarou Urahara pensativo.

- Foi o que pensei. É isto que teremos que treinar.
- O que planeja então?
- Primeiramente, o que te faz ter a dor de cabeça?
- O som.
- E de onde vem o som?
- Dos Scrapjers.
- E quando exatamente, eles lhe dão esta dor de cabeça.

Ichigo pensou por uns segundos, e finalmente respondeu

- Quando eu os olho.
- Chegamos no ponto de partida.
- Então, está querendo dizer que eu terei...
- Que lutar ás cegas.
- E isso é possível?
- O que não é possível, Kurosaki-san?
- Muitas coisas.
- Me faça uma lista quando puder. – Ichigo sentiu a ironia – Mas voltando ao assunto... O modo de combate depende do tipo do inimigo, e neste caso, será mais exigido da sua mente e ouvidos, olhos são dispensáveis. Por isso disse que você teria que se preparar para este treino.

Ichigo assentiu. Estava pensativo

- Como começamos?

Urahara tirou benihime de sua bainha e a chamou. Enquanto em sua outra mão a pequena caixinha jazia fechada.

- Testaremos seu senso perceptivo primeiro. Eu lhe atacarei e você terá, com os olhos vendados, que se defender de meus ataques. – ele pausou – Mas a cada vez que abrir os olhos, terá uma consequência. – Ichigo encarou a caixinha – entendido?
- Sim.
- Ótimo. Comecemos então – Urahara se pôs em posição de ataque – Feche os olhos, e em hipótese alguma os abra, a menos que queira aprender a enfrentar a dor.

Ichigo obedeceu Urahara, fechando seus olhos. Ele procurou se concentrar nos ruídos ao seu redor sem necessitar da ajuda de seus olhos, e foi quando sentiu o vento mudar perto de si. Ainda sem abrir seus olhos, ele defendeu um ataque que Urahara lhe desferiu pela lateral esquerda, mirando seu coração.

- Bom movimento. – Urahara se moveu novamente fazendo com que Ichigo se defendesse mais uma vez.

Aquilo estava muito fácil. Então este seria o treinamento terrível que tanto Urahara falava? Se dependesse apenas daquilo, Ichigo não precisaria de treinamento.

Mas seus pensamentos foram completamente interrompidos quando ele sentiu uma forte dor em suas costas. Ele tentou acertar Urahara mas ele já estava fora de seu alcance.
Outra dor, esta agora no braço. Ichigo trincou os dentes sentindo o líquido quente escorrer pela sua pele

- O quê? – Ouviu Urahara perguntar – Não está realmente achando que os Scrapjers lhe atacarão um por um não é? Todos virão para cima de você de uma vez. Acha mesmo que vai ter tempo para ser tão lento Kurosaki-san? Quando estiver pensando no que vai fazer já vai ter virado comida.
- Estou fazendo o que posso. – Ele retrucou
- Não, não está. Procure se concentrar se não quiser mais do que apenas um arranhado na sua pele.

E novamente, o ar se agitou. Ichigo com muita dificuldade tentava ler os movimentos extremamente rápidos de Urahara, falhando várias vezes o que lhe fazia ganhar vários machucados pelo corpo. Aquilo o estava irritando profundamente.

Aquela parte do treinamento, já estava durando pelo menos uma hora e meia desde seu começo. Ichigo já ofegava terrivelmente enquanto Urahara não lhe dava tempo para respirar. Vendo o que estava acontecendo, ele se afastou do ruivo e apenas o observou tentando recuperar seu fôlego.

- Se estiver desta maneira no campo de batalha, não durará nem meia hora.
- Estou bem. – Ichigo disse, respirando uma grande quantidade de ar – Vamos denovo.

Urahara o olhou pelo seu chapéu. Viu que daquela maneira nunca chegariam a lugar algum.

- Não estou vendo ponto algum neste treinamento. Você não está dando tudo de si Kurosaki-san.
- Estou! – Ele vociferou, seus olhos fechados trêmulos – Vamos denovo.
- Não tenho outra alternativa então.

Ichigo sem entender, sentiu um arrepio repentino passar pelo seu corpo. E então segundos depois estava voando pelo campo de treinamento.

- Argh! – Gemeu atingindo o chão. Suas costas queimavam – Mas o quê...
- Levante-se. – Ouviu a voz de urahara a ordenar

Ainda cambaleante, Ichigo obedeçou se pondo de pé. Mas depois disso não conseguiu nem pensar antes que Urahara lhe atacasse denovo. No susto Ichigo se defendeu com Zangetsu, mas ele foi jogado novamente longe.

- Acha que lhe darão tempo para respirar? – Urahara o atacou denovo – Estarão sedentos pela sua carne. São bestas ensandecidas. Vão atacá-lo sem hesitar – Ichigo fora jogado mais uns metros a frente – É assim que quer enfrentá-los? Se entregando em uma bandeja de prata?- Urahara perguntou, com sua voz firme – É assim que quer orgulhor Kuchiki Rukia?!
- Eu não vou... perder – Ichigo disse se levantando novamente, mas sendo atingido por Urahara – Eu.. Não posso desistir!
- Não está colocando sua vesdadeira determinação em seu treinamento Kurosaki-san. Você está fraco, perdeu seu espírito de luta. Como espera ainda conseguir proteger alguém desta maneira?
- Você mesmo disse que estou com limitações!
- E você acha que isto é um empecílio? Pra conseguir o que você deseja suas limitações não podem te impedir, ou então perderá novamente.
- O que sugere que eu faça então?
- Eu já disse, que não estou aqui para lhe dar as respostas Kurosaki-san. Deve procurá-las dentro de si. – Urahara tinha sua expressão indiferente enquanto olhava para o garoto de olhos fechados cheio de machucados e ofegante – E sugiro que as encontre rápido, já que seu tempo é curto.

Ichigo rangeu os dentes e se pôs novamente em posição de ataque. Ele não tinha muito tempo, tanto para o treinamento, quanto para a ameaça que teria que enfrentar.

.

Na soul society havia anoitecido. Todos estava em seus postos alertas a qualquer movimento suspeito ou a qualquer chamada sobre novos ataques. Os capitães ainda estavam ligados aos comandos do comandante, e alguns haviam saído para fazer algumas investigações.

Mas um não estava com cabeça para aquilo.

Kuchiki Byakuya estava sentado ao lado do leito de sua irmã desacordada. Sua expressão cansada e os olhos a encarando, imerso em pensamentos. Ele estava ali desde manhã, e não planejava sair tão cedo aparentemente.

Rukia não havia apresentado nenhuma mudança em relação a seu estado. Os médicos apenas relatavam que ela permanecia em estado de coma indeterminado. Byakuya nada dizia a muito tempo. Lembrava-se de sua mulher, padecendo de uma grave doença e imaginando que logo a perderia. Aquela angústia, aquele sentimento, aquele vazio... Parecia estar voltando.

E tudo porque aquele moleque imbecil não tinha sido o suficiente para cuidar de sua irmã como deveria.

- Por que faz tanto por este garoto Rukia? – Perguntou com sua voz calma e vazia de sempre – Por que faz tanto por ele desde que o conheceu? É por ele ser parecido com aquele homem?

Ela nada respondeu. Byakuya continuava a encarando com seus olhos perdidos.

- Você nunca foi tão imprudente, até que o conheceu. – Ele disse se referindo ao shinigami de cabelos negros que há muito tempo havia deixado este mundo, levando consigo a felicidade de sua irmã – Nunca tinha visto seu sorriso antes, e depois de sua morte foi aí então que eu nunca mais o vi... Mas após conhecer este pirralho, como pode fazer isso tão naturalmente? – Byakuya agora tinha dor em seu olhar, algo que era impossível de se ver – Como pode fazer isso tão naturalmente com alguém que você conhece a menos tempo que o seu próprio irmão?

Byakuya tinha várias perguntas. Várias delas ele não tinha resposta, e aquilo o angustiava ainda mais. Ele nunca pensara se era um bom irmão para Rukia, já que ela sempre aparentava estar tão bem e tão segura de si. Além do mais, ela sempre o tratava com uma admiração inacreditável, como não pensar que estava cuidando dela da maneira correta? Da maneira que Hisana o pediu para cuidar?

O incomodava saber que ela estava mais feliz na compania daquele maldito do que de si mesmo. E o que mais incomodava, era que aquele maldito estivesse tão desconcertado. Que aquele garoto, fizesse tanto por ela. Que na época em que ela seria morta pelas regras daquele mundo, fora ele que virou tudo de cabeça para baixo para salvá-la. Fora ele que enfrentou toda Soul Society para impedir sua execução. E Byakuya, apenas assistia tudo.
Quem Kurosaki Ichigo pensava que era? Quem ele pensa que é para ser consumido pelo desespero, ao saber do atual estado de Rukia? Aquela sensação Byakuya deveria sentir, ela era sua única família.

Mas então, por que ele não sabia o que estava sentindo?

Não sabia se sentia raiva ou desespero, medo ou ódio. No momento, não achava sentimento algum dentro de si. Apenas o vazio. O vazio que o fazia pensar, que quebrara sua promessa com Hisana. Ele não deveria culpar Kurosaki Ichigo pelo estado de Rukia, deveria culpar a si mesmo. Ele não cuidara dela direito, não fora um bom irmão para ela como deveria ter sido. Ele tinha raiva de  Ichigo, por ele ser tanto para ela, por se arriscar tanto por ela, porque ele mesmo pensava que deveria fazer. Byakuya pensava que deveria proteger sua irmã, não Ichigo.

Mas por mais que isso o incomodasse, fora sempre Ichigo que estava ao lado dela... E não ele. Olhou novamente sua pequena irmã deitada naquela cama, com sua pele fria e pálida. Se ela saísse daquela situação, ele nunca mais deixaria que nada acontecesse com ela, nem que tivesse que ser ele a ser a pessoa confinada a estar eternamente adormecida.

Ele nunca mais deixaria, que aquele maldito moleque fizesse o que ele deveria fazer.

.

Ichigo já estava trêmulo, com o ar lhe faltando e seu corpo protestando. Sua mente parecia falhar enquanto ele não podia abrir os olhos para lutar com Urahara, que o atacava sem hesitar. Seu corpo inteiro ardia com machucados, sua cabeça doía, se sentia tonto. Aquilo não era normal. Era causado por aquelas malditas limitações que ele estava tendo.

O que faria? O que infernos poderia fazer para conseguir dominar aquela situação? Já não sabia mais, seus recursos haviam acabado... Todas suas hipóteses, todos seus palpites e planos. Pela primeira vez, não estava conseguindo achar resposta para aquilo.

Caiu novamente após outro ataque de Urahara, que parou o olhando.

- Já está acabado? Levante-se! Eu disse quais seriam as consequências de aceitar este treinamento.

Ichigo nada respondeu, tampouco se mexeu. Sua respiração entrecortada o impedia de conseguir falar. Urahara apenas o olhava, com a decepção o enchendo.

- Acho que lhe superestimei, Kurosaki-san.

Ichigo ainda nada respondeu. Urahara voltou Benihime para sua bainha, pela primeira vez realmente pensando que Ichigo havia chegado em seu limite. Pensara que como sempre o garoto não seria impedido pelas limitações que foram impostas a ele, mas dessa vez parecia ser diferente.

O velho Ichigo havia se perdido.

Urahara não teve escolha se não desistir. Aceitar aquilo o enfurecia, mas de nada adiantaria tentar tirar leite de pedra. Ele se virou para sair.

- Não se atreva... – ouviu, o fazendo parar – ... A dar mais um passo.
- Quem irá me impedir? – retrucou Urahara
- Se o fizer, eu acabarei com você.

Urahara balançou a cabeça.

- Você chegou ao seu limite, Kurosaki-san. Não há mais o que tentar.
- Repita isso e eu realmente acabarei com sua raça.

Ele se virou, encontrando Ichigo tentando se reerguer novamente.

- Não demonstrou nada que me fizesse mudar de idéia.
- Fique olhando, você irá.
- Não desta vez. – Ele ainda encarava Ichigo – Você está perdido em si mesmo Kurosaki-san, ao menos que se ache, será impossível seguir em frente.
- Eu ainda não estou pronto para desistir – Ichigo mais uma vez retrucou, lutando contra suas pernas que teimavam em deixá-lo se levantar – Nunca estive pronto para quebrar uma promessa. – Ele ficou em pé – E não estarei agora.

Urahara sentia algo estranho vindo de Ichigo. Não sabia o que era... Só uma sensação esquisita que nunca havia sentido antes.

- Você disse, que eu teria que estar pronto para enfrentar as consequências deste treinamento, e eu aceitei – Ele levantou Zangetsu, apertando fortemente seu cabo – Se não está funcionando desta maneira, terei que recorrer a outra.
- O que está querendo dizer?

Então Ichigo fez o que Urahara menos esperava. Abriu seus olhos.

Imediatamente, o pequeno aparelho abriu e começou a liberar o barulho semelhante ao da técnica dos Scrapjers, fazendo Ichigo gritar de dor novamente. Urahara tentou se apressar para fechar o pequeno aparelho, mas foi impedido pelo grito de Ichigo.

- Não feche essa coisa! – berrou entredentes
- O que está falando? Se continuar assim vai acabar...
- Não, eu não vou! – Ele se mantinha em pé com dificuldade, se recusando a sucumbir á dor – Se eu não consegui pela maneira mais fácil, aprenderei com a mais difícil. E se isso implicar em ter que enfrentar isto, eu vou.

Urahara fora surpreendido por Ichigo. Ele imaginara diversas coisas para aquele treinamento, mas nunca que ele enfrentaria aquilo.

Estivera enganado... Ele permanecia o mesmo idiota imprudente e surpreendente de sempre.

A dor fazia Ichigo querer socar sua cabeça até que ela sangrasse, mas ele estava se segurando. Se recusando a ser dominado por ela. Aquelas coisas já tinham o impedido por tempo demais, e ele não aceitaria mais aquilo. Não aceitaria ser dominado por algo que o irritava tanto, algo que se aproveitara tanto da situação, algo que havia machucado seus amigos. Algo que não trazia dor apenas para ele, mas também para as pessoas ao seu redor.

Entre a dor, lembrou-se de Tatsuki hospitalizada, Inoue desesperada, todos temerosos do que virá amanhã, lembrou-se de Byakuya... Que nunca demonstrara antes tamanha raiva, e nisto, lembrou de Rukia.

Deitada naquela cama. Desacordada, privada de poder ver a luz do sol novamente. Impedida de poder viver novamente, confinada por sabe-se lá quanto tempo na escuridão.

Então, ele se lembrou daquela hora na batalha. No momento em que olhou para Rukia, antes de dar seu ataque final aos Scrapjers. Ela havia dita algo antes de seu comando, algo que Ichigo não havia entendido naquela hora. E junto com a dor aguda que lhe atingia a cabeça, as palavras da shinigami também o atingiram, ecoando por toda sua mente.

Desculpe, Ichigo.”

Junto daquelas palavras, algo queimou dentro de si. Ele soltou outro grito, este não de dor, de raiva... De ódio. A dor já era insiginificante perto dos sentimentos que agora dominavam sua mente. Raiva daqueles que fizeram com que ela ficasse daquela maneira, raiva daqueles que tentam controlá-lo.

Urahara sentiu uma quantidade de poder esmagadora emanar de Ichigo, fazendo com que uma expressão surpresa aparecesse em sua face.

O garoto agora berrava, mas sua voz não estava sozinha... Estava dupla, estranha. Uma reiatsu negro avermelhada começou a rodeá-lo absurdamente, enquanto suas veias pulsavam o sangue fervente por todo seu corpo. Urahara assustou-se ao perceber que o cabelo de Ichigo agora começara a mudar. Estava ficando mais longo. Em suas mãos suas unhas começavam a se tornar garras pontiagudas,  sua pele começando a empalidecer. Em seu rosto, começara a aparecer fragmentos de uma máscara branca.

Era o processo de hollowficação.

- Kurosaki-san! – Urahara gritou, tentando chamar o garoto de volta a si – Controle-se!

Não era uma forma que ele teria visto antes... Não era só parecida com um hollow. Estava diferente. O poder ainda emanava de Ichigo, com uma quantidade absurda de reiatsu o rodeando.

Ele estava fora do controle.

Quando Urahara já cogitava a idéia de fazer com que Ichigo se acalma-se de uma maneira drástica, algo aconteceu. Agora ao redor do garoto, não existia apenas a reiatsu negra... Mas sim uma branco azulada, que parecia travar uma batalha com a vermelha... Como chamas se engolindo.

Os gritos de Ichigo estavam inconstantes, hora duplo hora normal. Urahara ainda olhava a situação bestificado, sem saber se intervia naquilo.

Parecia que Ichigo estava travando uma guerra consigo mesmo.

E aquela chama branca, lhe era familiar. Ele estava estranhando já que Ichigo possuia apenas a reiatsu negra, não uma clara. Então, Urahara lembrou-se de algo, algo extremamente óbvio.

- Urahara! – ouviu a voz de Yoruichi, agora em sua forma humana – O que está acontecendo aqui? – Ela olhou para Ichigo, com os olhos arregalados – O que Ichigo tem?
- É uma guerra. – Urahara disse, ainda encarando Ichigo – Está tendo uma gerra dentro do Kurosaki-san.
- Do que você está falando?
- Tem algo ali querendo sair. – Ele disse, observando que a transformação de Ichigo hora avançava e então era refreada, principalmente no choque das chamas de reiatsu – Mas tem algo tentando impedir.
- Está falando daquilo? – ela apontou para a grande chama branca.
- Exatamente.
- É o que eu estou pensando que é?

Urahara assentiu, ainda sem tirar os olhos de Ichigo.

- A vontade de Ichigo está enfrentando seu hollow interior, juntamente da vontade de Kuchiki Rukia.


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