Era ao mesmo tempo fácil e difícil definir Elle Gobart, para a maioria das pessoas era apenas mais uma mulher filha de um império milionário, frívola e sensual. Porém, aqueles que a conheciam de verdade a temiam. Elle não era uma mulher idiota, pelo contrário, inteligentíssima, fria e determinada a ter tudo o que queria, não media esforços nem recursos para fazer valer sua vontade. Quem atravessava seu caminho só fazia isso uma vez.

E seu maior desejo na atualidade era Draco Malfoy. Se conheciam desde a época da faculdade e desde então, alimentava essa paixão pelo loiro. Infelizmente já o havia perdido uma vez, mas estava confiante agora. Sabia que ao redor dele não havia outra mulher que pudesse ocupar o seu lugar e esperava que isso evoluísse para algo mais palpável, com papéis assinados e contrato pré-nupcial.

Ela mantinha sua confiança inabalada até aquela manhã quando se decidiu por fazer uma visita surpresa no escritório de Malfoy. As últimas semanas haviam sido recheadas de jantares e sexo entre eles. Se ela apostasse, até diria que Draco estava quase a pedindo em casamento. Mas sua esperança foi abalada quando na última noite o ouviu sussurrar um nome enquanto dormia: Hermione. Por isso decidiu visitá-lo no escritório, mas nada a preparou para aquela visão.

Quem a recebeu não foi Pansy, mas sim Hermione. Porém não era a mesma que conheceu naquele almoço, com uma roupa formal e coque. Era uma Hermione transformada. Na verdade, era quase uma cópia de outra mulher.

_Aimee? – assustou com a visão rápida que passou diante de seus olhos. Então era por isso que ele a chamava.

_Olá, Srta. Gobart. Posso ajudá-la em alguma coisa? – disse Hermione visivelmente sarcástica.

Não era de hoje que Hermione detestava essa mulher, a coisa só se agravou com os constantes encontros entre Elle e Draco. Era duro admitir, mas sentia ciúmes dele.

_Nada que esteja entre as suas competências de secretária. Vim apenas fazer uma visita ao Draco. – e foi entrando na sala do loiro.

Hermione deu de ombros, seria bom que ela enfrentasse o mau humor de seu chefe.

Draco definitivamente não sabia o que fazia de sua vida. Todos os dias ficava ali convivendo com Hermione e a vontade de puxá-la para seu escritório e amá-la ali mesmo. Ao mesmo tempo tentava através de Elle acabar com este desejo. Mas era complicado. Cada vez que tentava sair dessa situação se atolava mais.

De repente seus olhos foram cobertos e sentiu um perfume que conhecia há alguns anos:

_Que surpresa, Elle. – disse tentando sorrir ao invés de parecer enfadonho.

_Vim te seqüestrar para almoçar comigo. – enlaçou o pescoço dele e ia beijar-lhe a boca, quando ele desviou e soltou-se.

_Não foi uma boa idéia, Elle.

_E porque não? – perguntou enquanto cruzava os braços.

Draco sentou-se em sua cadeira, cruzou as mãos em frente ao seu rosto, ia dizer algo quando a porta do escritório se abriu.

Hermione entrou deslumbrante, andando de modo leve e sensual, chegou ao lado de Draco, ficando de costas para Elle e inclinou-se um pouco. Quando fez isso, seu decote ficou a mostra, hipnotizando Draco. Ele viu a curva dos seios da castanha, o jeito que eles subiam enquanto ela respirava, engoliu em seco quando ela lhe falou com uma voz anormalmente sexy:

_Está quase na hora de sua próxima reunião, Sr. Malfoy. – ela molhou os lábios com a ponta da língua.

Draco não respondeu.

_ Digo que vai demorar? - Insistiu no mesmo tom de voz.

Ele balançou a cabeça:

_Não. Já estou indo.

Ela sorriu:

_Ok. – virou-se para Elle ainda sorrindo e deixou a sala.

Quando saiu, Elle bufou:

_O que ia dizer, Draco?

Draco ainda com as mãos cruzadas em frente ao rosto, olhou friamente para ela:

_Hoje definitivamente não é um bom dia para isso, Elle.

Ela descruzou os braços num gesto de impaciência, virou as costas e saiu batendo a porta. Passando por Hermione ouviu-a dizendo:

_Já vai tão cedo, Srta. Gobart? – tudo o que recebeu em troca foi o toque do telefone.

Segundos depois de Elle sair de seu escritório, Draco pegou o telefone e chamou Hermione. Ela entrou novamente em sua sala, com o mesmo andar e ar de femme fatale. Isso o deixou ainda mais nervoso, segurou no braço dela e a beijou.

Ela não resistiu por um tempo, beijando e sendo beijada. Ele a sentou na mesa, enquanto ela enlaçava as pernas em sua cintura. Os beijos desceram para o pescoço dela, fazendo-a suspirar. Suas mãos passeavam pelo tecido da roupa, tentando encontrar um espaço onde tocar a pele. Quando ele esboçou abrir a camisa dela, ela recuou.

_Não podemos. Não agora. – o empurrou com delicadeza, desceu da mesa e arrumou a roupa.

Draco ficou confuso:

_Mais tarde então? Em outro lugar?

Hermione abaixou a cabeça:

_Nem mais tarde, nem hoje, nem em dia algum. – e deixou a sala.

Ela apoiou-se na mesa e deixou algumas lágrimas caírem. Por causa do ciúme que sentiu deixou seus instintos agirem, por isso entrou naquela sala e o seduziu. E por causa do que sentia deixou-se beijar daquela forma de novo.

Porque se sentia tão fraca diante dele? Tinha uma resolução e cumpriria, mas se não agisse rápido talvez não conseguisse mais resistir.

_Um esmalte Channel pelos seus pensamentos. – disse Pansy.

Hermione assustou-se, não havia escutado a outra entrar. Colocou a mão no peito.

_Não é nada importante. Estou saindo para almoçar. – pegou o casaco e saiu.

Pansy nem reagiu, só balbuciou:

_Mas e a reunião? A Luna vai me matar... – respirou fundo e entrou na sala do chefe, encontrou-o no mesmo estado de contemplação de Hermione há alguns minutos atrás.

Ela estava começando a suspeitar de algo, o clima entre aqueles dois estava palpável demais, os olhares, o jeito que ficavam sem graça às vezes, o medo de ficarem sozinhos por muito tempo. Sim, ela conhecia este sintoma. Era o mesmo que sentia quando estava com Luna. Sorriu ao imaginar o piti da loira em saber que não poderia almoçar hoje. Respirou fundo:

_É a Granger que está em seus pensamentos, não é?

_Não sei do que está falando, Pansy.

_Não sabe? Jura? Porque essa sua cara de babaca me diz outra coisa.

_Ainda sou seu chefe, Pansy. Cuidado com o que diz.

_Sim, é o meu chefe. Mas também é meu amigo. Só um aviso, se continuar desejando a Granger e saindo com a Gobart, isso não acabará bem.

_Você nunca gostou da Elle.

_E tenho toda a razão para isso, a Aimée era a melhor amiga dela e então...

Draco bateu em sua mesa:

_CHEGA, PANSY! Não quero ouvir sobre este assunto.

_OK. Não está mais aqui quem falou. Agora anda, melhora este humor e vamos para a reunião.

_Cadê a Granger?

_Ela foi estragar o meu dia, ops, almoçar. Eu te acompanho na reunião hoje.

_Ih, a Luna não vai gostar disso.

_E eu não sei? – e seguiram para a reunião.

Elle corria em disparada com seu carro pelas ruas da cidade. Estava com raiva, ódio. Era a segunda vez, a segunda vez que aquele rosto a assombrava e servia como obstáculo diante do seu objetivo.

Enquanto via aquela cena de sedução barata rolar diante de seus olhos começou a imaginar um plano. Dessa vez não poderia contar com a sorte ou sua influência sobre sua inimiga. Não, tinha que pensar em algo ainda mais diabólico. Sim, era essa a palavra. Seu plano para derrubar Hermione Granger seria diabólico.

“Talvez...” – pensou ela. – “Sim, ele talvez possa me ajudar.”

Girou o carro e retornou por parte do caminho. Pegou o celular e discou um número:

_Alô? Aqui é a Elle, preciso muito de sua ajuda, honey.

_Ajuda para que? – questionou uma voz grave.

_Ajuda para conquistar Draco Malfoy.

_Sabe que eu o odeio, não?

_Claro, por isso mesmo sei que irá me ajudar...

_Não sei aonde quer chegar, Elle.

_Eu te explico. Estou indo para sua casa, me espere com o champanhe aberto, honey. Você irá se divertir muito com o tenho em mente e também poderá se vingar do loiro.

Em outro canto da cidade, um moreno desligou o telefone. Ele tinha muitos motivos para odiar Draco Malfoy. Sentia como se toda sua vida houvesse sido destruída por ele, mas a principal razão era a mesma que tanto mortificava Draco, a destruição de outra vida.

Se Elle dizia que ele iria se divertir com isso, então deveria ao menos ouvir. Ela costumava ter razão em seus esquemas escusos e ele não perderia isso.